witch lady

Free background from VintageMadeForYou

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Filosofia de Vida







Minha mãe queria visitar o genro enfermo, que se encontra na UTI há vários meses. Minha irmã gostaria de poupá-la daquela tristeza, mas ela tanto insistiu, que  concordou em levá-la.

Ao chegar no hospital, as duas caminharam em silêncio pelos corredores. Diante do leito, a expressão do rosto dela era de pura tristeza. Lamentou muito o estado de como as coisas estavam se encaminhando, não só para seu genro - por quem ela nutre grande apreço e gratidão - mas também para sua filha e netos, filhos dele.

Ao saírem, minha mãe viu que o dia lá fora estava lindo: uma tarde quente, de céu azul; a vida que chamava para ser desfrutada plenamente. Um contraste entre o que acabara de ver e a paisagem que estava diante dela. Ela suspirou fundo. Minha irmã estava apreensiva. 

Finalmente, minha mãe disse: "Que tristeza..." De repente, seu rosto iluminou-se, e como quem  sabe viver, admitindo que algumas coisas não podem ser modificadas, e que por isso, ruminar pensamentos tristes sobre elas é totalmente inútil, ela deu um sorriso, e convidou:

-Vamos tomar um sorvete?

As duas saíram pela tarde, deixando para trás a tristeza.




terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Após a Tempestade





Passarinhos brincavam de capturar mosquitos e cupins, tendo como fundo, o céu cinzento e pesado. Pareciam alegres. Davam rodopios no ar, indo pousar com suas pequenas presas nos galhos das árvores, que ainda gotejavam pela chuva recém-caída. Poças no chão refletiam o céu, e o perfume da chuva, limpo e fresco, pairava no ar. 

Ficamos na varanda do hospital apreciando aquela beleza tranquila de final de tarde, o carrinho do soro nos acompanhando. Comentamos o quanto as nuvens cinzentas eram lindas. Um pombo pousou no galho mais alto da árvore em frente, e ficamos imaginando a beleza da vista da qual ele dispunha. Parecia um pombo filósofo. 

E de repente, ela agradeceu. Por simplesmente estar diante daquela beleza toda. Agradeceu em voz alta pela vida que teve, chegando a conclusão de que tinha sido boa. O que mais poderia querer? Tinha o carinho dos filhos, tinha aquela tarde. E disse que esperava poder cruzar aquele caminho entre os jardins do hospital dentro em breve, de volta para casa.

Disse que, se pudesse, brincaria carnaval; compraria a fantasia de seu grupo de idosos - um abadá? - e cairia na folia, pois viver é festejar. Cantou um pequeno trecho da estrofe do 'samba' do ano anterior, que segundo ela, dizia 'Não queremos sopinha, não queremos mingau, mas queremos brincar o carnaval.'

E depois repetiu, mais uma vez, o jargão de um personagem de seu programa de comédia preferido: "Pois é, pois é, pois é..."

Hoje ela passa pela cirurgia que pode devolver-lhe a vida. Tomara que ela esteja brincando carnaval em fevereiro.

domingo, 16 de dezembro de 2012

O BOM E O RUIM






É uma pena,
Só te recordas daquela alma
O que não foi bom, 
Os momentos em que ela,
Como tu,
Errou,
Não correspondeu,
Não te serviu...

O que de bom houve,
Ficou enterrado
Sob camadas grossas
De ressentimentos
E de pura e cristalina
Ingratidão.

É uma pena, de verdade,
Que tu só tenhas
Para jogar naquele esquife,
As flores da maldade,
Da intolerância e da impaciência,
Como se, por toda a vida,
Toda a existência
Só o ruim tivesse havido!...

Já não te lembras
Das noites e conversas
Ao pé da cama?
Das muitas vezes
Em que ela segurou-te a cabeça
Enquanto vertias vômito
Na tua doença?
Do quanto ela lutou, e fez de tudo
Para que tivesses, ao menos,
Uma boa escola,
Uma boa vida?

Ainda há tempo
Mesmo que pouco
De repensar o destempero,
De perdoar e de pedir perdão...

Não deixe que o sono chegue, não deixe,
Sem que a paz o recolha, 
Fechando as pálpebras!
Aquilo que tanto desprezas,
Nada mais é que o medo do amanhã,
Do teu próprio amanhã...
Não existem culpas ou culpados
Quando um olhar, apenas um olhar que seja,
De compreensão
Possa ser trocado!

Pois quem se vai, deve ir leve,
Deve saber que perdoou 
E foi perdoado...
Ou nunca mais haverá
Uma só noite de paz,
Um só dia de alegria,
Um sentido para a vida que fica
E para a vida que vai.

Os corações endurecidos
Não se derretem nem mesmo sob o sol escaldante,
Ou sob os escombros
Da vida que desmorona...
E tudo será uma pena,
Se nada terá valido a pena
Se não houver esse momento,
Essa mão estendida
Na hora da despedida.


sábado, 15 de dezembro de 2012

A Lágrima Tríplice







A cada lágrima, seu lenço.
Mas há uma que pende
E engorda, e cai,
E volta a formar-se
Sem descanso.

Lágrima tríplice,
Aquela que nasce
Não nos olhos,
Mas nos glóbulos,
Decanta-se do vermelho
E torna-se puro cristal
Que nunca, nunca
Pára de formar-se
Na fonte dos olhos.

O Último Natal












O ÚLTIMO NATAL




Para muitos de nós, este será o último natal. Aposto que ninguém aprecia esta ideia, mas é a mais pura verdade. Quais de nós estaremos aqui, no ano que vem? Este é um mistério, uma pergunta sem resposta. E cada vez mais, vão sobrando lugares à mesa no dia 25 de dezembro. 


Se você tem toda a sua família à volta da mesa, sinta-se feliz e agradecido! Aproveite bem cada momento, e na noite de natal, olhe bem para cada rosto, desfrute cada sorriso, valorize cada momento. Um dia, tudo será diferente. A vida é movimento constante, e algumas vezes, nos vemos à mercê destes movimentos, como barcos sem remos e sem leme. 

Sempre achei e morrerei achando que, as pessoas que deveriam ser mais consideradas por todos nós, são as da nossa família, e mesmo que a convivência seja difícil, sempre será possível quando soubermos respeitar o jeito de ser de cada um, seu direito de ter opiniões, seu espaço. Saber conviver é uma arte, e impormos a nossa vontade sobre os outros, esperando que pensem como nós ou que acatem sempre os nossos pontos de vista, só pode causar discórdia e afastamento. E mesmo quando há divergências, que saibamos expressá-las com educação, tolerância e respeito, de maneira privada, sem expor o outro ao ridículo. 


Neste natal, olhe bem para quem está à mesa com você, pensando no caminho que percorreram juntos até este momento. Pense bem em quem realmente é importante e tem feito diferença em sua vida. Reflita bem se vale a pena estragar tudo devido a rancores embutidos e rançosos, cultivados à revelia do outro ao longo dos anos, vinganças, ciúmes e invejas. Perceba que partilhar com o outro as suas alegrias, e alegrar-se sinceramente pelo sucesso do outro, respeitando o seu pequeno momento de brilhar, é sinal de elevação espiritual. 

Daqui a pouco, não estaremos mais fazendo parte desta mesa. Qualquer natal poderá ser o último. Valorize os que ainda lhe restam, pois eles jamais retornarão. 

Aprenda a amar sua mãe e seu pai pelo que eles são, relevando seus defeitos e aprendendo a ser tolerante e respeitoso. Aquele que não tem respeito e carinho por seus pais, jamais será capaz de amar ninguém de verdade. Quando pensar nos erros que eles cometeram com você, pense também nos erros que você cometeu contra eles, e verá que foram muito maiores! 

Entenda que os seus irmãos foram colocados em seu caminho por algum motivo; então, jamais dê preferência a estranhos do que a eles, pois os estranhos vão e vem, e na verdade, você nada sabe sobre eles. Alguns apenas se aproximam de você com a intenção de usar o que você tem, e quando o jogo de interesses termina, eles vão embora. 

O maior erro que os seres humanos cometem em relação uns aos outros, é o de pensar que podem ofender, humilhar, falar mal e criticar, e que terão a vida inteira para consertar tudo depois. Pensam: "Ele/a merece uma 'lição,' mas sem antes pensar se eles mesmos tem respaldo moral para dar lições em alguém. 

Você tem sim, a vida inteira pela frente para corrigir seus erros; mas ... você sabe até quando é 'para sempre?' No próximo natal, a sua mesa poderá estar ainda mais vazia. Pode ser que aquela pessoa não esteja mais lá, ou que você não esteja mais lá. Lembre-se: se você odeia e despreza as pessoas de sua própria família, não tem nenhum direito de celebrar o natal. Vá dormir mais cedo.



sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Reflexões Irrefletidas






Algumas perguntas  tem me martelado a cabeça ultimamente. Uma delas:

-O que é 'destino?' Por que será que muitas vezes nos empenhamos ardentemente para atingir um objetivo que é justo e não-egoísta, em prol do bem estar de outras pessoas, e mesmo assim, não conseguimos bom resultado?

Tentar sanar o sofrimento alheio e não conseguir: qual a mensagem que existe nisto? Por que pessoas boas sofrem? Eu às vezes penso que Deus retirou-se. Simplesmente, cansou-se de nossas mazelas, e hoje, observa-nos, em nossas tentativas de tentar agir e resolver nossos problemas sem a sua ajuda.

Talvez Ele seja mesmo um bom pai, e saiba que para serem fortes, seus filhos precisam aprender a agir sozinhos. Pelo menos, é a única conclusão a que eu consigo chegar.

Vivemos tempos estranhos. Tudo parece perder o sentido quando vemos nossos objetivos esfacelando-se no chão, sem força, sem propósito e sem respostas. O mundo encontra-se em um imenso turbilhão, e é difícil enxergar através dele.

Sei que no meio disso tudo existe um propósito, e pensar o contrário, faria com que eu enlouquecesse de vez. Talvez nossas vontades se cruzem com outras vontades, e nossos sonhos estejam no caminho de alguma coisa maior que eles, a qual não compreendemos. 

Quem sabe, a serenidade esteja em não pensar. Quando nada dá certo, pode ser que é porque não depende de mim para que dê certo, e afinal, o que significa 'dar certo?' Nem isso eu sei responder... será que dar certo quer dizer que tudo deva acontecer da forma que eu quero? Ou será que existem um tempo, uma lição e um motivo que é para estas pessoas a quem não se pode ajudar?

Se um gênio da lâmpada aparecesse e me concedesse três desejos, eu pediria um, apenas: que todas as pessoas do mundo pudessem ser felizes e ter paz de espírito. Só isso. Mas não seria demais?

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

CONTOS





Mergulho feliz
No livro de contos,
Nas histórias que falam
De reformas de casas,
Grandes amores,
Desencontros.

O mundo subtrai-se,
A realidade
Mascara-se de sono
E tranquilidade.

Entre as camas,
Arrastam-se dores,
Medos
E saudades.

LUZ




Raia, dia!
Inunda de luz
Este quarto,
Leva embora
para longe
(E para sempre)
Esse estado de coisas,
Esse fado!

Se é fato consumado,
Consumido está
O fato!
Raia, dia!
Raios o partam!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

AQUI - Enfermaria II






Aqui,
Feliz é quem dorme
Desfrutando o dom
Do esquecimento,
Subtraindo-se, assim,
Ao sofrimento,
À dor das fraturas!

Aqui,
A esperança,
A hora feliz,
Descansa na espera
Da xícara de café
De manhãzinha,
E na pílula do esquecimento,
Quando a noite chega.
Riso, um luxo,
Felicidade? Mal-vista...
Alegria? Mal-vinda.

DEMORA





Driblo a madrugada
Com saudades do dia
Através das palavras,
Das frases que deito
Tentando arrancar poesia
Do sofrimento.

Pela janela, lá no céu,
Há uma estranha estrela
Que, desesperadamente, 
Brilha.

Irônica beleza.

A brisa fresca
Faz dançar a copa
Da mangueira,
E me faz pensar
No quanto tudo é breve,
Mas demora...

ENFERMARIA






Em volta,
Ossos quebrados,
Sonhos quebrados
E interrompidos,
Gemidos de dor.

Uma longa  e dorida espera,
Que, todos os dias, 
Tenta virar esperança
Ou desespero,
Metamorfoseando-se
Conforme nasce e morre
Cada dia.

À noite, a dor desperta,
E eles anseiam pela resposta
Às preces não ouvidas
Dirigidas a deuses egoístas.

A senhorinha reclama,
Sente saudades de casa,
Dos cães, das panelas,
Dos canteiros de ervas
Por ela plantadas...
O filho anda longe,
Não tem tempo,
Deixou todo o tempo que tinha
Naquela cama, com ela,
E o tempo ficou, não passa...

A outra, aguarda
Há dois meses, por uma cirurgia,
Enquanto quem deveria
Providenciá-la com urgência,
Conta a maldade nas notas que desviou.
Para cada nota, um milênio
Que com certeza, tal pessoa
Há de passar no inferno.

E o inferno é aqui,
Onde jazem, imóveis,
Por dias, por meses,
Enquanto os ossos soldam-se tortos...

Paraíso? Distante!
Palavra vaga e fria,
Rolando nas pupilas 
De cada paciente
Da enfermaria.

COTIDIANO






Viver cada momento
Com a força de um furacão
E a suavidade de um ameno vento,
Guardar bem, na memória,
Cada vislumbre
Da mais fugaz alegria,
Como a mesa de um café
No começo do dia,
A despedida, no portão,
A paisagem que passa
E nos ultrapassa
Pela janela do coletivo.

Valorizar um bolo
Com velinhas espetadas
E um despretensioso
'Parabéns a você,'
Amar a rotina,
Aproveitando bem
Enquanto tudo vai bem,
E a morte anda longe,
Em algum lugar no futuro...

Assistir à novela,
E ao telejornal
Deixando a surpresa
E a curiosidade,
E a indignação
Conduzir-nos ao final
De cada história mostrada,

Com a certeza
De que o final muda sempre
Durante o percurso: 
Basta uma morte,
Ou um golpe de sorte,
Ou o bater das asas
De uma desconhecida borboleta.

Encher-se de alegria,
Da simples alegria
De estar vivo,
E ter amigos, e ter família!

Amanhã,
Tudo será diferente,
Pode haver perdas,
Pode haver dor,
E aqueles a quem amamos
Podem sumir, de repente,
Deixando um vazio
Que nada jamais preenche.

E lá no futuro,
(Se souberes ser feliz)
Estarão as palavras
Que selam a história da vida,
Cuidadosamente deitadas
Em um livro
Com uma linda capa.

São tais palavras:
Obrigada,
Foi bom,
Adeus.

*

PONTO FINAL






Não se chega a nenhum lugar
Quando não há lugar algum
Aonde se possa chegar.

Pontos de interrogação
Pontuam toda uma vida,
Vírgulas, tremas, parágrafos,
Mas nenhum final.

Pois a vida só é vida
Quando há mistério,
Quando é preciso
Pegar nos remos,
Fazer escolhas,
Cometer erros.

Uma viagem sem destino,
Mas levaremos conosco
Cada um, as suas linhas,
Vários itinerários,
Mas nenhum condutor
Além de nós mesmos.

SEREIAS







"As sereias tem algo mais mortífero que sua canção: seu silêncio." - Kafka

SEREIAS


Prefiro ouvir as sereias
A perder-me no silêncio
Que se esconde sob as ondas.

Pois mais letal que a ilusão,
É o vazio de si mesmo,
É uma alma a sossobrar.

E mesmo que, porventura,
Esse canto me inebrie
Me levando para o fundo,

Sufocarei com prazer,
Pois saberei conhecer
A verdade sobre o mundo.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Dimensão





Para uma só flor,
Um pequeno vaso,
Para um cansaço,
Uma  cadeira, 
Um abraço,
Para o bom lápis,
Basta um só traço.

Uma palavra
Para ouvidos bons,
Uma candeia
Para um alpendre,
Uma só noite
Até o raiar
De um novo dia.

A cada coisa,
O seu dia,
Sua dimensão,
Um único passo
Atrás de outro passo
Para uma estrada
Longa e escura.

A cada vez,
Um lado da lua,
Para um mistério,
Uma resposta
Que flutua,
Ao alcance
De uma só mão
(Ou não).

A cada dia,
O seu mister,
Ao prato cheio,
Uma colher
De cada vez,
Bem devagar,
Bem mastigada
E engolida
Até que a vida...

Não te Escondas!





Não te escondas
Por trás da pétala,
Atrás do frágil,
Enfrenta os tons
Que tu escolheste,
Que tu pintaste!

Não uses nunca
Uma alma frágil
Como uma arma,
Como vingança,
Intransigência!

Cabeça falha,
A alma paga,
O corpo paga,
O amor paga!...

Não percas nunca 
O que te resta
De compreensão,
De piedade,
Boa vontade!

Na tua terra 
Palavra é pedra,
E o papel
Vale bem mais
Que o amor,
Que a amizade...

É impossível
Chegar a acordos
Com gente dura
De coração,
Gente indigente,
Gente covarde!




terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Prêmio dardos II - A Missão




Fui escolhida pela Maria Cecília, do blog Jardim do Amor, para receber o prêmio dardos. Já recebi uma vez, por isso não sei se posso receber de novo... rsrsrs... mesmo assim, divulgo o blog da minha colega (que é show de bola).

http://aflorenigmatica.blogspot.com/



O PRÊMIO DARDOS, prestigiado e desejado no mundo dos blogs, reconhece o mérito diário a cada blogueiro que com amor e dedicação, faz espalhar o seu conhecimento e criatividade, tornando-o disponível a todos na web.


De acordo com as regras, devemos:

-exibir a imagem do selo no blog

-colocar o link do blog de quem se recebeu o prêmio

-escolher outros 5 blogs para receberem o SELO PRÊMIO DARDOS

-Avisar aos escolhidos. 


E se eu puder indicar mais cinco pessoas para receber este prêmio, elas seriam:


Toninho Bira      http://mineirinho-passaredo.blogspot.com/


Antônio, do 'Isso é o Fim' (inusitado, mas muito bacana)    http://issoeofim.blogspot.com/


Bluemadel, da Helena Frenzel    http://bluemaedel.blogspot.com/  


Dalva Saudo         http://dalvasaudo.blogspot.com/


Jandira, em Blog da Janda      http://jildati.blogspot.com/

Espanto







De repente,
A natureza passou
Rente
Aos meus olhos espantados...

Deixei-os abertos,
Sorvendo na alma
Eflúvios
Encantados.

A manhã nos traz
Sempre, uma luz
Que se renova
Todos os dias...

Deixo que me renove,
Deixo que ela me prove
Que vale a pena
Tudo isto,
Que haverá um final,
Uma saída.

Pois viver é surpresa,
É fé, esperança, é pranto,
Viver
É espanto!

*


Foto: um recente visitante, que entrou e foi apreciar as flores (artificiais) na janelinha do banheiro, na minha salinha de aula.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Medo de Morrer






Minha mãe, de 85 anos de idade, precisa operar a vesícula com urgência. Conversando com ela hoje de manhã ao telefone, deu-se o seguinte diálogo:

-Eu estou com medo de morrer...
-Mas por que, mãe? Você só vai operar a vesícula, é algo simples...
-É... mas eu tenho medo. Será que dói?
- Não sei, mãe. Acho que depende.
-E eu já estou muito velha mesmo... acho que vou morrer.
-Mãe, essa coisa de ser velha não quer dizer nada. O Ricardo (meu sobrinho, neto dela) só tinha 24 anos, e morreu.
-Pois é... tadinho...
-E vesícula é uma cirurgia simples, você já vai para casa no dia seguinte.
-E pensando bem, se eu morrer eu nem vou sentir! Vou estar anestesiada.
-É. Se você morrer, vai ser assim: você vai acordar e dizer: "Ih! Morri!"

Ela dá uma gargalhada.

Mas eu espero que ela viva.

domingo, 2 de dezembro de 2012

DISTRAÇÃO







É incrível a maneira como passamos por coisas maravilhosas sem nem sequer perceber ! Acho que muitas vezes, as pessoas só tem olhos para o que elas consideram 'grande'... dar uma volta a pé é um bom exercício para exercitarmos a nossa percepção das pequenas coisas. Especialmente se levarmos conosco uma câmera fotográfica. 

Quando abri o portão de casa, no sábado passado, dei com uma porção dessas flores selvagens que crescem à solta no mato, sem que ninguém as tenha plantado. Eram apenas pequenas coisinhas cor-de-laranja espalhadas por cima do mato. Mas assim mque cheguei mais perto, elas transformaram-se em criaturas únicas e perfeitas, e decidi fotografar uma delas.

 Um pouco de cor não faz mal... todas as fotos que ilustram os meus textos , foram tiradas por mim. Finalmente, tenho o que fazer com elas!

Confesso que estou me divertindo muito. O único problema é que isto tem feito com que eu ande negligenciando algumas tarefas caseiras... por exemplo, eu tenho uma pilha de roupas para passar e ainda não encostei nela... mas hoje eu prometo que vou pegar no batente!

Acho que estou ficando um pouco maníaca com esse negócio de fotografia... não posso ver uma florzinha, ou uma borboletinha, que eu quero fotografar. Será que tem cura?

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Poema Seco









Prefiro molhar-me de lágrimas
A viver uma vida seca,
Onde os sonhos se esfarelam
Sob o toque do martelo.

Prefiro essa rua vazia, essa casa,
Prefiro dormir sobre as pedras
E sonhar com as asas
A vertigem do voo que medra,
E perpetra a queda.

Prefiro guardar as palavras,
Usar as palavras, 
Brincar com as palavras,
Prefiro drenar meu rio de mágoas
E achar, lá no fundo, 
A paz procurada.

Prefiro uma alma lavada,
Prefiro a alegria silenciosa
E domesticada...
Não gosto, não quero jamais
A ostentação patética
Daquilo que não sou...

Meu poema é seco,
Mas sei de onde eu vim,
Escolho aonde vou.

Não Duvides!...





Sou capaz - e tu também
De dar a volta ao mundo
De olhos fechados
Sem sair do lugar.

Posso chorar de rir,
Rir de chorar,
Pegar a estrela
E soprá-la
Para que caia brilho
Sobre a Terra.

Sou capaz,
E não duvides,
De desafiar aquilo
No qual acreditas,
De curar tua alma
Com mordidas,
Apagar teu fogo
Com o isqueiro...

Sei que não soa lisonjeiro,
Mas dou-te nova forma
Com a ponta do dedo,
Abro a ferida,
Toco a ferida,
Curo a ferida,

Ah, vida bandida!...

Sou capaz,
(Mas tu também és)
De ser eterna, e desejar
Possuir o Nada,
E ser tudo, tudo,
Que jamais sonhara!

Eu posso criar
Um novo mistério,
Onde o maior refrigério,
Seja a palavra,
Ah,  e o inferno
Seja a palavra!
Eu posso tudo,
Tu podes tudo,
Podemos nada!

Marés





Centenas de barcos,
Milhares,
Estendem as velas
Ao vento...

Navegam bem juntos,
Destinos? - diversos!...
Pretendem chegar
A tempo.

Às vezes, alguém
Mergulha no mar
Com a cara e a coragem,
Estranha viagem!

Marés são volúveis,
Marés movimentam-se
Assentam-se
Revoltam-se...

O barco sozinho
Se perde no mar,
O barco é levado...

E quem mergulhou
Bem sabe que pode
Morrer afogado...


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cigarras






Na mata próxima
À minha casa,
Todos os dias, 
À mesma hora,
Cantam as cigarras.

É um coral
De ensurdecer!...
Cantam com força
Como se quisessem
Despejar a vida toda
De uma só vez
Sobre o viver!

Cantam com garra
E com urgência...
Mas pouco a pouco
Vão se calando
E o dia, vai
Escurecendo...

(Dizem que cantam
Até morrer...)


*

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Sentir




Deixe
Que a vida te toque,
Te construa,
Destrua,
Reconstrua!

Vai ser bom,
E vai doer,
Fazer rir,
Fazer morrer...

Deixe
Que te chegue
A emoção,
Seja qual for,

Sinta
O toque da vida
De prazer
Ou de dor!

Exponha a pele,
Fale do medo,
Viva o amor,
Desmistifique
A vergonha de sentir!

Deixe
Que a vida te toque,
E sinta
O toque da vida,
Ou serás pedra,
E não flor!

*


VERDADE







A verdade pode ser soprada como uma brisa, ou como um vendaval. Pode ser rio ou tormenta, flor ou espinho, aprendizado ou dor. Tudo depende de como a verdade é proferida, da intenção de quem a diz, da matéria do qual é feito o coração de onde ela brota.

A verdade tem hora certa, e é preciso sensibilidade antes de dizê-la, pois o momento errado transforma a verdade em pura maldade.

Há de ser sincero e cuidadoso em suas intenções aquele que a diz! Pois se não for, ela volta à sua fonte em forma de dor e castigo.

Acima de tudo, antes de se dizer a verdade, é preciso saber se ela é, realmente, a verdade.


Meu Lugar



Meu lugar e sempre
Onde eu esteja inteira,
Pode ser em casa,
Debaixo da tua asa,
Pode ser na beira
Da rua.

Depende
De como a alma sente...

Meu lugar será
Entre o sim e o não,
À beira da certeza,
Ou do meu fogão,
Atrás de uma porta,
De frente para o sol,
Assim,

Depende
Do que vai em mim.

Meu lugar é sempre
Entre a cruz e a espada,
O certo, o errado,
O tudo, o nada,
Passo sempre rente,
Ou quem sabe, ao largo...

Depende
Do tamanho do estrago...

Meu lugar é sempre
Onde quero estar...
Sei lá...
Só não fico onde
Você me puser...
Acredite...

Ou depende
De eu querer ficar.




Fotografar o Vento?...



Uma tarde fresca e agradável. De repente, a brisa suave, que foi crescendo em intensidade e transformando-se em vento. Eu já disse que adoro o vento. Ocorreu-me fotografá-lo, não em sua forma destrutiva, mas na sua forma mais bonita, ou seja, passando pelas flores e folhas. Acima, a foto de uma flor onde uma das pétalas foi levemente dobrada quando o vento passou. Demorei para conseguir!



Nesta outra, as asas da borboletinha que pousou na grama estão desfocadas, pois consegui bater a foto no exato momento em que o vento as balançou.

E foi isso...

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Se Você Não Muda...





Se você não muda,
Nada muda,
A paisagem à janela,
O sabor das coisas,
As lutas...

O amanhecer será
Sempre o mesmo abrir de olhos,
E o dia será só
Mero suceder de fatos...

Se você não muda,
Não se transforma,
Não aprende,
A dor passará sempre rente,
E tudo será sempre cinza!

Se você não muda,
A palavra 'rotina'
Será o sinônimo
De 'triste sina,'
Ao invés de conter, em si,
A grande beleza da vida...

Se você não muda,
Tudo será sempre o mesmo,
Suas querelas, seus medos,
Limitações e doenças...

Não há segredo,
É tudo sempre tão simples,
Na vida não há disputas
Se você sabe e entende
Que se você não muda,
Nada muda!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Choveu Muito!






Choveu muito, e por muito tempo
Como se o mundo chorasse todas as suas dores!
Enxurradas caudalosas formaram-se,
E correram como rios pelas calçadas,
Formando poças profundas de água (ou de lágrimas?)

Choveu muito, e tão intensamente,
Que as gotas faziam vibrar as vidraças!
E sobre o telhado, um tamborilar fremente,
Na grama encharcada, um pedaço de ninho...

Choveu muito, choveu a vida inteira,
Choveu bem intensa e pesadamente...
A mim, só restou ficar bem abrigada,
E aguardar que a chuva parasse de chorar, 
Pacientemente...

domingo, 25 de novembro de 2012

Se Você se For...






Se você se for,
Leva o meu abraço,
Meu agradecimento,
Minha lembrança eterna.

Foi bom ter você
Em meu caminho,
Ter trocado experiências,
E ter crescido
Junto contigo.

Se você se for,
A vida por aqui
Terá menos cor,
Adormecerá o sentido...

Mas mesmo assim, entendo
Que um dia, todos vamos,
E nada pode ser feito
Para adiar esta hora!

Nem sei se devo lamentar,
Pois da verdade das coisas
Do que houve, do que há,
Eu nada sei, nada entendo...

Se você se for,
Se for este o seu momento,
Só quero que você saiba
Que foi um prazer conhecê-lo,
Que foi honroso poder
Partilhar alguns momentos.

Se você se for,
Não leve nada daqui,
A não ser o nosso amor,
Esqueça-se da nossa dor,
E vá viver em outros planos,
Pois um dia, todos vamos,
E quem sabe, nos vejamos?...




Parceiros

EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...