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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Rapidíssima Crônica










Porque está ameaçando chover forte, e ouço trovões ao longe. Não quero perder mais um computador por causa de uma descarga elétrica. 


É que me lembrei de quando eu era criança, e me escondia sob a mesa de madeira da cozinha quando dava trovoada. Ficava olhando os chicletes colados sob ela e procurando me acalmar, tampando os ouvidos. 


Lá fora, o céu está cimentado. Nenhuma folha se mexe nas árvores. Meus cães estão nervosos na varanda. Parece que a natureza está grávida, mas que o filho não quer nascer, e os trovões são as dores do parto, um parto muito difícil. 


Quero ter terminado esta crônica-relâmpago bem antes da parturição. Algumas gotas bem fininhas, destas esvoaçantes que parecem pedacinhos lascados de vidro, já começam a cair. 


Uma vez vi um filme, há séculos atrás, no qual a heroína, a fim de suicidar-se, ia para a sacada de seu quarto durante uma tempestade magnética e era atingida por um raio. Totalmente 'chocada' e eletrificada, morreu nos braços do amante (que deve ter tomado muitos choques)... 


Mais um trovão. Parece dizer-me: "Desligue este computador enquanto é tempo!!!!" 


Em 1981 tivemos uma época de muitas tempestades e mortes aqui em Petrópolis. Quase todo mundo conhecia alguém que tinha morrido em uma enchente ou desabamento. Foi perto do Carnaval, uma época de muita dor. Veio ajuda até da Europa, caixas e mais caixas de agasalhos, comida, sapatos... 


Mesmo assim, as tempestades me fascinam. repito: "Gosto delas, mãe, eu gosto!" Como fez Khalil Gibran. 


Uma vez, quando eu ainda era uma adolescente, estava armando uma tempestade. Minha mãe estava terminando de limpar a sala de estar, e o cheiro de cera perfumava a casa. Foi uma tempestade de vento, e muitas casas perderam seus telhados, inclusive a nossa. Era água de chuva entrando pelo forro de madeira, as telhas voando para longe, e o encerado de minha mãe virando mingau... 


No começo, assustei-me com a barulho das telhas sendo arrancadas, mas depois, comecei a gostar... apesar dos xingamentos da minha mãe. Era uma sensação de perigo, aventura, o mundo totalmente fora de controle, como se um Mago estivesse passando e lançando um feitiço. E nós, totalmente à sua mercê. 


Agora vou desligar. Ainda nem terminei de pagar as prestações deste computador!

Um comentário:

  1. kkkkkkkkkkkk se queimar já dá pra comprar outro... o poder da natureza me fascina, mas quando penso que posso ser vítima da sua força, sinto até mal estar...desde criança admiro as chuvas e em em parceria com o vento, vibro quando eles começam a dançar... bjuuu

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