witch lady

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quarta-feira, 30 de abril de 2025

LIBERDADE

 

 






O que não brota de dentro

Não cresce do lado de fora.

Por vezes, será preciso

Regar com o próprio sangue

A fraca raiz que chora,

Para que um dia, o riso

Possa nascer sob os lábios

Que hoje em dia, se crispam.

 

É preciso dizer não,

É preciso ir embora,

Gritar ao mundo o que dói,

Por sobre o medo que aflora

Para que os que ficam, possam

Em um futuro longínquo

Viverem tempos de glória.

 

É preciso ter coragem,

E isso não é tão fácil...

Existem foices que cortam

Sempre que alguém ergue um braço.

Que possa haver, mesmo assim,

Uma voz, uma canção

Que possa escrever um “fim”

Sobre o que foge à razão.

 

 

 

Ana Bailune

terça-feira, 22 de abril de 2025

CALADA

 



 

É que às vezes

Me bate um cansaço

Que estanca o passo,

Paralisa o olhar,

Afrouxa o laço.

 

Um enorme cansaço

De ter que explicar,

De fazer a memória

Esquecer

Para poder continuar.

 

Não é que ainda doa,

Pois a pele frágil

Já cicatrizou,

E a dor que doía

Do espinho nas solas

Há muito passou.

 

É apenas cansaço

Ao ouvir um “Por que?”

E saber que a resposta

Daria outra história...

Tão longa e absurda

Seria a estrada

A se percorrer!

 

E assim, a palavra

Escorre entre os dentes,

Jaz, dependurada

Na ponta do lábio,

E tomba, calada

No meio da rua

É pisoteada,

E silenciada

Antes de ser dita,

Antes de dizer.





 

 

 

 

 

quarta-feira, 9 de abril de 2025

O MEDO


O MEDO

 

O medo é uma voz que grita,

Mas só a ouve quem teme.

Mas quem a teme, disfarça

O coração que se esgarça,

A voz sumida, que geme.

 

O medo é um passo perdido

À beira do desabrigo.

Não tem coragem de ir,

Também não pode voltar.

Os pés, suspensos no ar,

Sobre a estrada, divididos.

 

O medo escreve uma história

Que a vítima não quer ler.

Enquanto prega a coragem,

Atrasa a própria viagem

No afã de não morrer.

 

O medo é a mão que apedreja

Porque não sabe viver.

 

 

Ana Bailune

terça-feira, 1 de abril de 2025

ESFORÇO




 A vida demanda esforços. Nem tudo vem fácil, mas tudo vai fácil.

Começar nem sempre significa ter tudo prontinho, preparado, com todas as cartas na mesa. A gente começa com o que tem, e pronto. Com o tempo, vamos acrescentando outras coisas, melhorando, crescendo. E de vez em quando poderá haver reveses. Daí a gente volta, respira, olha para o que perdeu, aprende, respira fundo... e recomeça.

Pensando na vida, me lembrei de quando comecei a trabalhar de casa: eu dou aulas de inglês, e tinha acabado de sair de um curso após quatro anos de trabalho e dedicação e zero reconhecimento por parte dos meus empregadores. Antes, tinha trabalhado por seis anos em um outro curso do qual saí pelos mesmos motivos. 

Estava tão insatisfeita, que deixei tudo para trás, saí cheia de dívidas e sobrevivi do seguro desemprego durante alguns meses. Eu acordava cedo e ia para a varanda da minha casa enrolada em um cobertor, ainda no escuro, e esperava o sol nascer. Lá eu pedia a Deus ou a alguém que estivesse me ouvindo que me mandasse uma resposta. Não tinha a menor ideia sobre o que iria fazer da minha vida.

Meu desgosto com a profissão era tão grande, que pensei em deixar de ser professora de inglês. Porque os cursos exigiam formação disso e daquilo, cursos de business English, aulas fora do ambiente do curso. E não queriam financiar nada, nem pagar melhor por isso.

E finalmente, após quase cinco meses, alguém escutou as minhas preces. Uma ex-colega de trabalho me ligou, me oferecendo um aluno. Minha insegurança atravessou o caminho e foi logo dizendo 'Não!' Afinal, eu não tinha computador, não tinha material, não tinha um local. Mas mesmo assim, ignorei meu bom senso e decidi aceitar o aluno. E ele me trouxe outro aluno, que me trouxe outro, e outro... comprei meu primeiro computador - um Positivo basiquinho que paguei durante um ano e que durou três anos - acrescentei uma impressora, montei uma salinha de aula em um quarto de hóspedes que foi transferido para o segundo andar da casa. Mais tarde, comprei um computador melhor. Isso começou no ano de 2001.

Continuei dando as aulas em casa, na minha salinha de aula, e às vezes eu tinha muitos alunos, às vezes, poucos, mas sempre tinha.

Veio a pandemia, e perdi todos - eu disse TODOS - os alunos que eu tinha. Ninguém mais podia sair de casa. Foi então que um aluno me sugeriu dar aulas pela internet. É claro que meu bom senso foi logo dizendo 'Não!' Você não tem uma boa conexão de internet, não sabe usar os aplicativos, etc, etc..., mas ele (o aluno) resolveu me ajudar e me ensinou. E aos poucos, meus alunos foram voltando e novos foram se juntando. Coloquei uma conexão melhor, e recomecei.

Já tive alunos na Itália, Canadá e até na Suécia. Não há limites para o trabalho online.

E lá se vão quase 21 anos dando aulas em casa - cinco pela internet. Nunca me arrependi de ter saído do mercado de trabalho convencional. Mas eu tive que começar. E comecei apenas com algumas folhas de papel e uma máquina de escrever velha. Era o que eu tinha. Mas eu também  tinha conhecimento e boa vontade, e nenhum medo de trabalhar.

Aprendi que muitas vezes (quase sempre) a gente vive uma vida ruim por termos medo, por acharmos que o que temos é tudo o que podemos ter. Nos vitimizamos, nos colocamos para baixo e jogamos obstáculos em todas as oportunidades que aparecem. Mas eu tive coragem, e tive pessoas que me ajudaram: o apoio do meu marido para deixar o emprego, a indicação de um aluno por minha colega, a boa vontade de um aluno ao me ensinar a trabalhar pela internet. A todos eu sou grata.


O que não adianta, é alimentar o medo, a preguiça, o desânimo e as desculpas esfarrapadas que inventamos para nós mesmos.




Parceiros

NOSSA CASA AGORA É VERDE

  Depois de mais de vinte anos vivendo na casa terracota, nós agora vivemos na casa verde. Escolhemos essa cor depois de muitas dúvidas. Ach...