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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Meu Caso Com o Vento






Tudo começou quando eu nasci. Libra é um signo do ar, e portanto, o vento é meu principal elemento. Minha mãe dizia que eu era uma criança distraída, calma, introspectiva. Passava horas brincando sozinha, criando minhas histórias que mais pareciam-se com as novelas que eu assistia na TV, só que meus personagens eram bonecos de papel que eu mesma desenhava e recortava. 

Às vezes, minha mãe dizia que nem parecia que havia uma criança em casa. Eu também gostava de brincar e interagir com outras crianças, mas o vento sempre me levava de volta à minha escolhida solidão. 

Perto de onde eu morava, a algumas horas de caminhada, fica a represa que abastece quase toda a cidade de Petrópolis. Quando o dia estava quente e bonito, as pessoas iam para lá, a fim de aproveitar os muitos poços e quedas d'água que existiam no local, todos muito limpos naquela época. Hoje, infelizmente, a maioria está cercada por favelas, e poluídos por lixo e dejetos.

Certo dia de domingo, após o almoço, a família toda resolveu dar um passeio por lá. Era inverno, e os poços estavam vazios. Fomos de carro até onde a estrada terminava, e seguimos o resto a pé. Eu, que era uma adolescente tímida, tive uma reação inesperada ao cruzarmos uma colina aberta, onde o vento soprava livremente:

De repente, o zumbido do vento em meus ouvidos fez-me ter a impressão de que estava totalmente sozinha. Eu mal ouvia as vozes das outras pessoas, e num ímpeto de pura liberdade, eu abri os braços e comecei a correr colina abaixo. O vento parecia aprovar a minha loucura, soprando mais forte. Eu parecia vislumbrar faíscas pelo ar, talvez devido à luz do sol que já começava a se por, infiltrando-se por entre os galhos de árvores. Corri até o final da colina, e depois, parei, extasiada, respiração ofegante, sentindo um formigamento pelo corpo todo. Aquilo tudo durou apenas alguns minutos, mas foi como se eu tivesse saído de mim mesma. Foi incrível!

Durante muito tempo, minha mãe comentou o acontecido com outras pessoas, indagando-se "que bicho tinha mordido a Ana naquela colina".
Mas eu sei que foi naquele dia que o Vento e eu nos enamoramos.

10 comentários:

  1. Pai Geremias diria que o bicho que mordeu a infante Aninha foiIansã. "Rainha dos ares, rainha dos ares, tempo bom! Tempo ruim".

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  2. Abraçou a liberdade do vento, sem destemor. Belo! Bjs.

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  3. Minha amada Ana,
    Que texto lindo! Ah! esse vento tem histórias...vento, vento meu, que embala nossos sonhos...
    Beijos em sua alma,
    Martha

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  4. Acho que sei o que você sentiu...embora eu seja de câncer. Grande texto.

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  5. Ana,

    Sou libriana, adoro o vento...
    E gostaria de ser mordida na colina também... rs

    Adorei!

    bjsMeus
    CAtita

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  6. Prosa poética. Precisa de muita sensibilidade para conseguir fazer o que fez. Lindo!

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  7. Uma bela experiência a sua. O vento realmente é demais, nunca se cansa.
    Muito belo seu relato. Ser diferente é normal.

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  8. Ana, teu blog é parada obrigatória. Aqui sempre encontramos textos intensos, mágicos, sonhadores, verdadeiros e super bem delineados.

    Eu particularmente nunca gostei do vento soprando em meu rosto e muito menos em meus ouvidos num zumbido arrepiante, mas tem pessoas que sobrevoam na brisa, na ventania e mesmo em tempestades ... Isto indica que tu és poeta,simplesmente.

    Gosto imenso de ler-te e esse teu encontro com o vento foi o modo que ele achou pra te contar que você tem asas!


    beijo de quarta feira - morno e preguiçoso rs
    Lu:D

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