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segunda-feira, 30 de julho de 2012

DESCOBERTAS



Todos temos (ou tivemos) recantos em nós, estes, cheios de cantos e frestas que ninguém percorre, onde nenhuma luz ou facho jamais incide. São como estradas que ninguém - especialmente nós mesmos - deseja percorrer. São caminhos abandonados, onde a paisagem cinzenta e salpicada de ruínas parece-se com a de algum filme de terror.

Lá, deixamos nossos piores medos, nossos maiores fracassos e um ou outro arrependimento. Também ficam lá os sonhos que não realizamos, e deixamos Trancamos bem a porta.

Muitas vezes, vagam por lá os nossos mortos. Eles voltam a nós em sonhos, quando descuidadamente deixamos a porta entreaberta, e eles voltam para nos assombrar. Assombrar, sim, pois estão mortos, e assim permanecerão: fantasmas em nossa memória.

Muitas vezes, outras coisas escapam de lá, e nos obrigam a pensar sobre elas. Mas elas são tão inadimissivelmente terríveis, que preferimos trancá-las novamente, na esperança de que morram à míngua, mas elas não morrem, e no fundo, sabemos disso. Um dia, teremos que lidar com elas, mas não hoje, não agora...

Esquecer é um processo muito extenuante, pois para que ele dê certo, temos que lembrar-nos dele o tempo todo. Não é como simplesmente apagar uma luz. Não é o mesmo que fechar os olhos, ou virar de costas. Esquecer é aprender a ignorar.

Esquecer é lembrar-se o tempo todo de que não devemos lembrar daquilo mesmo que tentamos ignorar. Até que um dia, conseguimos passar um longo tempo neste processo. Pensamos: "Conseguimos!" Mas só este pensar, é o suficiente para nos levar de volta àquele recanto funesto dentro de nós mesmos, e ao cutucarmos com o pé as lembranças moribundas, vemos que elas ainda respiram, e voltam para nós os seus olhos semicerrados, estendendo-nos as garras.

É melhor não ter estes recantos.

Não precisamos fazer nenhum esforço para nos esquecermos daquilo que um dia foi dor. Podemos transformar esta dor em outra coisa, em aprendizado, em experiência de vida, em poesia, em uma estória para contar. Podemos transformar essas memórias dolorosas em lindas pedras, e colocá-las à beira da estrada para embelezá-la, e dar aos outros viajantes um local onde eles poderão sentar-se para descansar.

A vida não precisa ser um processo triste. 

Aprendi a lidar com minha solidão e transformá-la em uma companheira. Aprendi a desfrutar de meus momentos de forma rica e satisfatória, e fiz de mim mesma minha melhor amiga. Hoje, a possibilidade de passar algumas horas a sós comigo mesma transformou-se em um evento muito feliz. 

Acho que é uma grande causa de sofrimento, a tentativa de querermos fazer parte de uma maneira forçada, só porque achamos que isso seria o 'normal'. Assim, procuramos estar o tempo todo rodeados de 'amigos', em meio a muita agitação e música alta, a fim de não ouvirmos os gemidos que vêm daquele recanto dentro de nós. Chegamos ao cúmulo de forçar nossa presença onde nem sequer somos bem-vindos. Apenas para sentir que "fazemos parte."

Não existe uma definição para 'felicidade', mas todos nós sabemos, instintivamente, o que ela significa para cada um de nós. O problema é quando se tenta estabelecer um padrão, onde toda e qualquer pessoa deva encaixar-se para considerar-se feliz. Daí, só podem nascer a frustração, a comparação, a ansiedade.

Sou feliz da minha maneira, e minha receita só serve para mim. Mas posso dizer que:
-Aprendi a desfrutar de minha própria companhia e posso passar muitas horas sozinha e sentir-me muito tranquila e feliz.
-Jamais me comparo a ninguém.
-Não tenho inveja.
-Não nego meus sentimentos, nem crio recantos cinzentos dentro de mim.
-Não nego a minha sombra - aquele lado demasiadamente humano, onde estão sentimentos como raiva, indignação, medo, fúria, desejo de estrangular alguém, ou de vingar-me. Ao contrário, procuro reconhecer esses sentimentos dentro de mim e transformá-los em outras coisas, aprendendo a dominá-los.
-Acho importantíssimo, aliás, a coisa mais importante do mundo, conhecer a mim mesma.
-Gosto de mim como eu sou, e procuro melhorar sempre, não pelos outros, mas por mim mesma.
-Aprendi a dizer não e estabelecer meus limites.
-Não deixo que ninguém tente pisar em mim ou manipular-me. 
-Procuro não ter preconceitos, e se eles surgem, trago-os à tona e tento entendê-los, mas jamais negá-los.
-Aprendi a desenvolver e usar a minha intuição, sentindo as energias que me cercam e trabalhando com elas, e estou aprendendo a proteger-me de energias nocivas.
-Sempre presto atenção a minha intuição, mesmo que a mensagem pareça absurda no momento. 
-Tento fazer de minha casa, um templo. Um lugar de paz e harmonia, descanso e recuperação.


Estas são as coisas que fazem com que eu me sinta bem. Não sou nem desejo ser perfeita, e nem gosto da palavra 'perfeição', pois ela não passa de uma quimera, algo imposto pelas religiões para que nos sintamos sempre inadequados e falhos, sendo assim dominados por aqueles que tem "A Verdade."

Eu tenho a minha verdade, e talvez ela não sirva para você.

3 comentários:

  1. O autoconhecimento é a estrada, você, e olhe que isso é agulha no palheiro mesmo, coisa de um em multidões, caminha com ele de uma forma que eu também não usaria a palavra "comparar" porque ela só gera conflitos e guerras, mas salta aos olhos a enorme distância que lhe separa, pelo menos, de mim, por exemplo, já que por mim eu posso responder, e eu é que estou a fazendo a guerra comigo mesmo, ou, quem sabe, admitindo algo que só me fará enriquecer como pessoa. Acho que é diferente, no caso, a comparação. Um abraço. Imperdível o texto e, sinceramente, acho que o sua maneira de ser, as suas verdades, são sobremaneira úteis a quem estiver decidido a ler seus escritos com retidão de espírito.

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  2. A perfeição existe, não devemos negar, pois, é fruto do esforço do homem - existe a perfeição do universo, única e nunca atingida e jamais o será pelo homem - cada um ou qualquer um pode atingi-la naquilo a que se propõe.É como a nota dez, sempre contestada pelos menos atentos. Eu nunca fui de me ligar a essas coisas - que também são frutos da criação mental - e sempre gostei de estar comigo, na minha casa, isso me era atingir o ápice do prazer pessoal, poder curtir minhas coisas, criar, inventar, estar com os meus... a minha casa sempre foi meu céu, minha luz,minha força e o mundo( lá fora - sociedade) sempre o tive como um meio necessário ao meu desenvolvimento - aprendizagem, crescimento, ensinamento, independente se prazer ou dissabor... - quanto aos desajustes, intempéries, raiva,etc., eu os mastigo até não sobrar nada, uma forma de vencê-los... perdas e ganhos sempre temos... e o que temos ou recebemos é fruto de nossas ações, mesmo que em alguns casos, neguemos esse fato. Gosto de dizer o que penso, mas também tenho o equilíbrio de estudar a situação pra ver de que forma fazê-lo... não deu certo não? Então está na hora de meter o pé no balde pra ver o que vai dar... desequilíbrio? De forma alguma... desequilíbrio é quando você não tem noção de suas ações, age por agir... sem estudar o leque de possibilidades no retorno... bjuuu

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  3. Agir assim é a forma certa. Li que abandonar os infortúnios é como a Queda da Bastilha: depois de derrubada nunca mais volta. Pessoalmente sou mais o critério usado por Rui Barbosa, queimando os arquivos vergonhosos. Demora, mas um dia serão esquecidos. Perguntei a uma norte americana porque faziam tanta questão de relembrar a guerra de 1860 com encenações e teatros e ela justificou dizendo que era para não esquecer. Acho que isso só grava mais fundo os ressentimentos, mas costumes são costumes.

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