Hoje é uma daquelas tardes que nos convidam a ir lá para fora. Ante o cancelamento de uma aluna, foi exatamente o que eu fiz: peguei meu livro e fui deitar na rede, debaixo daquele sol de inverno, encimada pelo azul absurdamente lindo do céu. As cores estavam mais vivas. O verde parecia brilhar, e ao olhar a paisagem, tive a impressão de visualizar uma leve aura de vida sobre todas as coisas. Quase imperceptível.
De repente, pousa uma juriti - espécie de pombo selvagem - sobre o cedro. Seu pio levou-me para trás. Não sei bem como. Mas uma memória ficou cutucando a minha mente, querendo sair. Olhei para o muro coberto de hera, as folhas minúsculas brilhando ao sol. Havia no ar uma cor de alegria.
Senti cheiros de minha casa de infância, e pensei que naquele momento, eu estaria sentada à mesa da cozinha, tomando café com leite e comendo pão com manteiga. Talvez pudesse estar em frente à TV, assistindo a um filme de Elvis Presley mostrado na velha Sessão da tarde. Transportei-me para lá, e visualizei minha mãe na cozinha lavando a louça. Pude ouvir os latidos dos cães no quintal. É incrível o quanto a mente nos faz viajar!
Se a física quântica estiver certa, aqueles momentos continuam existindo em algum lugar no tempo, e eu sou ainda aquela menina, multifacetada, dividida entre muitas épocas e idades diferentes. E com certeza, serei também a mulher já idosa, vivendo no futuro, e também estarei morta em algum lugar que ainda não conheço. Quem sabe, revendo e abraçando todos aqueles que se foram antes de mim?
Que lindo , Ana .
ResponderExcluirAdorei .
Beijos
Amei o texto !!Um beijo querida !
ResponderExcluirMaravilha, desde o céu até teu texto e foto! Adorei! beijos,chica
ResponderExcluirÉ por isso que eu não posso ficar longe deste blog por muito tempo...
ResponderExcluirEsse teu falar minha amiga, esse teu olhar para o céu foi tão benéfico que ultrapassou a telinha do pc e caiu aqui onde estou e eu me fiz menina de novo, na beira da mesa onde minha avó modelava os sonhos que logo iriam crescer de novo e depois de fritos,... Aquele creme e a chuva de açúcar... Ai ai minha amiga, nós somos duas viajantes no tempo.
Eu amei tudo que descreveu, e olha, eu tb creio que pode sim existir outra dimensão e um clone nosso por lá. rs aff
bjão lindona
Lembrei dos livros de Richard Bach.Ele sempre falava sobre nossos eus de vários tempos.Ficou maravilhoso seu texto e como um pequeno pássaro a levou em belas viagens!bjs,
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