Eu te declamo, e tu nasces
Numa outra nova vida
Que começa exatamente
Na ponta da minha língua.
Eu te desenho e te moldo
Com as unhas, com os dedos,
Nas palmas das mãos, enrolo
Tuas pupilas, tuas meninas,
Lançando-as sem qualquer medo
Ao pó de qualquer esquina.
Eu te declamo em meus versos,
Rabisco-te no papel,
Na tela do cumputador
Sem a falácia do amor,
Mas antes, e sempre e tanto,
(Como dizia o Poetinha)
Eu faço nascer teu sangue
Sem qualquer cuidado ou zelo
Das veias de cada linha.
Eu te declamo, e tu nasces,
E eu te relego à carência,
Te abandono à própria sorte
Sem derramar qualquer pranto
Nas corredeiras da morte.
Tu rolarás, até que
Te projetes, por encanto,
Com decência, por ti mesmo,
Sobre a dor do desencanto
Sem autopiedade ou pena
Nas linhas arrematadas
Do teu próprio vil poema.
Um poema bem reflexivo e cheio de emoções. Gostei de ler.
ResponderExcluirUm abraço neste início de semana.