Cantava
A cotovia,
Do alto do galho
De onde não via.
Falava
Da liberdade,
E nem enxergava
As barras
Da gaiola
Que a cercava.
Sorria,
A cotovia,
Do começo
Ao fim do dia,
Pulava
De galho em galho,
Voava baixo,
Mentia.
A pobre
Cotovia
Que não enxergava
Nem sentia,
Cantava
Uma canção
Que lhe ensinaram...
Repetia!
Só por ser ave,
Só por ter asas,
Achava-se livre,
Mas se esquecia
De que o voar
É arte aprendida
Que nem toda ave
Sabia...
Pulava entre os galhos,
Catava os insetos
Que a alimentavam,
Batia as asas...
Achava que assim
(Pobre cotovia!)
É que se voava
Mas não via
O mergulho solto
Dos bem-te-vis,
O canto elevado
Dos sabiás,
O salto no alto
Das andorinhas,
O voo zumbido
Dos colibris,
O mergulho no abismo
Dos gaviões
O pouso sereno
Dos urubus...
Achava-se deusa,
Achava que todos
Fossem cotovias
E que só pulassem
Pelos mesmos galhos
Onde ela vivia...
*
cotovia |
Eu sorria
ResponderExcluirenqunto lia
e imaginava a cotovia!
Que belo sentir, amiga Ana! Lindo! Forte! Intenso!
ResponderExcluirBelo!
bjs,
Que lindo esse canto da cotovia
ResponderExcluirque agora ouvi...
delicioso ler essa poesia
Su
Quando não se vê as grades e se sente feliz, creio que o voo dos demais não traz melancolia. Lindo! Bjs.
ResponderExcluirAh cotovia, feliz tu
ResponderExcluirque assovia no canto feliz
arauto do dia -
na boca e no beijo
de uma poeta assim...
tão macia!
Lindo demais, Ana!
Não resisiti ao teu canto e nasceu este verso breve.
Vc está se tornando mais uma de minhas poetas preferidas, entre outras na NOVALITERATURA, como a Tere Tavares, lembra dela? Pois... tu e ela, mi_ninas, mulheres admiráveis.
bj querida!