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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Água Para um Poema



Morre tão seco o poema,
Pois já não mata-lhe a sede
A tinta daquela pena!...
Morre, silencioso e frio,
Morre sem brio ou verdade,
No abismo imenso do vazio
Morre sem qualquer saudade!

-Tragam água para o poema,
Antes que seja tarde!
Parte-se ao meio a palavra,
Ardem as chamas da pira
Na qual ele queimará...

Entram e saem de cena
O poeta e seu poema,
Tentando aplacar uma sede
Que lhe fere feito adaga,

Tentando exprimir uma dor,
Quem sabe, conter uma mágoa...
-Água para um poema,
Tragam água, tragam água!...

A noite o cobre de negro
Abraça-lhe, diz-lhe um segredo;
E o poema agonizante
Resiste ao terrível degredo
Que o poeta lhe impôs
Por pena, por dó ou por medo...
-Tragam-lhe um copo de água,
Que amenize o vil enredo! 

-Água para um poema,
Que morre ao nascer do dia,
Entre rimas de agonia,
Assim que desponta o sol!

Entre as fendas dos olhos cansados
O poema enxerga um troll
Como um monstro que dançasse
Uma giga ao arrebol...

Por isso, morre o poema,
De uma sede inacessível
A qualquer água ou refresco
De alucinação terrível!

-Água para o poema,
Tragam água, tragam água!...
Que ele siga tranquilo
Para sua nova casa!


8 comentários:

  1. Que linda inspiração minha amiga poetisa, amei, trago aqui com meu maior amor um pouco de água para esse poema que encanta quem o ler, não morrerá podes crer!
    Abraços!

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  2. O seus poemas nunca morrerão de sede, pois muitos os admiram e lhes darão, sempre uma doce ternura para beber.
    Beijos, Élys.

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  3. Ana Bailune, passo a regar o poema, como este da tua autoria vale. Apesar da tua interessante e imaginosa construção, nem o poema, nem o poesia, em si morrerão. Sempre haverá poetas a encarregar-se de a regar com a sua leitura.
    Beijos

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  4. Ana, lendo e relendo este poema, senti uma vontade imensa de ser um poeta maior, dos mais líricos e delinear em versos tão belos quanto estes, e com o maior fervor, o meu desejo incontido de ver perpetuar a poesia em todos os corações. Mas a lira dos poetas e poetisas não haverá de morrer jamais. Um abraço com a ternura de sempre.

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  5. OI ANA!
    SE MORRESSEM OS POEMAS, MORRERÍAMOS TODOS NÓS, POIS QUE SERIA DA VIDA SEM VERSOS E SEM POETAS?
    BELÍSSIMO TEXTO.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  6. Muito bom!!
    Deixo aqui água potável e bem fresquinha, para saciar a sede do poema.
    Fantástico!

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  7. Aplaudo seus versos. Seu poema está belíssimo, Ana. Bjs.

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