witch lady

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domingo, 30 de setembro de 2012

Névoa da Manhã




Milhões de insetos, por entre a névoa,
Deslizam livres à luz do sol...
Luz matinal, leve, translúcida,
Gotas minúsculas ao arrebol...

Névoa de nuvens de cristais baços
Formando laços por entre as copas
Das calmas árvores, que ainda dormem...
Braços de galhos à luz amorfa!

Névoa, emaranha-te em meus cabelos
Como novelos de branca luz!
Seduz, desperta, com tua mão fria
Desfaz o laço dos meus segredos...

Névoa de gaze, levai meus medos
Desfaça-os todos com os teus dedos...
Solta-os no ar da tua brancura,
Brilhos de insetos em tua candura...

ECOS



Gritos loucos
à entrada da caverna
Onde moravam
(Ou pelo menos, era assim que acreditava)
Os monstros que ela mesma criava...

Eeeeeeco!
-Eeeeeeco!
Respondiam-lhe.
E quanto mais alto gritava,
Mais alto respondiam-lhe os monstros.

Se ao menos ela percebesse...

Canção do Desamor




Canção do desamor 

Sinto muito; não te amo,
Não sei como aconteceu.
Não há rastros do que fomos,
Nem sequer uma lembrança
Que me impeça de esquecer-te.

Pois de ti em mim só resta
Uma ruga sobre a testa,
Uma foto desbotando,
Um odor que sai, lavando,
Um torpor de fim de festa.

Sinto muito; não te amo.
Esse teu suposto amor
Nada é, senão costume,
Deixa em nós um azedume,
Sei que podes me esquecer.

Ao sair, deixe na casa
A cópia da minha chave.
Leve embora teus sinais,
Teus resquícios e lembranças
Mate toda a esperança.

Sinto muito, não te amo!

Estar Triste





Estar Triste

A tristeza
É como a bruma sobre a paisagem,
Ela deixa tudo incerto
E tudo encoberto
Por uma névoa branca e fria.

É um canto Gregoriano
Vindo do fundo de uma igreja,
Um réquiem,
A tristeza...

É um pássaro que olha para fora,
De dentro de uma gaiola,
É alguém que grita sozinho
E sem esperanças
No meio de um deserto,
E que sente uma sede
Para a qual,
Não existe água...
Morre
Aos poucos
De sede.

A tristeza
É descobrir-se cinzento
Em um dia em que tudo é azul.
É não ser capaz de sorrir
Quando a música toca, e todos dançam.
A tristeza
É a criança
Sentada na calçada fria,
Faminta e descalça.

A tristeza é um rio,
Que corre entre pedras limosas,
E tenta chegar até as rosas,
Mas elas morrem secas,
À margem.

Minhas Visitas



Recebo muitas visitas aqui em casa, todos os dias. Além dos meus alunos que circulam, entrando e saindo o dia todo, recebo sempre as melhores visitas que alguém poderia receber: animais! Criaturas puras, encantadoras e cheias de vida, que transmitem sempre as melhores energias do mundo.

Esse cara aí da foto virou um frequentador recentemente. E anda trazendo a sua namorada, uma belíssima Senhora Jacu. Também tem os esquilos (recentemente, um deles passou por cima de meu pé enquanto eu andava distraidamente na grama) os macaquinhos, os muitos pássaros, borboletas, joaninhas, formigas com bumbum dourado, enfim, uma infinidade colorida e alegre de VIDA.

E o melhor de tudo, é que são criaturas cuja presença traz apenas encanto, beleza, leveza, diversão. Eles jamais nos questionam ou reclamam por não terem gostado do tipo de frutas que colocamos para eles, ou das músicas que tocam no aparelho de som, ou das palavras que dizemos. E eu garanto: observando o seu modo de ser e viver, podemos aprender muitas coisas, sempre!

Hidra



Se vais julgar-me,
Faça-o antes que eu esmague
Entre meus dedos
Dos teus argumentos
O arremedo,
Faça-o depressa, e sem medo.

Se vais apresentar a acusação,
Esqueças antes, que tens um coração,
E ao abrir da boca, erga a cabeça...

Mas toma cuidado, pois a vida
Tem tantas cabeças quanto a Hidra,
E todas elas juntas, afinal,
Julgar-te-hão, eu sei, e isto é fatal.


Que a Tua Casa Seja Onde Está Teu Coração



Temos o livre arbítrio para escolher com quem e onde gostaríamos de estar. Temos o direito natural de escolher nossos amigos, manifestarmos nossas idéias e opiniões, de incluirmos e excluirmos quem desejarmos de nossas vidas. Assim, também somos incluídos e excluídos.

E por mais que tentem nos calar a boca, para que deixemos de expressar nossos pensamentos e ideias, jamais devemos baixar as nossas cabeças, aceitando aquilo que os outros nos impõe como certo apenas para 'manter a paz,' às custas de nossa alma. E isto pode significar desagradar a alguns. Pode ser que alguns nos virem as costas, apenas porque não concordamos com eles, e que levem junto com eles, outras pessoas que amamos, influenciadas (mal influenciadas) por suas opiniões. Quando isto acontece, dói; mas é uma dor que vale a pena, pois ficamos sabendo quem gosta realmente de nós.

Não é fácil descobrir que pessoas que vemos crescer, levamos à escola, alimentamos, banhamos, e sempre tratamos com o maior carinho e consideração, nos viraram as costas devido a influências de terceiros; não souberam separar as coisas. Não é fácil descobrir que para elas, nós nunca fomos nada, e que elas podem viver muito bem sem a nossa presença, que julgávamos importante.

Mas ao mesmo tempo, descobrimos que sobrevivemos. E que embora possamos continuar gostando delas, e de longe, desejando a elas tudo de melhor, podemos também viver sem a presença delas. Porque a vida é feita de escolhas; escolhemos e somos escolhidos. Rejeitamos e somos rejeitados. E é melhor , muitas vezes, não matar a si mesmo apenas para fazer parte do rebanho, cujo líder nos sufoca.

Respeito a liberdade de escolha de cada um. A vocês, os meus mais sinceros votos de que sejam sempre muito felizes, e de que percebam que seu lar será sempre onde seu coração está. Espero que as escolhas que estejam fazendo sejam muito bem pensadas, e que o solo sob suas casas seja sempre bem firme.

sábado, 29 de setembro de 2012

OURO



Ouro nas folhas de outono
Que cismam com a primavera
Que pensa que é inverno
E sonha com o verão...

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Quando eu Te Olho



Às vezes, quando eu te olho
Me lembro do quanto eras jovem,
Me lembro do quanto eu mudei
E de que jamais crescemos...

Apenas demos as mãos
E saímos a brincar
Lá fora, nesse jardim
Onde o sol se derramou
Com seus raios, em mil feixes
Sobre nossa juventude,

E a tempestade caiu
Sobre nós, com seus trovões,
Derrubando das roseiras
As rosas que tinham brotado,

E o outono deu seus frutos
Que comemos, tão famintos,
Nos caminhos que seguimos
 Tentando encontrar respostas,
Vislumbres do infinito...

Às vezes, quando eu te olho,
Me lembro que já choramos
Já sorrimos, já amamos,
Já sofremos, no entanto
Acho que jamais crescemos...

Somos aquelas crianças
Que um dia, se encontraram
Às portas deste jardim
E que bem juntas, sonharam
Com cores de primavera,
Com as chuvas do verão,
Com as rosas que brotaram,
Desfolharam pelo chão.

Às vezes, quando eu te olho,
Meus olhos se enchem d'água
Pela sede que nos mata,
Pelas fontes que secamos.

Uma vez, houve um verão
No qual nós amanhecemos,
E depois, anoitecemos
Desatentos, nos perdemos...

Às vezes, quando eu te olho,
Me dá um nó na garganta
Pois eu nos vejo crianças
De mãos dadas, pelo tempo
Que murchou as esperanças,
Amareleceu lembranças
E nós dois não percebemos.

Às vezes, quando eu te olho,
Sinto um fôlego surgir,
Dá vontade de sair
Descalça pelo jardim

E acolher nossas crianças
Que há tempos, nós perdemos
E dizer que não se assustem,
Afinal, nunca crescemos!...

HOJE







Hoje é um dia feliz,
Separado do ontem.
Não o contaminemos 
Com o incerto amanhã!

Hoje, estou à janela,
Vendo grossas gotas esparsas
De uma chuva que não chega
Mas que cai em ameaças...

E isso, agora,
É tão lindo,
Dentro da paisagem baça!
Se a chuva cai ou não,
Realmente, não importa!

COMANDO







Cabeça erguida
Olhos presos
Ao que vem lá do horizonte...
Tempestades, ventos,
calmaria, montes
de icebergs
De pontas diminutas
E corpos imensos...

É o mar que rema o barco,
É o mar o comandante...
Jamais a lugar algum
Se chega depois, ou antes...

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Nada há de Ser...






Nada há de ser
Para sempre...
Nenhuma dor,
Ou alegria,
Nem mesmo
Um dia
Há de repetir-se.

E aquilo mesmo
Que nos parece
Nunca mudar,
Mudará sempre,
Todos os dias
Quando aprendermos
A enxergar.



quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Tua Importância



Tu és a linha que perpassa 
E alinhava
As minhas partes
Para que não se soltem,
Ficando caídas
Pelas estradas.

És o refúgio que me acolhe
Ao fim do dia
Em negras noites
Dizendo para que eu me acalme:
"Tudo passa."

És a água benta que me benze
E que espanta
Os mil fantasmas que me seguem
E me atormentam
Soprando preces mentirosas
Em meus ouvidos.

És a razão e o sentido
De eu estar eu
E não alguma coisa morta
Apodrecida,
Sem sentimento e sem palavra
No vão da vida.

És a esperança que me acena
No horizonte do futuro
E quando nada mais restar
Eu correrei para os teus braços
Para poder me encontrar.




Receita para a Infelicidade Permanente



Durante muito tempo em minha vida, eu me preocupei demasiadamente com o que os outros iam pensar de mim: minha roupa causará boa impressão? Estou magra / gorda demais? O que eu disse foi estúpido? Estou cometendo erros gramaticais quando escrevo? Etc, etc...

Com o tempo, aprendi que ninguém está na minha pele. Ninguém vê o mundo através dos meus olhos, e nem verá. Ninguém entende, realmente, os meus motivos para fazer as coisas que eu faço e pensar as coisas que eu penso. Ninguém enxerga o mundo como eu. E é bom que seja assim, que haja essa diversidade de pensamentos, ações e sentimentos.

Existem sempre no mundo, pessoas que acham que podem ditar o comportamento alheio. Elas nascem e se fortalecem a partir do momento que sua personalidade forte assume dominância através de outras personalidades mais fracas que as rodeiam. Daí, elas passam a liderar grupos, ditar comportamentos, decidir o que é certo e o que é errado, e algumas, até se atrevem a decidir o que você tem que pensar, de quem gostar, o que vestir. E isso durará um longo tempo, enquanto ninguém levantar a cabeça e dizer: "NÃO! CHEGA!" 

Quando estamos fracos, torna-se mais fácil e cômodo seguirmos alguém mais forte, que decida por nós e determine para nós o que é certo e o que é errado. Estas pessoas passam a vampirizar as outras, com a permissão destas! 

Amigo de verdade, ensina a gente a nos virarmos sozinhos; amigos de verdade nos querem ver independentes e fortes. Não desejam que estejamos sob suas asas 'protetoras' o tempo todo. Não ficam loucos de raiva se discordamos deles. Não colocam os outros contra nós quando decidimos por nós mesmos, indo contra a determinação deles.

Aprendi a duras penas que a mais eficaz receita para a total infelicidade, é dar poder a estas pessoas. Quer ser infeliz? Passe a preocupar-se, a todo momento, com o quê estão pensando de você. Tudo o que fizer, imagine que existem pessoas te observando, te cobrando comportamentos e atitudes, e que seu dever é agradá-las e viver conforme o que elas pensam que é certo. Morra de vergonha de falhar, de ser fraco, de ser humano. Antes de fazer qualquer coisa, pense antes se esta(s) pessoa(s)  aprovaria (m). Em breve, você estará reduzido a um ser humano sem vontade própria, cheio de medos, preconceitos e demais grilos na cabeça.

Ninguém precisa pedir permissão a ninguém para ser como quer ser. Desde que se tenha em mente que ações provocam reações, e que para tudo o que fazemos haverá uma consequência correspondente, seremos capazes de julgar por nós mesmos, sem a ajuda de ninguém, o que é melhor para nós.

Quanto aos 'amigos' deste tipo, eles merecem uma grande banana. Mandem eles catarem coquinhos.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Cores & Humores




A ideia de que as cores das quais nos cercamos afetam nossos humores, é bem antiga. Eu achava que tudo não passava de um truque para vender tintas, mas pensando melhor - e vivendo mais - descobri que existe verdade nesta afirmativa.

Houve uma época de minha adolescência, cheia de questionamentos e perdas, inseguranças e mudanças. Naquele tempo, eu me vestia de cinza e de preto. Mais tarde, o azul foi a cor predominante, e quando conheci meu atual marido, cerquei-me de rosa, de todos os tons, principalmente, o rosa-choque. 

Em outra ocasião, na qual buscava conhecimento espiritual, vestia muito roxo e lilás. Mas tudo isso, sem nem sequer ter a menor noção de que as cores tinham influência na nossa vida. Ao mudarmos para esta casa, nós pintamos um cômodo de cada cor, predominando, por dentro, o ocre e o verde-claro, e do lado de fora, o laranja forte: casa grande, desejo de socialização... 

Em ocasião da doença de um ente querido, voltei ao preto, marinho, cinza... o que só percebi pouco antes da morte dele.

Já houve diferentes épocas em minha vida, em que diferentes cores predominaram; já fui preto, cinza, azul, amarelo, roxo, verde, branco, laranja, estampado colorido... hoje, estou mais para as cores sóbrias, como marrom, verde-musgo, azul. Mandei pintar minha sala de aula, que era verde-água, de azul claro, uma cor que sempre detestei ver em paredes, e até agora, ainda não compreendi o motivo de minha escolha...

Segundo o Feng Shui - filosofia chinesa que prega que a escolha do terreno, a posição da porta de entrada, as cores, a disposição de móveis dentro de uma casa, etc., pode afetar seus moradores - existem diferentes áreas na vida que podem ser afetadas pelas cores. Segundo o livro "Feng Shui- Harmonia dos Espaços", de Nancy SanTopietro, eis algumas dicas de como usar as cores dentro de sua casa:

Para estimular a energia: amarelo, vermelho, turquesa, cores alegres.

Para tornar a energia mais lenta (em casas onde há crianças muito agitadas, por exemplo): marrons, ferrugens e cores escuras.

Para suavizar a energia: Rosas e verdes claros, corais, tons pastel.

Para atrair energia: vermelhos, dourados e violetas intensos.

Para neutralizar energias (por exemplo, em espaços por onde circulam muitas pessoas): brancos, beges e castanhos.

Aumentar a criatividade: laranja, turquesa e azul vibrante.

Aumentar a espiritualidade: Roxo, violeta e branco.

Cores sexuais: Vermelho, preto, laranja e rosa-choque.

Cores do poder: Dourados, preto, vinho, vermelho e azul-real.

Cores para estimular o romantismo: rosa, vermelho, laranja e verdes quentes.

Cores frias: Azul, verde-piscina e lavanda.

Se você pensar no assunto e puxar pela memória, também notará que teve suas fases de cores... elas refletem as mudanças pelas quais estamos passando, ou que precisamos passar.

Qual é a sua cor hoje?

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Um dia Comum








Eu hoje acordei bem cedo. Passei a manhã toda dedicando-me às minhas aulas e aos meus alunos, até o meio-dia. Uma segunda feira comum...

Após o almoço, fui cuidar de minha casa, e fiz uma coisa que vinha adiando há meses, pois realmente não gosto de fazê-lo: limpar as vidraças. E o que não falta nesta casa, são vidraças para limpar! Mas consegui... espalhei o limpa-vidros, esfreguei bastante... mas minhas vidraças jamais ficam totalmente limpas. O líquido parece uma gordura que não sai nem mesmo após passar a flanela várias vezes... mas é um exercício de paciência, e achei que era hora de testar a minha. Ficou mais-ou-menos...

À tardinha, após a limpeza, fui lá para fora, ver o crepúsculo com a Latifa. A lua crescente apareceu entre nuvens esfumaçadas que se moviam, em cores amareladas. Pensei no quanto a natureza é linda, e nos esquecemos de que fazemos parte dela: nós somos a natureza.

A aluna da noite me telefona, dizendo estar presa no trabalho; aproveito para dar um passeio com a Latifa.

Uma segunda feira comum, bem comum... nada aconteceu que mereça destaque; ou melhor: tudo o que aconteceu merece destaque! Pois hoje foi um dia maravilhoso.

domingo, 23 de setembro de 2012

IMAGINA!...








Imagina!...
Há uma esperança alçando voo,
As estrelas por cima...
Páginas brancas que se cobrem
De poemas que transcendem
A compreensão do poeta
Que os escreve...

Imagina!...
Deixa correr solta e sem destino
A palavra que te nasce
Deste voo, desta cisma...
haja verdade, haja humildade
Para aceitar esses versos
Que nunca foram teus...

Imagina!...
Quem sabe, veio das nuvens,
Ou do coração da vida
A qual tu tanto procuras,
Visando encontrar a paz,
Tentando a felicidade
Da qual nunca te aproximas?...

Imagina!...
Deixa o vento te guiar
E te levar para cima...

Era Uma Vez...








Era uma vez um menino,
Que sonhava com viagens,
Com caminhos encantados,
Alegrias sem paragens...

Vivia driblando a dor
De não ser bem quem queria,
Viva espalhando o amor,
Tentando vencer o dia...

Era uma vez um menino,
Que catava pelo chão
O que a vida oferecia,
Guardando na palma da mão...

E do nada, construía
Mil barquinhos que soltava
carregados com seus sonhos
Pelo grande mar da vida!...

Mas não sabia, o menino,
Que um dia, afundariam
Por falta de calmaria
E por obra do destino...

E manteve a esperança
Até que ele viu sumir
No horizonte do degredo,
O último dos barquinhos...

Mas restou-lhe um por de sol
No qual ele mergulhou
Para sempre e para longe...
Nunca mais ele voltou!


Para Ricardo

Bruxaria




Cai a tarde
Vem a noite
Em cores frias

Ria a bruxa
Bruxaria
Que faria...

Não sabia
Que sobre ela
Cairia!

Bruxa ria
Ria a bruxa
Bruxaria...

E um anjo
Escondido
Tudo via!...

E nas asas
Recolhia
Bruxaria...

Dissipava
Pelo vento
Uma trilha...

Que a maldade
Já de volta
Percorria!

Cai na bruxa
Bruxaria
Bem mais forte...

E ela bate
Contra o solo
Já à morte...

Bruxaria
Sobre a bruxa
Que morria...

Bruxuleia
Uma chama
Que se apaga...


sábado, 22 de setembro de 2012

PONTES







Uma ponte liga duas margens de um rio, ou duas vilas, ou duas cidades. As pessoas as percorrem para chegar ao outro lado, onde estará alguma coisa que buscam ou que precisem alcançar, embora não as estejam buscando voluntariamente. Assim pensando, acredito que os rios entre as pessoas não fluem por acaso. Quando estamos diante de um obstáculo qualquer, acho que estamos sendo testados para que usemos nossa criatividade e boa-vontade ao máximo, para que cresçamos. Para isso, precisamos buscar os recursos existentes dentro de nós, na nossa experiência de vida. Mas também podemos fazê-lo seguindo os exemplos das pessoas que já chegaram do outro lado.

Chegar ao outro lado não significa que sempre permaneceremos por lá; mas só o fato de tentarmos, realmente, com o coração, já é um grande passo. Mesmo que encontremos uma porta fechada, terá valido à pena. Neste caso, o melhor é fazer o caminho de volta com classe.

Mas sempre ficam as lições da travessia. Talvez descubramos que não somos tão equilibrados quando pensávamos, ao irritar-nos tão facilmente com os obstáculos no caminho... então, é este lado que precisamos exercitar mais. Noutras vezes, descobrimos que aquele alguém que pensávamos estar nos aguardando do outro lado, fecha-nos a porta à cara. Daí temos a lição da desilusão, que é o momento crucial, essencial, em que as máscaras caem.

Nessa travessia, sempre haverá pessoas que, dizendo-se pontes, serão, na verdade, mais um pouco da água que separa. Saibamos reconhecê-los e evitá-los.

Mas jamais devemos deixar de, pelo menos, tentar cruzar as pontes da vida.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Metamorfoses- dueto a convite de Marco Rocca







Não subestime as agruras 
nuas em meus olhos...
Ardem no céu dos anos.
Como espantos, alegrias...
 
Meu andar é torto,
mas tenho um caminho.
Minhas desventuras 
seguem comigo. Fugidias...
 
Desespero-me, corro, fujo de mim.
Tento apaziguar minhas ternuras.
Mas, esta dor arde em meus dias
deixa-me louco, sozinho, morto...
 
Até que torto em descaminho,
encontro o porto que procurava.
Sem saber, que dentro de mim,
havia o silencio que jamais notara.
 


NOITE

Fotos: o anoitecer, visto da minha janela.








Coberta negra sobre os montes,
A noite vira mote
Nas linhas de um poeta.
E nas estradas da poesia,
Alinham-se as estrelas,
Uma a uma,
Sob a luz
Da mãe-lua.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Foram-se




Foram-se as flores do meu ipê,
Caíram em murchas manchas silentes,
Mortas manchas
Aparentemente, para sempre.

Mas permanece a árvore, que guarda
Em si, milhares de sementes
De outras árvores, e outras flores
Que hão de brotar novamente.

Mas jamais serão as mesmas flores,
E jamais, as mesmas sementes.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Duas Aves





Duas aves,
Que poderiam partilhar
A  simples alegria de voar
Pelo mesmo céu.

A primeira,
Voava por amor ao voo,
Sem desejar, da vida,
Mais do que o prazer das asas.

Mas a outra
Desejava voar mais alto,
Superar
As alturas que a outra
Poderia singrar.

A vida passou sobre as duas,
E chegou a hora do voo derradeiro.

A primeira, foi sem pesos,
Alçou um voo rápido,
Alcançou o paraíso
Das coisas redimidas.

A segunda,
Abriu suas asas pesadas
Pelo chumbo com o qual
Atirava contra a outra...

E caiu,
No abismo do esquecimento,
Onde morre a vida.

Dinheiro mata?





Dinheiro é apenas papel. O que fazemos dele, quando o temos, é que determina se ele será bom ou ruim em nossas vidas. Vejo casos de pessoas que fazem campanhas para arrecadar dinheiro para que possam tratar-se - ou a algum parente - em países como a China ou os Estados Unidos, pois elas não possuem condições financeiras para pagarem as despesas do tratamento ou da viagem. Neste caso, dinheiro salva.

Vejo muito dinheiro sendo usado para comprar armas e bombas, a fim de dominar outras nações e matar, de uma vez, o maior número de pessoas possível. Neste caso, dinheiro mata.

E até mesmo algumas instituições religiosas que vivem pregando aos seus fiéis que o dinheiro é o atalho mais rápido para o inferno, não recusam uma pequena ou uma grande doação às suas causas... fazem até propaganda sobre a necessidade do dízimo...neste caso, ajudam seus fiéis a livrarem-se da danação?

Acho muito cruel, diante da morte ou da doença de alguém muito rico, quando alguém se refere a eles, dizendo: "De que adianta todo aquele dinheiro? Está doente, e nada vai salvá-lo!" Mas e quantos pobres morrem, todos os dias, em filas de hospitais públicos porque não podem pagar por um tratamento? Acho este tipo de comentário não apenas maldoso e eivado de inveja, mas absolutamente cruel e desrespeitoso!


Acho que essa mania que as pessoas tem de dizer que o dinheiro é ruim, expressa apenas o desejo que elas tem de possuí-lo, mas como não podem fazê-lo, desdenham-no. Mas eu gostaria de ver se, de repente, um parente desconhecido deixasse para elas uma imensa fortuna,  elas fariam pouco caso!

Infelizmente, nasci bem pobre. Tive que ralar muito para conseguir uma vida um pouquinho melhor. Nunca fui rica, e talvez, nunca seja. Mas minha vida hoje é  melhor do que era, porque hoje, eu consigo pagar por coisas que durante grande parte de minha vida, não podia pagar. Graças a Deus! Não tenho e nunca tive raiva das pessoas por elas serem ricas ou pobres. Nunca fiz assepsia de gente por condição financeira.

Ah, a mesma velha hipocrisia que grassa sobre a humanidade...

Dualidade




Uma moeda tem dois lados. A lua tem o lado que podemos ver e o lado escuro, que podemos adivinhar. Existem o ying e o yang. O avesso e o direito. E sendo assim, uma estória sempre tem dois lados.

Quando julgamos os acontecimentos através de apenas um dos lados da estória, mostramos preconceito e corremos o sério risco de cometer uma injustiça. Porque quem conta uma estória, certamente tende a 'puxar a sardinha' para o seu lado, desfavorecendo o outro personagem. Nem creio que isto seja maldade, é apenas uma tendência natural. Fazemos isso quando estamos errados, e sabemos que erramos, mas não queremos admitir. Não adianta; sempre teremos tendência a justificar os nossos erros, em detrimento de quem está do outro lado da estória. É humano.

Geralmente, quando há uma discussão ou desentendimento, ambos os lados estão certos e errados de alguma maneira. Mas sempre há um lado que está 'mais certo' do que o outro. Reconhecer um erro é prova de coragem, humildade e maturidade, e também de solidariedade com o outro lado, que afinal, não merece levar a culpa toda sozinho.

Quando alguém que amamos vem nos contar sobre alguma injustiça sofrida, eu acho que devemos nos lembrar que naquele exato momento, o outro lado estará fazendo a mesma coisa: contando a sua estória a alguém que o ama e se dispôs a ouví-lo. E ele também estará certo. E também estará errado. Mas se não ouvirmos os dois lados da estória, jamais saberemos quem errou - ou acertou - mais. Mas, justamente porque aquela pessoa que nos está contando a estória é alguém a quem amamos, nós a defendemos e ficamos do lado dela, sem questionamentos. 

Isto é certo?

Todos nós somos mocinhos e bandidos em várias circunstâncias da vida. Ninguém é sempre bonzinho, e ninguém é sempre malvado. Todo mundo está aqui para aprender: quem conta a estória e quem a escuta.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Uma Mensagem Para Vocês




Meus caros amigos de blog:

Minha internet está horrível, lentíssima... não consigo abrir os blogs de vocês, e mal consigo abrir os meus.

Assim que melhorar, retribuirei comentários, visitarei amigos, e entrarei como seguidora das pessoas que começaram a seguir-me recentemente. Sorry...

Abraços,


Ana Bailune

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A Rosa do Sertão





A paisagem seria bonita, não fosse tão seca. O céu era de um azul profundo, límpido, total. O azul mais azul do mundo. Contrastava com o vermelho do chão coalhado de rachaduras, e o mato seco e morto que deixava tudo ainda mais desolado.
Mariinha, seis anos, morava com a família – mãe, pai, cinco irmãozinhos – em um casebre de dois cômodos, no meio do nada. Menina magrinha, de cabelos loiros tão ressecados quanto palha fina prestes a pegar fogo ao sol escaldante. Rosto sempre sujinho, pés descalços como seus cinco irmãozinhos. Tinha dois vestidos: um inteiro, de ir à missa na vila, e outro com a manga rasgada – ficara presa em um espinho de Mandacaru – que usava para ir à escola. Em casa, Mariinha andava quase nua, vestindo apenas uma calcinha feita pela mãe, de saco de estopa.
O pai trabalhava na horta... isto é, quando Deus mandava chuva. Naqueles últimos dois anos, Deus andava um tanto econômico com a água, e a plantação de feijão e mandioca, há muito, morrera. Só havia um poço de água cada vez mais barrenta, há alguns quilômetros da casa onde Mariinha vivia com sua família. Eles iam até lá três vezes por semana, cada um carregando uma vasilha para encher d’água. As vasilhas sempre chegavam com água pela metade, que as crianças deixavam entornar ou que o sol fazia evaporar.
Mariinha e seus irmãos iam à escola. Não iam todos os dias, pois às vezes, o sol estava tão escaldante, que ficavam com preguiça de andar pela estrada barrenta. Mesmo de manhãzinha, o calor já envolvia a todos com seus dedos quentes e pegajosos. Na escola, eles às vezes merendavam: um copo de café com leite fraquinho, um pedaço de pão, ou um prato de sopa.
Tia Marinalva – a professora – fazia o que podia. Tinha vindo da cidade grande para ensinar as crianças. Mariinha simplesmente a adorava! Queria ser professora, como ela.
Sonhava com o dia em que ela estaria de pé na frente da sala de aula, escrevendo no quadro com o giz. E todas as crianças prestariam atenção ao que ela dizia, e seus pais diriam, com orgulho, que tinham uma filha que era professora.
Na sala de aula, Tia Marinalva tinha uma roseirinha plantada em um vaso. Todos os dias, ela punha um cadinho d’água, um tiquinho de nada, o suficiente para que a mirrada roseira crescesse um pouquinho só. Ela mostrava às crianças, dizendo:
-Vejam, meus pequenos: a gente deve ter sempre fé na vida, e mesmo que a fé da gente seja um tiquinho, como esse golinho de água que eu uso para molhar a roseira todos os dias, um dia Deus ajuda, e a roseira da vida floresce. Não se esqueçam disso!
As crianças ouviam com atenção, os olhos esbugalhados de curiosidade e fome.
Mas um dia, Tia Marinalva foi transferida para uma outra escola, bem longe dali. Todos ficaram muito tristes, mas nada podiam fazer. Antes de ir embora, ela ergueu com a mão o rosto de Mariinha (sua preferida) e entregou-lhe o vasinho com a roseira, dizendo:
-Cuide dela para mim, pois quem sabe, um dia eu volto?...Que esta seja a nossa Roseira da Esperança.
Lágrimas sujas escorriam pelo rosto da menina.
E Mariinha levou a roseira para casa, carregando-a com dificuldades pelo caminho, sob o sol escaldante do meio-dia. As lágrimas deixavam a paisagem ainda mais baça.
A mãe e o pai conversavam no alpendre. Diziam que a seca não acabava nunca. Reclamavam, cismando sobre como alimentariam as crianças no dia seguinte, já que a comida – um pouco de farinha e melaço – só daria para mais aquele dia. O pai resolveu ir à cidade, ver se conseguia alguma coisa. Voltou ao cair da tarde, trazendo algumas batatas, que comeriam no dia seguinte.
Conseguir água estava ainda mais difícil, já que o poço mais próximo finalmente secara. Tinham que andar pelo menos quatro horas, ida e volta até o próximo vilarejo.
Um dia, a mãe viu quando Mariinha bebeu da metade de sua caneca d’água, jogando a outra metade no vaso da roseira. Imediatamente, a mãe ralhou com ela:
-Ô menina abestada, jogando água fora? Num sabe o trabaio que dá pra carregá? De hoje em diante, nada de jogar água na terra!
-Mas mãe, é a roseira que a tia Marinalva pediu pra cuidar! Ela disse que a roseira é para ter esperança...
-Que roseira que nada! A gente num pode cuidá nem da gente mesmo, ainda inventa de cuidá de roseira... eu proíbo de jogar uma gota que for nesse vaso! Esperança... que esperança que se tem nesse fim de mundo, minina?
Dizendo isso, a mãe pegou o vaso, jogando-o pela janela. A terra ressecada caiu no chão. Mariinha chorou durante muito tempo, mas à noite, quando todos dormiam, ela foi lá para fora e recolheu tudo no vasinho de novo. Só a lua viu.
Escondeu a roseira atrás do tanque seco, onde ninguém nunca ia. E todos os dias, ela ia lá, escondidinha, levar um pouquinho de água para a roseira.
Mas Deus decidiu que a roseira não precisava de cuidados, pois levou embora Mariinha. Os pais a enterraram em uma cova rasa, atrás do casebre. Não teve padre, nem missa; apenas o choro dos pais e dos irmãos, que amedrontados, olhavam fixamente, enquanto o rosto de Mariinha sumia sob as pás de terra.

Mas o tempo passou, e veio a chuva. E veio forte. Aos poucos, o solo rachado foi sendo consertado pelas correntezas de água. A paisagem voltou a ser verde, e o Mandacaru floriu. Certo dia, a mãe foi até o velho tanque lavar a pouca roupa, enquanto o pai replantava algumas sementes de feijão. Foi então que ela viu, com os olhos cheios d’água, uma mancha vermelha e perfumada, que brilhava ao sol. Era a roseira da esperança.

Existe


Existe uma vontade
Além da minha,
Que obriga-me a continuar
Movendo-me,
Apesar de tudo.

Existe uma alegria
Que me abarca,
E se insinua,
Através de minha tristeza,
Mostrando que vale a pena,
Lembrando-me que há beleza.

Existe um sentimento
De conforto
Nesse passado, há muito, morto,
Pois ele me trouxe aqui,
Até este momento
No qual eu me reinvento.

Existe uma asa de borboleta
Que passa, depressa
Sobre a crisálida seca.

Existe uma paz que me guarda
Onde eu caibo toda,
Embora arda.

Existe um amanhecer
E enquanto eu anoiteço,
Ele me aguarda.

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