terça-feira, 7 de fevereiro de 2023
Da Nuvem
segunda-feira, 18 de julho de 2022
AINDA FALTAM ALGUNS DETALHES
segunda-feira, 11 de julho de 2022
DEBAIXO DE UMA ÁRVORE
Sempre sonhei em ter um banquinho debaixo do cedro do meu jardim. Acabamos colocando, há alguns anos, um banquinho na entrada da casa, e outro feito de pedra nos fundos, e mais tarde, outro em uma curva do jardim, mas nunca um sob a árvore. Por que? Não sei, já que sempre foi minha ideia original ter um banquinho debaixo daquela árvore. Mas desta vez, cismei: escolhi o banquinho (que ia chegar no sábado, mas a entrega foi adiada para a terça-feira - amanhã - o que muito me frustrou; pedi ao jardineiro que construísse um caminho que leva ao local do banco com as pedras do rio, que pegamos na rua após uma tempestade muito forte que as fez transbordar para fora das margens, há vários anos. Ficou bem bonito o caminhozinho.
Agora, aguardo o banquinho chegar. Pretendo passar muito tempo debaixo dele, lendo e escrevendo. E quando eu me cansar, descansarei as vistas na copa da árvore, entre ramos e passarinhos.
Esse banquinho me fez pensar nas coisas fáceis, nos tantos sonhos perfeitamente acessíveis que ficamos adiando sem saber sequer o motivo. Meu Deus, o quanto poderíamos ser felizes, se ao menos tivéssemos o trabalho de realizar pequenos sonhos! Será por preguiça que não o fazemos? Será por medo de provocar a crítica, o julgamento (ou a inveja) alheia? Ou será simplesmente por estupidez?
Eu vou sim, ter o meu banquinho debaixo da árvore, e vou enfeitar aquele cantinho com uma porção de coisas que eu gosto: luzes de fada, pequenas estatuetas, vasos de plantas. E sentada lá, eu vou ver os raios de sol entre as folhas do cedro, escutar o canto dos sabiás, ler centenas de livros e continuar, quem sabe, planejando outros cantinhos possíveis.
Dentro e fora.
quinta-feira, 30 de junho de 2022
BUCÓLICA
segunda-feira, 20 de junho de 2022
TUA CASA
Edifica a tua casa
Com portas feitas de vento,
Pisos de pensamentos
E janelas feitas de asas.
Corredores oblongos
Pela lua iluminados,
E paredes transparentes
Que conduzem a amplas salas
Com telhas feitas de estrelas
Ou de luz do sol quarada.
Edifica a tua casa
E a abençoa em silêncio
Pelo fogo e pela água.
Convida a coabitá-la
Salamandras e ondinas,
Zéfiros, fadas, duendes,
Pessoas que ainda são,
Pessoas que já se foram
E as que ainda nascerão.
Canta, do alto da escada,
Canções que sejam divinas,
Borda toalhas e fronhas
Com os sonhos do presente,
Com as linhas das memórias
E as miçangas do futuro.
Edifica a tua casa,
Mas constrói, com zelo, um muro,
Que não seja muito alto
Mas que sirva de limite
Entre o terreno e a estrada.
Planta flores delicadas
Que atraiam passarinhos,
Deixa que a chuva, nas calhas,
Misture as canções das nuvens
Com as canções dos telhados,
Escorrendo nas vidraças
Quando a vida for levada.
Edifica a tua casa
Sabendo que ela não é tua,
Amanhã será ruínas,
E tu, não serás mais nada,
Mas ressignificada
Será a vida, por causa
Dessa casa edificada
Pelas mãos que foram tuas.
terça-feira, 24 de maio de 2022
O Céu Me Trouxe
Eram tardes como a de hoje, de céu vermelho. Eu me sentava à mesa da cozinha a fim de fazer meus deveres de casa, ou então para ajudar minha mãe a escolher o feijão (gostava de separar os feijões coloridos para brincar mais tarde). Enquanto isso, ela ficava entre a pia e o fogão, cozinhando o jantar, lavando a louça, cortando os legumes. E naquelas tardes surgiam as histórias.
Eram sobre os tempos em que ela tinha sido criança, e que por ter perdido a mãe muito cedo, precisou ficar sendo cuidada por várias pessoas diferentes enquanto meu avô ia trabalhar – e nem sempre, tais pessoas a tinham tratado bem. Finalmente, devido aos maus tratos, ele conseguiu vaga para ela em uma escola interna, onde ela passou a viver dos quatro até os dezoito anos de idade. E minha mãe me falava de muitas coisas: das freiras do colégio interno, algumas muito boas, outras muito más, das colegas de classe, do enorme dormitório com as caminhas arrumadas lado a lado, do banho coletivo gelado de manhã bem cedo em uma época em que Petrópolis era uma das cidades mais frias do sudeste, dos insetos encontrados às vezes na comida, e que as meninas eram instruídas pelas freiras a tirar do prato e continuar comendo. Havia o porão, onde viviam dezenas de gatos; havia a horta onde as meninas trabalhavam; havia a palmatória para punir as meninas mais travessas e desobedientes.
Às vezes, minha mãe pegava a caixa de fotografias e me mostrava velhas fotos amareladas de família, da “Italianada”, como a gente costumava se referir aos parentes que tinham vindo da Itália. Ela me apontava as pessoas na foto e dizia seus nomes, e um pouco sobre quem eles eram. Pena que não consigo mais me lembrar de todos aqueles nomes, embora os rostos tenham se tornado tão familiares.
Ela me contava histórias sobre como ela e meu pai tinham se conhecido – ele, um rapaz pobre, o mais velho de treze irmãos, que precisou começar a trabalhar muito cedo para ajudar a família, passava em frente da casa da prima com quem ela morava quando deixou a escola. Meu pai usava tamancos de madeira, e ela corria para a janela quando escutava o ruído dos tamancos nos paralelepípedos.
Mais tarde, quando se casaram, meu avô cedeu para eles uma casa que pertencera aos seus pais, meus bisavós, em um bairro onde nada existia ainda. As outras casas do bairro foram sendo construídas ao longo dos anos, e hoje é um dos bairros mais populosos de Petrópolis.
A casa de minha mãe, onde todos nós nascemos e crescemos, ainda existe. Uma de minhas irmãs vive lá. Ainda existem as marcas feitas à faca no portal, marcando o quanto eu estava crescendo; as enormes janelas de venezianas ainda são as mesmas. O forro de madeira do teto, apesar de bem velho, ainda está por lá. E ainda circulam por lá os fantasmas dos meus bisavós, avós, pais e de outras pessoas da família que viveram naquela casa e que lá morreram.
Hoje esse céu vermelho e o mês de maio - quando minha mãe aniversariava - me fizeram lembrar daquela casa.
quinta-feira, 5 de maio de 2022
FAXINA MODERNA
Finalmente decidi testar os serviços oferecidos por uma firma de limpeza de residências, que conseguiu meu contato não sei como e insistia em enviar-me e-mails e mensagens.
Antes, é claro, fiz uma busca pela internet e cheguei até o site e o Instagram da tal firma a fim de checar sua idoneidade. Tudo certo. Através do site, entrei no ‘chat’ a fim de saber como agendar e ter informações adicionais. A conversa foi mais ou menos assim:
- Bom dia, senhora Ana. Como podemos ajudá-la?
-Bom dia. Eu queria mais informações sobre que tipo de serviços vocês prestam e também sobre valores.
-Então... oferecemos limpeza residencial, e o valor vai depender do que a senhora gostaria que fosse feito. Mas a limpeza básica fica em torno de duzentos e cinquenta reais.
Achei o preço altíssimo, mas como ando precisando de ajuda, decidi contratar a firma.
-Bem... queria alguém que pudesse fazer as coisas que eu não tenho tempo de fazer, como limpar janelas e organizar armários e gavetas.
- Não podemos limpar janelas. A senhora terá que contratar um serviço especializado para fazer isso.
- E quanto aos armários e gavetas?
- Então... não estamos autorizados a abrir armários e gavetas.
-Não? Mas eu tenho uma cama queen size com gavetas e queria alguém para removê-las e limpar sob a cama. As gavetas são pesadas, e...
-Sinto muito. Não poderemos “estar removendo” as gavetas da cama. Como eu já expliquei, não abrimos armários e gavetas.
-Não limpam armários e gavetas e nem janelas?
-Não, senhora.
-Então... quero alguém que retire os tapetes e arraste os móveis para limpar atrás deles.
- Não arrastamos móveis pesados, senhora Ana. E a limpeza dos tapetes é feita com os mesmos no lugar, usando o aspirador de pó.
-Bem, e quanto ao material de limpeza?
-O mesmo é fornecido pelo cliente.
-Ok, deixe eu ver se entendi: vocês me pedem duzentos e cinquenta reais para não limparem minhas janelas, não arrumarem gavetas e armários, não removerem móveis pesados para limpar atrás, não removerem os tapetes para limpar em baixo e eu ainda tenho que fornecer o material de limpeza?
- Bem... hã... nós varremos, removemos o pó e aspiramos os tapetes; limpamos os banheiros com pano de limpeza...
-Não lavam os banheiros?
-Hã... não. Limpamos apenas. O serviço de lavagem dos banheiros seria cobrado à parte.
- Ok, obrigada, mas para limpar por cima eu mesma faço. Não preciso pagar duzentos e cinquenta reais.
Eis o serviço de faxina moderno.
Dizem que nos Estados Unidos e Europa é assim. Eles nunca lavam banheiros ou limpam janelas. Cozinhas e banheiros sequer possuem ralos para escoamento de água. Nada de passar pano no piso ou tirar as coisas do lugar.
Será que eu estou exigente demais? Será que não acompanhei a evolução e por isso não percebi que os padrões de limpeza mudaram?
quinta-feira, 15 de julho de 2021
Árvores - Melhores Amigas
quinta-feira, 20 de agosto de 2020
PARA QUEM AMA FALAR SOBRE CASAS
Olá, pessoal!
Hoje eu venho compartilhar o link de meu novo vídeo no meu canal O 'X' DA QUESTÃO." É sobre um livro que adquiri há algum tempo e até fiz uma postagem no blogger sobre ele: Casa Natural, de Carlos Solano.
Para quem gosta de sentar-se na rede calmamente, com um livro lindo nas mãos - lindo no conteúdo e na estética - e tirar uma tarde de muita calma, paz de espírito e aprendizado. Eis o link:
sábado, 9 de maio de 2020
A CASA DA QUARENTENA
terça-feira, 21 de janeiro de 2020
CASAS ABANDONADAS
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020
Comidas Magrinhas
Parceiros
VERDADES
Alguns falam de doçura, Desconhecem O regurgitar das abelhas, O mel que se transforma dentro delas, Dentro das casas de cera. Falam do luxo ...
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Trechos do livro "Cartas a Theo," que consiste em cartas trocadas entre Vincent Van Gogh e seu irmão, Theo. "É no cemitério q...
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Há uma palma que não segura, Está vazia de tudo, Cheia de finos fiapos de nada Que esvoaçam entre os dedos. Há um copo sem lábios, As ...