Desde pequena, sempre adorei os sábados... lembro-me da época em que eu tinha aulas de inglês e educação física nas manhãs de sábado, e acordava cedinho, a casa cheirando à madrugada, e dirigia-me à escola enquanto todos ainda dormiam. As aulas sempre terminavam com a gente jogando queimado no pátio da escola, e ao meio-dia, eu caminhava com as amigas até a avenida, onde tomava o ônibus para voltar para casa.
Sábado era dia do meu pai chegar mais cedo do trabalho. Era dia da comida mais caprichada. Era dia de ouvir músicas e brincar na rua. Também era dia - mais tarde, quando me tornei uma adolescente - das festinhas no início da noite, na casa de Dona Celina - mãe de amigos nossos, a única que não se importava com a nossa bagunça.
Na casa de Dona Celina, tudo era possível e permitido. Frequentemente, entrávamos já chamando pelos nomes de nossos amigos (quatro irmãos: dois meninos e duas meninas), e íamos adentrando a casa, encontrando Dona Celina na cozinha, passando roupas, debaixo do velho relógio cuco. Ela nos recebia com alegria, pois gostava de ter jovens em volta.
A casa de Dona Celina era bem pequena, mas era o lugar onde todos gostávamos de ficar.
Uma das lembranças mais queridas que tenho de lá, é a de uma noite de natal; voltávamos da comemoração em casa de minha irmã, recém-casada, e quando saímos do táxi, percebemos a luz e as vozes vindas da casa de D. Celina. Após alguma insistência, eu e minha irmã adolescente tivemos, finalmente, a permissão de nossos pais para irmos lá, "bem rapidinho." E encontramos a festa de natal sem ceia farta e sofisticada, mas com muita música, dança e alegria.
Na casa de Dona Celina, nós nos arrumávamos para irmos aos bailes - "Sons", como eram chamados naquela época . As meninas disputavam o único espelho do armário do quarto, dividindo e partilhando sombras, rímel, blushes, batons e lápis de sobrancelhas... e de lá, saímos todos juntos nos domingos à tarde, em direção ao Serrano Futebol Clube.
A casa de Dona Celina foi nosso point, nosso ponto de encontro, da infância à adolescência...
Comecei falando de sábados, e terminei recordando a casa de Dona Celina. Mas é que não existiam sábados sem casa de Dona Celina. E os sábados sempre me trazem lembranças daqueles tempos.
O sábado é muito bom , porque vem o descanso, o laser com ele...parabéns Ana pelo belo escrito...
ResponderExcluirAna, que lugar gostosa a casa da Dona Celina.
ResponderExcluirBelas e doces recordações!
Sábado e domingo é dia da família.
Beijinhos
Amara
Ana ,
ResponderExcluirTodos temos uma Dona Celina para alegrar nossos sábados e , principalmente , nossa vida.
O brilho que delas emana nos faz um bem enorme .
Ler seu texto foi uma viagem gostosa ao meu passado .
Obrigada .
Beijos e boa semana
Querida amiga
ResponderExcluirQuando a alma tem fome de beleza,
chegar aqui,
sentir as palavras e o seu perfume,
é encontrar o doce alimento da
alegria...
Alimento que me renova as energias,
quando muito já silenciou pelos caminhos...
A amizade é o alimento da esperança.