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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

DE GOLE EM GOLE




Olá, pessoal! Hoje vou brincar um pouquinho aqui com a Chica, pois uma aluna desmarcou e me sobrou um tempinho livre... Gostei deste tema, "De Gole em Gole!"




De gole em gole, nos livramos dos  ressentimentos que afogam nossas almas e separam-nos das pessoas.

De gole em gole,  aprendemos que a vida é muito mais do que nos ensina a  nossa vã filosofia.

De gole em gole, nós bebemos mel da vida e transformamos a tristeza em alegria.

Ou então,

Fazemos tudo ao contrário:

Nos afogamos em ressentimentos,
Nos cremos donos da verdade,
Cultivamos tristezas.

A água é a mesma, o copo é o mesmo,

Mas a diferença está nas sedes que cultivamos.







Eu te Declamo






Eu te declamo, e tu nasces
Numa outra nova vida
Que começa exatamente
Na ponta da minha língua.

Eu te desenho e te moldo
Com as unhas, com os dedos,
Nas palmas das mãos, enrolo
Tuas pupilas, tuas meninas,
Lançando-as sem qualquer medo
Ao pó de qualquer esquina.

Eu te declamo em meus versos,
Rabisco-te no papel,
Na tela do cumputador
Sem a falácia do amor,
Mas antes, e sempre e tanto,
(Como dizia o Poetinha)
Eu faço nascer teu sangue
Sem qualquer cuidado ou zelo 
Das veias de cada linha.

Eu te declamo, e tu nasces,
E eu te relego à carência,
Te abandono à própria sorte
Sem derramar qualquer pranto
Nas corredeiras da morte.

Tu rolarás, até que
Te projetes, por encanto,
Com decência, por ti mesmo,
Sobre a dor do desencanto
Sem autopiedade ou pena
Nas linhas arrematadas
Do teu próprio vil poema.




segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Há Sempre Alguém que Ouve




No meio do silêncio há sempre alguém que ouve,
E quando não houve,
Tu não estavas ouvindo.

Entre as gotas que caem do céu existem palavras,
Elas escorrem nas vidraças, mensagens d'água
Mas só poderão ler o que elas dizem
Aqueles que sabem conversar com a chuva
E escutar a voz do vento,
Aqueles que preferem ser felizes.

As ondas se quebram e trazem mensagens,
Espalham na beira da praia frases escritas na areia,
Mas tu as pisoteias
Enquanto procuras ver nas nuvens formas que não estão lá,
E mesmo se estivessem,
 Tu não as ia enxergar.

Há sempre alguém que ouve, 
Mas tu achas que falas sozinho, e te lamentas,
Tentas pedir que Deus te mande anjos,
Enquanto Ele tenta dar-te asas.

O milagre não é e nunca foi caminhar sobre brasas,
Mas ver e ouvir a vida com carinho e gratidão,
Aprender a dizer sim e aprender a dizer não
Nas horas certas,
Usar o poder da tua mão para atrair o que há de bom
E repelir os atos dos que só pensam 
Em destruir,
Sempre que tu puderes,
Sempre que tudo estiver diante dos teus olhos,
Ao teu alcance.

Há sempre alguém que ouve,
Escuta com atenção as folhas que se agitam,
Deixa que o vento leve até  elas o teu grito,
Deixa,
Pois alguém estará ouvindo...









QUEM TEM UM LIVRO NUNCA ESTÁ SÓ





Quem tem um livro nunca está só.

Tem em volta todas as criaturas mágicas dos contos de fada, uma lua que está sempre cheia, um sol que sempre brilha.

Tem as flores que ninguém mais tem, pois foram cultivadas pela imaginação no solo do coração, regadas com alegria.

Tem uma imagem que é só sua de um lugar que o outro criou, e anda sozinho pelas estradas e ruas por onde ele te guiou.

Tem um existir que paira solene sobre a passagem de qualquer tempo, pois é criança, jovem, velho e feliz a qualquer momento.

Quem tem um livro tem um abrigo, e está seguro entre os sons do silêncio.





segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Crianças Índigo, Cristal, Azul, etc...







Quando criança, eu costumava passar um tempo enorme brincando lá fora – às vezes, com alguns coleguinhas, mas a maioria do tempo, sozinha com meus próprios brinquedos. Minha imaginação era muito fértil, e eu vivia cercada de criaturas mágicas, como fadas, bruxas, gnomos e animais que falavam. Quando comparo as vidas das crianças de antigamente com a vida que as crianças de hoje têm, penso que tive muita sorte.

Eu também gostava de ler. Livros eram como eventos que a gente lia e relia, o que fazia com que passássemos muito tempo com eles, memorizando passagens favoritas e aprendendo para sempre o que eles continham. As histórias lidas eram quase sempre memorizadas e tornavam-se inesquecíveis.
 As crianças e adolescentes de hoje não leem mais; assistem a vídeos no Youtube, conforme explica um artigo de revista que eu acabo de ler. Por este motivo, elas não têm capacidade de se concentrarem – sofrem de déficit de atenção, e também de condições como ansiedade, depressão, agressividade e sentimentos de inadequação. 

Sei de escolas aqui em minha cidade que colocam tanta pressão nos alunos, que  a maioria deles começam a tomar medicamentos para ansiedade e depressão antes dos quatorze ou quinze  anos de idade. Acredito que isso faça com que elas não aprendam a lidar com seus sentimentos e frustrações; tornar-se hão seres humanos frágeis e mimados, que não conseguirão administrar uma perda ou aceitar um ‘não’ como resposta. Talvez se transformem em adultos que não saibam tomar decisões acertadas, fazer escolhas ou sobreviver a situações difíceis sem se quebrarem emocionalmente. 

O artigo que li na revista também afirma  que as crianças de hoje são demasiadamente mimadas, e ao mesmo tempo que têm seus egos inflados por seus pais, que afirmam que elas são ‘especiais’,  tornam-se  emocionalmente fragilizadas ao perceberem que são tão especiais quanto todos os outros seres humanos, e que o mundo não as tratará com nenhuma deferência apenas por que elas assim acreditam que o merecem. 

Alguns seguimentos do espiritismo contribuem para que as crianças sejam consideradas erroneamente especiais, pois falam sobre as crianças índigo, cristal, azul, etc..., desta forma batendo palmas ao mau comportamento e à teimosia como sendo indicações de alta espiritualidade.

Exatamente como as crianças do passado, elas terão que investir nelas mesmas e cavar suas próprias vidas através do esforço pessoal – coisa para a qual as crianças de antigamente, embora menos preparadas profissionalmente, sabiam administrar bem melhor, pois tinham a capacidade de se verem como realmente eram: seres humanos sujeitos a falhas, e que precisam melhorar, e não pessoas ‘especiais.’

Desejo-lhes boa sorte nesta empreitada!




quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Lula Livre?







Lula Livre?

Gostaria de dizer o que me incomoda nesta frase. Não é bem a liberdade de Lula, mas a maneira como ela foi conseguida. Devemos nos lembrar de que, apesar de livre, ele não é inocente nem foi considerado como tal. Muita água há de rolar sob esta ponte ainda. 
O que realmente me incomoda (e acho que deveria incomodar a todos) é a forma como esta pseudoliberdade foi conquistada. Digo pseudoliberdade porque, para ser realmente livre, uma pessoa precisa estar em dia com a justiça – a dos homens e a de Deus – e poder frequentar qualquer lugar do mundo – restaurantes, ruas, aeroportos, etc., sem deparar com pessoas que o apontem e o façam lembrar-se de todo o mal que cometeu. Soube que Lula foi praticamente expulso de um restaurante chique pelos que ali estavam. Para mim, isso não é liberdade.
Liberdade é não odiar ninguém, é poder dormir de consciência tranquila sem impor aos outros as suas culpas e faltas. Liberdade é ter um coração bondoso e não ter absolutamente nada a esconder. Liberdade é não precisar  usar de subterfúgios a fim de caminhar por aí.  
Liberdade é não carregar nas costas o fato de que, junto consigo, centenas de estupradores, assassinos, sequestradores, pedófilos e traficantes também estarão andando por aí, entre os cidadãos de bem, perpetrando seus crimes. 
Lula será livre quando tiver pago por todos os crimes contra o Brasil e contra o povo brasileiro, quer isto aconteça nesta vida ou em outra. 




quinta-feira, 7 de novembro de 2019

CONFESSO








Eu erro, berro, espanto os astros,
Desfaço os laços, caio no abismo
Me despedaço, mas me refaço,
Arranco à unha a falsa tinta
Dos falsos mastros.

Viver é um passo a cada dia,
Uma alegria, um cataclismo,
Doce mormaço sobre mãos dadas
Que prenuncia um desenlace
Anunciado.

Clara passagem, amarga via,
Um triste riso de um triste rosto
Dentro de um rio, cujas correntes
Levam aonde não se iria
Se fosse escolha.

Eu erro o alvo e acerto a flecha 
Naquilo mesmo que eu nem sabia,
Vejo o palhaço fazendo graça
Mas me concentro na alegoria
Sob a pintura.

Pois o que vale, pois o que fica
Depois de toda essa aventura,
É a mente leve, coração calmo,
E a sanidade que resistir
À essa loucura.







segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Egoísmo







As pessoas se movimentam conforme as marés de seus interesses. Quase ninguém é o que diz ser, pois a maioria apenas está como diz ser, e pode mudar a qualquer momento - basta que apareça algum interesse pessoal 'in the picture.' A alma humana anda muito volátil, e eu acho isso lamentável! Acredito em valores. Acredito que aquilo que só é bom para mim, prejudicando os outros, não é bom para ninguém, na verdade. 

Acho incrível a maneira como as pessoas encontram justificativas estapafúrdias para apoiarem suas ações equivocadas. Mais incrível ainda, é que algumas realmente passam a acreditar nestes falsos motivos. De repente, estão tão necessitadas de algo, que torcem e retorcem fatos e ainda tentam convencer os outros de que estão fazendo aquilo "para o bem de todos", quando os únicos beneficiados são elas mesmas, em detrimento dos demais, apenas para satisfazerem a um capricho!

Desse jeito, jamais poderemos evoluir de verdade.




sexta-feira, 1 de novembro de 2019

O Tempo Para se Ler um Livro



Em conversas com minha aluna sobre como tudo está tão rápido nos dias de hoje, lembrei-me de quando eu lia livros na minha adolescência. Eu não tinha muitos livros, pois eram demasiadamente caros. Geralmente, eu os comprava em sebos, pegava emprestado com amigos ou pedia ao meu pai que os comprasse, o que ele raramente tinha condições de fazer. Então, era comum que nós relêssemos os livros várias vezes, trocássemos com os amigos ou fizéssemos parte do Clube do Livro, onde os livros eram bem mais em conta – a única exigência é que comprássemos um livro a cada mês, e eles eram entregues nas nossas casas quase quinze dias após a compra. 


Eu conseguia lembrar- me de cor de alguns trechos dos livros, pois lia e relia várias vezes, e sempre me lembrava do nome dos autores, coisa que hoje eu frequentemente me esqueço. Bem, também não havia tantos autores como hoje!

Ler era uma atividade vagarosa: eu tinha um caderno onde anotava meus trechos prediletos (nada de computadores nas casas ainda) e levava-os comigo para o quintal, e voltava nos trechos que não tinha entendido muito bem. Eu tinha tempo, e não tinha muitos livros.
Hoje tenho muitos livros, mas não tenho tempo.

Os livros impressos e virtuais que eu compro ficam meses na prateleira ou no Kindle, até que eu tenha tempo para lê-los. E como o tempo é sempre curto, sublinho passagens que muitas vezes jamais voltarei a ler, pois há outros livros na fila de espera, e o tempo é tão curto, e nem sei se o que me resta de vida será o suficiente para ler todos. 

Tenho livros que comecei a ler e não terminei em todos os lugares da casa: sobre a banheira, na mesinha de cabeceira, na sala de aula onde trabalho, nas prateleiras e no Kindle. Começo, mas fico ansiosa para passar ao próximo, então acabo pulando alguns trechos (se forem livros apenas para entretenimento) ou acabo esquecendo de terminar a leitura. E muitas vezes, acabo substituindo-os por um livro antigo, de Gibran, Osho, ou Cecília Meireles.

Os personagens dos livros que não terminei andam pela casa toda, me assediando, me cobrando que lhes dê um final e eles possam voltar para dentro de suas histórias. Frequentemente, eles se encontram e trocam ideias, falam mal de mim e sonham com um tempo em que havia mais leitores do que livros a serem lidos, e eles recebiam toda a atenção que mereciam. 




Passarinho








Pousado num galho bem alto,
Ele olha o mundo e se lembra
Dos tempos em que não tinha asas
E andava por aqui.
As coisas parecem distantes,
Agora que está tão longe...
Vê que as pessoas mudaram,
Envelheceram
E se afastaram.

Ele lança um longo pio
Que ecoa contra o sol
Que desponta no horizonte.
Daqui, alguém ergue os olhos
Sente uma estranha presença,
Olha para trás a procura
De alguma antiga surpresa.

Ele bate as suas asas
Pelos quartos, pelas salas,
Traz no bico algumas flores
Que derrama pelas casas.
Suas essências fantasmas
Causam alguns arrepios,
Um folego de saudade,
-Até mesmo um certo frio.

Ele mora tão distante,
Viajou por tanto tempo
Para chegar até aqui
E poder revisitar
Todos os que ele deixou.
Alguns sequer o percebem,
Outros, sentem, outros ouvem,
Outros, lembram – logo esquecem,
Pois o tempo é um trator
Que passa por cima de tudo.

O sol nasce sobre o mundo,
E seus raios atravessam
O peito do passarinho
Em feixes de arco-iris.
Ele sacode suas penas,
Prepara-se para ir embora
Em sua longa viagem.
Antes, alça mais um voo
Sobre o lugar onde um dia
Deixou-nos tantas saudades.



31/10 - Não esqueci, nunca esquecerei. Onde quer que você esteja, Feliz Aniversário!





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