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sexta-feira, 12 de abril de 2013

Da Utilização e do Desgaste das Palavras






Trechos do livro A Arte da Atenção - Para Viver cada Instante em Sua Plenitude, de Jean-Yves Leloup

Da utilização e do Desgaste das Palavras


As palavras vão ficando gastas segundo a utilização que vamos fazendo delas. Consideremos duas palavras que estão merecendo, da nossa parte, uma atenção especial: Deus e Terapia.

Reiner maria Rilke dizia: " Será possível que existam pessoas que utilizem a palavra Deus e pensem que isso corresponda a um ser que lhes é comum? Veja estes dois alunos: um compra um canivete de bolso e no mesmo dia o vizinho  compra um idêntico. Uma semana depois, eles comparam seus canivetes. Verifica-se, então que entre esses dois objetos não existe senão uma longínqua semelhança, uma vez que foram utilizados por duas mãos diferentes..."

Com um canivete, podemos cometer crimes, cortar amarras, abrir uma trilha na selva, salvar uma vida no decorrer de uma cirurgia difícil...

Em nome de Deus, é possível matar, fechar ou abrir caminhos, inscrever em nossa carne gritos de sangue ou réstias de luz...




Em um nível inferior; o mesmo que se passa com a palavra 'terapia.' À semelhança da palavra 'Deus', o termo 'terapia' serve para indicar uma saída, uma cura possível, sem dúvida, uma alegria... E no entanto, as guerras mais sangrentas tem sido desencadeadas em nome do Bem ou em nome de Deus; as doenças mais graves chegam até nós , às vezes, pelo instrumento ou pelas mãos de quem esperávamos libertação...


O instrumento adequado, nas mãos do homem não ponderado, provoca efeitos não adequados.

Então, cessemos de acusar Deus, a terapia ou o canivete... Tudo depende da maneira como os utilizamos, do desgaste da consciência de quem os emprega, do sujeito.

Mas será que se pode dizer o contrário, ou seja: o instrumento não adequado, nas mãos do homem ponderado, provocará efeitos inadequados?

O canivete não continuará a ser um instrumento que corta? E em que aspecto ele poderá nos ajudar a beber, em melhores condições, um copo de água?



No entanto, fica por responder a pergunta: "O que é um homem ponderado?"

Será possível que haja alguém que, ao utilizar as palavras, não acabe por gastá-las?

As palavras 'Deus' ou 'terapia' conservariam um som novo, espantar-nos-íamos com a experiência vivenciada na sua origem... e ficaríamos por aí...


7 comentários:

  1. Pois é, Ana, muitas palavras andam muitíssimo 'gastas', por isso minha alma tem me dito que o melhor é calar. Quando todos falam ao mesmo tempo, ninguém escuta nada, e dessa fase, a de contribuir com o barulho, acho que já passei. Interessante essa leitura. Valeu a publicação. Abraços letripulistas (sempre renovados), até!

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  2. Olá Ana. Bom dia.
    Muito boa esta reflexão, dias atrás comentei em um blogue que uma das maiores armas que o ser humano tem é a palavra. Com ela podemos cometer crimes sem precisar sujar nossas mãos de sangue, basta ter um discurso incitante aos propensos a sujarem.
    Eu acredito que a pessoa ponderada é aquela que exerce o autocontrole, que não prejudica o próximo.

    ESCRITOS LISÉRGICOS...

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  3. Ana, bom dia! Essa é a minha primeira leitura o dia... Simplesmente maravilhoso!Uma reflexão e tanto eu fiz agora.Obrigada... Beijos e sorrisos

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  4. Penso que as pessoas, todos nós, perdemos o real e autêntico valor da expressão. Não há calor nem vida em nossas palavras. Elas são tão frias e insensíveis como todos nós tornamos. Nosso coração e nossa alma estão longe de Deus e de nós mesmos. Quando iniciaremos o regresso ao amor autêntico, vivo e palpitante? Vejo poucas iniciativas.

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  5. As palavras se gastam, mas não o caráter. Quem tem boa índole não faz uso inadequado delas ou de qualquer instrumento. Bjs.

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