Eu hoje deixo aqui um poema que fiz sobre uma casa. Uma casa abandonada. Eu acredito que após construída, habitada por algum tempo, cuidada e amada, uma casa cria sua própria alma - das almas de todos que a habitaram. Poema baseado nesta figura:
-ABANDONO -
No alto da colina esquecida,
A casa sonhava.
Ninguém mais ficava à janela,
Ninguém batia,
Ninguém entrava!
Por dentro das paredes
Das quais caiam cores desbotadas,
A casa sofria,
A casa chorava...
Sonhava com outros dias:
Havia passos pelos corredores,
Nos quartos, os amores,
As flores nos canteiros,
A chuva pelas calhas...
Uma linda música
Que sempre tocava,
E a mulher que a encerava!
-Por onde ela andava?
A lida na cozinha,
Crianças correndo,
Brinquedos espalhados
Pelo chão da sala...
"Por que," a casa pensava,
"Deixaram-me assim, abandonada?"
Mas entre as colunas
Que o tempo gastava,
Ninguém mais passava,
A não ser o vento...
E até as memórias
Há tanto guardadas,
Morriam,
Amareleciam
Entre as paredes
Da casa abandonada...
A casa sempre guardará as vibrações daqueles que nela habitaram.
ResponderExcluirUm poema que emociona...
Beijos.
Élys.
Ai Ana, vc nem imagina o quanto esse poema mexeu comigo. Eu tenho em memória uma casa dessas... A casa da minha avó materna, onde passei grande parte da minha infância. Ela se encontra na mesma rua, porém totalmente modificada, mas nas "reentranhas" dos tijolos há vozes e lamentos e flores e odores, luz e sombra...
ResponderExcluirQue poema ímpar minha amiga!! Lindo demais
bacios caríssima
É... muito interessante como vc tem esse dom de ver o inanimado como ser que sente... e melhor ainda... passa para gente esse sentimento... e sentimos junto...
ResponderExcluirEm mim, seus escritos sempre trazem memorias por vezes esquecidas em algum canto da minha mente... como os Sinos de Vento...
Te ler... é mergulhar em mim mesma...
Beijos...