Trechinho do livro "Uma Ponte para Terebin", de Letícia Wierzchowski, que fala sobre o que sente alguém que vê seu país entrar em guerra. Tocante!
"...Assim, por causa disso, de uma esperança que não se extinguia, nós ficamos. O tempo andou muito rápido até aquele 1 de setembro; e então, subitamente, pareceu que a roldana das horas enguiçava, e a vida parou. Congelou-se: cada segundo se arrastando por uma eternidade. Li certa vez em algum livro que o tempo para as desgraças é um tempo distinto. Quando os alemães invadiram a nossa terra, pude comprovar que tal frase era absolutamente verdadeira. Ninguém pode medir com precisão o tempo de uma desgraça. O instante gasto para a compreensão verdadeira de que algo irreversível aconteceu. Nenhum relógio é capaz de mensurar esse instante de pânico, a aflição extrema.
Naquela madrugada, a vida mudou para sempre. Ah, sim, tínhamos vivido outras guerras, outros medos... Um sem fim de madrugadas. Mas na minha vida, na vida do meu pai e do pai dele, sempre um fio de humanidade, um resto de esperança podia ser conservado - atrás do terror e da destruição, além da pátria dividida, ainda havia um futuro. A invasão de Hitler não nos deixou nem isso."
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"Cidades e aldeias foram bombardeadas e queimadas. Vivíamos perto da fronteira ao sul, mas, por um milagre, Terebin escapou ilesa. Os que fugiram, esses foram mortos nas estradas. Mas nós ficamos em casa. Fechados. No escuro. Dava para ouvir o barulho dos aviões. A Luftwaffe inteira sobre nossas cabeças... E o medo. O medo atrasando os ponteiros do relógio. Congelando o sangue nas veias."
Magnífica postagem! Como você bem disse: tocante! Acho que, além de tudo, dá a chance, mesmo que em pequenos trechos, aos que pouco ou nada sabem, terem uma ideia dos malefícios e desgraças que essa guerra causou à humanidade.
ResponderExcluirDê-me a honra e venha me visitar, espero por você...
Noooooossa, incrível. Que terrível sensação! Forte! bjs, lindo fds! chica
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