Assisti, novamente, a este maravilhoso filme, estrelado por Colin Firth - meu ator predileto. Ele conta a história de um filho que retorna ao lar, a fim de assistir ao pai - que sofre de cancer de intestino em fase terminal. Ele redescobre e reavalia seu relacionamento com o pai durante vários momentos de suas vidas , na infância, adolescência e fase adulta. Percebe o quanto os julgamentos que fazia sobre o pai, muitas vezes, obscureceu-lhes o relacionamento. Lembra-se das vezes em que saíram juntos para acampar, dos piqueniques e jantares de família nos quais sentia-se ofuscado pelo brilhantismo do pai, e pela necessidade deste (quase doentia) de estar sempre em evidência e parecer simpático.
Descobre até que tem uma irmã, fruto de um caso amoroso do pai com uma prima de sua mãe, que durou muitos anos.
O filme é muito honesto, até o ponto no qual, durante uma conversa com uma namorada, ele admite que odeia seu pai (quem nunca odiou, nem que fosse por apenas um segundo, o pai ou a mãe, que atire a primeira pedra).
O filme tem cenas lindas e emocionantes, até o ponto de, sem perceber, você se ver chorando enquanto assiste. No final, o que fica, o que realmente permanece da relação dos dois, é o amor. O grande amor que o pai sentia por ele, e ele, pelo pai. Um amor percebido, talvez, um pouco tarde em sua vida, mas nunca tarde demais. A cena mais tocante, em minha opinião, é justamente a última:
Ele está só no jardim da casa, após a família espalhar ali as cinzas do pai. E de repente, ele pensa: "Quando foi a última vez que você viu seu pai?' Não durante a doença, que o transformava e desfigurava a cada dia, mas a última vez em que esteve com ele e ele ainda era ele mesmo. E então, lembra-se de uma cena na qual os dois, juntos, instalavam um lustre na sala de estar. Uma cena corriqueira, mas marcante, pois fora a última vez em que o vira com saúde.
Daí, ele recorda o dia em que despediu-se dele para ir estudar em outra cidade. O abraço, antes de ir. E a cena vai mudando, e o menino que abraçava o pai, transforma-se no homem que ele é então, e a cena dos dois abraçados em uma despedida final, é simplesmente maravilhosa.
Fez-me lembrar da última vez em que eu vi meu pai: eu estava em meu horário de almoço, sentada à mesa da cozinha. Minha mãe terminava alguma coisa no fogão. Ele chegou, colocou sobre o armário um pacote de biscoitos - estava muito animado naquele dia - e sentou-se para almoçar. Dizia que, após o almoço, estaria jogando cartas na casa de uns amigos vizinhos. Eles sempre jogavam juntos. Lembro-me que, naquele dia, olhei para ele realmente, pela primeira vez em muito tempo. O que ficou mais marcado em minha memória, foi sua mão segurando o garfo. E depois, ao terminar, ele disse algumas coisas das quais não me lembro e despediu-se. A porta fechando-se atrás dele, disso eu me lembro. Naquela tarde,depois de algumas horas apenas, ele teve um derrame e morreu.
Aquela foi a última vez em que vi meu pai.
Intenso mesmo minha querida, o filme e as suas recordações acerca do seu pai.
ResponderExcluirA vida voa e nem sempre nos damos conta da profundidade que pode ter em cada momento, em cada encontro, em cada palavra, entre nós e as pessoas com as quais nos relacionamos.
Algo para pensarmos e agirmos no sentido de estarmos mais atentos...beijos e boa semana,
Valéria
Muito lindo!Não vi o filme, mas emocionei!beijos,chica
ResponderExcluirBom dia Ana, acho que eu não poderia assistir esse filme por enquanto...
ResponderExcluirMeu pai se foi faz pouco, e o tempinho que tivemos antes de sua cirurgia foi muito intenso, onde conheci "realmente meu pai", foram momentos maravilhosos e que guardarei em minha memória com carinho.
Depois disso nos falávamos toda semana horas no celular enquanto ele estava na casa de minha irmã, sinto muitas saudades de conversar com ele, mas enfim...
Ficaram boas lembranças e muita coisa pra pensar, aprendi mais sobre ele nesse pouco tempo em que nos reencontramos do que durante toda o resto que convivi com ele.
Beijos e ótima semana!
Essa bateu forte! Não assisti ao filme. Meu pai se foi a cinco anos. No final já não me reconhecia, ou oscilava. A última vez, consciente, dois anos antes, conversamos amenidades enquanto comíamos uma jaca (inteira), apenas nós dois. Essa parte me marcou.
ResponderExcluirAbraço, Ana.
Walter Peixoto