witch lady

Free background from VintageMadeForYou

domingo, 9 de setembro de 2012

Amor ou Medo?



Eu ontem li uma frase interessantíssima em uma reportagem da revista Bons Fluidos, que dizia que todos os sentimentos e emoções que existem, baseiam-se em apenas dois outros: o amor ou o medo. De alguma forma, esta afirmação abriu uma janela em minha mente.

Tudo o que é bom, só pode vir do amor. Quem ama, jamais tentará, deliberadamente, ferir ou prejudicar aquele a quem ama. Pode ser que cometa erros, pois como seres humanos, todos cometemos; mas ao percebê-los, existe uma palavra que, quando dita na hora certa, reconstrói muitas pontes: "Desculpe-me." Mas nem todos conseguem pronunciá-la. 

Aquele que tenta, voluntariamente, ferir ou magoar outra pessoa, seja um conhecido ou desconhecido, está baseado no medo. Porque muitas vezes, atacamos para prevenir um ataque (que pode ou não acontecer), e quando tememos, odiamos. 

Eu gostaria de saber viver apenas o lado bom das coisas, ou seja, ser apenas amor; mas acho que é impossível... ser humano é ser dual. É ser, até mesmo, multifacetado. Não acredito em pessoas que dizem agir sempre baseados apenas no amor. Elas estariam afirmando que são perfeitas e não cometem erros. 

No que eu acredito?

Que estou aqui por algum motivo que eu desconheço, e que posso melhorar e evoluir sempre. Que eu devo  procurar cultivar sempre mais o meu amor do que o meu medo. E que eu devo entender - embora não seja nada fácil - que quando alguém me magoa, é porque teve medo, e portanto, é digno de pena. Assim também devo pensar quando eu magoo alguém. Mas isto não significa que eu tenha que ser voluntariamente esbofeteada o resto da vida! algumas presenças , quando confirmadamente letais ao meu bem estar, devem ser mantidas longe. Por enquanto, é assim que eu consigo ser.

Talvez um dia eu consiga ter dentro de mim aquele amor ideal, incondicional, que a tudo perdoa, que a todos aceita. Dizem ser ele o amor ideal. Mas enquanto isto não acontece, devo continuar tentando melhorar, e não ficar apontando tanto o dedo para os outros que eu, em meu orgulho e presunção, considero 'menos evoluídos do que eu.' 

Acredito que a maioria de nós faz o melhor que consegue fazer, e não pretende cometer erros voluntariamente, e nem deseja ser cruel conscientemente. É claro, existem as pessoas potencialmente ruins; mas até mesmo elas, um dia, serão melhores, nem que levem vidas para chegar lá (ah, sim, eu acredito em reencarnação!).

Amor ou medo: todos agimos sempre baseados nestas duas emoções, e quem sabe, estejamos aqui para entendê-las melhor, a fim de lidar com elas de uma forma mais saudável...

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

IMAGEM




A lua crescente ao crescer da noite... lá de cima, ela vê os picos da montanhas, as primeiras luzes que se acendem aqui em baixo e que, muitas vezes, nos impedem de olhar para o céu e enxergá-lo em sua plena beleza. 

Mas este foi um momento só meu.

Fingi que, naquele instante, eu era a única pessoa que olhava o céu. Fingi que a natureza preparara um espetáculo especial, somente para mim. E enquanto eu olhava aquela beleza, ouvia as pessoas em seus carros, que chegavam em casa, saudadas por seus cães e suas crianças. Ouvi os jacus e siriemas em sua costumeira gritaria antes de se recolherem. Ouvi os últimos acordes dos sabiás e bem-te-vis.

Percebi o quanto eu sou feliz.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

CREME DE CONFEITEIRO





Ontem, quando acordei, eu não estava bem. Marasmo se instalando... o dia, apenas no começo. O que fazer para que ele não se estragasse?

Olhei para fora; a manhã estava fria e cinzenta, e até minha cadelinha parecia chateada. Nem mesmo os passarinhos tinham aparecido, talvez por causa da ventania forte que soprava.

Lembrei-me do meu livro de receitas, o "Dona Benta." Uma edição nova, que comprei há pouco tempo. Minha mãe já possuía um livro destes, o dela, tão antigo, que a capa estava desbotada, e quase já não se viam as figuras: uma velha senhora segurando um bolo todo confeitado, enquanto um menino a observa de olhos compridos.

Fui para a cozinha. Mas não sem antes chamar a Latifa, minha cadelinha, para acompanhar-me. Coloquei um velho tapete de lã para ela deitar-se junto a porta, e olhei em volta: tinha algumas maçãs e bananas. Trigo. Açúcar. Pensei em fazer uma torta.

A massa pronta, a cozinha aquecida pelo calor do forno, os aromas... as frutas picadas sobre a massa. Levei tudo ao forno, mas achei que faltava ainda alguma coisa. Folheei o livro, procurando por uma receita de um creme para cobrir a torta... achei uma muito fácil e rápida, de creme de confeiteiro. Fica exatamente igual aos recheios dos sonhos da padaria, e coberturas de cucas e pães doces:

-duas gemas
-três colheres de trigo
-meia xícara de açúcar
-essência de baunilha
-duas xícaras de leite.

Peneirar os sólidos, e juntando as gemas, a baunilha e o leite, levar ao fogo até ferver. Se der pelotas, passar na peneira novamente depois de pronto. A torta pronta, joguei o creme por cima.

Ficou tão bom, que eu e meu aluno, que chegou logo depois, consumimos metade da torta. Depois, meu marido consumiu quase todo o restante, e hoje de manhã, ainda tinha uma fatia que devorei com uma boa xícara de café.

Tédio? Para onde ele foi?...

O AR QUE TU RESPIRAS





Não desejo jamais ser
Esse ar que tu respiras,
Porque um dia, eu te falto,
Porque um dia, eu me vou,
E ficas a sufocar...

Não quero ser a razão
Dessa tua pobre vida...
Porque  um dia, eu morro,
E a tua dignidade
Fica num canto, caída!

Não desejo ser a fonte
Pra molhar tua garganta,
Porque um dia, eu seco,
E tu ficas à minha margem
Morrendo, aos poucos de sede...

Não quero ser o teu ar,
Tua razão, tua fonte,
Mas quero ser teus pulmões,
Tua vida, tua sede,
A paz que deita contigo
Ao teu lado, em tua rede..

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Canção do Arrebol







CANÇÃO do ARREBOL



Não  adianta sonhar com a canção arredia
Para tentar reviver a velha melodia
Que o vento trouxe um dia, mas levou embora
E que agora navega nos mares de outrora.



De nada adianta tocar as velhas cordas
De uma antiga guitarra desafinada...
Da música ansiada, não resta mais nada,
Rasgou-se a partitura , e não há  maestro.



Embora lamentemos o que se perdeu,
A música não volta; dos ecos, os restos...
Morreu para sempre o ritmo da canção...



Mas Deus é bom, e a manda num raio de sol
Que ao findar do dia, em ligeira escanção
Nos brinda com seu brilho, e morre ao arrebol.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

o que vejo





As gotas de chuva são como pó
Purpurinas molhadas
Nas asas das borboletas.
O musgo do tronco, veludo molhado
Por onde caminha a lagarta
Sonhando com o futuro.



Pios de pássaros, afoitos bicos
Despedaçam cantos inteiros
Em fragmentos musicais
Que cabem melhor nos ouvidos...



Nuvens cinzentas e tão pesadas
Pairam sobre o nosso mundo,
Chovendo as gotas brilhantes
Que fazem a grama crescer tanto!...



Há um canto em meu jardim,
De onde eu observo o mundo
Diminuto que me cerca,
Onde pousam borboletas,
Joaninhas displicentes
De presença tão fugaz...



Quero ficar por aqui, entre o silêncio
Destes muros cobertos de hera...
Quero estar entre estas criaturas,
Feitas de asas e de pó,
De magia e de renda de espírito...
Quero fitar-me nas poças,
E enxergar, por trás, o céu.

Isto é o que vejo...


O DIA EM QUE O SOL NÃO NASCER






Triste manhã;
Abro as janelas
Não vejo o sol
A despertar!

Horas a fio
Só a mirar
Um horizonte,
A esperar...

No mundo, o caos,
Na Terra, a dor,
O Bem e o Mal
Ódio e Amor...

A escuridão
Dos corações
De uma só vez
Em profusão!

A esperança
A morrer só,
Tudo o que sei
Virando pó...

Triste manhã
Será aquela
Na qual o sol
Não nascerá!

EXPLIQUE!







Explique a beleza que existe
Nas asas de uma borboleta...
Não te peço nem que contes
As estrelas do universo,
Não espero que tu entendas
Os grandes mistérios da vida...


Só te peço que percorras
Com teus olhos, os padrões
Coloridos que se espalham
Sobre as asas, fino pó...

Explique a beleza que existe
Numa pétala de flor,
Na gota d'água, que brilha,
Antes de cair no chão,
Ou o traçado que existe
Na palma da tua mão!

Explique o vento que sopra,
E que murmura segredos
Entre as folhas silenciosas,
Explique as cores das rosas!

Explique a vida, tão breve,
De um pequenino inseto,
Ou talvez, o azul do mar
Ou de onde vem o amor...

Explique os motivos da chuva
Para fazer nascer no céu
Um caminho de arco-íris
Que explode em luz e cor!

Não existe explicação
Que caiba no entendimento!
O que é a vida, a morte?
A resposta, está no vento!


Eu-olhar









Eu quero olhar com olhos de quem nunca viu,
E desvendar nuances entre o negro e o anil
Eu quero verdadeiramente enxergar,
Colher em minhas pupilas todo o céu e o mar...

Eu quero ver o mundo de olhos fechados,
Intuitivamente, perceber os lados
Daquilo que me vem pelo meu eu-olhar
E os mínimos detalhes poder captar.

Eu quero escutar através das retinas,
E perceber até as finas sintonias
Que a vida, em seu mistério, quiser revelar...
Eu quero ouvir bem mais do que eu puder falar!

Sou parte deste todo, água, mar e fogo,
Sou elemento vivo dessa natureza...
Eu quero me encontrar, quero nascer de novo,
E então, vou me perder pra sempre na beleza.                     

DE PASSAGEM





Eu, de passagem
Nessa estação
Dentro da nave
Eu olho a vida.

Muitas chegadas, 
Muitas partidas
É um cliché,
Mas é assim...

Muito de ti,
Muito de mim
Se perderá
Pelo caminho,

E entre as flores
E os perfumes
Há dissabores,
Alguns espinhos...

Ninguém está
Ou estará 
Pronto pra vida,
Não há ensaios...

Talvez por isso
As desistências,
Os desesperos
E os desmaios...

Estou aqui
Não sei por que
E nem desejo
Mesmo, saber...

Mas já que estou,
E será  findo,
Que seja bom,
Que seja lindo...

*

AVE


Ave impassível, impossível ave
Ave de prata, plumas de metal...
Quisera eu tocar teu flanco liso
Que se incendeia ao sol filosofal!

Nave de Marte, que brinca entre os astros,
Vai pelos vastos trilhos do infinito...
Leva contigo todos os meus sonhos,
Deixa-os errar pelo universo prisco!

E quando os primos raios da manhã
Tornarem rubras nuvens de açucena,
Despertarei, ave, no chão tristonho,
E tu, ó fruto da ilusão serena,
De um outro Ícaro serás o sonho.


sábado, 1 de setembro de 2012

SETEMBRO











SETEMBRO



Traga contigo a primavera, setembro!
Puxe-a pelas tranças do cabelo,
E faça com que ela amanheça!
Ao mesmo tempo,
Leva embora toda a negatividade,
Soprando para bem longe
Os restos do que foi triste,
Lavando a saudade!


Eu hoje acordei e fui até a varanda. O sol despontava no horizonte. Percebi que ele trazia consigo não apenas a promessa de um novo dia, mas de um novo mês, um novo ciclo, uma nova estação do ano: a estação que conhecemos como Estação das Flores, a nossa querida Primavera... a que traz as primeiras nuances do verão, preparando-nos para o auge do calor. A que faz amanhecer as esperanças.

Recebo-te, setembro, de braços abertos. Tu marcas mais um final do meu ciclo de anos, abrindo um novo. Espero que este, que começará em breve, seja bem melhor do que aquele que está indo embora. Entrego em tuas mãos a minha alegria mais sincera e a minha vontade de viver.

Seja bem vindo, Setembro. Que teus ventos sejam brandos, e tua voz, calma e serena. Que possamos descansar tranquilos na palma da tua mão.



sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Margem






Margem


Ah, margem da minha vida!
Minhas águas vão passando,
Expostas ficam as coisas
Que se prendem nas ramagens
Dessas minhas pobres margens
Quando baixa a correnteza!

Ah, margem de minha tristeza!
Mas também as alegrias
Deixam sempre seus pedaços,
Fios coloridos, traços
Nessa margem que me guia!

Ah, margem do meu regaço,
Onde perdem-se os abraços,
E os ecos de mil passos
Que não voltam nunca mais
Ressoam na minha alma!

Ah, margem de águas calmas,
Onde eu me sento, calada,
Assistindo, enquanto passa,
Minha vida, afogada
Na corrente dessas águas!



Arrumando as Prateleiras






Tenho umas prateleiras sob as escadas que levam ao segundo andar da casa, onde guardo meus livros e discos de vinil. Há muito tempo vinha planejando arrumá-las e limpá-las, mas com tanto a ser feito em uma casa, mais o meu trabalho com as aulas, sempre acabava 'empurrando a tarefa com a barriga.' 

Mas finalmente, tomei algumas horas para colocar tudo em ordem. As prateleiras abarrotadas de livros que eu puxava e depois, não recolocava no lugar certo por falta de tempo. Discos de vinil cujas capas empoeiradas cheiravam a bolor. Tirei tudo, tudo do lugar, e comecei a árdua (?) tarefa... 

Foi como reencontrar velhos amigos: lá estavam livros que modificaram minha vida e ajudaram a formar o meu caráter, como "Ilusões", de Richard Bach, e "O Profeta", de Khalil Gibran. Maravilhoso e mágico, reler trechos de "O Convite", de Oriah Mountain-Dreamer. Uma delícia, rever Lia Luft, as incríveis memórias de Louis Bourne, os poemas de Cecília Meireles e Fernando pessoa. 

Adorei perder-me novamente nas "Memórias, Sonhos e Reflexões" de Jung. Aproveitei para checar o significado de meus sonhos, nos muitos livros que tenho sobre o assunto, e senti arrepios ao reler meus muitos contos de terror. 

Peguei uma receitinha para o jantar com Sônia Hirsch e reaprendi sobre vinhos relendo trechos dos três livros que comprei quando montamos a nossa adeguinha. 

Separei romances que quero reler um dia. Tirei o pó de cada livro e de cada disco - oh, meu Deus, preciosidades, como o primeiro LP dos Beatles! Relembrei minha adolescência com as coletâneas de músicas de discoteca e minha coleção de discos do Queen, Elton John, Rod Stewart, Supertramp, Barbra Streisand, Guilherme Arantes, Maria Betânia... e, lá no fundo da prateleira, achei a caixa com minhas contas, cristais, pedras, fios e miçangas, da época em que eu fazia colares. Pensei em voltar a fazê-los, quem sabe?... 

Quando terminei, já começava a escurecer. Próximo objetivo: o armário de CDs.


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Na Minha Boca





Na minha boca, não ponhas palavras, 


Nem mordaças. 


Não tente refrear-me a língua, 


Ou calar a voz que perpassa 


Teus tímpanos insensíveis. 



Na minha boca, não te alimentes, 


Nem sequer tentes, 


Pois hei de destilar o veneno 


Que há de matar essa coisa 


Que se move nesse peito 


Assaz pequeno. 



Na minha boca, não vasculhes 


A procura do que esperas 


Que eu te diga, e que não quero... 


Pois de ti, eu nada espero, 


Nem sequer que tu me ouças, 


Pois teu nome já calou-se 


Há tempos 


Na minha boca. 










*

Meu Erro





Esperei que o mar 


Fosse doce 


(Embora não fosse). 


Eu pensei que o vento 


Traria perfumes, 


Mas não trouxe... 



Desejei que uma flor 


Se abrisse 


E jamais murchasse, 


Desejei que o tempo 


Não passasse... 



Eu pensei que o amor 


Compreendesse 


Sempre, incondicionalmente, 


Mas o amor esqueceu-se 


De amar; retirou-se 


Ao trazer consigo 


O castigo, 


Desamou-se... 



Quisera abraçar e trazer 


Sempre comigo, 


A certeza tranquila, 


A esperança trançada 


Nos cabelos! 



Mas a trança desfez-se, 


A esperança partiu-se 


Em pedaços pequenos 


Cortados em foice... 



E de erros em erros, 


O que eu esperava 


Tornou-se pó, 


Foi soprado sem dó 


Pela boca profana, 


Pela voz rouca, louca 


Sussurrante. 














quarta-feira, 29 de agosto de 2012

FOBIAS






Todos temos fobias. Eu, por exemplo, tenho fobia de aranhas e de altura. Lembro-me uma vezes em Brasília, quando, em visita ao Monumento JK, resolvi tirar uma foto de pé sobre a mureta que cercava a entrada - uma escadaria que conduz ao subsolo. Enquanto caminhava sobre a mureta, comecei a sentir-me tonta e enjoada ao olhar os degraus lá embaixo ,e os joelhos começaram a tremer. Meu marido teve que ir em meu resgate, ou eu acabaria caindo lá de cima. Eu nem sabia, antes daquele episódio, que eu tinha medo de altura!



Estou usando um artigo sobre estranhas fobias em minhas aulas desta semana, e surpreendi-me ao ler sobre pessoas famosas e suas fobias;  a atriz Megan Fox, por exemplo, tem fobias de pessoas respirando perto dela. Será que ela preferiria que as pessoas não respirassem? Talvez assim ela pudesse sentir-se mais confortável, suponho... a moça também confessa ter pavor de tocar em papel seco, e precisa molhar os dedos a fim de virar as páginas de seus scripts. Nossa!

Também há pessoas que tem medo de frutas, botões, antiguidades (o ator Billy Bob Thornton não entra em lugares onde haja mobília pertencente a épocas anteriores aos anos 50) e outros medos absurdos. Por incrível que pareça, há, nos Estados Unidos, mais de 250,000 pessoas sofrendo desta estranha fobia de antiguidades... incrível como somos loucos!




Algumas pessoas desenvolvem fobia de multidões. Bem, eu também não me sinto lá muito confortável quando estou no meio de um monte de pessoas, e evito este tipo de situação sempre que posso; mas não chego a ter pânico.

Conheço uma pessoa que tem muito medo de insetos. Qualquer um deles. E uma outra (homem) que tem pavor de mariposas, e sai correndo, dando o maior 'piti' se alguma delas entrar pela janela.

Dizem que  a melhor maneira de perder o medo de alguma coisa, é enfrentando-o. Às vezes, dá certo. Por exemplo, eu costumava ter muito medo de usar escadas rolantes quando era jovem. Um dia, meu namorado (atual marido) descobriu meu medo, e obrigou-me a passar um tempo subindo e descendo de uma escada rolante várias vezes, até que eu consegui perder o medo. 

Há um programa em um canal de TV a cabo onde as pessoas vão a fim de perderem seus medos... os métodos são bem radicais, ou seja, eles são forçados a confrontar seus medos. Um dia, uma mulher que tinha pavor de aranhas (como eu) teve uma caranguejeira viva colocada em seu braço.

 Nem pensem em fazer isso comigo! Prefiro morrer com medo.






terça-feira, 28 de agosto de 2012

Dona Franci





Eu, lendo um discurso no dia do aniversário de D. Franci - ao lado de sua filha vera, D. Franci e seu colar de botões




Quando eu e minha irmã éramos pequenas, nossos pais não podiam pagar uma escola particular. Mas nós estudamos durante cinco anos em uma das melhores escolas particulares de Petrópolis naquela época, o Colégio Progresso. Graças à diretora da escola, Dona Franci (Francisca Ferreira de Souza). Assim como nós, havia muitos bolsistas naquela escola. Tinha até uma família de indiozinhos amazonenses. Ela tinha também uma classe para alunos especiais, que em 1971, ainda sofriam todo tipo de preconceito... lembro-me de como a Dona Franci e as demais professoras sempre faziam a interação entre nós - as crianças "normais" e os alunos excepcionais...

Ela adorava seu trabalho. Na hora do recreio, ela ficava em um ponto mais alto do pátio, observando as crianças brincando, e quando acabava o recreio, de vez em quando ela anunciava: "Mais dez minutos extra!" E era a maior festa!
Ela tratava a todos igualmente, e com muita educação, fosse criança ou adulto, rico ou pobre. Se alguém dizia que ia sair da escola porque não podia mais pagar, ela logo vinha com um bom desconto. Lembro-me que conosco, foi assim: minha mãe não podia pagar mais as mensalidades, e ia tirar-nos da escola; ela foi dando descontos e mais descontos, e quando minha mãe finalmente anunciou, muito envergonhada, que não poderia pagar de jeito nenhum, ela não hesitou: pediu à secretária que trouxesse nossos carnês de pagamento e rasgou a ambos. Simples assim. E determinou: "A partir de hoje,  elas não pagam mais mensalidades."
Lembro-me de uma sala de aula enorme que tinha lá, a Sala do Turmão. Tinha um piano, e algumas vezes por semana, ela reunia todos os alunos de algumas classes para ensinar hinos: o Hino à Bandeira, o Hino Nacional, o Hino do Soldado, o Hino da escola... ela sentava-se ao piano, a professora escrevia a letra no quadro, nós copiávamos e cantávamos. Nunca me esqueço: "Companheiro, entoemos um hino/Que ressoe com grande sucesso/Que cantemos com força e entusiasmo: /Viva o Colégio Progresso!" E assim nós cantávamos, até o final...
Tenho várias fotos de mim mesma, lendo para ela homenagens em seu aniversário (eu era sempre escolhida para ler, pois era a que lia melhor entre os alunos). Ela sempre chorava durante essas homenagens!
Um dia, adoeceu. Nós, alunos, não sabíamos direito o que ela tinha. Quando ela morreu, foi um choque para todos, pois eu tinha ido visitá-la no hospital na semana anterior com minha mãe e minha irmã. Chegamos a escola um dia de manhã, e estava tudo fechado. Os alunos passavam a notícia: "Tia Franci morreu!" 
Infelizmente, após a sua morte, a escola foi decaindo... cortaram todos os alunos bolsistas - incluindo minha irmã e eu. Alguns anos depois, a escola fechou.
Parte do prédio ainda existe, e não existe uma única vez que eu passe por lá e não me lembre da Dona Franci. Graças a ela, eu me tornei Ana Bailune.

Rapidíssima Crônica










Porque está ameaçando chover forte, e ouço trovões ao longe. Não quero perder mais um computador por causa de uma descarga elétrica. 


É que me lembrei de quando eu era criança, e me escondia sob a mesa de madeira da cozinha quando dava trovoada. Ficava olhando os chicletes colados sob ela e procurando me acalmar, tampando os ouvidos. 


Lá fora, o céu está cimentado. Nenhuma folha se mexe nas árvores. Meus cães estão nervosos na varanda. Parece que a natureza está grávida, mas que o filho não quer nascer, e os trovões são as dores do parto, um parto muito difícil. 


Quero ter terminado esta crônica-relâmpago bem antes da parturição. Algumas gotas bem fininhas, destas esvoaçantes que parecem pedacinhos lascados de vidro, já começam a cair. 


Uma vez vi um filme, há séculos atrás, no qual a heroína, a fim de suicidar-se, ia para a sacada de seu quarto durante uma tempestade magnética e era atingida por um raio. Totalmente 'chocada' e eletrificada, morreu nos braços do amante (que deve ter tomado muitos choques)... 


Mais um trovão. Parece dizer-me: "Desligue este computador enquanto é tempo!!!!" 


Em 1981 tivemos uma época de muitas tempestades e mortes aqui em Petrópolis. Quase todo mundo conhecia alguém que tinha morrido em uma enchente ou desabamento. Foi perto do Carnaval, uma época de muita dor. Veio ajuda até da Europa, caixas e mais caixas de agasalhos, comida, sapatos... 


Mesmo assim, as tempestades me fascinam. repito: "Gosto delas, mãe, eu gosto!" Como fez Khalil Gibran. 


Uma vez, quando eu ainda era uma adolescente, estava armando uma tempestade. Minha mãe estava terminando de limpar a sala de estar, e o cheiro de cera perfumava a casa. Foi uma tempestade de vento, e muitas casas perderam seus telhados, inclusive a nossa. Era água de chuva entrando pelo forro de madeira, as telhas voando para longe, e o encerado de minha mãe virando mingau... 


No começo, assustei-me com a barulho das telhas sendo arrancadas, mas depois, comecei a gostar... apesar dos xingamentos da minha mãe. Era uma sensação de perigo, aventura, o mundo totalmente fora de controle, como se um Mago estivesse passando e lançando um feitiço. E nós, totalmente à sua mercê. 


Agora vou desligar. Ainda nem terminei de pagar as prestações deste computador!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

VOCÊ SE FOI!






Amarrei os teus pés
À minha memória,
Colei os teus olhos
Sobre esta paisagem
Que juntos, miramos
Tentando evitar, num sonho,
A inevitável viagem.

Gravei tua voz
Por sobre estas pedras
Com todos os ecos
Dos quais me lembrei...

Deixei os teus passos
Por este caminho,
Sangrei de espinhos
Aquela palavra
Para não haver despedidas...

Enfim, veio a vida
E te levou
Junto com ela,
Foi apagando e te afastando
Sem piedade,
Soltando os laços
E me deixando
Só a saudade!

Você se foi,
E isto é tão real!...
Se algo ficou?...
Passos sem pés,
No meio do quintal,
Vozes caladas
Por sobre as pedras,
Olhos fechados
Por sobre a paisagem.

Só permaneceram
Dentro de mim
As memórias presas no fio
Tão frágil
Que tu deixaste...
Fatalidade!

Canto de Rolinha







Há um canto de rolinha
No fundo desse dia azul
Crivado de passarinhos,
E ele me chega
Junto com o perfume
Das flores de laranjeira.

Dia ensolarado,
Belo, preguiçoso!
Há tanta beleza
No verde das árvores,
Mas junto com ela
Há toda a tristeza
Do canto da rolinha.

Ah, como eu queria
Que essa rolinha
Voasse para longe!

Parceiros

ESFORÇO

 A vida demanda esforços. Nem tudo vem fácil, mas tudo vai fácil. Começar nem sempre significa ter tudo prontinho, preparado, com todas as c...