witch lady

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sábado, 18 de agosto de 2012

Almas Atormentadas - Conto de terror







Era um velho manicômio, já desativado. O prédio de paredes que outrora foram brancas, encimava a colina com suas janelas banguelas de vidraças, e havia apenas um vigia noturno, que de vez em quando, fazia a ronda em volta do prédio (apenas para justificar seu salário de vigia), quando não tinha mais o que fazer. Mas mesmo ele, jamais tivera coragem de adentrar o prédio, pois havia muitas histórias horríveis sobre aquele local.
 
 Histórias que falavam de suicídios, choques elétricos, aprisionamentos em solitárias, serial killers em camisas de força que eram jogados para todo o sempre em celas não-acolchoadas, para que batessem suas cabeças contra a parede até que morressem com as mesmas arrebentadas. 
 
Até que a modernidade veio, questionando os métodos de ‘cura mental’ usados naquele manicômio, que acabou sendo desativado.
 
Todos se foram: loucos, médicos, enfermeiros. Mas havia uma única cela, na qual ninguém jamais entrava; a comida e a água eram empurradas para dentro através de uma abertura na base da porta de ferro. Se alguém olhasse para dentro, através da nesga de vidro, veria lá um homem solitário, de cabelos desgrenhados, unhas compridas e pontudas, olhos vermelhos e injetados. Cumpria sua pena como o louco que assassinara mais de vinte mulheres. Era um serial killer perigoso.
 
Seu nome? O mais comum e confiável possível: Justino. Mais conhecido como Justino, o Matador.
 
O último enfermeiro que tentara dar-lhe um banho, acabou perdendo o nariz, que ficou entre os dentes de Justino. Uma das enfermeiras, ao tentar dar-lhe uma injeção calmante, fora estrangulada. Ele conseguia soltar-se das camisas de força que o prendiam, tal a sua enorme agilidade e força física. Mesmo quando ele era alvejado, de longe, por tranqüilizantes, como se fosse um animal selvagem, o efeito dos mesmos era muito mais curto do que em pessoas normais. 
 
Por que não o deixavam morrer, como faziam com vários outros? Porque Justino era filho adotivo de um magnata do petróleo, que pagava caro para que ele fosse mantido vivo. Este magnata era tutor do rapaz, e enquanto ele permanecesse vivo, receberia uma imensa fortuna, que seria imediatamente doada à caridade em ocasião de seu passamento. 
 
Assim, a lenda de Justino, O Matador, corria pelos corredores do hospital. Ninguém se atrevia a chegar perto dele, e decidiram que fariam apenas o mínimo para que ele permanecesse vivo.
 
Mas um belo dia, o magnata, pai adotivo de Justino e seu tutor, faleceu de um ataque cardíaco. Assim, a fortuna de Justino foi doada para a caridade, como deveria ser. Isto ocorreu pouco antes da desativação do manicômio, e Justino, sem o seu ‘desinteressado protetor,’ ficou cada vez mais esquecido.
 
Às vezes, esqueciam-se até mesmo de alimentá-lo, e seus gritos de fome ecoavam pelo hospital. Quando, finalmente, as portas fecharam, acabaram esquecendo-se dele. Ou teria sido um esquecimento proposital? Teria sido uma vingança, perpetrada em nome de suas muitas vítimas inocentes?
 
Justino pereceu lentamente em sua cela, de fome, frio e sede. De nada adiantou-lhe gritar, pois não havia ninguém para ouvi-lo. O corpo , ou seja, o que restou dele, foi encontrado muitos anos depois, por um grupo de garotos que brincavam nas ruínas do hospital. Ninguém mais se lembrava dele, e seus ossos foram sepultados em uma cova coletiva. 
 
Mas o que ninguém sabia, é que sua alma doente e aprisionada ainda vagava por ali, presa para sempre entre as paredes em ruínas do manicômio. Como companhia, apenas as mesmas almas atormentadas que com ele conviveram.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

GELO







foto: minha - de uma imagem do computador da cervejaria Bohemia 




GELO



Quanto mais os dias passam 


Vai crescendo uma camada 


De gelo, sobre a paixão. 



Quanto mais de mim te afastas, 


Pra mais longe tu viajas 


Do centro do meu coração. 



Quanto mais foges da vida, 


Mais alastra-se a ferida, 


Decompõe-se a emoção... 



E o mais triste, é que não ligas 


Que ao meu corpo, vão ficando 


Estranhas, as tuas mãos! 


**** 



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Alternativas ao Tédio







Alternativas ao tédio

Como todo ser humano, também tenho meus momentos de tédio. Não vejo nada de mal nisso, a não ser que deixemos estes momentos se transformarem em dias, meses, anos... quando estou entediada, procuro fazer algumas coisas que me deixem de novo 'em foco'. Porque se não tomar cuidado, o tédio vai se alastrando que nem hera por cima de um muro. Portanto, sugiro algumas alternativas despretensiosas para estes momentos totalmente brancos. 

-Tédio demais é falta de vivência interior, portanto, enriquecer-se espiritualmente é uma boa ideia. Ler um bom livro, conversar com alguém que consideramos mais espiritualizado que nós, meditar.
-Sair para dar uma volta a pé. Mas prestar atenção à paisagem, desfrutar da beleza das flores e árvores, e se elas estiverem ausentes, sair para ver as vitrines, tomar um sorvete, comprar-se um presente.
- Ajudar alguém que esteja precisando.
- Telefonar a um amigo com quem não falamos há algum tempo, e colocar os assuntos em dia.
-Cozinhar. Escolher alguma receita interessante na Internet e por mãos à obra!
- Assistir a um bom filme.
- Tomar um banho de banheira, com direito a sais, velas, incensos e espuma. Se não tiver banheira, não faz mal: uma chuveirada longa, bem longa.
-Arrumar os armários em casa, passar uma pilha de roupas (você vai achar o tédio excelente depois disso), cuidar do jardim. Tarefas caseiras consumem tempo e a gente pode fazê-las sem ter que prestar muita atenção, e quando nos damos conta, as horas já se passaram!
- Levar o cachorro para passear.
- Ouvir música. de preferência, aqueles vinis antigos, ou CDs de músicas antigas que nos façam recordar bons momentos.
- Ler.
- Escrever. Cartas, diários, crônicas, poemas, contos, qualquer coisa que estimule a imaginação.
-Sentar-se em algum lugar calmo e prestar bastante atenção em volta. Não pensar em problemas, mas ligar-se com o que está em volta, até sentir-se uma parte integrante do Todo.
-Dançar. Não precisa ser em uma discoteca, até na sala de estar vale. No começo, nos sentimos desajeitados, mas depois, começamos a reencontrar os passos e soltar o corpo.
- Tomar um ônibus qualquer que nos leve até um bairro da cidade ao qual nunca fomos, mas que sempre quisemos conhecer. Quando eu era pequena, minha mãe sempre fazia isso, e me levava com ela.
-Tomar café na padaria, se você estiver entediado no trabalho. É uma coisa que adoro fazer até hoje!
-Organizar uma reuniãozinha com os amigos em sua casa num final de semana. Só o fato de organizar tudo já nos tira do estado de tédio.
-Se o tédio for crônico, fazer análise, ou escrever um diário, até descobrir o que está causando tudo. Aliás, escrever diários é um ótimo exercício de auto conhecimento.
-Se você for mulher, marcar um dia no salão e cortar o cabelo, fazer as unhas, cuidar da pele... depois, comprar uma roupa nova.
-Se inscrever em algum tipo de curso, aprender algo novo: bijuteria, pintura, escultura, dança, ou aprender a tocar um instrumento.

Muitas destas dicas eu já usei em alguns momentos em minha vida. Por exemplo,uma vez, comecei a fazer colares. Comprei as contas e os fios, comecei a criar os modelos, e logo, as meninas que trabalhavam comigo começaram a fazer algumas encomendas. Durante uns seis meses, vendi muitos colares, até que eles me entediaram. 
Mas é sempre bom fazer alguma coisa nova. Por isso eu costumo trocar os móveis de lugar, redecorar, fazer algumas mudanças radicais em casa de vez em quando.
Há pouco tempo, comprei um pendrive para colocar músicas para meu marido ouvir no carro. Me diverti fazendo isso durante alguns dias.
Tédio é falta do que fazer, ou então, excesso do que fazer. Equilíbrio previne o tédio, na maioria das vezes.

A Pedra

foto: da autora, imagem virtual de um computador da cervejaria Bohemia





A Pedra

Sentado na pedra, ele via
O rio que sempre passava:
"Sempre as mesmas águas,
Sempre as mesmas águas..."

O sol se erguia e se punha
Ante seus olhos cansados.
calado, ele permanecia
Mas o rio sempre corria.

Seres que vinham a margem
Chegados de suas viagens
por horas, ou talvez por vidas
Permaneciam ao seu lado.

(Suas vidas se tocavam
Como o céu e as nuvens, que ao longe
Parecem compor um só quadro
Mas de perto, um é vapor
E o outro, azul infinito,
Sendo que o azul nem existe).

Súbito, o rio chamava
Para si suas criaturas
E elas seguiam viagem
Mas ele permanecia.

E de dentro do rio, quem via,
Achava que ele chegava,
Chegava, mas logo partia
Pois a pedra só passava.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Visita à Cervejaria Bohemia



Passando por Petrópolis (quer você goste ou não de cerveja), certamente você gostará de visitar a tradicional Cervejaria Bohemia. É uma visita que necessita de , pelo menos, duas horas e meia para ser bem desfrutada. O preço da entrada é um pouco salgado para pessoas que não residem em Petrópolis: $38,00 por pessoa! Mas maiores de 65 anos e estudantes pagam meia entrada, e moradores de Petrópolis, apresentando o comprovante de residência, pagam $15,00.



Vale a pena! Além das duas degustações oferecidas durante a visita, você ficará conhecendo a história da cerveja não apenas no Brasil, mas no mundo todo. O visitante tem acesso a computadores que, a um toque de dedo, abrem as portas de acesso à todas as marcas de cerveja conhecidas no Brasil, quiçá, no mundo!



Quem já esteve em outras cervejarias fora do Brasil, diz que a nossa nada deixa a desejar, e que é até bem melhor.



Uma visita que realmente vale a pena, mesmo com o preço salgado da entrada. Os guias são simpáticos e muito bem treinados.



O que mais me surpreendeu, além da  beleza do lugar, foram a modernidade e praticidade.


A impressão que eu tive durante a visita, é de que eu estava em outro país... os ambientes são muito bem construídos, e tudo é interativo. Há muitas surpresas ao longo do caminho, das quais eu prefiro não falar, para não estragá-las...




Nos intervalos entre os percursos, há lugares para descansar e refazer-se, com ótimas instalações sanitárias. E para os que realmente gostam de cerveja, ao final da visitação poderão desfrutar dos serviços do bar da Bohemia, um point que está cada vez mais badalado aqui na cidade, frequentado por turistas e moradores.



Uma visita imperdível! Entre as atrações, está a interatividade; você pode tirar fotos e postá-las imediatamente no seu perfil de Twitter ou Facebook, ou então, enviá-las para o seu e-mail. E ainda pode construir o seu próprio brasão.



Tenho certeza que mesmo quem não gosta de tomar cerveja, irá gostar dos momentos passados dentro da cervejaria.








Eu Bem que Tento, Mas Assim, Não dá pra Comentar!


Vocês conseguem ler as imagens e letras abaixo?



Imagem de desafio reCAPTCHA  Este número, por exemplo; é 16, 164 ou NRA?


Imagem de desafio reCAPTCHAEsse até que é fácil...


Imagem de desafio reCAPTCHA E este aqui, então, que número é? O que está escrito: kfmon, itinon, kimon ou NRA?


Imagem de desafio reCAPTCHAtenho dúvidas: taepra ou ttlepra?


Imagem de desafio reCAPTCHA número 12, 17 ou só Deus sabe?


Imagem de desafio reCAPTCHAE o que está escrito aqui? É mandarim?


Imagem de desafio reCAPTCHASe você conseguir ler o número do quadrado, eu pago mil reais!


Desative essas coisas, e facilite o acesso aos comentários em seu blog! Você perceberá que suas leituras e comentários aumentarão bastante.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Especulação





A vida pulula entre o silêncio,
No farfalhar das folhas
Asas de centenas de insetos
Que passam por mim, desatentos.

A vida renasce de uma pupa,
A cada dia, uma luta,
Os raios do sol procurando
Um horizonte que lhes dê descanso...

Pululam, no céu, miríades de estrelas,
Tão distantes de nós...
cada uma tem um brilho misterioso,
E algumas já morreram há séculos.

Especulo sobre a vida que pulula
Dentro de mim, o coração pula
E a vida traz à luz, à fórceps,
Uma rosada e inocente certeza...

Existência







Existe, 
Presa no tempo,
Uma certeza
Que voa nas asas das borboletas
E nos chega num raio de sol.

Cada ruga na face,
cada memória,
São partes do livro da História
Do qual somos letras e números.

Descansa no momento que hora vivo,
Alguma coisa, além desta beleza
Que vejo agora:
Algo que pressinto...

Algo que mira-me
Através do olhar pequeno dos passarinhos
Que passam, voando,
E pousam nos galhos mais distantes.


NADA



Nada é certo; nem o fim...
Pobre de ti,
Pobre de mim!

Mendigos do universo
Que se alimentam
De letras e versos!

Até que, enfim,
Alguém desenhe
Um ponto (ou reticências)
Sobre os dilemas
Das aparências...

Essa Coisa







Essa Coisa
Que te esmaga o peito
Não é à toa,
É o instinto que jaz
Além do intento.

É uma certeza
Recém-nascida, temporã
E prematura,
Incubada bem dentro
Esperando
O momento...

Essa coisa
Que questionas
E te desafia,
E te abandona,
Sem geografia,
Sem mapas
No caminho
Que se estende,
É o que te faz gente.

Essa coisa, assim,
Que não se explica
Nem replica,
Não se desculpa
Ou justifica,
Corre nas veias...

Essa coisa
Sem sobrenome
De origem dúbia
E dolorida
Chama-se vida...

Até quando,
Essa coisa?...

Sobras de Bolo



Quem tem família, sabe: sempre que há uma festinha de aniversário, na hora de ir embora temos que levar um pedacinho de bolo e uns docinhos para casa. Na festa,  comemos tanto antes do bolo, que na hora de saboreá-lo, estamos tão enfastiados que comemos apenas um pedacinho pequeno, ou então, o recusamos. Portanto, o pedaço que levamos para casa - e saboreamos na manhã seguinte, durante o café da manhã - tem um gosto especial...

Geralmente, está gelado, e o contraste com a xícara de café com leite quentinho, é o que há de bom! Saboreamos também algumas lembranças da festinha, os melhores ( e até mesmo os piores) momentos. Depois, o bolo volta para a geladeira, e podemos até nos esquecer dele por um dia ou dois, até que bate aquela vontade de comer um docinho, e nos recordamos que lá no cantinho da geladeira, ainda tem um pedaço de bolo! Não tão saboroso, desta vez; quem sabe, um pouco ressecado pelo frio, mas bolo é bolo, doce é doce, e certamente, ele 'quebrará um galho...'

Na família de meu marido, aniversários são ocasiões sempre tradicionais, com direito a bolo, "Parabéns pra Você" e hora de distribuição de presentes. E mesmo os membros da família que moram em lugares mais distantes, mandam seus recadinhos. 

Aniversários são datas ambíguas: ao mesmo que comemoramos mais um ano de vida, não nos damos conta de que é também mais um ano que vai embora, levando consigo um pedaço de nossa juventude. Visão pessimista? Não; realista! Mas mesmo assim, eu acho que aniversários devem ser celebrados, com ou sem festa. Porque na verdade, o que celebramos, é a vida.

Hoje de manhã, ainda comi um pedaço do bolo de aniversário de meu marido... 

Marido, desejo a você toda a felicidade do mundo, muita saúde e paz de espírito!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Tudo Passa




Tudo nessa vida vai passando
Em vertiginosa velocidade:
Acontecimentos que se entremeiam,
Se transpassam,
Passam.

A dor mais aguda, a alegria,
A felicidade, a juventude,
A hora e o minuto, a noite, o dia,
Pessoas, lugares, e paisagens...

Tudo nessa vida vai passando
Em vertiginosa velocidade:
Lágrimas que caem, secam, marcam,
Risos brancos que amarelecem,
Dentes caem...

E as carnes vão ficando moles,
E os músculos vão perdendo a força,
E assim passam todos, a criança,
O jovem, o adulto, passa a moça...

E dentro da poça
De repente, o vislumbre
Do céu que fica, e jamais passa,
"O Sempre Céu" de Richard Bach,
Debaixo dele, os ossos ficam brancos...

E tudo passa, a dor, o medo, e a vergonha,
Memórias passam, tornam-se poeira,
E até mesmo as estrelas envelhecem,
E o pó da vida caído nas beiras
Será soprado pelo bafo do tempo
Que não tem piedade ou sentimento.

***
O tempo é como uma religião, pois ouve todas as orações que passam por ele, e sua única certeza, é o final.


Fôlego






Uma linda tarde, a de ontem. Minha irmã me telefona, convidando-me para passear pela cidade. Marcamos de nos encontrar na avenida, próximo ao Museu. Minha mãe veio com ela, e está animadíssima para começar o passeio!

Seguimos pela Rua Dezesseis de Março, e subimos a Nelson de Sá Earp. Almoçamos no Liberty Garden, e depois atravessamos a Praça da Liberdade, caminhando pela Koeller e a Ypiranga, em direção ao Parque Municipal. Paramos para descansar alguns minutos na pracinha em frente à Catedral, onde um grupo de turistas da terceira idade fazia um lanchinho: frutas, iogurte e sanduíches.

Percebo o quanto minha mãe tem fôlego... na volta, ela reclama que o sapato está machucando um pouco. Foi a sua única reclamação durante a tarde toda, e mesmo assim, porque eu perguntei - notei que ela estava meio-calada. 

Paramos no posto de gasolina da Treze de Maio para tomar um sorvete no McDonald's, e depois, por insistência minha, tomamos um ônibus até o centro da cidade - ela queria ir andando, mesmo com o sapato machucando o calcanhar!

Ao chegar no centro, eu já estava bem cansada... e descubro uma greve parcial dos rodoviários... o maior tumulto na avenida, e decido tomar um táxi para casa, enquanto ela, ainda toda serelepe, vai fazer compras com a minha irmã. Ufa! Graças a Deus ela é tão forte e saudável.... 

Só para lemrbar: ela tem 85 anos.




Descanso






Só queria um lugar para descansar,
Proteger-se do vento, pois estava triste,
Ofereci-lhe meu dedo em riste.

Só queria parar por alguns instantes
Para descansar suas asas doridas
De tanto perder-se a voar pela vida...

Dei-lhe tudo o que tinha; um aeroporto,
Um pouso seguro, um pouco de tempo
Mas ela se foi, pois era do vento...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Dúbia




Seu sim, não;
Seu não, sim;
Talvez, jamais;
Seu nunca, sempre...

Dúbia, dúbia, dúbia,
Deveras mente!

Sorriso amarelo,
No peito, um degelo,
Olhar que observa,
Fixando-se inteiro
Na luz e na treva,
Caminho do meio,
Por cima do muro,
Metade ou inteiro...

Dúbia, dúbia, dúbia...
Se cala, grita,
Se grita, é rouca,
Se sóbria, insana,
Se sã, é louca!

Metaforando,
Observando,
O bote armando,
A língua ardendo
Dentro da boca...

Dúbia, dúbia, dúbia,
Não compreende, 
Ninguém a entende,
Se diz, não sente,
Se sente, cala,
Distorce a fala
Deveras, mente!

A Grande Transição da Terra - Resenha





Hoje em dia, qualquer um que erga a cabeça acima do próprio mundinho e veja, com olhos críticos, o caminho que estamos seguindo - tirando óbvias conclusões sobre aonde ele vai dar - é chamado de fanático, pessimista e até mesmo, louco.

Muito se ouve sobre o fim do mundo. Há pessoas que exageram nas cores, com o mero intuito de causar pânico e sensacionalismo, mas há também aquelas que, baseadas em uma visão crítica, trabalho de pesquisa e até mesmo, uma previsão de futuro que tem suas raízes na lógica, e não no misticismo exacerbado, podem chegar a tristes quadros sobre a nossa jornada aqui neste planeta que tanto maltratamos.

O mais incrível de tudo isto, é que somos a todo momento expostos às notícias, que nos mostram catástrofes ecológicas, crises financeiras, guerras e violência ocorrendo logo ali, na calçada de nossa casa, e após nos indignarmos por alguns breves instantes, logo saímos para o trabalho e esquecemos o fato. Nós não nos lembramos de tirar alguns minutos de folga para recostar a cabeça no coração do planeta, e ver que ele está batendo mais fracamente...

Uma destas pessoas que tem visão crítica (que passa bem longe do fanatismo e do sensacionalismo) e que tenta alertar-nos sobre o que está por vir, é Denis Moreira, em sua obra "A Grande Transição da terra," livro lançado em abril deste ano, e portanto, contendo as mais atualizadas pesquisas científicas, sócio-culturais e religiosas. Com muita sabedoria e bom senso, Denis Moreira fala-nos não do fim do mundo, mas do fim dos mundinhos. O fim dessa mania pervertida que temos de enxergarmos apenas os próprios umbigos e de nos preocuparmos apenas com o que vem ao encontro de nossos interesses pessoais e bem-estar momentâneos, sem darmos a mínima para as outras criaturas e para o planeta em que vivemos - como se pudéssemos viver sem ele!

Citando autoridades mundiais em meio-ambiente, como o cientista James Lovelock e o ambientalista Tim Flannery, Denis Moreira nos conduz a repensar nossas atitudes, alertando-nos de que a Grande Transição não está para começar a qualquer momento, mas que já estamos passando por ela, e que o doloroso desfecho, que está mais próximo do que se pensa, e que será visto ainda em nosso tempo de vida, já é irreversível. A alternativa? Preparar-nos para ele.

Quando acontece uma infecção bacteriana, para livramo-nos dela, é preciso que tomemos fortes medicamentos para matar as bactérias e re-estabelecer o equilíbrio do organismo. E foi exatamente nisto que nos transformamos: perigosas bactérias planetárias, de poder altamente destrutivo. O que virá daqui por diante, será apenas uma cura para o planeta.

Não haverá um fim do mundo, e sim, o fim dos mundinhos e o extermínio de grande parte da população da terra. O que, em minha humilde opinião, será uma graça para o planeta.

Com toda certeza, daqui a pouco, todos os que riem de homens como Denis Moreira, Tim Flannery, Stephen Hawking e James Lovelock (que foi ridicularizado pelos seus colegas nos anos sessenta) estarão chorando lágrimas amargas! 

Agora podem voltar aos seus mundinhos.






quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Apostas






Apostas sobrepostas
Nas bancas da vida:
Umas vencedoras,
Outras, vencidas...
Estradas fechadas,
Fontes ressequidas,
Palavras erradas,
Almas corroídas... 

Nem sempre, haverá
Faixas pintadas,
Muitas vezes,
Não há nada!...

Ninguém na chegada,
Apostas perdidas,
Silêncios pesados,
Cassinos fechados...

Quem sabe, a derrota
Seja bem mais fácil
Do que a vitória?...

E o esquecimento
Te traga mais paz
Que um dia de glória?

Faixa de Gaza





Faixa de Gaza

Enfaixados, um a um,
Os cadáveres e as almas
Lado a lado, empilhados
Desterrados, enterrados.

Amarrados aos escombros
Pelas faixas do rancor
Podridão, destruição,
Consumados no terror.

Dia e noite, noite e dia
Fuzis, bombas, rebeldia
Numa terra de ninguém
O algoz feito refém.

Todos rezam para Deus
A pedir que sejam salvos
E que sejam protegidos
De transformarem-se em alvos.

Deus retira-se, cansado
Ele mesmo , indiferente
Aos pedidos absurdos
Desta raça de dementes

Que não vê que em uma guerra
Não há nenhum vencedor
Nem vencido, apenas vítimas
De um constante desamor.

Em Breve




Em breve será noite,
E a brisa leve que transporta as nuvens,
Trará meus sonhos de volta,
Leves e macios,
Bastará que eu feche os olhos,
Entregando-me ao sono tardio.

Em breve, tudo será quieto,
Tudo em volta, um só mistério,
E apenas o velho relógio
Há de ser ouvido,
Marcando o compasso
Dos meus fracos passos
Até aquele sonho perdido...


Em breve, um negro abraço
Há de embalar o que resta
Dos meus tênues desejos,
Trocando-os pela promessa
Que ninguém nos prometeu,
Mas que da morte, cobramos,
Como quem nem sequer viveu...

Em breve, estarei sozinha,
E todos terão ido embora,
Deixando cair, pela última vez,
A última lágrima de saudade que restar...
Serei esquecida, varrida,
Com tudo o que ficar de mim 
Em outras vidas.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Diante de um Olhar Vazio







Diante de Um Olhar Vazio


Diante de um olhar vazio,
Perdido nas ondas agitadas de um copo,
A vida passa, e não retorna.

Cada momento sendo bebido, tragado,
Virando ressaca
Dentro do teu olhar frouxo e dormente...

Olha, que a vida passa,
Ela passa, e não retorna
Para buscar quem não foi com ela!...
Olha, que a vida morre,
E ela se esconde, de repente,
N'algum buraco de terra,
Negro, frio e indigente!...

E mesmo que, ao reabrir dos olhos,
Tu lá estejas novamente,

A vida que passou mornamente
Não voltará atrás; é vida ida,
Perdida, largada e escorrida
Pelos esgotos da indiferença...

Parceiros

VIDA

  Passarinho pousado no muro da casa Carrega no bico a intenção do ninho. Borboleta azul de grandiosas asas Recém libertada da dor do casulo...