Quando a Latifa veio aqui para casa, era apenas um bebezinho, que mal chegando aos nossos pés, deitava-se em cima deles e adormecia profundamente. Aliás, para que ela adormecesse, bastava que a pegássemos no colo e a virássemos de barriga para cima, como se faz com os bebês, e ela imediatamente, dormia.
Diferentemente do que aconteceu com o Aleph, meu primeiro cão, custei muito a aprender a comunicar-me com a Latifa. Estávamos sintonizadas em canais totalmente diferentes. Enquanto Aleph era inteligente e obediente, e eu era capaz de entender o que ele queria através de um simples olhar, e vice-versa, não havia comunicação entre Latifa e eu. Às vezes, eu gritava com ela, e até dava-lhe umas palmadas, mas ela não entendia seus limites ou as coisas que eram proibidas a ela fazer, como por exemplo, arrancar as plantas do jardim e fazer buracos. Na mesma hora em que eu a repreendia, ela voltava a fazer o que estava fazendo, sem a menor cerimônia!
Aquilo deixava-me exasperada! Cheguei a pedir que meu marido a devolvesse ao ex-dono várias vezes, e queria presenteá-la a qualquer pessoa que vinha aqui em casa e achava bonitinha.
Ela era terrível! Além de desobediente, ela tornava a vida do Alpeh um inferno: mordia-lhe as patas traseiras quando ele andava, tomava-lhe a cama, agarrava-se com os dentes às bochechas dele, que ia arrastando-a e chorando enquanto andava, destruía seus brinquedos. Não sei como ele aguentou... e se eu ameaçava bater nela, ele literalmente se punha entre nós duas, com aquela cara de cachorro que quebrou a louça.
Hoje, Latifa está mais velha. Fez sete anos. Já passamos tantas coisas juntas, que aprendemos, há tempos, a falarmos a língua uma da outra. Ela só precisava de mais paciência e amor.
Tenho uma grande "cãopanheira" na Latifa. Ela deita-se no tapete e adormece, enquanto escrevo. Segue-me pela casa, e procura estar sempre o mais próxima possível de mim, chegando a ficar debaixo da janela da sala de aula se eu estiver trabalhando. Mas não foi fácil, no começo.
Se você quiser ter um cão pela primeira vez, precisa entender que a 'cãomunicação' raramente é imediata; pode levar algum tempo. É preciso que você dê ao seu cão uma chance. Bem, talvez duas ou três, quem sabe... mas no futuro, você perceberá que ele vale as plantas picadas, os buracos no jardim e os pés de mesa roídos.
Crônica escrita em 18/10/2011
Aleph, infelizmente, nos deixou naquele mesmo ano...
Ana, que lindo sua amizade com Latifa! Muito bom, agora vocês conseguem se entender!
ResponderExcluirTemos que ter muita paciência com os animais
eles são seres abençoados!
Beijos
Amara
Ana ,
ResponderExcluirGostei da postagem .
Aqui em casa temos o Dust , um labrador , de 10 anos e um Golden retriver , o Luigi , de um ano e meio .
O primeiro desde pequeno é tranquilo, o outro não tem parada e não dá sossego ao mais velho .
Mas, convivem bem e não se desgrudam .
São nossos leais companheiros e alegram nossos dias , assim como a Latifa alegra os de vocês .
Boa semana.
Beijos
os animais por vezes dão-nos lições e ternura que perduram...
ResponderExcluiruma recordação terna e bonita.
:)