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sábado, 11 de julho de 2015

(Des)considerações




Todos os dias, ao ligar o rádio, a TV ou o computador, eu fico sabendo de alguma coisa que me choca ou me desgosta, deixando um sabor amargo na minha boca. Atos de desprezo e desconsideração pelo outro, humilhações, casos de bullying e de falta de respeito, preconceito, mentiras, ódio.

As pessoas parecem ter perdido o bom senso completamente. O velho ódio entre classes renasce, e dois times de pessoas são estabelecidos: ricos X pobres. Quem se considera do time dos pobres, enxerga aqueles que ele acha serem ‘ricos’ como sendo seus opressores, dando-lhes adjetivos que variam entre ‘burgueses nojentos’ e ‘coxinhas.’  Enquanto isso, o que se coloca do lado dos ‘ricos’, vê os pobres como malandros, vagabundos e aculturados.

Ao mesmo tempo, vejo que o ódio racial – que muitos acreditavam estar praticamente abolido neste país – ressurge de repente das formas mais vis. A mais recente vítima foi a apresentadora do Jornal Nacional, Maju Guerra. Lamento profundamente que este texto e todos os que foram ou serão escritos sobre este assunto, nada poderão fazer para mudar a cabeça dos preconceituosos. Nada do que se diga é capaz de sensibilizar ou educar pessoas assim, que parecem ter nascido com o ódio e o preconceito nas veias. Elas estão perdidas. Não creio que um dia poderão pensar diferente, e para elas, desejo apenas a punição da lei.

Só há uma maneira de melhorar esta situação, e ela começa dentro de cada lar: educar e  aconselhar as crianças, dando a elas valores e bons exemplos. Acho que o que antes era apenas uma necessidade, hoje torna-se urgente. Quando penso que estas pessoas que espalham o ódio, o preconceito e a violência tem ou terão filhos que crescem ou crescerão sob seus tetos e aprenderão a pensar como elas e a fazer as mesmas coisas, eu me pergunto o que será de nós.

O ser humano é a criatura mais ambígua do planeta, pois ao mesmo tempo que cria coisas maravilhosas, como a internet e os computadores, acaba dando a elas os piores usos. Chamam de liberdade de expressão o direito de difamar, caluniar, ofender, e diminuir os outros. Usam esta mesma liberdade de expressão que tanto pregam a fim de tentar, veladamente, constranger e calar aqueles que pensam diferentemente deles – os “ignorantes.”

Acredito que só há uma única coisa que gera toda a violência, ódio, preconceito, disputas, pretensão e abuso: ela é um das coisas mais arraigadas na alma humana, que deveria ser trazida à tona, examinada, compreendida e trabalhada, a fim de ser diminuída à níveis toleráveis que  tornem seus possuidores pelo menos passíveis de conviver de forma saudável com os outros; este sentimento, esta coisa pegajosa, é  a burrice.

Não a burrice de quem tem pouco estudo, pois a intelectualidade pouco significa quando se fala em inteligência, mas o pior tipo de burrice, a que é a filha do orgulho exacerbado e da autoestima exagerada, e que leva seu possuidor a achar-se sempre mais que todos, melhor que todos, acima de todos. O preconceito de classe, racial, sexual ou religioso só pode ser explicado quando olhamos para estas pessoas mais de perto e percebemos o quanto elas são burras.




8 comentários:

  1. Bom senso é algo inteiramente fora de moda nos dias de hoje ... é uma lástima mesmo ...

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  2. Ana, é lamentável a situação, em que alguns persistem em continuar a extravasar seus piores sentimentos: o preconceito.
    A omissão ou indiferença nada acrescenta, é preciso combater e punir esses comportamentos. Gostei muito de sua postagem, precisamos nos posicionar.
    Obrigada, feliz e abençoado final de semana, abraços carinhosos
    Maria Teresa

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  3. Triste e real, infelizmente estamos vendo pessoas tão infelizes, mas tão infelizes e invejosas que nem vale a pena comentar sobre tais, embora seja o seu texto/poema reflexivo, que seria muito bom que pessoas assim como dizes"burras" pudessem ler e quem sabe fazer um esforço para entender, mas infelizmente até nisso não há como atingir!
    É uma pena, uma tremenda pena que haja pessoas assim, "invejosas e preconceituosas", pois quem fez essas alusões são das que mais atingiram o nível baixo da autoestima, não são as que se sentem melhores do que "ozotros", são as complexadas mesmo!
    Abraços amiga Ana!

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  4. Acredito que o investimento na educação pode ser a chave.

    Beijos

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  5. Ana, nunca deixou de haver, nas nossas civilizações haverá mais racismo de classes do que propriamente de étnias. Cá isso com a revolução. A cultura para atenuar, sempre é eficaz.
    Porém há civilizações, quanto isso muito complicadas,
    Beijos

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  6. Pois é cara Ana
    O preconceito racial não ressurgiu, sempre esteve entre nós, ele hoje tem mais visibilidade e voz
    O religioso o mesmo e todos os outros
    Aqui na Bahia, terra de predominância negra, de pessoas que respeitam a diversidade no carro chefe do estado, há muito racismo, escrachado e nas entrelinhas
    E na minha opinião, mais do que o chamar de macaco e declarações desse tipo, chocantes e públicas é o racismo velado e a miúdo, tipo ao passar com uma bolsa no mercado como vi esses dias, um rapaz negro e com roupas humildes, perfumado e sorridente a minha frente com o dinheiro contado nas mãos e eu a imaginar se era para namorada, esposa, mãe, avó aquela bolsa, que estava cara e ele no shopping compraria uma melhor, comentou meu marido depois
    Eu respondi a ele o que achei, que não devia ter hábitos de shopping, talvez não tivesse o dinheiro para condução até o shopping, provavelmente não se sentiria bem, por conta do preconceito a miúdo do cotidiano, vestido daquele jeito, numa grande loja de departamentos
    E minha indignação se deu, quando a moça do caixa, passou a bolsa e saiu um valor a menos e ela olho pra ele e disse o valor da etiqueta estava diferente do que saiu (etiqueta devidamente presa ao produto), com tom e ar desconfiado, que bom e quantas vezes acontece isso e a caixa me diz sorrindo
    Após o silêncio do rapaz ela confere a bolsa, bolso a bolso interno, sacode de cabeça pra baixo, confere mais uma vez, fiquei indignada
    Fico indignada
    marido disse que é praxe, não, não é, voltaria e compraria a mesma bolsa, passando pelo mesmo caixa e não haveria a conferência

    Em minha família, de espanhóis, todos são cor de pão cru e meu sobrinho do pequeno e lindo, do casamento de minha irmã com uma rapaz de descendência negra, é moreno
    De uma amiga negra, ao vê-lo pela primeira vez, o comentário: Saiu moreninho ele!

    Para que esse comentário?
    Que comentário ridículo!
    Saiu
    Tipo pão que assou demais
    Que observação desnecessária
    Imediatamnte pontuei e acredite fui eu que passei de chata

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  7. É meninas, ando também indignada com muitas coisas, mas acredito de verdade que minha indignação não vai em nada mudar o rumo da prosa, como se diz aqui em Minas. Certo mesmo é mudarmos e mostrarmos atitudes diferente. Ser exemplo, ser modelo, para mim sempre foi a melhor ajuda.
    Acredito também que precisamos tomar cuidado tanto o que o que lemos e ouvimos, como o que falamos e escrevemos. A mídia toda parece que esta se divertindo com esta loucura que assola nosso país de uns tempos para cá. Tudo esta tomando proporções muito maiores do que as devidas e fazendo a população ou se encolher em seus medos e inseguranças, ou levantar as vozes indignadas e revoltadas, tornando tudo ainda pior.
    Parece que está havendo um descontrole emocional coletivo e isto me preocupa muito.
    Enfim, concordo com com você Ana, vamos começar por nós mesmos e pela nossa família, quem sabe se através de uma corrente se consegue atingir um grupo maior e as coisas comecem a melhorar.
    O importante é cada um fazer o que lhe for possível.
    O meu abraço solidário.

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  8. O ser humano tem dois lados sempre tipo positivo e negativo..... Cria e destrói ao mesmo tempo.
    Bj Lisette.

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