Vassoura em punho,
Percorreu cantos recolhendo o pó em montes.
Pôs as cobertas ao sol,
E abriu bem as janelas.
Ia pintando, com suas tintas,
A tela simples de sua vida,
Deixando tudo melhor
E mais limpo, onde passava.
Batia um bolo, cerzia um pano,
Enquanto a roupa batia na máquina.
Lia um poema na cozinha
Enquanto o jantar cozinhava.
A idade já pesava,
Mais ainda, ao chegar à janela
E ver a moça que passava,
Bem-vestida e maquiada...
A dona-de-casa pensava:
"Deixei aqui minha vida,
Entre a roupa limpa e as panelas,
Papinhas e histórias da Carochinha
Contadas nas noites insones das crianças..."
Às vezes, ela sentia angústia
Ao pensar no que havia
Do outro lado da vida,
Onde a moça que passava vivia...
O que ela não sabia,
Era que a vida passava
Para a tal moça, também,
Que ao vê-la à janela,
Sonhava com a própria casa
Que um dia, ela teria,
Não fosse a vida agitada!...
O universo de cada uma...à sua maneira, cativando o leitor com suas inquietações... Honestamente, esse seu espaço é delicioso. Não venho mais por falta de tempo...esse tempo que nos priva de sermos livres e felizes..rs! Abraços! Lia
ResponderExcluirAí é que está: a gente se engana, quando imagina que a vida do "vizinho" é que é um mar de rosas e, nem imagina que a recíproca,na maior parte das vezes, é verdadeira, no pensamento...
ResponderExcluirUma linda lição de vida, num doce e encantador poema!
Beijos,
da Lúcia
um poste muito bonito e com umas fotos belíssimas.
ResponderExcluirboa semana.
beijo
:)
Eita que eu também fiquei a ver a moça passar na rua rsrsrsrs...(essa mocinha era eu), imaginando como seria estar onde estou: em minha casa, com minhas coisas e minhas responsabilidades.
ResponderExcluirCom uma família, um cachorro, talvez um pássaro, panelas no fogão e vassourinha mágica.
Todas as mocinhas serão mulheres um dia e é tudo de bom, né não? É a vida!!
beijão