Marchem, versos! 
Marchem, versos, 
Submissos 
À vontade do poeta! 
Sejam versos ascetas, 
Restritos, 
Aceitam a forma 
Sem perder o sentido! 
Marchem versos, 
Encolham-se, estiquem-se, 
Aceitem, tranquilos 
Enxertos e amputações, 
Fórmulas e métodos... 
Sejam, à fórceps, 
Paridos! 
Mas não percam a alma, 
Não percam a calma 
Que descansa na verdade 
De um simples poema, 
Por mais que seja simples! 
Marchem, versos, 
E batam continência 
À incontinência 
Das nossas bexigas 
Que os acomodam 
Em pequenos penicos 
E em grandes vasos entupidos 
E vazios de sentidos... 
Marchem versos, 
Sobrevivam 
Ao sopro desabrido 
De quem os excreta 
Em exercícios purgativos 
E doridos! 
A tua missão 
É ver a beleza 
Na feiura da vida, 
E não a feiura 
Na beleza que 'inda resta! 
Marchem, versos soldados, 
Soldados a um sentido 
De quem os tira de um descanso 
Bem mais que merecido 
Para prendê-los, 
Impiedosamente, 
Às sandices de suas mentes! 
Marchem, versos, 
E façam-nos, 
Simplesmente, 
Poetas! 
 

Muito bom!
ResponderExcluirQue continuem a marchar obedientes =)
beijos
Marcha que não exige cadência, apenas sensibilidade. E no seu caso, uma demonstração de talento. Bjs.
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