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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Um Pedaço de Pera





Passeando pela grama molhada esta manhã, encontro um pedaço de pera dura parcialmente comida. Deve ter sido deixada pelos morcegos, que vem se alimentar de frutinhas durante a noite, pendurados de cabeça para baixo nos galhos do meu cedro. Alguns deles parecem cachorrinhos que voam.





Há uma casinha de formigas cortadeiras junto ao pé de manacá. Elas vem, periodicamente, e fornecem uma poda natural às minhas roseiras. Reparei que depois desta poda, as roseiras crescem mais bonitas - e elas não se alimentam delas o ano inteiro. Comem também as cascas de bananas que sobram nos comedouros dos pássaros. Aproveitam tudo!




Coloquei o resto de pera junto á entrada do formigueiro, e esperei. Logo, uma formiguinha aproximou-se, sondando o objeto, e começou a cortar um pedacinho. Em alguns minutos, a pera estava cheia de formiguinhas cortadeiras, que carregavam a fruta para dentro de sua casinha.




Lembrei-me de outros formigueiros, em outras épocas... quando eu era criança, estas formigas abundavam em nosso quintal, pois havia muitos pés de frutas, e a terra era preta e fofa. Eu catava açúcar na cozinha, folhas de rosas (escondida de minha mãe, é claro) e outros alimentos para montar um 'mercadinho' de formigas. Cercava o mercadinho com palitos de fósforo, e fazia as bancadas de tampinhas de refrigerante. Passava horas brincando com as formigas!





Gostava também de apanhar joaninhas de várias cores, que abundavam nos pés de vassourinha. Eu as colocava em caixas e levava para dentro de casa, para brincar. Muitas vezes, elas escapavam e ficavam voando e andando pelas paredes da casa. Se alguém acidentalmente pisava nelas, eu chorava... era um custo para minha mãe me convencer de que as joaninhas estavam tristes, longe de casa e de suas famílias! Mas finalmente, eu concordava em colocá-las para fora, de volta nos pés de vassourinha.



Eu adorava brincar com as gordas  lagartas listradas de amarelo e preto  que apareciam nos pés de Saco-de-velho (não sei o nome desta planta; nela, cresciam umas bolas verdes, cheias de ar e peludas; daí, o apelido). Elas passeavam pelos meus braços. Algumas andavam de uma maneira engraçada: só tinham patas no início do corpo, junto à cabeça, e junto à extremidade. Quando andavam, formavam 'Cs' oblongos.





Brinquei muito com besouros - lá em casa, havia de todas as cores, tipos e tamanhos  - e com vaga-lumes. Passei a infância toda brincando com estes e outros bichos. Tínhamos muitos cães, gatos, passarinhos de meu pai (que mais tarde, soltei), tartarugas, hamsters e porquinhos da índia. Tivemos também patos e galinhas, uma vez. Ainda recebíamos constantes visitas dos cabritos e cabras de uma vizinha, que cismava em deixá-los soltos. Eles entravam pela cozinha quando estávamos distraídos, e pegavam, debaixo da pia, cenouras, abóboras e pacotes de banha para comer. Ainda me lembro de minha mãe com a vassoura, espantando os cabritos de Dona Alice.



Nosso quintal era cheio de pés de limão, figos, abacates, pêssegos, ameixas, bananas... cultivávamos canteiros sob as janelas da frente da casa. Uma vez, minha irmã e eu plantamos pés de couve e alface. Minha mãe tinha o costume de jogar as sementes de tomate em um canto do quintal, e os tomateiros brotavam em profusão. Há pouco tempo, lembrei-me daqueles episódios, e joguei sementes de tomate nos canteiros do fundo da casa. Comi saladas e tomates fritos durante bastante tempo, e já semeei de novo, pois os tomateiros morrem após dar frutos. 





Acho triste que hoje em dia as crianças não tem esse contato com a natureza, os bichos, as plantas.




6 comentários:

  1. Querida Ana, minha amiga!
    Adorei sua bela postagem que retrata sua infância doce, repleta de ricos personagens! Que infância maravilhosa e o quanto é bom revivê-la!
    Eu também coloquei uma postagem hoje, sobre minha infância, veja a coincidência!
    Beijos ternos,
    Martha

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  2. Aninha, meu amor, passei para agradecer o seu doce comentário e para lhe dizer:
    TOME CORAGEM VOCÊ E SUAS IRMÃS E ENTREM NO QUARTO COM AS MEMÓRIAS DE SUA MÃEZINHA AMADA! Entrem, recoste no peito dorido cada lembrança, matem as saudades nas fotos e acabarão por sentí-la, outra vez! Estas são as recordações benditas daqueles a quem amamos e que, nunca nos abandonará. Não temas, amiga querida! Depois me conte como foi, se quiser.
    Bjs,

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  3. Olá!Boa tarde!
    Ana
    é verdade, hoje, as crianças têm mais "eletrônicas" e menos contato com a natureza. Dizem até que as primeiras experiências com o mundo natural têm sido positivamente relacionadas com o desenvolvimento da imaginação e do sentimento de admiração. A capacidade de ficar maravilhado é um motivador importante para a aprendizagem ao longo da vida."Viajei" com a sua descrição. Eu morei no interior do Paraná/Maringá!Saudades do meu "quintalzão".
    Bela semana!
    Beijos

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  4. Oi Ana! É mesmo triste e mais triste ainda que a criançada está cada dia menos sonhadora e cheia de fantasia.Fantasia que a própria natureza oferecia!Lindo seu post e me fez relembrar muitas coisas boas tb!bjs e boa semana!

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  5. Lindas recordações de antes...Hoje é tudo diferente!Pena! beijos praianos,chica

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  6. Recordar é Viver Ana,eu lembro que época de Natal
    eu caçava Vagalume e colocava no presépio de casa
    ele iluminava a noite,e também caçavamos besouros
    pretos e amarravamos em carrinhos plásticos e eles
    puxavam,rsrs coisas de crianças.Valeu compartilhar.
    Bjus\Flor*

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