Chovia,
No dia em que me perdi de mim.
Peguei carona em um raio azul,
Aterrissei pesado em nuvem carregada,
Nasci trovão,
Desci na enxurrada,
E inconsequentemente,
Fui desaguada
Num mar de fúria e naufrágios
(Por meu próprio sufrágio).
No dia em que me perdi de mim,
Havia neve sobre o asfalto quente,
Ranger de dentes,
Um falso sol de neon que brilhava,
E me iludia,
E me enganava,
E me arrastava
Para a escuridão.
No dia em que me perdi de mim,
Não tive medo,
Nem percebi
A intenção
Assaz maléfica
Do teu sorriso,
Que me sorria
Naquele espelho,
Caco de vida,
O olhar de esguelho
Da tua alma
Tão desabrida...
E eu então me perdi,
Desci ao inferno,
Onde colhi meus desafetos,
Mas aprendi
A livrar-me dos insetos
Que me infestam,
Que me circundam,
Os vis maestros
Da barafunda
Que vivem nas tocas imundas
Sempre a olhar,
Fazendo contas,
Roendo os dedos,
Sempre a olhar...
Duvido que tenha alguém que nunca se perdeu de si,mesmo que por alguns momentos. Linda e sensivel poesia! bjs,
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