witch lady

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terça-feira, 19 de julho de 2022

O OUTRO NAO TE DEFINE

 






A excessiva preocupação em estabelecer uma imagem ou ideologia que vá ao encontro daquilo que as demais pessoas pensam ser correto é uma espécie de escravidão voluntária. Vejo pessoas que se consideram diferentes tentando desesperadamente serem aceitas e respeitadas por outras pessoas que nasceram em épocas diferentes, aprenderam conceitos diferentes e que não estão preparadas (ou dispostas) a compreender e aceitar certas mudanças dos tempos. E como elas vêm tentando provocar essa aceitação? Através da agressividade e da vitimização. Não percebem o quanto estão, elas mesmas, se desqualificando através dessa atitude. Tudo o que tenta opor-se forçadamente a uma ideia ou crença, apenas cria mais resistência. Somente através da compreensão, que é um processo que leva muito tempo e até mesmo, algumas gerações, existe a possibilidade de mudanças reais e duradouras.

Existem muitas características em mim mesma que algumas pessoas não compreendem ou aceitam. Na escola, sofri muito bullying por ser considerada fora dos padrões; não era rica, bonita, audaciosa ou arrojada como as demais meninas. E após a escola, o processo continuou.

Enquanto eu dei importância a tais pessoas que não me davam a importância que eu merecia, minha vida esteve travada e limitada. Até tentei modificar-me a fim de agradar as pessoas que me cercavam, o que, após algum tempo, causou-me frustações (porque quanto mais você cede o espaço que deveria ser seu aos outros, mais espaço eles ocupam e menos  o valorizam) e eventualmente, ressentimento. Quando dei por mim, não sabia mais onde minha vontade começava e a vontade deles terminava. E naquele momento em que finalmente dei por mim, meus relacionamentos tinham sido praticamente arruinados pela falta de limites e de amor próprio da minha parte. Porque quando você muda, as pessoas não mudam junto; elas passam a enxergar você como uma ameaça, uma espécie de criatura ingrata, revoltada, esquisita.

Ter a coragem de dar um basta pode significar que você vai se tornar alguém bastante solitário, e que alguns relacionamentos não vão ser jamais recuperados. Mas viver a vida toda tentando ser aceito ou respeitado, seja através do servilismo ou da agressividade, é uma perda de energia e de vida imensurável. Hoje, penso que cada um deve ser como é, sem se importar se está agradando ou não aos outros. E ninguém vai agradar a todos.

Talvez, através de uma atitude agressiva, você consiga intimidar ou calar uma meia dúzia de pessoas, mas não se iluda ao pensar que elas mudaram, ou que de repente passaram a respeitá-lo, pois elas estão apenas guardando (e acumulando) seu ódio para mais tarde, para quando tiverem a oportunidade de expressá-lo com mais veemência. E quando essa hora chegar – e ela vai chegar – vai ser uma explosão muito mais violenta e perigosa, pois será inesperada. Melhor deixar que cada um seja como é, pois só assim não seremos pegos de surpresa.

Se nem mesmo Jesus Cristo foi aceito ou compreendido por todos, morrendo a morte mais violenta, injusta e dolorosa  de sua época, por que se iludir pensando que pode modificar o mundo e o coração das pessoas através de gritos e de agressividade? Melhor é viver a própria vida, e compreender que ninguém é uma coisa só, e que existem muitas formas de ser uma boa pessoa e ser feliz, mesmo sem agradar a todos.

Por outro lado, quem sabe essa importância que você acha que os outros estão dando ao que você é ou deixa de ser esteja mais em você mesmo do que neles? Quem sabe, essa visão de que os outros só enxergam em você aquilo que, bem lá dentro de si mesmo, você mais teme, não esteja causando a maior parte desse sentimento de inadequação que você carrega sobre os ombros?

Lembre-se: quando alguém se apresenta como sendo seu salvador ou seu libertador, existe uma grande chance de que ele esteja apenas tentando salvar a si mesmo, e não se sinta forte o bastante para isso. Ele precisa de alguém que o deixe seguro a respeito dele mesmo. Ele projeta nos outros a sua própria necessidade de salvar-se e aceitar-se, e de se sentir aceito. Na verdade, ele se sente tranquilo ao saber que existem pessoas que ele pode dominar e manipular, pois elas acham que precisam dele enquanto é ele quem precisa delas. Vemos isso o tempo todo no mundo, nos mais variados contextos - até mesmo nas guerras. Cria-se uma necessidade para que se venda uma solução.






 




segunda-feira, 18 de julho de 2022

AINDA FALTAM ALGUNS DETALHES



Ainda faltam alguns detalhes para terminar meu cantinho do banquinho e deixá-lo mais aconchegante, mas está ficando bacana. Coloquei dois vasos com lavandas para dar cheirinho e espantar as formigas, repintei minhas decorações de jardim antigas e pretendo ainda decorar mais em volta - as coisinhas que eu comprei só chegam daqui a alguns dias. 

Mas já pude "inaugurar" no domingo de manhã.


A foto aí em cima é da "vista" do banquinho. Sempre muito bem acompanhada pelos meus dois cãezinhos.



Simplesmente amo decorar jardim com pedras de rio. Essa é parte do meu caminho que leva ao banco. O jardineiro meu ajudou a colocar a ideia (Pinterest) em prática.

Eis porque ando tão ausente das redes...


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segunda-feira, 11 de julho de 2022

DEBAIXO DE UMA ÁRVORE

 

 

À direita, o cedro, onde vai ficar o meu banquinho.


Sempre sonhei em ter um banquinho debaixo do cedro do meu jardim. Acabamos colocando, há alguns anos, um banquinho na entrada da casa, e outro feito de pedra nos fundos, e mais tarde, outro em uma curva do jardim, mas nunca um sob a árvore. Por que? Não sei, já que sempre foi minha ideia original ter um banquinho debaixo daquela árvore. Mas desta vez, cismei: escolhi o banquinho (que ia chegar no sábado, mas a entrega foi adiada para a terça-feira - amanhã - o que muito me frustrou; pedi ao jardineiro que construísse um caminho que leva ao local do banco com as pedras do rio, que pegamos na rua após uma tempestade muito forte que as fez transbordar para fora das margens, há vários anos. Ficou bem bonito o caminhozinho. 




Agora, aguardo o banquinho chegar. Pretendo passar muito tempo debaixo dele, lendo e escrevendo. E quando eu me cansar, descansarei as vistas na copa da árvore, entre ramos e passarinhos.

Esse banquinho me fez pensar nas coisas fáceis, nos tantos sonhos perfeitamente acessíveis que ficamos adiando sem saber sequer o motivo. Meu Deus, o quanto poderíamos ser felizes, se ao menos tivéssemos o trabalho de realizar pequenos sonhos! Será por preguiça que não o fazemos? Será por medo de provocar a crítica, o julgamento (ou a inveja) alheia? Ou será simplesmente por estupidez?




Eu vou sim, ter o meu banquinho debaixo da árvore, e vou enfeitar aquele cantinho com uma porção de coisas que eu gosto: luzes de fada, pequenas estatuetas, vasos de plantas. E sentada lá, eu vou ver os raios de sol entre as folhas do cedro, escutar o canto dos sabiás, ler centenas de livros e continuar, quem sabe, planejando outros cantinhos possíveis.

Dentro e fora.






 

quarta-feira, 6 de julho de 2022

DE REPENTE

 



 

De repente você acha que não vale mais a pena fazer planos para o futuro. Você envelheceu ou está envelhecendo, e acha que só restam alguns anos de vida, e então a melhor coisa a se fazer é curtir o que já conquistou e desistir de qualquer tipo de ambição.

De repente, você percebe que os livros que acumulou na estante são muitos, e que ainda não leu a maioria deles. Teme que o tempo de vida que ainda lhe resta não seja o suficiente para ler todos eles, e se sente frustrado, como se uma ampulheta estivesse enfeitando a estante.

De repente você está em casa, olhando pela janela, e se dá conta de que quase vinte anos se passaram desde que você olhou por aquela janela pela primeira vez, e que a paisagem não mudou - as árvores e montanhas são as mesmas, o céu é o mesmo, mas você... e então vem aquela sensação (ou certeza?) de que quando você não estiver mais por aqui, não fará falta nenhuma ao mundo. Você não existe para o mundo, e nem é importante para ele. É ele que existe para você. Você vai passar - está passando - e ele vai ficar.

De repente, você olha em volta e percebe que a casa poderia se beneficiar com uma pintura, alguns móveis novos, plantas, uma redecoração. Mas daí você se lembra de que está velho, e pensa: "Para quê isso, se vai ficar tudo aí? Melhor só guardar dinheiro para deixar de herança para quem ficar."

De repente, você percebe que ainda não fez muitas coisas, e que não vai ter tempo de fazer tudo, mas que ainda há tempo para se fazer muitas coisas. 

Conheci alguém que, aos sessenta e poucos anos, se sentia assim. Porém, ele não sabia que ainda viveria muito tempo. Morreu aos 96 anos, e perdeu um tempo enorme só esperando a hora chegar, ou seja, passou seus últimos 24 anos só esperando a morte. 

De repente, a vida é hoje. Só hoje. Mas de repente, não.




 


 






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