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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Leituras








Leituras



Recentemente, li as "Cartas de Van Gogh." No prefácio, é dito que ele perdeu uma posição como pastor porque não era suficientemente eloquente ou convincente para encantar e convencer os fiéis. Penso que estes últimos não gostavam de poesia. As "Cartas a Theo," de Vincet Van Gogh, formam um dos relatos mais humanos e comoventes que já li. Nelas, ele revela ao irmão suas fraquezas, seus sonhos e seus medos. Talvez, se ele não as tivesse escrito, pouco saberíamos sobre a personalidade deste grande artista. Infelizmente, enlouqueceu e suicidou-se por não sentir-se aceito em um mundo de pessoas preconceituosas que não o compreendiam.

Também li alguns livros de Paulo Coelho - o escritor que muitos consideram uma fraude, e a quem, movida pelas opiniões alheias, passei muito tempo criticando e evitando, com aquela famosa atitude de quem não comeu e não gostou (afinal, odiar Paulo Coelho é sinal de inteligência) - e percebi que ele é um excelente cronista. Um dia, segurando um de seus livros, disse a mim mesma: "Tenho que encontrar o que as pessoas tanto falam." Não encontrei em "Diário de um Mago," mas em "Verônica Decide Morrer" e "Nas Margens do Rio Piedra eu Sentei e Chorei." Daí, comprei um livro de crônicas, que apreciei muito. É preciso vencer preconceitos e tapar os ouvidos às críticas daqueles que se acham em posição de determinar o que é bom ou o que não é bom.

Um dos livros mais belos que já li, chama-se "O Convite, de Oriah Mountain Dreamer. Um livro mundialmente famoso e aclamado, (embora muitos que nem sequer o leram, e se o leram, não admitem que gostaram, teimam em criticar) que é pura poesia e traz pensamentos maravilhosos sobre o viver. Impossível não gostar, pelo menos, da apresentação do livro. Mas as almas mais 'cultas' o considerarão um simples livreco de autoajuda sem valor.

Minha mãe presenteou-me, há muitos anos, com sua Bíblia pessoal. Ela me chegou cheia de anotações, textos sublinhados, fotografias e flores secas entre as páginas. Meu trecho favorito, é o Eclesiastes. Uma lição de vida. Um pequeno trecho: "Todos vão para um lugar; todos são pó , e todos ao pó tornarão. Quem adverte que o fôlego dos homens sobe para cima, e que o fôlego dos animais desce para baixo da terra? Assim que tenho visto que não há cousa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua porção; porque quem o fará voltar para ver o que será depois dele?" O maior livro de autoajuda já escrito!

E ainda mais adiante: "Também vi que todo o trabalho, e toda a destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo. Também isto é vaidade e aflição de espírito." 

Os provérbios de Salomão são lindos e encantadores. Neles, um homem desnuda sua alma e revela toda a sabedoria que está dentro dela. Um trecho (sublinhado por minha mãe): "O homem perverso levanta a contenda, e o difamador separa os maiores amigos." E ainda: "O perverso de coração nunca achará o bem; e o que tem a língua dobre virá a cair no mal." E também: "Quanto ao soberbo e presumido, zombador é seu nome: trata com indignação e soberba."

A Bíblia conta também as histórias dos povos antigos: seus costumes, suas crenças. É claro que existem trechos velados de mistério (acredito mais que assim sejam pela dificuldade de tradução do que por outro motivo qualquer). Mas também há - dizem - muitos livros da Bíblia que foram queimados e outros que foram modificados pelos censores da mente e do coração, aqueles que achavam-se no direito de intervir na liberdade de pensamento e crença, e que intitulavam-se superiores e detentores da sabedoria, e assim, elegiam a si mesmos para separar o que consideravam 'joio' daquilo que consideravam 'trigo.' Uma grande perda para a humanidade, a meu ver.

Um outro livro inesquecível, é "Olhinhos de Gato," de Cecília Meireles. Um livro veladamente autobiográfico e encantador, no qual ela fala de sua infância, da morte de seus familiares e das pessoas da casa onde ela cresceu. Pessoas que poderiam ter sido esquecidas para sempre, se não houvesse uma Cecília Meireles disposta a colocá-las em um livro. Uma escritora das mais sensíveis e inteligentes. Jamais teve medo ou vergonha de mostrar sua alma.

São estas as leituras que eu gosto: aquelas cujas páginas foram preenchidas por palavras que foram escritas por alguém que usou como tinta de pena, o próprio sangue. Não dou tanta importância à gramática, pois como dizia Patativa do Assaré, "É melhor escrever errado a coisa certa do que escrever certo a coisa errada."




8 comentários:

  1. Querida Ana
    A tua análise deixou-m encantado !
    Cada vez teadmiro mais.

    FELIZ NATAL, ANA !

    Um beijo muito amigo.

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  2. Olá!!!, Deus seja contigo, tenha um final de semana abençoado,
    amiga que belo texto amei SUCESSO AMIGA.
    Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br/
    Canal de youtube: http://www.youtube.com/NekitaReis

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  3. Olá.
    Tomara que você esteja bem.
    Tomara que o seu fim de semana, seja maravilhoso.
    Que a felicidade, beije você, sempre.
    Bom fim de semana, com muitos risos.
    Um abraço.

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  4. Alô, ontem participei num colóquio sobre literatura e disse que cada peça literária é, por força uma proposta de que se gosta ou não. Houve também alguém a dizer que quem escreve e publica um livro, lançou uma obra literária, passa a ser escritor. Com estes dados, nunca se pode menosprezar que escrever porque pode estar a menosprezar, porventura a sensibilidade de quem gostou.
    Desejos de FELIZ NATAL!
    Beifos

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  5. Venho desejar-lhe a si e sua Família
    um Feliz e Santo Natal.
    Bj.
    Irene Alves

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  6. Oi Ana querida

    Sei que já te disse isso antes, mas adoro o jeito que você escreve. Tão claramente que fica gostoso de ler sempre.
    Adorei o post e as dicas dos livros.

    Beijos e uma semana linda pra você.
    Ani

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  7. Oi Ana, você está se tornando a minha Bíblia, adoro sua forma de ver, sentir e expressar seu sentimento.
    Boas festas, que seja sempre muito abençoada, abraços carinhosos Maria Teresa

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  8. Li atentamente cada linha Ana e parabenizo pela excelente varredura sobre a arte de escrever e de como não se deixar levar pelos estereotipados.É preciso ter sensibilidade ativa para saber circular pelas obras e delas extrair o supra sumo. Recentemente participei de um projeto escolar onde Drummond convidava Cecilia para um café e pude comprovar o que você aqui externa.
    Gostei amiga.
    Carinhoso abraço e bela semana.

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