witch lady

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quarta-feira, 29 de abril de 2020

RESIGNIFICÂNCIA







A flor que nasce merece toda a minha atenção,
A flor que murcha, meu reconhecimento e gratidão.
Melhor varrer as folhas que caíram sobre o chão,
Apreciar os brotos que se  estendem sobre os galhos,
Resignificar a vida, tratando os cortes e talhos,
Lembrar do que foi bom, esquecer os atos falhos.

Viajo para dentro de olhos bem abertos,
E ao voltar à tona, trago o amor descoberto,
Eu dispo as armaduras que usava em meu deserto
Para deixar que o sol seque todas as feridas,
Curando as navalhadas que acumulei na vida
Sendo, para mim mesma, mais cara, mais querida.







sábado, 25 de abril de 2020

Bolsonaro X Moro X Nossas Esperanças






Estamos vivendo um triste momento da nossa história em meio e uma crise mundial sem precedentes. Tudo o que não precisávamos, é de uma crise dentro da crise. Diante dos últimos acontecimentos dentro do nosso Governo – a renúncia de Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública,  logo após a demissão de Mandetta, ex-ministro da saúde, é de consequências devastadoras para o país, e em consequência, para todos nós. Disso todo mundo já sabe, embora alguns estejam comemorando. 

Eu apoiei a candidatura de Bolsonaro à Presidência da República, fiz campanha para ele de graça nas minhas redes sociais e até entrei em algumas discussões acirradas por causa da minha posição. Não me arrependo, pois eu estava lutando por algo que eu acreditei ser o melhor para o meu País. Muitos achavam que eu era uma fanática que tinha Bolsonaro como ídolo inquebrável, mas realmente, esse nunca foi o caso. Eu lutava por um ideal, por dias melhores para mim e para todos, e por isso, estou muito triste.

Acreditava e ainda acredito que Bolsonaro prestou um grande serviço ao Brasil enxotando Lula, Haddad e seus comparsas, e por isso, não me arrependo nem um minuto por ter votado nele.


Mas hoje temos uma questão ética sendo colocada ao sol. Esse sol não deixa nenhuma sombra de dúvidas, pois ilumina muito bem cada curva do caminho, e nos mostra que Bolsonaro agiu arbitrariamente, pois foi movido por questões pessoais ao causar a demissão de Moro. Em seu discurso de despedida, Moro deixou bem claro em que pé estavam as coisas, falando sobre as pressões que sofria para cometer um ato que seria não apenas antiético mas também ilegal. E o Presidente da República, em sua explicação pelo ocorrido, não fez nada mais a não ser usar um recurso que eu absolutamente abomino: a vitimização. 

Não acho que alguém como Sérgio Moro faria declarações levianamente, arriscando a própria reputação.  Ele com certeza conseguirá provar a veracidade do que disse. Bolsonaro, no entanto, meteu os pés pelas mãos ao acusar Moro de tentar chantageá-lo para conseguir um lugar no STF.

Por que Bolsonaro queria colocar gente sua na PF? Essa resposta todos já sabem: um dos motivos, é que ele quer uma solução quanto a tentativa de assassinato que sofreu, e nisso, ele está absolutamente certo. Também concordo que o caso foi negligenciado e abafado quando Valeixo concluiu que Adélio agiu sozinho e que sofre das faculdades mentais. Ora, trata-se da tentativa de assassinato do Presidente da República!  É óbvio que havia gente importante por trás! Assim que foi preso, Adélio contou com a ajuda de vários advogados que não disseram quem os estava pagando. Encontraram em seu quarto, que foi pago não se sabe por quem, telefones celulares e computadores que com certeza tinham informações importantes. O que fizeram com tudo isso? A quem estarão protegendo, e por que?

Mesmo assim, o Presidente poderia ter esperado um pouco mais a fim de demitir Valeixo. Foi irresponsável e precipitado, agindo por motivos pessoais, e não para fazer o que seria melhor para o país – e este deveria ter sido seu maior objetivo. 

Mas existe ainda um outro motivo: com certeza, Bolsonaro quer proteger os filhos. Todos já vimos casos de pais que protegem e apoiam filhos sem caráter, sendo explorados por eles, e até mesmo acobertam crimes graves perpetrados por eles, simplesmente porque, segundo eles mesmos justificam, “Ele é meu filho.” Nisso, Bolsonaro também errou. Ele mesmo vivia dizendo que, se seus filhos tivessem cometido crimes, teriam que pagar.

Mas essa história que Moro contou de que ninguém chega perto da PF, que político nenhum tem o poder de interferir em investigações, é conversa mole para boi dormir. 

Deve ter muito mais caroço nesse angu. Ainda acredito que Bolsonaro é uma boa pessoa, embora não seja perfeito. Mas ele demonstrou que não sabe separar vida pessoal de vida profissional, e a ética foi para o brejo. Não entendo nada de política, mas o óbvio é inegável: por questões irrelevantes para o país, ele colocou a si mesmo na guilhotina. Deveria ter tido mais equilíbrio. Deveria ter sabido esperar mais um pouco, e depois, mandar embora quem ele quisesse pois um Presidente da República tem autonomia para isso. Mas não durante a crise do Coronavírus e jamais para proteger seus filhos. 

Quanto ao Moro, acho que ele vem fazendo um trabalho irretocável em tudo o que põe as mãos. Mas dessa vez, ele jogou algo que não deveria no ventilador, agindo também movido pelo ego e deixando sua missão em segundo lugar. Ninguém é obrigado a continuar trabalhando em algo que está matando a sua alma, mas ele poderia ter sido mais sensato ao invés de fazer da sua saída um verdadeiro carnaval para a mídia e a esquerda. Na minha opinião, nisso ele errou. Caso Bolsonaro fosse à mídia para falar mal dele, teria todo o direito de se defender, mas jogar a primeira pedra demonstrou desequilíbrio.

Mesmo assim, imagino que para ter feito isso, ele deve ter sofrido muita pressão por parte do Bolsonaro - ninguém estava lá para ver o que estava acontecendo de verdade. 

Enfim, eu acredito que ambos erraram.

Às vezes, precisamos caminhar no meio das cobras porque não existe outro caminho que possamos seguir. Mas precisamos ter habilidade ao caminharmos, usar botas de canos altos, pisar com cuidado. Bolsonaro tira as botas, arregaça as calças e é picado. Isso não ajuda a ninguém. Ele não percebe que se ele for picado, o país todo sofrerá as consequências. 

Mas isso não significa que eu vou torcer pelo impeachment de Bolsonaro, embora eu saiba que as coisas se encaminham nessa direção. Eu torço pelo país, e não para ver o circo pegar fogo. Se isso acontecer, só tenho a lamentar, pois investi todas as minhas esperanças de um país melhor nesse governo. Se as coisas não se ajeitarem, não sou do tipo que tentará tapar o sol com a peneira para continuar defendendo o indefensável, pois não tenho político de estimação. Mas de uma coisa estou convencida: nunca mais votarei em ninguém e nunca mais assistirei a nenhum noticiário sobre política. Cansei. É desgastante e inútil. 


PS - Hoje, dia 09 de Abril, vejo que me enganei em meus posicionamentos. Moro mostrou-se desleal e fez acusações que não conseguiu provar. Não compreendo o jogo político, mas, mais uma vez, devo me retratar: Bolsonaro não estava errado! Não houve nenhuma piora na situação do país devido à saída de Moro; outro ministro tomou posse e a vida continua. 

Bolsonaro teve suas razões, e Moro mostrou-se desleal ao entregar áudios de conversas privadas à Rede Globo, a pior inimiga do Governo Bolsonaro. Que saísse, já que estava insatisfeito, mas que o fizesse com honra - algo que lhe faltou.



sexta-feira, 17 de abril de 2020

ESTOU TRANQUILA...









Estou Tranquila...


Hoje eu me lembrei muito daquela velha música dos Commodores, "Easy." No refrão, ele diz: "É por isso que estou tranquilo, tranquilo como uma manhã de domingo!"

É exatamente como eu me sinto. É tão bom a gente largar mão de se preocupar com coisas que não dependem de nós! De nada adianta pensar demasiadamente ou perder noites de sono devido a fantasmas do futuro - que podem ser bem mais aterrorizantes que fantasmas do passado. Quando a gente simplesmente desiste, não com uma atitude de revolta ou derrota, mas de sabedoria, parece que tudo fica bem mais leve de repente.

Então eu vou lá para fora. Hoje mexi no meu jardim - recolhi folhas secas, arranquei um pouco de erva daninha, apreciei minhas flores. Porque isso, eu posso fazer. Está ao meu alcance. É possível. Do resto, Deus cuida.

Sim, do resto, Deus há de cuidar.








segunda-feira, 13 de abril de 2020

HOJE EU TIVE TEMPO










Hoje eu Tive Tempo.

O dia hoje foi translúcido,
As urgências foram deixadas sob o banco do jardim
Onde eu me sentei
Para olhar as flores.

Sobre as pedras, joaninhas passeavam,
Uma borboleta azul, enorme
Passou por mim
E eu tive tempo
Para olhar para ela,
Fechar os olhos e sentir
O beijo suave do vento!

Eu hoje varri as folhas secas
Bem devagar,
Juntei-as todas em um saco plástico
E sepultando-as solenemente,
Vi que nos galhos nus da cerejeira
Formam-se botões de promessas
Rosadas e primaveris.

Eu hoje tive tempo
Para contemplar os vasos de plantas
Cobertos de musgo verde,
Os brotos vermelhos das roseiras
Que parecem bebês espinhosos,
Pude sentir devagarinho
O aroma arroxeado
Das lavandas.

Tantas texturas, cores e perfumes,
Ruídos de vento e de passarinhos,
Zumbidos de insetos se misturando ao canto das cigarras,
Um sol pálido e modorrento
Que se espalhou pelos fios de grama molhada
Criando um tapete de diamantes...

Porque hoje eu tive tempo
Para ver, ouvir, cheirar e sentir
As coisas que são realmente importantes,
O lugar de onde viemos.









domingo, 12 de abril de 2020

Dois em um: Uma Crônica e Uma Mensagem de Páscoa.








EIS A CRÔNICA:

Quando Você se For (When You’re Gone)
Era uma feira de agropecuária em Leopoldina, Minas Gerais. Eu, duas de minhas irmãs e seus namorados tínhamos saído em uma excursão num sábado à noite para que chegássemos logo de manhã cedinho e pudéssemos visitar uma fazenda e a cidade de Leopoldina. Éramos ‘farofeiras’ de carteirinha, com direito a cantoria no fundo do ônibus e tudo, e para pessoas como nós, as excursões eram a maneira mais fácil e barata de viajar e conhecer outros lugares. 

Chegamos em Leopoldina ainda de madrugada. Não se via um palmo adiante do nariz, de tão escuro que estava. O dia foi infernalmente quente, e nós, que viajáramos do frio petropolitano usando  conjuntos de moleton, tivemos que pagar um quarto de hotel para tomarmos banho. Passamos o dia andando pela cidade, e à noitinha, fomos à feira.

Havia um parque de diversões com direito a roda gigante, carrossel e trem fantasma. Aquela foi minha primeira e única vez em um trem fantasma, pois a garota que foi no mesmo carrinho que eu gritava e agarrava tanto o meu braço, que eu me arrependi de ter ido.

Em um certo momento, anunciaram a apresentação de uma banda – não me lembro se era uma banda local ou não. Por um acaso, nós estávamos parados junto ao palco improvisado – no fundo, a roda não tão gigante – e pudemos assistir ao show bem de pertinho. Havia aquele burburinho característico de parque de diversões e também aquela música de fundo, que foi desligada antes que a banda começasse a tocar.

A banda consistia em um guitarrista, um baterista, um tecladista e uma cantora, que aparentava ser da idade da minha irmã – uns dezessete anos. Olhei para ela: ela sorria e brincava com as pessoas da banda, totalmente despreocupada. Usava uma jardineira jeans, tinha cabelos castanho arruivados e não era especialmente bonita, mas muito magnética, apesar de ser apenas uma adolescente riponga. Quando anunciaram a música que ela ia cantar, eu engoli em seco: pensei: “Ela não vai conseguir. Coitada, vai passar a maior vergonha.” Eu só tinha quatorze anos, não falava inglês direito, mas conhecia a canção e sabia o quanto ela era difícil, com notas altíssimas e uma letra complicada.

Tratava-se de “When You’re Gone,” de Maggie Macneal (deixo o link aqui para quem não conhece a música). A canção era tema da personagem Carolina, de Renata Sorrah, na novela Casarão da Rede Globo, e portanto, muito famosa.

A canção começou, e assim que os primeiros acordes tocaram, a menina deixou de lado as brincadeiras e ficou bem séria. Estava indo bem, pensei. Mas eu temia pelo seu possível constrangimento e pelas vaias que ela levaria durante os primeiros agudos. 

Só que não.

De repente, a menina deixou de cantar a música, simplesmente, e transformou-se nela. Eu – e todas as outras pessoas – não conseguíamos tirar os olhos dela. Não parecia uma adolescente, mas uma mulher madura que se entregava completamente à canção. Foi inesquecível. Quando ela terminou, houve um momento de silêncio antes que começássemos a aplaudir, e ela abriu os olhos e virou a adolescente brincalhona novamente.


Não sei o que aconteceu com ela. Não sei se seguiu carreira cantando, se virou dona de casa, advogada ou professora primária, ou sequer se ainda está viva. Só sei que a vida às vezes nos prega peças encantadoras e inesquecíveis, que se transformam em momentos de puro encantamento. Ela nem sabe que eu existo, e nem desconfia que me causou uma impressão tão forte a ponto de me fazer lembrar dela e escrever esta crônica 46 anos depois.

Link para a canção:









sexta-feira, 10 de abril de 2020

TARDE TRISTE








Morrem os velhos,
As almas vão embora
Sem despedidas.
Choram os jovens
Por tudo o que perderam,
Por suas vidas.
Fecham as portas,
Deixam lá fora, à espera
A primavera.
Confiando na sorte
Eles embalam a dor
Abrem janelas.
Na incerteza
Cada manhã promete
Uma esperança.
Um novo dia
A vida continua
Pelas lembranças.
Contam histórias,
Soam cansadas vozes
Pelas varandas.
Sopram promessas
A chuva vem e as leva
Até os deuses.



Convido vocês a ler uma mensagem muito importante em meu blog de Tarò, "O Caminho do Aprendiz." Ela fala sobre a Páscoa diferente que v amos viver. Eis o link:



https://ocaminhodoaprendiz2.blogspot.com/2020/04/mensagem-de-pascoa.html





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