witch lady

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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Conto - O Internato




Ano: 1933. A menina segurava a mão do pai às portas do colégio interno, implorando-lhe:

-Pai, não me deixe aqui! Eu quero ir para casa com você!

O pai, pesaroso, respondeu:

-Mas eu não posso tomar conta de você, filha! Desde que sua mãe morreu, tem sido muito difícil para mim. Mas olha, aqui você será bem tratada. Não será como nas outras casas, e eu prometo que venho sempre visitá-la. Você vai ficar bem, e terá uma porção de amiguinhas para brincar com você.

A menina chorou, e chorou mais ainda quando, de mãos dadas com Irmã Malvina, viu o pai afastar-se e sair pelo portão do colégio. Irmã Malvina levou-a para o dormitório e apresentou-a às outras meninas. Logo, ela fez uma boa amiga, uma menina negra com quem as outras meninas não brincavam. A menina pegou-a pela mão, dizendo:

-Você vai ver, aqui não é tão ruim. Temos uns gatos no porão, e temos a horta, que a gente pode ajudar a cuidar, e tem também teatrinho no Dia das Mães. Você gosta de teatrinho?

Ao ouvir a palavra 'mãe,' a menina entristeceu-se:

-Eu não tenho mãe.

A colega consolou-a:

-Muitas aqui não tem. Eu tenho mãe, mas ela mora em outra cidade, trabalha em casa de família,e nem sempre pode vir visitar-me. Aquela ali, a Neusa, não tem mãe nem pai. Viu? Não fique triste!

E puxando-a pela mão, levou-a até o porão, para conhecer os gatos.

Na manhã seguinte, às cinco e trinta, elas foram despertadas pelo sinal da escola, enquanto Irmã Dulcina entrou no dormitório, anunciando:

-Ponham seus camisolões de banho, meninas!

-As garotas ainda sonolentas, vestiram seus camisolões de banho. Já no banheiro, a menina perguntou:

-Por que a gente tem que tomar banho de roupa?
-Porque é pecado ficar nua na frente dos outros, ora!

A menina aguardou, até que chegasse sua vez de usar um dos chuveiros, e teve um choque ao constatar que a água que saía deles era gelada! Imaginem só, tomar banho às cinco e trinta da manhã, no inverno, de camisolão e água gelada! Mas com o tempo, ela acabaria se acostumando, embora jamais viesse a gostar.

As aulas começavam pontualmente às sete, e iam até o meio-dia. Depois, elas iam almoçar no enorme refeitório. Cada menina tinha direito a apenas um prato raso de comida, e ninguém podia repetir. À tarde, tinham aulas de datilografia e trabalhos manuais. Às três, era servido um lanche que constava de uma caneca de café preto bem ralo e um pedaço de pão; quando tinham sorte, ganhavam também uma banana ou laranja. Nos finais de semana, cada menina tinha direito a um pedaço de goiabada. 

Às cinco da tarde, jantavam, e só voltariam a comer novamente, na manhã seguinte.

A maioria das freiras eram rígidas. Algumas delas, eram até mesmo cruéis, como Irmã Malvina. Se alguma menina a desobedecesse, ou fizesse algo que ela não aprovava, ia para a frente da sala de aula e tomava 'bolos:' com uma palmatória, Irmã Malvina batia várias vezes na palma da mão da menina considerada 'travessa' ou 'preguiçosa.'

Havia também os sermões, onde as freiras ensinavam o que era e o que não era pecado - mas a primeira lista era sempre infinitamente maior que a segunda. Tinham que tomar muito cuidado, pois Deus via tudo, até mesmo, o que elas faziam no banheiro quando pensavam que estavam sozinhas. Deus era um punidor implacável, que todas deveriam respeitar e temer muito!

Havia missas aos domingos, e elas tinham que estar de pé bem cedo e colocar seus uniformes de gala. Era uma ocasião feliz, pois podiam assistir aos sermões do Padre Pedro, que era jovem e  muito bonito. Mas... até mesmo aquele pensamento era pecaminoso, e quando ela disse à uma das amigas que achava o Padre bonito, Irmã Malvina, que ia passando, a ouviu. Puniu-a com cinco 'bolos' na mão, dizendo que toda vez que tivessem pensamentos como aquele - segundo uma das freiras - deveriam rezar, ajoelhadas sobre o milho, dez Padre Nossos e Dez Ave-Marias! Ela não conseguia entender por que achar alguém bonito era pecado.

As visitas eram a cada quinze dias, e seu pai sempre ia visitá-la. Algumas meninas nunca recebiam visitas. A menina tinha que dividir os doces que o pai levava com algumas de suas coleguinhas, por ordem das Irmãs, e muitas vezes, quando não dava tempo de esconder algum doce, ficava quase sem nada.

Ela sempre perguntava ao pai quando a levaria embora com ele. Mal sabia que teria de viver ali até completar dezoito anos!

Certa vez, ela riu de uma brincadeira que uma das colegas tinha feito durante uma aula de gramática. Foi apenas um riso abafado, acompanhado pelo riso de outras meninas, mas Irmã Malvina calhou de estar olhando logo para ela! Chamou-a à frente da classe, e depois de puni-la com dez 'bolos,' olhou-a bem dentro dos olhos e esbravejou:

-Você está aqui porque lá fora, ninguém mais a quis. Trate de comportar-se, ou irá direto para o inferno quando morrer!

Aquela frase ficaria marcada em sua memória e em seu coração enquanto a menina vivesse: 'Ninguém mais a quis!' E durante toda a sua vida, ela nunca conseguiria acreditar que era amada.

De Profundis - Oscar Wilde





Trechos de "De Profundis," de Oscar Wilde



"... E aqueles que abandonam suas esferas próprias alteram apenas o que os rodeia, não sua natureza. Não adquirem os pensamentos e as paixões próprios da esfera para onde entram. Não está no seu poder consegui-lo. As forças emocionais, como digo algures em Intention, são limitadas em extensão e duração como as forças da energia física. O copo pequeno, que é feito para levar um tanto, leva este tanto e não mais, ainda que todos os tonéis cor de púrpura de Burgundy se encham de vinho até as bordas, e os comerciantes se ajoelhem sobre as uvas recolhidas das pedregosas vinhas da Espanha."




"...Há agora uma longa distância entre minha arte e o mundo, mas entre a Arte e eu próprio não há qualquer distância. Pelo menos espero que não haja."




"Se depois de eu sair, um amigo meu desse uma festa e não me convidasse, eu não me importaria nada. Sou perfeitamente capaz de ser feliz sozinho. Tendo liberdade, livros, flores e a Lua, quem poderia não ser feliz?"





"Claro que o pecador deve arrepender-se. Mas por quê? Simplesmente porque, de outra maneira, será incapaz de compreender o que fez. O momento do arrependimento é o momento da iniciação. Mais do que isso; é o meio pelo qual alteramos nosso passado. Os gregos pensaram que isto era impossível. Dizem-no muitas vezes em enigmáticos aforismos: "Nem mesmo os deuses podem alterar seu passado." Cristo mostrou que o mais vulgar dos pecadores podia fazê-lo. Que essa era a única coisa que ele podia fazer. Se o tivessem interrogado, Cristo teria dito - tenho a certeza disso - que, no momento em que o Filho Pródigo caiu de joelhos e chorou, transformou o fato de ter gasto a sua fortuna com prostitutas, e deter depois guardado porcos, e de ter desejado as bolotas que eles comiam, em incidentes belos e sagrados de sua vida. Para muitas pessoas, é difícil compreender a ideia. Atrevo-me a dizer que é preciso ir para a prisão para conseguir compreendê-la. Se assim é, pode ser que valha a pena ir para a prisão. ..."




"...É trágico que tão poucas pessoas alguma vez possuam suas almas antes de morrerem. "Nada é mais raro no homem," diz Emerson, "do que um ato que lhe seja próprio." É bem verdade. A maioria das pessoas são as outras pessoas. Seus pensamentos são as opiniões de outras pessoas, sua vida, uma imitação, suas paixões, uma citação. Cristo não foi apenas o supremo individualista: foi o primeiro da história. As pessoas tentaram transformá-lo num vulgar filantropo, igual aos horríveis filantropos do século XIX, ou fazer dele um altruísta, como os anticientistas e os sentimentais. Mas, na verdade, ele não foi uma coisa nem outra. Sentia, evidentemente, piedade pelos pobres, por aqueles que estão fechados nas prisões, pelos humilhados, pelos infelizes, mas sentia muito mais piedade pelos ricos, pelos hedonistas ferozes, por aqueles que desperdiçaram sua liberdade tornando-se escravos das coisas, por aqueles que vestem roupas suaves e vivem nas casas dos reis. A riqueza e o prazer pareciam-lhe tragédias bem maiores do que a pobreza e a dor. Quanto ao altruísmo, ninguém melhor do que ele sabia que é a vocação e não a volição que nos determina, e que não podemos tirar uvas de espinhos nem figos de cardos. ..."


"De Profundis" é o texto escrito na prisão, quando foi condenado sob a acusação de homossexualismo após o escandaloso caso em que se envolveu com Lord Alfred Douglas. É uma longa carta de recriminações a seu ex-amante e causa de toda a sua desgraça. Neste documento Wilde explica sua conduta sem tentar defendê-la.


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Não Vês?...




Sinta essa brisa que atravessa o tempo,
Levando com ela cada tentativa
De conter o momento!
Não vês? - Vamos com ela,
E a qualquer momento,
Um rodopio, um desatino,
E ela torna-se tormenta!

Não use as unhas
Para arranhar as almas,
Nem as palavras
Transformem-se em tijolos
Entre ti
E aqueles a quem tu amas - ou não amas?

Não vês as dores que provocas,
Não sentes o quanto, a cada dia,
Trancas os outros em tocas
Separadas umas das outras?

Melhor seria se pudesses
Respirar mais devagar,
E mais profundamente,
Dando espaço para que cresçam
As sementes
Que tentas sufocar!

Não vês?  A vida é um cliché,
A vida é curta, 
A vida é uma só,
A vida é um mistério,
A vida 
É tudo aquilo que ainda não aprendeste!

Inclina a dureza
Do teu pescoço
E veja,
Com um pouco mais de clareza
Aquilo que o teu orgulho
Transforma em tristeza!
Antes que seja tarde,
Enquanto ainda há tempo...






Distâncias & Silêncios




Os silêncios formam rios entre as vidas,
Rios cheios de distâncias e naufrágios
Cujas superfícies
Jamais são agitadas
Por qualquer vento.
E os corações transbordam histórias,
Memórias e adeuses,
Desaguam ressentimentos
Que tornam estes rios cada vez mais densos...
Os silêncios não tem barcos,
E mil coisas naufragadas
Permanecem, para sempre, no fundo negro
E inatingível,
Aumentando as distâncias.

Não chegam mais os cantos dos pássaros,
Os risos das crianças,
As tardes encantadas, onde à volta de uma mesa,
Derramavam-se lembranças...
E as ondinas, caladas,
Choram sobre as pedras
Pela vida tão displicentemente desprezada,
Como se não tivesse sido nada,
Como se fossemos todos estranhos,
Como se não tivessem havido momentos!

Alguns caminhos se fecham
Entre os rios e os silêncios,
E nunca mais, em nenhum tempo,
As distâncias poderão ser alcançadas!...
Mas na outra margem, alguém sentado
Segura ainda um fio de esperança
Por tudo o que foi vivido
E que pode ser lembrado...
E embora o fio seja frágil,
A ele este alguém se agarra,
Pois não lhe resta mais nada.

E passam, uma a uma, as estações,
Do caloroso verão ao frio inverno,
Até que não reste mais nenhum sinal
Do rio, do silêncio, da distância
Dos náufragos e dos sobreviventes
Ou daquele fio de esperança...
Mesmo assim, um sentimento sempre terno
Há de permanecer no âmago 
Daquelas águas estagnadas.
Um dia, alguém há de se lembrar
E um suspiro, apenas, será o selo
Sobre cada arrependimento
Por mais que tardio,
Por tudo que ficou naquele rio.

*

DIAMANTES - SONETO







As gotas preciosas sobre a folha
Chovidas de dois olhos marejantes
Em emoção tocante, suave, tácita
As gotas derramadas... diamantes!


O tempo traz em si continuidade,
 Ao mesmo tempo, a dor e a saudade...
As gotas diamantinas sobre a folha
São símbolos do amor de quem foi antes.



São gotas preciosas, transparentes,
Mas a tristeza é o brilho que reflete
A imagem triste de alguém que chora.



Os diamantes falam da ausência
A cada dia, assim, mais evidente
De seres que eu amei, e foram embora.



Cena de Um Filme




Noite dessas estava eu procurando o restinho de sono que me faltava para 'apagar' de vez, e liguei a TV. Peguei um filme no finalzinho. Não sei o título, mas pelo que pude compreender, uma mulher havia tido dois filhos - um casal de gêmeos. Mas a menina tinha Síndrome de Dawn, e por este motivo, o pai (que era médico) afastou-a da mãe e do restante da família. Não sei se ele disse a ela que a menina tinha morrido; esta parte, eu perdi. Mas ele afastou a menina  porque ele tivera uma irmã gêmea com a mesma síndrome, e que morrera muito cedo, ainda criança, o que fez com que sua mãe ficasse arrasada.

Tentando poupar a esposa do mesmo sofrimento de sua mãe, ele  mandou a filha para ser criada por uma outra mulher. Mas muitos anos depois  ele morreu, e vasculhando os documentos dele, a sua esposa e seu filho acharam provas de que a menina estaria viva.

Foram a procura dela, e encontraram a casa onde ela morava com a mãe adotiva; a mulher apresentou-se, e a mãe adotiva foi chamar a menina, dizendo a ela que aquela era sua verdadeira mãe, a que a tinha carregado na barriga. Daí, uma cena de suspense, na qual a menina parece tentar entender a informação que acabara de receber, olhando ora para uma, ora para a outra mãe, que lhe apresenta também o seu irmão gêmeo.

A menina, que segurava um ramo de flores, divide-o ao meio, e entrega metade para cada uma das mulheres, dizendo que então ela agora tinha duas mães, e sorrindo, segura o irmão pela mão, dizendo: "Vamos lá conhecer o meu quarto!"

Fiquei encantada com a simplicidade com que a menina encarou e aceitou a situação. Somente alguém muito puro e sem qualquer maldade faria algo assim! Fiquei pensando: "Ah, se fosse um de nós, 'normais'! Provavelmente, ficaríamos debatendo o assunto por meses, odiaríamos uma das mães ou o pai, não quereríamos conhecer o irmão... quem sabe, até nós nos tornássemos traumatizados para o resto da vida, colocando a culpa de nossa miséria em nossos pais?"

A vida não é tão complicada assim, quando aceitamos os fatos.



Bom é Ser...





Bom é ser 
Somente ser
Aquilo que se é,
Sem precisar de justificativas.

Bom é ter
Somente ter
Aquilo que se ama
Sem competir com a vontade da vida.

E só sendo
Aquilo que se é,
E só tendo
Aquilo que se quer,
A vida fica mais leve,
E o caminho se estende naturalmente...



Rainer Maria Rilke - Cartas a Um Jovem Poeta





Trechos de 'Cartas a um Jovem Poeta,' de Rilke




"...Fuja dos grandes assuntos e aproveite aqueles que o dia-a-dia lhe oferece. Fale das suas tristezas e dos seus desejos, dos pensamentos que o tocam, da sua fé na beleza. Diga tudo com sinceridade calma e humilde. Utilize, para se exprimir, os objetos que o rodeiam, as imagens dos seus sonhos, as suas lembranças. Se o quotidiano lhe parece pobre, não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, nada é pobre, não há lugares mesquinhos e indiferentes. Mesmo num cárcere cujas paredes abafassem todos os ruídos do universo, não lhe ficaria sempre a sua infância, essa preciosa, essa esplêndida riqueza, esse tesouro de recordações? Volte, para esta direção, o seu espírito...."





"... o verão há de vir. Mas só vem para aqueles que sabem esperar, tão sossegados como se tivessem na frente a eternidade. Aprendo todos os dias, à custa de sofrimentos que abençoo: a paciência é tudo."





"...Aliás, os melhores enganam-se quando tentam exprimir, com palavras, o sutil e às vezes o inexprimível. Creio, porém, que as suas interrogações não ficariam sem resposta, se se limitasse a coisas como estas que os meus olhos agora refazem. Se se prender à natureza, ao que nela existe de simples e pequeno, àquilo que quase ninguém observa e que, de repente, se metamorfoseia no infinitamente grande, no incomensurável - se estender o seu amor a tudo o que vive - se humildemente tentar ganhar a confiança do que lhe parece mesquinho -, então tudo lhe será mais fácil, tudo lhe parecerá mais harmonioso, e por assim dizer, mais repousante.  A sua inteligência, espantada, ficará talvez na retaguarda, mas a sua consciência mais profunda despertará e compreenderá. ...."






"...Diz-me que os seus próximos lhe parecem distantes: É que à sua volta se está fazendo um espaço. Se tudo o que está próximo lhe parece distante, é porque esse espaço toca as estrelas, já é muito vasto. Alegre-se da sua marcha em frente: ninguém poderá acompanhá-lo. Seja bom para os que ficarem atrás, senhor de si e tranquilo perante eles. Não os atormente com as suas dúvidas; não os assuste com a sua crença, com o seu entusiasmo, porque não poderiam entendê-lo. Procure comungar com eles na simplicidade e na fidelidade: esta comunhão não tem de passar necessariamente pelas metamorfoses por que passa a alma. Evite alimentar o drama sempre pendente entre pais e filhos, esse drama que exaure a força dos filhos e cansa o amor dos velhos, que não precisa de compreender para agir e aquecer. Não lhes peça conselho. Renuncie a que o compreendam. Acredite somente nesse amor que lhe pertence como um bem de raiz. Tenha a convicção de que há nesse amor uma força, uma bênção que podem segui-lo tão longe quanto os seus passos o levarem. ...."






terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Quando apagas...





Toda vez que tu apagas
Uma palavra de carinho,
Uma voz,
Uma letra,
Num gesto frio e mesquinho,
Apagas também uma trilha,
Apagas de um rosto
Um sorriso, 
Apagas um caminho!...

Não é preciso
Abrir as portas
A quem não gostas,
Melhor trancá-las,
Melhor não deixar
Que o viajante
Pegue a estrada,
E se empenhe 
Num gesto
Indesejado
Que não dará em nada!

E que seja, então deixado
Com esse gosto amargo
E indigesto
De passos apagados,
Sorrisos costurados,
Braços fechados...
Melhor a sinceridade,
Melhor a verdade,
A essa pura e e indiferente
Maldade!

*


...E o que Dói Menos?





Ninguém está preparado para enfrentar a perda de alguém que ama.

Dia desses, eu conversava com minha irmã, e ela me dizia que sentia muita falta de nossa mãe - eram muito ligadas - mas que sentia-se consolada, pois ela já estava bastante idosa quando morreu; mas que jamais se consolava pela perda de seu filho - meu sobrinho - tão jovem, e cheio de planos.

Também conversei com meu marido sobre o assunto, e falamos em ocasiões nas quais ficamos sabendo de mortes repentinas na família ou de amigos, de pessoas jovens ou não, e de mortes pré-anunciadas, de pessoas jovens ou não. Em nenhuma das ocasiões, pudemos comparar os fatos e chegar a uma conclusão sobre qual maneira de se perder alguém é menos dolorosa: se de repente ou aos poucos.

O fato, é que perder alguém, dói. E sempre doerá. É uma dor imensurável, que ninguém pode consolar, a não ser o Senhor Tempo. A vida urge ser vivida, os dias urgem voltar a ser contados (quando alguém morre, perde-se toda a noção, inclusive, a do tempo).

Mas um dia (isso sempre acontece), acordamos nos sentindo melhor. Já não dói tanto. Aos poucos, já conseguimos falar sobre aquela pessoa e rir muito de certos acontecimentos que vivemos juntos. Conseguimos lembrar dela com uma saudade boa, não mais tão dolorida. E esse tempo é diferente para cada um que passa por uma perda. Pode durar meses ou anos até que se chegue a esse estágio. Talvez, seja preciso procurar ajuda profissional, e isso, é cada um que determina. Para alguns, a religião e / ou a fé podem ajudar.

Às vezes, vem à cabeça daquele que perdeu alguém o seguinte pensamento: "Fiz tudo o que eu poderia ter feito? E se eu tivesse feito diferente? E se eu tivesse procurado um outro médico? E se eu tivesse passado mais tempo com ele (a)? E se... e se... e se..."). Mas  acho importante saber que esses questionamentos são normais, e que jamais devemos nos sentir culpados; no fundo, a gente sempre faz o melhor que pode, sempre, e mesmo que tenhamos cometido algum erro em relação à pessoa que se foi em algum momento, não foi de propósito. Nessas horas, acho importante fazer as pazes consigo mesmo e com a pessoa. Bem, eu rezo, converso, e isso me faz sentir melhor.

Exercitar o desprendimento e a aceitação dos fatos pode ser a parte mais difícil; não queremos aceitar. Nos perguntamos: "Como isso pode ter acontecido comigo / com ele(a)?"  De nada adianta revoltar-se diante do inevitável, e quanto mais cedo compreendermos este fato, melhor. E a coisa mais certa de todas as coisas na vida, é a morte. Um dia, chegará a nossa vez, e enquanto isto não acontece, se eu estou aqui ainda, é porque ainda há bons motivos para isso. E eu quero viver, eu quero ser feliz e aproveitar tudo o que eu puder, e aprender, e me machucar se necessário, e apostar, e vencer, e perder.

É isso aí.

Sobre as Catástrofes







"As catástrofes que se abatem sobre os homens não são destinadas a puni-los, mas a restaurar o ponto de equilíbrio em sua natureza."

   - Alice Bailey






"Toda a história não é mais que uma infinita catástrofe, da qual tentamos sair o melhor possível." 

-Italo Calvino







"Se não queres ser desgraçado, trate as catástrofes como uma moléstia, mas de maneira alguma, trate as moléstias como catástrofes."  

-André Maurois

















segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

É Na Alma





É só na alma, 
Na branca paz da alma,
Na calma,
Ou na calda quente,
Fervente da alma,
Que desabrocham,
Ascendem,
Revelam-se...


É só no sangue,
No vermelho mais rubro,
No escuro,
Na luz viva
E ativa
Da alma, 
Que eu me desaguo...

Não é o número
Dos meus passos,
Ou de minhas sílabas
Que determinam
O que me determina!
É só a alma,
Aquela parte de mim
Que está entre o ir
E o ficar,
O dizer
E o calar,
O morrer
E o viver,
O acordar
E o sonhar!...


Sempre no meio,
Um pé no chão,
Outro na lua,
Um pensamento cúbico,
Outro pensamento súbito,
Uma nesga de treva
E outra nesga de luz!
E tudo vem da alma,
Esse lago que não seca,
Que não seca jamais!

É de lá que eles vem:
Os meus poemas,
E de nenhum outro lugar
Que tu ou qualquer um
Queiram nomear!


*

Velhas Fotos de Família - e Põe Velhas Nisso...

Meu avô por parte de mãe, Rogério Agostinho (Brasil) ou Rezier D'Agostinni (Itália)


Tia Rosa - sentada; as outras, não sei quem são, mas devem ser tias ou primas.


Foto de casamento dos meus pais
Eu, bem pequena. Tinha uns quatro anos, acho.

De cinto branco, minha mãe, sua prima Dalila e uma senhora que eu não sei quem é.



Uma festa de aniversário na casa de algum vizinho, acho. Eu estou no colo de minha mãe. Meu pai ao lado, mãos nos ombros de minha irmã Ester A de franja, cabelos escuros, no canto direito da foto, é minha irmã Dalila.




Meus pais e meus irmãos mais velhos, Dalila e Ronaldo. Eu nem era nascida.
Foto muito antiga de família! Um dos rapazes com topetes deve ser o Tio João, que morreu aos 104 anos! A Italianada:  Meu avô (no canto direito da foto) ao lado dele, a Tia Rosa sua irmã, e vários outros irmãos e primos cujos nomes não sei mais.



Minha mãe e a prima Yolanda, no Parque Cremerie. Ela adorava esta prima!



Meu avô Heitor, por parte de pai. Não o conheci. O menino, meu primo Laércio., acho.

Meu pai no exército. Até que ele era bonitão... tinha uns dezenove anos.

Minha avó por parte de mãe, Vicência. Não a conheci. Ela morreu quando minha mãe tinha quatro anos de idade. Esta é a única imagem dela que ainda existe.
Minha bisavó por parte de mãe, à porta da casa onde eu e meus irmãos, mais tarde, nascemos e nos criamos. Esta foto deve ter uns cento e trinta anos.
Meus bisavós por parte de mãe - jamais os conheci
Minha mãe e meu avô Rogério
Minha mãe (loirinha) e uma prima, a Lea. Deve ter sido em mil novecentos e trinta e poucos...









Amor & saúde





"Combater doenças é perda de tempo. É o mesmo que combater moscas perto de um monte de lixo, sem remover o lixo onde elas se multiplicam. Não basta combater doenças, é preciso promover a saúde. Como? Instruindo o povo desde a escola para a proteção do meio ambiente, sobre alimentação correta, vida natural, cuidados com o corpo, controle da mente, vida moderada e harmoniosa, justiça social, amor ao Criador e aos semelhantes, etc.  -    Jaime Brüning









"Como melhoram as pessoas depois que passamos a gostar delas!"  -  Grayon






"A terapia analítica, é, essencialmente, uma tentativa de ajudar o paciente a adquirir ou re-adiquirir sua capacidade de amar. Se este objetivo não é alcançado, conseguir-se-hão apenas mudanças superficiais." 
 -   Erick From






"Amar, pois nada melhor para a saúde que um amor correspondido."  -Vinícius de Moraes







"Quanto mais eu consigo amar tudo - as árvores, a terra, a água, meu amigo, mulheres e crianças - mais saúde eu vou experimentar e mais próximo de meu verdadeiro eu vou estar." - Carl Simonton










Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...