Uma borboleta não nasce borboleta. Antes, ela precisa ser lagarta, arrastar-se pelo solo e conhecer o caminho das nervuras das folhas. Ela precisa sonhar com as asas, antes de obtê-las, e fazer por merecê-las. Uma lagarta necessita conhecer seus predadores naturais, e como evitá-los.
E mesmo depois desta fase de arrastar-se rente ao chão , às folhas, e aos galhos, evitando os bicos dos passarinhos e os ferrões das formigas, a fim de tornar-se borboleta uma lagarta tem que submeter-se voluntariamente à morte. Ela precisa morrer. Recolher-se em um casulo, envolta em teias, e aguardar pacientemente até que a borboleta esteja pronta. E qual será o sonho da lagarta em seu casulo? Quais caminhos ela percorre durante seu sono metamórfico?
Finalmente, chega a hora de romper o casulo e vir à luz. Mesmo assim, a borboleta ainda não está pronta para o voo: precisa secar e desamassar suas asas, e lembrar-se quem são seus predadores, vasculhando em sua memória de lagarta os caminhos do solo e das folhas para que saiba onde pousar quando necessário.
E quando ela abre suas asas, entregando-se à beleza de sua nova vida e à sua missão de percorrer as flores, ela sabe que será breve a sua nova existência; mesmo assim, terá valido a pena todo o período em que viveu como lagarta e fechou-se em seu casulo!
O mais importante, é que a borboleta jamais se esqueça de onde veio, e lembre-se sempre de que ela é apenas uma lagarta que se transformou... que ela jamais despreze as lagartas que encontrar em seu caminho!
E que as lagartas saibam que, dentro delas, moram as asas de uma borboleta.
Triste é aquele que pensa que já nasce borboleta, e pensa que voa entre as outras lagartas com asas imaginárias e por caminhos que não lhe pertencem, para os quais, não se preparou! Cedo, o vento sopra forte e derruba seu voo de arrogância. E como esta lagarta passou toda a existência pensando ser uma borboleta e negando sua verdadeira forma, quando a queda chegar, ela nem ao menos saberá escolher um pedaço de solo sem espinhos ou pedregulhos... as dores serão muitas! O tempo de metamorfose será muito mais longo e sofrido.
Portanto, quando eu vejo uma lagarta, lembro-me sempre que dentro dela, mora uma borboleta; e quando vejo uma borboleta, sei que dentro dela, mora uma lagarta.
Magnífico o teu texto, ANA !
ResponderExcluirGostei da metáfora e da lição de moral.
Um beijo com asas.
Tem muita borboleta
ResponderExcluirdentro de muito casulo
que nunca tem chance de sair,
não é mesmo?
Louvado seja Deus
por estas que conseguiram.
Linda poesia que faz a gente pensar em tudo isto.
abraço
Belíssimas reflexões por aqui!Adorei tuas palavras e o final brilhante! beijos,chica
ResponderExcluirBelíssimo!. Você escreve de uma forma tão fácil que vamos lendo e refletindo cada frase e no final estamos entusiasmados e gratos por esta bela reflexão que nos proporcionou.
ResponderExcluirBeijos.
Um belo texto com uma mensagem muito importante.Parabéns.
ResponderExcluirEste texto é um deleite! Parabens!
ResponderExcluirClemente.
Cia. De Teatro Atemporal.
Olá prezada Ana, e que tudo esteja bem!
ResponderExcluirEscrito perfeito, o teor do texto após ler, bem, sabemos que este planeta está repleto de borboletas que pensam que suas asas sempre lá estiveram, esquecem que para voarem sobre as lagartas, não só de suas asas dependem, e sim de o vento estar propício, esquecem que a queda em local não acolhedor pode findar a sua já tão breve vida alada, uma pena que seres vivam repudiando a própria origem!
Belíssimo pensamento compartilhado aqui neste teu lindo espaço, aliás, tem sido assim sempre que por cá passo, deveras prazeroso, obrigado!
E grato pela amizade e visitas e gentis comentários eu desejo que seja sempre deveras intenso e feliz o teu viver, um grande abraço e, até mais!
Que show Ana, voce foi feliz e iluminada em suas analogias e reflexões.
ResponderExcluirMeus parabens por esta sensibilidade e faculdade elevada amiga.
Carinhoso abraço de paz e luz.
Boa tarde, Ana. Belíssimo texto. Quantos casos de arrogância vemos por aí, que não admitem o antes, o casulo, a lagarta, que pisoteiam em quem ainda não virou borboleta.
ResponderExcluirTenho pena dessas pessoas, pois na realidade, não são nada sem a simplicidade e a humildade, ninguém é ou chega a algum lugar!
Você foi perfeita.
Beijos na alma e parabéns!
Excelente fim de semana.