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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Dependência

Latifa ainda bem jovem, segurando sua bola furada - que pertencera a um vizinho e caiu no meu quintal; infelizmente para o vizinho, ela a encontrou antes que eu pudesse devolvê-la.


Às vezes, penso que minha cadelinha Latifa tem um botão de liga e desliga. Ele é acionado toda vez que estou perto dela; ela me segue aonde quer que eu vá. Se estou no jardim, ela se transforma: corre e pula, late ao portão, 'discute' com o cão do vizinho (ele é seu sonho de consumo), deita-se ao sol sobre o gramado, e de vez em quando, chega mais perto para uma carícia. Se estou dentro de casa, ela deita-se aos meus pés, e muitas vezes, se estou assistido TV, por exemplo, deparo com os olhos dela presos em minha pessoa, como a esperar algum comando. Se me levanto do sofá, ela imediatamente me segue.

Mas quando eu a deixo lá fora, nos dias de sol e calor, ela aperta o botão de desligar. Deita-se sobre seu colchão e dorme, dorme, dorme... o dia todo. Nem mesmo o cão do vizinho é capaz de estimulá-la. Se passarem cavalos pelo portão, ela os ignorará.

Tudo isto começou em 2011, após a morte de meu outro cão, Aleph, sete anos mais velho que ela. Os dois estavam sempre juntos. Aleph teve uma paciência de Jó quando Latifa era pequena, suportando seus arroubos de criança, as patas traseiras mordiscadas por ela enquanto ele andava, e mais tarde, quando ela já estava adulta, muitas vezes eu e meu marido tivemos que ir ao canil durante a noite, sob tempestades, a fim de fazer com que ela dividisse o espaço (bem grande) com o Aleph; geralmente, escutávamos os choramingos do Aleph, e ao chegarmos ao canil, deparávamos com ele sentado na chuva, olhando para dentro, enquanto Latifa estava completamente espalhada sobre os colchõezinhos e cobertores, placidamente adormecida.

Ela dava sempre uma rosnadinha quando a empurrávamos para que ele pudesse deitar-se; meu marido ralhava com ela. Às vezes, precisávamos ser mais duros, e dávamos umas palmadas... imagine só, é meia-noite de uma fria noite chuvosa de inverno, e você está lá fora, gelado e encharcado, tentando resolver um impasse entre dois cães. E quando as palmadas aconteciam, Aleph deitava-se ao lado dela, encharcado e mau-humorado. Rosnava para nós por termos perdido a paciência com ela.

Quando ele se foi, Latifa viu quando o veterinário o colocou na mala do carro para nós, que o levamos ao crematório. Quando voltamos, ela pulava em volta do carro, latindo muito, e a cena repetiu-se ainda durante algumas semanas. Quando meu marido chegava em casa à noite, ela andava em volta do carro, farejando tudo, choramingando e latindo. Quando via que o Aleph não tinha voltado, caia em tristeza profunda. Eles tinham lá suas discussões, mas se amavam.

Após a morte do Aleph, ela ficou bastante emocionalmente dependente. Começou a desenvolver alergias ocasionais na pele  e engordou bastante.  E recentemente, após sofrer pneumonia, o veterinário recomendou que em dias frios ela ficasse dentro de casa, o que deixou-a a inda mais dependente de nós. Principalmente, de mim. Dou aulas com a Latifa deitada na cozinha, de onde ela pode enxergar-me.

Neste momento, faz um sol lindo lá fora, mas como estou aqui, ela apertou o botão de desligar. Gostaria que ela fosse mais independente.



14 comentários:

  1. Ana,

    cachorrinhos são tão companheiros e fieis tb.
    Sentem muita coisa em volta, sentem até mesmo qdo não estamos bem.

    Verdadeiros amigos,capazes de alegrar o dia de qualquer um.

    bjokas =)

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  2. Ana, eis os nossos amiginhos cães e suas historias de vida. Cão, um amor necessário. Ah, se os humanos tivessem a virtude dos cães, o mundo seria maravilhoso!
    Na minha casa, temos três cadelas; duas podlee e uma mistura de poddle com maltês - a Belinha, a Meg e Mel - com a idade bem próxima entre ambas, isto é, de três anos e meio a quatro e meio. Elas são incríveis. Cada uma com sua personalidade bem definida, mas também
    possuem alguma coisa em comum com a Latifa. Em rápidas pinceladas: A Belinha é muito dependente da minha mulher. A Meg não fica mais de uma hora sem pedir um colinho, pode ser 01 minuto ou dois de aconchego e ela fica feliz. A Mel gosta de Bola, bolinha - qualquer coisa redonda - , de sol e de passear. mas a coitada tem muito medo de foguete e tormenta. Quando ocorre os temporais e tem alguém em casa, ela só acalma no colo de da gente!!
    Qualquer hora voltarei aqui para falar sobre os nossos amiginhos.
    Eu amo as pessoas que amam os cães
    Um grande abraço. Tenhas um dia iluminado. Estou enviando um abraço para a Latifa.

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  3. Olá Ana,
    Acho incrível a sensibilidade dos cães. Eles parecem sentir como nós, seres humanos. Imagino a falta que a Latifa sentiu do Aleph. Vocês não cogitaram de arrumar outra companhia para ela?
    Acho linda esta sua ternura em contar as histórias de seus cães.
    Moramos em apartamento, o que não é condizente com a presença de animais, mas temos um chalé com 4 cães. Terça feira meu marido precisou ir lá e encontrou mais três bebês cachorrinhas. Ele errou na previsão e a mamãe se antecipou no parto. Ele adora. Onde ele anda todos vão atrás e quando ele começa a guardar as coisas para fechar a casa eles correm para o portão e ficam latindo, como se quisessem impedir a saída dele. São animais surpreendentes em termos de afeto e companheirismo.

    Beijo e ótimo dia.

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  4. Olá!Boa tarde
    Ana
    que lindo relato...Latifa, e com a linda foto dela, tadinha da bola do vizinho, hehehe...só quem tem "aumigos" e "miaumigos" em casa sabe ,que eles trazem algo especial para nossas vidas,vários momentos assim que vc relatou, , que nem sei o que seria de mim, sem eles....
    "Sem meus livros eu não poderia viver, e sem os meus cães, também. Os livros não latem, e os cães não fornecem sabedoria, então eu não poderia escolher. Eu prefiro viver sem mim." Autor desconhecido
    Parabéns pelo texto, gostoso de ler...
    Agradecido
    Belo dia de quinta feira
    Beijos

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  5. Ana Bailune

    Que beleza de crónica, uma grande prova da talvez maior sensibilidade do reino animal, em muitos casos maior que a do homem.
    Beijos

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  6. Adoro cães eles são muito companheiros!
    Linda foto da Latifa ela tem uma carinha de sapeca!
    Beijos
    Amara

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  7. Que fofa , ela agora só tem voce e quer sua atenção
    e além de serem muito fiéis a nós.

    bjs
    http://eueminhasplantinhas.blogspot.com/

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  8. Ana,de emocionar muito sua história! Os cães tem um coração gigante e isso ás vezes os fazem sofrer pois não entendem a morte,por exemplo! Minha cadelinha Fadinha tb é grudada comigo e eu com ela,igualzinho vc e a Latifa! bjs,

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  9. Oi Ana
    Muito fofa sua cadelinha! Já te falei isso e repito, gosto do jeito que vc escreve, sempre nos trazendo emoção!
    Bjos.

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  10. Os animais são fantásticos! Fazem-nos companhia. Tenho um cachorro " Fadista" e nem queira saber o que me custou vê-lo doente a soro na clínica 5 dias! Gostei da muito da sua história. Espero que tudo continue bem. Abraços de Portugal, Ana!

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  11. Bom dia

    Confesso que não gosto de ter animais domésticos em casa. No entanto, na casa dos meus pais sempre houve gatos e cães. Os cães são verdadeiros amigos do homem/mulher/crianças, dando inclusive a vida por nós. Não tenham dúvidas. Se alguém por maldade bater no seu cão, e a seguir o chamar, ele vem a seus pés. É inacreditável o amor que sente pelo seu dono, mesmo que esse lha faça mal. Jamais faria mal a um animal em geral e em particular a um cão, a não ser para me defender dele, caso que viesse morder.

    Desejo um bom fim de semana
    Deixo cumprimentos
    *****************************************
    http://pensamentosedevaneiosdoaguialivre.blogspot.pt/



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  12. OI ANA!
    AI... CHOREI...
    ME EMOCIONO MUITO AO VER NESTES ANJOS QUE CONVIVEM CONOSCO, SEM NADA PEDIR, AOS NOSSOS PÉS, NOS AMANDO INCONDICIONALMENTE E SENDO FIÉIS ATÉ O PONTO DE DOAREM SUAS VIDAS POR NÓS.
    FIQUEI COM MUITA PENINHA DA "LATIFA", TOMARA QUE ELA SUPERE ESTA PERDA QUE A ENTRISTECE TANTO.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  13. Quantas vezes buscamos em nossas amizades
    uma palavra de carinho .
    E quantas vezes tem me faltado
    tempo para deixar o carinho que
    gostaria de receber.
    Hoje estou feliz por estar aqui
    para acarinhar sua alma.
    E dizer o quanto você
    é importante para mim.
    Estou deixando na postagem um mimo
    do dias das crianças.
    Não por achar que você ainda é
    uma criança.
    Mais sim a eterna criança que existe em cada um de nós.
    Um feliz e abençoado final de semana.
    Beijos ternos e carinhosos, Evanir.

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  14. Que amor, Ana! Os animais sentem como nós e são extremamente dedicados e fiéis. Talvez ela tenha medo de você também desaparecer e por isso a olha seguidamente. Muito fofa. Bjs.

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