Egoísmo - trecho do livro "Quem me Roubou de Mim," de Padre Fábio de Melo
EGOÍSMO
“Sinto falta de você. Mas o que sinto falta é de tudo o que é seu e que me falta. Sinto falta de minhas faltas que em você não faltam. Sinto falta do que eu gostaria de ser e que você já é. Estranho jeito de carecer, de parecer amor. Hoje, eu resolvi assumir as necessidades que insisto em manter veladas. Acessei o baú de minhas razões e descobri um motivo para não continuar mentindo. Quero agora lhe confessar o meu não amor, o sentimento que faço parecer ser. Eu não tenho o direito de adentrar o seu território com o objetivo de lhe roubar a escritura. Amor só vale a pena se for para ampliar o que já temos. Você era melhor antes de mim, e só agora posso ver. Hoje quero lhe confessar meu egoísmo. Quem sabe assim eu possa ainda por um instante amar você de verdade. Perdoe-me se meu amor chegou tarde demais, se meu querer bem é inoportuno e em hora errada. É que hoje eu quero lhe confessar meu desatino, meu segredo desconcertante: Ao dizer que sinto falta de você eu sinto falta é de mim mesmo.”
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