witch lady

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sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Mistério








Eu te ofereço um novo mundo,
Louco e incompreensível,
No qual perderás o que te resta
Do que tu chamas juízo.

Se queres experimentar,
É por tua conta e risco,
A porta de entrada é esta,
A de saída, é um mistério
Que ainda vou desenhar.

Eu te ofereço o meu mundo,
De letras que se contorcem
E se transformam no vício
De pedras mal-alinhadas
Que levam a um paraíso
Que dorme sob um precipício.

Eu te ofereço um velho mundo,
Que existe além desse tempo,
E do tempo que virá.
Se quiseres, abra o livro:
-A chave é uma pergunta
Que ele não responderá.






segunda-feira, 27 de agosto de 2018

VAMPIROS PSÍQUICOS








De acordo com Amadeus Voldben, autor do livro “Como Evitar as Influências Negativas,”  vampiros são bem reais. Fazem parte do nosso dia a dia, e constantemente esbarramos com eles e podemos cair nas (des)graças de sua atenção. Em seu livro, Voldben identifica alguns sintomas que as pessoas podem ter quando sob as influências ou ataques diretos de vampiros psíquicos:

- Dores de cabeça
-Sonolência e cansaço inexplicáveis
-Sensação de vazio e apatia
-Depressão e ansiedade
- Ideia fixa
-Dores no corpo, principalmente lombares
-Falta de vitalidade e indisposição geral; mau-humor
-Memória fraca
-Doenças do estômago
- Sentimento de medo e opressão
-Sentimento de culpa, mesmo que este não esteja baseado em nenhum fato que o justifique.

E quem são os chamados vampiros psíquicos? Ao ler este e outros livros, descobri que eles podem ser pessoas mais próximas do que se imagina! Geralmente, são aqueles que por algum motivo pensam que somos responsáveis por eles de alguma forma, e que acham que temos a obrigação de sanar suas dificuldades ao invés de procurarem fazê-los eles mesmos. Não se sentem capazes de cuidarem de si próprios e pensam que o mundo e as pessoas lhes devem alguma coisa. Assim que encontram alguém psiquicamente fraco, ‘encostam-se’ em tal pessoa e drenam todas as suas energias. Podem irradiar sentimentos de culpa nos outros através de reclamações nas quais se vitimizam e se colocam como dependentes daquele a quem vampirizam. 

Tais relacionamentos, segundo o autor,  podem se dar entre amigos, irmãos, de filhos para os pais ou dos pais para os filhos, em círculos familiares em geral e também em locais de trabalho. 

Algumas pessoas acreditam que tais ações podem ser inconscientes, mas eu me pergunto: será mesmo? Eu acho que pessoas assim, além de serem maldosas, aproveitadoras e invejosas, sofrem de preguiça e falta de caráter. Porque mesmo sabendo o mal que causam, pois é visível a opressão e o sofrimento na qual se encontram os seus alvos, continuam agindo da mesma forma, sem se importarem com o que o outro está passando. Transferem suas responsabilidades para os ombros alheios sem o menor constrangimento. Já soube de casos em que, a fim de melhor dominarem os seus alvos, tais vampiros recorrem a trabalhos espirituais a fim de os ‘dobrarem’ e convencerem com maior facilidade às pessoas a agirem de acordo com a sua ignóbil vontade. Como alguém pode crer que tais ações sejam frutos da inocência e da ingenuidade, e não da maldade e da manipulação características de um caráter vil?

DESCRIÇÂO DO QUE SENTE UMA PESSOA QUE ESTÀ SOB ATAQUE PSÌQUICO, segundo o autor do livro citado: 

“Os sinais de um ataque psíquico podem ser revelados por uma sensação de fraqueza, por uma tendência a se cansar facilmente, ou por um sentimento de medo e opressão, sem que se consiga compreender as suas causas. 

Às vezes, é até possível sentir um peso no peito, sobretudo quando o ambiente frequentado está saturado de negatividade ou de substância etérica ectoplasmática.” 

O autor prossegue:

“De onde brota todo o mal: ódio, inveja, espírito de vingança.

O que leva a recorrer aos malefícios em detrimento dos outros é sempre aquele sentimento destrutivo chamado de ódio, junto com seus derivados: inveja, vingança, ressentimentos, rivalidades de todo tipo, e, ainda, interesses, avidez de coisas materiais, e assim por diante. (...) a inveja (de in vídeo= olho contra) é um sentimento que faz com que se olhe com malquerença a quem se julga estar em situação favorável e privilegiada. Por que a ele e não a mim? Por que ele e não eu?”  

Imagino o quão mal alguém se sente quando está assim, o sofrimento pelo qual passa quando alguém mal-intencionado o está atacando a fim de subjugar a sua vontade para obter vantagens pessoais ou força-lo a fazer algo que naturalmente não faria! Certamente, quem está sob o domínio de pessoas assim, logo adoece física e mentalmente. E tal domínio pode permanecer por anos a fio, anos de sofrimento ininterrupto, pois muitas vezes as próprias vítimas recusam-se a acreditar que seus amigos ou entes queridos os estejam causando o mal. 

Algumas afirmações positivas para quebrar esta corrente do mal:

Sou um centro de fé.
Sou um centro de amor universal.
Sou um centro de harmonia.
Estou imerso no divino.
Com Deus sou invencível.
A força divina me ajuda.
Ficando com Deus, nada perdi.
Minha riqueza está em Deus.
Estou sob a proteção divina.
O Senhor é meu refúgio.
A presença invisível me protege.
O poder divino está em mim.
Acredito no poder divino.
Cristo é nossa paz.
Nunca estou sozinho.
Para mim tudo é bem.
Minha vontade é de aço.
Tenho confiança nas dificuldades.
“Do alto descem as virtudes que me ajudam.”
Supero toda contrariedade.
As dificuldades aumentam minha força.
Ganho mais força entre obstáculo.
Procuro os obstáculos para superá-los.
Recebo ajuda em tudo.

Estas afirmações podem ajudar. O livro também aconselha-nos a ficarmos junto à natureza, tomar banhos de sol, banhos de ervas energéticas e de sal grosso, procurar ajuda espiritual e evitar pessoas absorventes, que reclamam demais, que nos monopolizam ou exigem muito de nós. 

Pessoalmente, recorro sempre à ajuda de São Jorge e do meu anjo guardião quando percebo que os sintomas acima citados me atingem; sempre dá certo!

O autor também ensina que todos somos energia, e que receberemos de volta as energias que emanarmos para o mundo. Aqueles que concentram energias poderosas de domínio, submissão e manipulação, enviando-as sobre outras pessoas, cedo ou tarde pagarão caro pelas suas atitudes. 

Seria muito bom se todos os que se dependuram nos outros, ou todos que invejam, odeiam, tentam submeter alguém à sua vontade usando recursos de maldade ou fazendo-os se sentirem culpados, pensassem melhor antes de fazê-lo. Se olhassem em volta, descobririam que seus males seriam facilmente resolvidos caso passassem mais tempo trabalhando a fim de sanarem suas dificuldades financeiras e tentando melhorar a si mesmos espiritualmente. 






sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Eu Morro









Eu morro todos os dias.
Deito-me à noite, em meu túmulo
E fecho os olhos aflitos.

Sinto os vermes que se mexem
À vontade, em minhas partes,
Se alimentam dos meus gritos.

Mas de manhã, eu renasço,
Alevino num regaço,
As guelras brilhando ao sol.

Renovada, eu agradeço,
(Mas distraída, eu me esqueço)
E morro mais uma vez,
E mais uma vez, apodreço.





quarta-feira, 22 de agosto de 2018

VERBALIZAR








Às vezes só entendemos a verdade de alguma coisa dentro da gente, quando finalmente temos a coragem de verbalizá-la. Sabe quando algo está remoendo dentro de você, mas você soca aquela coisa lá para o fundo, sem querer ouvir?

Ela continua batendo à porta da sua mente consciente, procurando uma saída, até que um dia - que pode levar muitos e muitos anos para acontecer- ela finalmente derruba a porta e sai. E você a declara abertamente para o mundo e para si mesmo. Daí em diante, não tem como voltar atrás; não é possível engolir aquilo outra vez. É preciso arranjar um modo de conviver com aquela nova verdade, ou ela não vai deixar você em paz.

Acho que todo poeta entende o que eu estou tentando dizer, pois o poeta é alguém que verbaliza, revelando aquilo que está dentro dele. Mesmo que alguns poemas não expressem realmente alguma coisa que faça parte da vida real do poeta - contexto "lado de fora" - com certeza, foi dentro dele que se encontraram os motivos para colocar aquele sentimento em palavras. Talvez fosse aquilo que ele faria, caso a situação fosse real.

Ser poeta facilita as coisas. Ou não.




sexta-feira, 17 de agosto de 2018

O Mesmo Céu



Participação no blog Filosofando na Vida, da Professora Lourdes:

O Mesmo Céu

Naquela noite em que nós nos deitamos
E juntos contemplamos esse mesmo céu,
Os nossos sonhos, tão entrelaçados,
Brilhavam para nós lá das estrelas.

Nossas cabeças se tocavam, ao vê-las
E os nossos corações, ao léu entre as galáxias
Batiam juntos, no mesmo compasso
Pois os mesmos sonhos nós sonhávamos.

Mas foi-se o tempo, e foram-se aquelas noites,
Você se foi, meu doce namorado...
E eu hoje olho um céu noturno nacarado
No qual meu sonho procura pelo que perdeu...

É uma pena que eu possa dizer que,
Apesar de o céu e as estrelas serem os mesmos,
O amor que um dia eu vi nascer
Infelizmente, não sobreviveu.









quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Em Tempos de Etiqueta Virtual







É preciso seguir algumas regras de etiqueta para podermos conviver bem, seja aqui fora ou no ambiente virtual. Acho que ser bem educado não depende apenas de seguir regras impostas, mas de ativar a sensibilidade. Porém, nos dias de hoje, o que mais vejo é uma etiqueta hipócrita, aplicada apenas "aos outros" e pessoalmente ignorada. Assim, tive a ideia de, através das minhas observações, escrever sobre as regras implícitas que todos pregam, mas que a maioria não segue, e que são cheias de controvérsia e mimimização. 

Numerei-as abaixo:

Regra número 1 - Jamais diga o que realmente pensa no que tange à política. -   Desde pequeninos, nos ensinam que dizer a verdade é importante, e que as pessoas gostarão de nós se sentirem que somos verdadeiros; não caia nessa! As pessoas que dizem a verdade geralmente são mal vistas e ganham, em questão de segundos, um séquito fiel de (per)seguidores e online haters! Melhor deixar a sua opinião ali quietinha, e passar batido pela postagem daquele 'amigo' que diz que todos que vão votar no candidato que você escolheu são imbecis e acéfalos... e aceitar o argumento deles de que "não é nada pessoal."

Regra número 2 - Aceite todo mundo que lhe pedir amizade / Não aceite todo mundo que lhe pedir amizade. - Não adianta: o que quer que você faça, será criticado. Se você é daqueles que aceitam todo mundo, será chamado de egocêntrico e vira-latas; se não aceita, será criticado como sendo exclusivista e preconceituoso. De qualquer maneira, você perde. 

Regra número 3 - Marcações no Facebook - Tem sempre aquele 'amigo' que marca você e mais 365 pessoas em uma postagem sem conteúdo, tipo "Bom dia!" - daquelas que fazem com que você receba notificações a cada 5 minutos. E às vezes de nada adianta silenciar o amigo ou excluir-se da marcação, pois o Face continua mandando as notificações! Eu tenho uma pessoa na minha lista de amigos que já foi silenciada mil vezes, mas nunca exerceu seu direito de ficar calada. Já pensei em bloqueá-la, mas ao mesmo tempo, quando a gente faz isso, acaba magoando alguém sem querer. Se apenas ignoramos, a pessoa nos classifica como grosseiros. Grosseria é encher a paciência alheia com esse tipo de coisa. 

Regra número 4 - Messenger. - Praga dos quintos dos infernos esse tal de messenger. Detesto. Se eu soubesse como, arrancaria essa porcaria do meu Facebook. Eu já disse uma porção de vezes que só uso messenger para comunicar-me com meus alunos ou com amigos íntimos ou pessoas da família. Não respondo a correntes, nem a mensagens fofas. Mesmo assim, a minha caixa de mensagens está sempre abarrotada de gifs, links, áudios e filminhos que eu jamais acesso. E as pessoas ficam reclamando, na timeline delas, que somos "antipáticos e metidos." Metido, é quem manda todos os dias 10 mensagens que não são respondidas, e que ao invés de se mancarem sobre o fato de que não estão agradando, continuam mandando. 

Regra número 5 - Jamais diga que não gosta de alguma coisa. Esta é a melhor forma de angariar inimigos aonde quer que vá, principalmente se a pessoa em questão for famosa. Não diga jamais que não aprecia certo gênero musical, artista ou filme. Dirão que você não tem cultura, que não sabe respeitar a preferência alheia (enquanto eles mesmos usam palavras de baixo calão para desrespeitar você) e farão citações que supostamente os colocarão em um pedestal cultural anos-luz acima do seu. 

Existem outras regrinhas de etiqueta virtual das quais não me lembro no momento, e as deixarei para a imaginação de quem quiser comentar este texto (que já está bem longo). Mas a conclusão, é que etiqueta mesmo, são aquelas que os etiquetadores de plantão colam nas nossas testas, e nem percebem que as decolam dos próprios traseiros.








segunda-feira, 13 de agosto de 2018

O que Fazer Com Tantos Planetas Retrógrados?










É Marte, é Mercúrio, é Saturno, é Vênus, é Urano, Netuno Plutão... parece que quase todos os planetas resolveram andar na contramão! O que fazer? Para quem não acredita em astrologia, não há nada a ser feito, a não ser continuar vivendo. E para quem acredita, não há nada a ser feito, a não ser continuar vivendo!

Acho que existem momentos nas nossas vidas que não dependem de nós: as coisas nos chegam, porque precisam chegar. Nesses momentos incluo nossas perdas e também a nossa boa sorte. Quando a gente passa por momentos assim, acredito que são cármicos e inevitáveis. Nos resta sabedoria e calma para enfrentá-los, se forem tristes, e gratidão e alegria para vivê-los, se forem alegres. 

Mas existem coisas que dependem de nós para  acontecerem, e eu tenho cuidado melhor delas, não importa em qual posição ou em que direção estejam os planetas. Porque nada acontece para quem não se mexe. Um pequeno movimento, e a roda, que estava parada, pode começar a girar. Talvez por medo, insegurança, conselhos cretinos ou até mesmo por preguiça, passemos tempo demais olhando para a roda, esperando pelo 'momento certo.' 

Por que não erguer a mão e dar um empurrãozinho, não é?

Boa sorte!






sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Coisas que Falam









Hoje
Me parece que as coisas 
Falam comigo: 

O passarinho na árvore, 
A própria árvore, que se recobre de folhas
Após perde-las todas para o inverno:
Reprimavera-se!

Passei pela sala da minha casa, 
E a canção que tocava
Falou comigo.
O cheiro do incenso queimando
Traz consigo uma mensagem na fumaça:
Ela me envolve, ela me fala.

Lavando a xícara na pia,
A água murmurava um segredo
Que me escorria pelos dedos,
Enquanto o café coava
E meu cãozinho me olhava,
Os olhos falando comigo.

E eu senti, de repente,
Uma vontade de escutar
O que tanto as coisas me dizem,
O que as coisas me falam, 
O que elas querem.





quarta-feira, 8 de agosto de 2018

RECEITA









Não quero ser a cobertura do bolo,
Prefiro ser a massa, o recheio,
Porque não sou de superfícies,
Beiradas, enfeites, confeitos,
Eu quero estar no meio.

Talvez você me veja, equivocadamente,
Como a última cereja,
A que te fez mal, após o lauto banquete.
Não era esta a minha intenção,
Não sou de joguetes,
Não pretendia estragar sua festa,
Estacionar na contramão.

Talvez o meu sabor te desagrade,
Talvez exista um traço de amargor
Na minha doçura
Que te faz perder a tua tão exaustivamente ensaiada
Compostura.

Não posso fazer nada;
Alguém que não conheço
Cozeu a minha massa,
Depois, quebrou a forma,
E não satisfeita,
Rasgou a receita.





terça-feira, 31 de julho de 2018

FELICIDADE








A felicidade é como uma criança tímida,
Do tipo que, nas festas,
Passa correndo pela floresta de pernas dos adultos,
E, encontrando um cantinho isolado,
Senta-se sozinha.
(Às vezes, alguém se senta ao seu lado).

Ela adora brincar de esconde-esconde, 
No rosto das flores, e espiar entre as frestas
Das janelas entreabertas; ela vê
Os cantinhos gramados, os campos verdes, os rostos amados,
E somente por eles ela procura.

A Felicidade não gosta muito
De altos volumes, aplausos, fortes luzeiros,
Prefere o conforto de uma sala silenciosa
E poucas pessoas verdadeiramente amorosas,
Pois ela se encontra somente
Entre os relacionamentos verdadeiros.

A Felicidade adora o descanso
De uma cama quentinha, e o café com pão
Tomado entre família, servido humildemente
Sobre a mesa da cozinha.
Ela trocaria qualquer TV por assinatura
Pelo conforto de um filme antigo na Sessão da Tarde,
Sem qualquer pompa, circunstância ou alarde.

A Felicidade está naquele cãozinho que nos segue o dia todo,
Nos chamando para brincar com ele lá fora, matreiro,
Mas dizemos que não temos tempo,
Enquanto nos ocupamos em limpar a casa, lavar o banheiro,
Fazer o jantar e ganhar dinheiro.
Alguns a confundem com sua irmã, a Alegria,

Mas embora ambas tenham nascido do mesmo ventre,
São bem diferentes.
A alegria adora os shopping centers, o sol forte, muita gente,
As fotos sorridentes, nas quais busca
Desesperadamente, 
Sua irmã, há muito perdida.

Às vezes, quando envelhecemos,
Nós a encontramos sentada à soleira da nossa casa:
-Uma criança, morta, há tanto tempo abandonada!
E entendemos que enquanto a procurávamos mundo afora,
Ela estava ali, o tempo todo nos esperando,
Cada vez mais 
Desencantada.







Porque eu me Levanto










Na queda livre,
Enquanto te lamentas e medras,
Eu deixo os olhos à altura
Das flores e das pedras;
Vislumbro cores, sinuosidades,
E aspiro a relva.


Mergulho os dedos na lama da vida,
E me levanto aos poucos, ilesa,
Enquanto tu permaneces presa
Contando escaras doloridas.


Eu me levanto sempre, se tropeço
Ou se me empurram, quando distraída.
Se estou no chão, eu ergo o meu olhar
E admiro as aves a passar
Acima de mim; esqueço a dor.


Eu vejo o céu, as nuvens, as estrelas,
Enquanto tuas lágrimas te impedem de vê-las,
Porque teus olhos 
Não têm amor.


Eu me concentro sempre na beleza,
E tu, na tristeza.





A Águia









Voava a imensa águia,
Acima dos pensamentos,
Colecionando momentos...
Asas abertas,
Olhos atentos...

Voava acima do que paira
Sobre esse mundo de cimento,
Ia nas asas do vento,
Penas ao sol...

Voava a imensa águia,
Pássaro nobre,
Pousava sobre o gelo azul,
E a paisagem...

Vivia sua liberdade,
Depois pousava,
Sobre o braço forte
Que alguém lhe esticava!

Sempre voltava!






quinta-feira, 19 de julho de 2018

Vitimização






Não gosto de quem se vitimiza. Geralmente, é como dizem: "Antes de sentir pena de quem perdeu um olho na batalha, tente saber como ficou o adversário." 

É tanta vitimização nos dias de hoje, tantas lamentações a respeito de tudo! E se formos olhar de perto, aqueles que lambem suas feridas em público, com certeza jamais mencionam os e-mails mal-educados que foram enviados, as críticas cruéis e sem razão de ser que foram feitas, as palavras duras e invejosas que foram usadas. Sem falar na fofoca, essa velha feia, alcoviteira, covarde e maldosa que muitos carregam nas costas o dia todo. Porque muito do que se passa, fica debaixo dos panos da covardia, e quem se vitimiza, quem expõe as chagas purulentas em público, não mostra o machado com o qual atacou seu inimigo.

Não perco mais tempo com pessoas assim, seja na vida real ou na vida virtual: eu me afasto. Bloqueio. Se não for possível bloquear a convivência por qualquer motivo prático, eu bloqueio a energia daquela pessoa. Deixo de procurar. Deixo de prestar atenção a ela, e respondo monossilabicamente quando estritamente necessário. Se for possível bloquear nas redes sociais, eu o faço sem a menor culpa ou receio. Felizmente, temos esta ferramenta. 

E quando tais pessoas, que me feriram no passado, voltam e começam a me tratar com uma doçura não habitual, eu rezo e peço a Deus que me proteja da falsidade. Porque eu não acredito que alguém que tenha me maltratado, de repente passe a gostar de mim e a me tratar bem, assim, do nada.

Eu acredito que quem visita outra pessoa, seja física ou virtualmente, deve a ela respeito; é uma questão até mesmo de boa educação; se discorda de suas opiniões, e se for realmente importante expressar-se, que o faça com educação e sem esquecer que está em território alheio. Achar-se íntimo de alguém que nem sequer conhece, é uma forma de arrogância. Quem o faz corre o risco de ser colocado porta afora e ter seu acesso negado.

Se isso significa ter personalidade forte, eu não sei; mas certamente, significa ter amor próprio, e não perder tempo com quem nada acrescenta. 





quarta-feira, 18 de julho de 2018

VIDA















Vida




Tão curta

Quanto a palavra...




Tão plena

Quanto a palavra...




Tão misteriosa

Quanto a palavra...




Tão bela e terrível

Em sua lavra

Quanto a palavra.





Imagem: passeio de helicóptero em Cabo Frio

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Não Sou Luz







Não sou luz; sou uma chama
Que teima em manter-se acesa
No limiar da incerteza.

Minha fé é meu apoio,
Meu legado, nesse joio,
O que me mostra a beleza.

Noite escura, ventania,
Aguardo por mais um dia
Que se ensaia, no horizonte.

A língua estendida, espero
Receber dos céus o alívio:
-Muita sede, poucas fontes!

Não sou luz; sou esperança,
A flecha que alguém lança
A um alvo desconhecido.

O meu caminho é incerto,
Mesmo assim, de peito aberto,
Tenho errado e aprendido.

Amanhece nessa selva,
Pés desnudos sobre a relva,
Redefino meu caminho.

De onde eu vim, não importa,
Diante da nova porta
À morna luz que me aquece

Eu agradeço à bigorna 
E ao escultor, que cinzela,
Essa minha vida torta.





quarta-feira, 11 de julho de 2018

Agradecimento










Benditas as mansas gotas de chuva
Que enfeitam as folhas com seus cristais espelhados.

Bendito o cheiro ativo de terra molhada
Que viaja pelo ar, e me chega
Enquanto me ponho à janela,
Olhando os pássaros que se ajuntam nos galhos do cedro.

Bendita a correnteza da vida,
Que segue até um rio misterioso
No qual todos desaguaremos.

E enquanto isso, que eu viva
Bendizendo sempre a beleza da vida que temos
E a da vida que um dia teremos.







terça-feira, 10 de julho de 2018

Não Sou Tão Boazinha Assim...








Nunca assisti e nem assistiria a uma tourada, mas confesso que, seja qual for a situação, eu sempre torço pelo touro – e não tenho nenhuma dó quando o toureiro se dá mal. Da mesma forma, detesto rodeios ou qualquer tipo de entretenimento humano que utilize animais. Abomino pessoas que se divertem às custas do sofrimento, ridicularização e dor alheias, principalmente, se a vítima em questão for inocente e indefesa.

Não acredito em “inveja branca,” nem em pessoas que secam pimenteiras alheias “sem querer.” O bem e o mal, apesar de se encontrarem dentro de cada um de nós, é uma escolha, e cada um pratica aquilo com o qual se harmoniza. E quando secam a minha pimenteira, não consigo apenas fazer cara de paisagem: posso não desejar o mal a pessoas assim, mas jamais desajarei o bem. Não desejo absolutamente nada, a não ser manter distância. 

Sobre o perdão: quando alguém me fere uma vez, eu perdoo sinceramente; quando alguém me fere duas vezes, posso demorar um pouquinho mais, mas sempre acabo perdoando; mas de quem me fere três vezes, mesmo que eu perdoe, mantenho distância sempre que possível. Afinal, quem não agrega, a gente segrega. Acredito que perdoar não significa oferecer o pescoço ao cutelo alheio o tempo todo: é seguir em frente, esquecendo os ressentimentos, mas lembrando-se sempre de que aquela pessoa é traíra, e quem tem o hábito de trair e ferir, sempre agirá desta forma.

Acredito no livre arbítrio que cada pessoa tem de pensar como quer, falar o que quer, fazer o que quer – mas sem se esquecer de que onde começa o território alheio, termina o nosso. É preciso respeitar quem pensa diferente, por mais que a gente discorde de tal pessoa, mas isto, em território livre; dentro da minha casa e dos limites da minha vida pessoal, quem manda sou eu. 

Não acredito em vítimas da sociedade; existem muitas histórias de pessoas que nasceram e cresceram em condições terríveis, mas que deram a volta por cima e se tornaram bons cidadãos. Eu acredito que existem sim, pessoas que obtém vantagens pessoais ao convencerem outras de que elas são vítimas da sociedade. Da mesma forma, e por isso mesmo, abomino todo tipo de pessoa que toca a trombeta do anjo salvador. A melhor forma de dominar um grande número de pessoas, é convencê-las de que elas são vítimas incapazes e que por isso precisam de alguém para lidera-las e salvá-las dos “malvados.” 

Eu gosto de escutar mantras; porém, há dias em que eu estou bem Heavy Metal. Mas mesmo nesses dias, respeito o direito do meu vizinho de não gostar e não desejar ouvir a minha música, seja ela um mantra ou uma música do Avenged Sevenfold. 

Adoro escutar opiniões alheias – quando eu as solicito. Mas mesmo ouvindo-as, eu sempre faço o que eu acho que é melhor para mim. E aprendi que opiniões na vida alheia são perigosas, mesmo quando solicitadas, mas se a pessoa insistir...

Enfim, eu sou normal. Às vezes.





sábado, 30 de junho de 2018

ORAR PELOS OUTROS








Não quero que orem por mim. Por favor, agradeço a consideração e o interesse, mas podem deixar que por mim, eu mesma oro. E mesmo assim, eu o faço com muito cuidado, justamente porque eu acredito piamente no poder da oração. 

No livro “Cuidado com o que Você Pede nas Suas Orações,” de Larry Dossey, há a história de um rapaz cujo maior sonho na vida era ser escritor; talentoso, apesar de sua habilidade com a escrita, nunca conseguia publicar um livro. Deprimido e decepcionado, o jovem acabou desistindo do ofício, seguindo outra carreira que agradou muito à mãe. Ao saber que o filho desistiria de ser escritor, a mãe comentou, feliz: “Ah, que bom que você desistiu dessa bobagem. Rezei a vida toda para que isso acontecesse!”

O rapaz, indignado, descobriu o poder da oração de uma mãe, que pensava que estivesse fazendo o bem a ele. Viveu anos e anos de sua vida totalmente infeliz e frustrado, e só pode libertar-se ao descobrir que a mãe vinha rezando para que ele desistisse do seu maior sonho.

Acho que na maioria das vezes é assim quando rezamos por outras pessoas; forçar alguém a ir contra as suas inclinações, ou a desistir de um sonho simplesmente porque ele não nos agrada, é egoísta e cruel. Há sempre pessoas interesseiras que nem sequer percebem que, ao tentarem forçar alguém a providenciar-lhe vantagens, seja através de orações, “trabalhos espirituais” ou chantagens emocionais, estão submetendo a pessoa em questão a sofrimentos desnecessários, constrangimentos e infelicidade, e até mesmo, doenças físicas e mentais, como a depressão. Se a pessoa não for forte o suficiente para firmar-se, estará condenada a ser infeliz. E tudo por causa de uma inocente oraçãozinha, que na verdade, “É para o próprio bem dele.”

Muito egoísta esse pensamento de quem acha que sabe o que é melhor para todo mundo. 






AS ROSEIRAS E O MAL







Minha mini roseira não vai nada bem... não consegue crescer. Toda vez que fico feliz ao ver que novas folhas estão começando a brotar e que novos botões estão se formando, na manhã seguinte ela aparece totalmente nua, pois as formigas se alimentam dela durante a noite. Acordo, corro lá para fora para vê-la e não há mais folhas ou botões. A culpa foi minha, por achar que formigas apenas guardam provisões para o inverno nos dias de verão, não aparecendo durante os dias e noites frios de inverno, e devido a esse erro, não me preocupei em livrar-me das malditas formigas. 
Conversando com um jardineiro ontem, ele me explicou que se o gramado estiver enfraquecido, não sendo limpo e adubado periodicamente, ele logo se verá tomado por ervas daninhas, as famosas e indesejáveis “tiriricas.” Depois, a única forma de exterminá-las é arrancando tudo e replantando, o que além de levar tempo, é caro e trabalhoso.

Trazendo minhas recentes experiências de jardinagem para a vida prática, ontem li uma mensagem religiosa que afirmava que, para nos livrarmos do mal e da companhia de maus espíritos (e podem ter certeza, eles existem, tanto vivos quanto mortos), basta que sejamos pessoas boas e façamos apenas o bem, focando o pensamento sempre no lado positivo da vida e nos lembrando de agradecer por tudo o que temos; desta forma, afirmava o texto, nos manteremos afastados de todo o mal que anda pelo mundo.

Acho esta afirmativa um tanto pueril, e perigosa também. O mundo está cheio de exemplos de pessoas boas que foram dizimadas pelo mal. Para citar apenas alguns exemplos: Gandhi, o naturalista Chico Mendes, Chico Xavier, que durante a vida foi perseguido por seus adversários, apesar de só ter feito o bem a todos, e por que não citar, até mesmo o próprio Cristo, que é o exemplo máximo de amor, bondade e abnegação que temos como referência. E há centenas de milhares de crianças que são dizimadas durante as guerras todos os dias, mesmo enquanto você lê este texto, sem terem feito mal algum a ninguém. Estavam inocentemente brincando nos quintais de suas casas quando uma bomba as atingiu.

O mal está espalhado pelo mundo. Creio que ele se encontra dentro de cada um de nós, muitas vezes, adormecido, mas é capaz de despertar a qualquer momento se não soubermos dominar nossas baixas inclinações. Mas há também aquela espécie de mal que nos atinge sem que tenhamos feito nada para merecê-lo – como as formigas e pulgões nas minhas roseiras, ou as ervas daninhas que crescem no jardim e que tomam conta dele, acabando com todas as outras plantas se não as exterminarmos a tempo. 

Alguém disse que a maior vantagem do diabo sobre nós, é que muitos não acreditam na sua existência. Eu concordo. Precisamos estar protegidos. Precisamos aprender a nos defender.








terça-feira, 26 de junho de 2018

A Fé, Ganesha e Eu






Há muitas diferentes vivências, definições e entendimentos quanto à fé. Aqui eu vou falar do meu entendimento e da vivência da minha fé, de como eu a interpreto e vivo.

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que respeito todas as religiões, embora não me harmonize pessoalmente com nenhuma delas. Até hoje, não consegui encontrar uma que falasse à minha fé, mas tenho profundo respeito por todas elas, porque eu acho que jamais se deve fazer pouco caso da fé alheia. Por que? Simplesmente porque ela é muito importante para quem a professa; que direito tenho eu de achar-me mais sábia do que os outros, ao ponto de questionar a sua fé? Não preciso ser arrogante ao ponto de tentar ridicularizar a fé alheia, apenas para parecer ‘esperta,’  ‘moderna’ ou ‘independente’. Porém, não acho bom tentar impor a própria fé ou religião aos outros; cada um tem o direito de seguir seu próprio caminho e fazer suas próprias escolhas. 

A minha fé é como se fosse tentáculos que se estendem diante de mim, Para cima e para baixo, e por todos os lados. Eu vivo tentando sentir a energia das coisas, dos lugares e das pessoas. Algumas coisas e alguns lugares chamam a minha atenção, e outros me repelem. A fé é – e deve ser – uma experiência pessoal, e para que ela se expresse, eu vou experimentando o que funciona e o que não funciona para mim. Quem me conhece, sabe da minha ligação forte com São Jorge, porque em um dia de muita necessidade, eu me dirigi a ele e me senti amparada, e a ajuda veio. Depois disso, já recorri a ele várias vezes sendo atendida quase sempre. 

Para explicar melhor essa minha coisa com a fé, vou contar uma historinha pessoal: 

Certa vez, visitei um local aqui em minha cidade chamado “Vale do Amor.’ É um lugar junto às montanhas, cheio de verde, onde existem vários templos que abrangem quase todas as religiões, tudo ao ar livre, junto da natureza e cercado de beleza por todos os lados. De repente, passei diante de uma estátua de Ganesha; eu já tinha visto uma há muito tempo, na internet, e a imagem me intrigou: é um menino com cabeça de elefante. Em volta da imagem, havia muitas frutas. Eu parei, fiquei observando e senti alguma conexão com a imagem, que eu não sei explicar de onde veio. Eu nada sabia sobre a história daquela imagem. Fotografei-a, e publiquei a foto em um site de fotografias do qual participo, o EyeEm. 

No dia seguinte, um indiano tinha deixado um comentário, me perguntando onde eu tinha conseguido aquela foto; expliquei a ele, e ele me respondeu, dizendo que Ganesha é um deus que remove obstáculos e traz prosperidade, e que se eu a cultuasse, ela traria muitas coisas boas para mim. Agradeci o comentário, mas não dei importância. Dias depois, procurando por uma imagem bonita para colocar como fundo na área de trabalho do meu computador, Ganesha reapareceu; baixei a imagem, e deixei-a na minha área de trabalho, mas sem entender direito o porquê de ter feito aquilo. Deixei-a lá por alguns dias, e depois troquei-a por outra. 

O tempo passou; esses encontros e desencontros com Ganesha duraram mais de um ano. Eu assino alguns canais do YouTube, e certa vez recebi de um deles uma notificação por e-mail sobre a história de Ganesha. Acessei, escutei a história, achei muito interessante – gosto muito de lendas. Mas ficou por aí. Porém, ao entrar em uma loja de produtos naturais aqui em minha cidade, na vitrine, lá estava a imagem novamente; uma versão pequena, onde Ganesha veste branco e tem uma pedra vermelha na testa. Achei-a bonita. Trouxe-a para casa. Ainda não sabia bem o que estava procurando. No dia seguinte, resolvi arrumar meu armário de CDs – tenho tantos, que ocupam um armário inteiro! De repente... encontrei um que eu já tinha esquecido que possuía, um CD de música tântrica que contém alguns mantras... Ganesha retratado na capa. Coloquei-o para tocar, e a música se espalhou pela casa. Um sentimento de alegria e gratidão profundas tomou conta de mim.

Bem, a estatueta de Ganesha está lá, na minha sala de aula. Ainda não sei o que ela está fazendo ali, mas eu costumo tocar o CD com seu mantra, e quando passo por ela, sinto que existe algum tipo de vibração emanando dela. Também reparei que o número de pessoas que têm me pedido ajuda quando saio às ruas, e até pessoas que batem à porta da minha casa pedindo alguma coisa, aumentou bastante. E também que algumas coisas que estavam emperradas na minha vida, de repente começaram a caminhar novamente.  Não sei o que significa tudo isso, mas estou seguindo este caminho; isso, para mim, se chama fé. Porque fé não se questiona; a gente sente um impulso, e segue um caminho, confiando nas coincidências que nos trouxeram a ele. 

E eu não acredito que coincidências sejam apenas... coincidências. Elas nascem das raízes da fé. Ou talvez a fé brote das raízes das coincidências. Não sei.





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CINCO QUILOS

        No seu conceber, Cinco quilos me separam da esbelteza. Cinco passos, até que eu seja O 'eu' Que você deseja.   Cinco meses, ...