Às vezes, a gente se cansa
De aparar arestas,
Consertar buracos,
Emendar sonetos
E tapar as frestas.
Então, aprendemos
Que a melhor escolha,
É não escolher,
É se recolher,
Não mais opinar,
Não se aborrecer.
Às vezes, a gente percebe
Que o momento passa,
As portas se fecham,
Se empenam, emperram,
E que já não há
Nenhuma abertura.
O melhor é deixar
Lastrar a loucura,
Fechar bem os olhos,
Esquecer as rimas,
Maldizer a métrica
E a harmonia.
Às vezes, as ervas daninhas
Tapam para sempre
Tudo o que restou
Daquele caminho
Voluntariamente
Não mais percorrido.
A distância é tanta
Que já não se cobre,
Que já não há passos,
Apenas espaços
Já intransponíveis
Entre os frouxos laços.
A emenda e o soneto
Já não se conhecem,
E o poema cai
Natimortamente
Na página branca
Sem rima, sem graça,
Lamentavelmente.
Há dias assim...
ResponderExcluirNão tenho pensa.
Tenho só árvores ventos
passarinhos - issos.
|Manoel de Barros - Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo|
um beijo
As vezes o momento passa, as portas se fecham, mas certamente novos momento surgirão e nova portas se abrirão. Belo poema.
ResponderExcluirBeijos.
Ana Bailune
ResponderExcluirOs entendidos dizem que com o chamado verso branco pode bem sair boa poesia. A tua está bem conseguida.
Bjs
há dias de sol e outros de chuva. eu também tenho isso de me recolher por longo tempo. beijos
ResponderExcluirAna, parece até que você advinhou... Estou em dias assim... Recolhendo-me! Talvez me encolhendo.
ResponderExcluirHá dias que as janelas ficam abertas, já outros, em que o dia é só lua!
Como aqueles dias em que se sente que ja morreu.
ResponderExcluirDias que nos recolhemos e sonhamos na renovação.
Um abração minha amiga.
Há dias em que a gente cansa mesmo, Ana. Só peço que você não canse de escrever e continue nos brindando com belos poemas.
ResponderExcluirMaravilhoso esse poema!E muitas vezes as rimas atrapalham a expressão de nossos sentimentos e temos que chutar o balde mesmo!...rs...bjs,
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