Dizem que quem passou dos quarenta está na meia idade. Pode ser, pois hoje em dia, alguém com 40 anos chega a viver além dos oitenta com saúde e disposição; mas, aos 51, estamos virando o Cabo da Boa Esperança – alguém aí conhece quem tenha 102 anos? Meia idade é metade da vida, e já estou além. Pra lá do meio da estrada.
Eu olho tudo o que está acontecendo no mundo hoje em dia, e penso nos momentos em que estou dedicada a uma intensa faxina da casa: as coisas fora dos seus lugares, panos e esfregões espalhados pela casa, garrafas de desinfetante, cera líquida e lustra móveis pelos cantos. A poeira por trás dos móveis aparece, e insetos mortos e secos parecem embalados por ela. Pode ser que baratas e demais insetos, sentindo-se desalojados, passem a correr pela casa, espalhando pânico e desejando manter seus esconderijos.
A casa está em seu momento mais caótico, e se chegar uma visita, provavelmente não terá onde sentar-se.
Mas quando a faxina termina, parece que a casa ganha vida nova: as coisas limpas, perfumadas e em seus lugares. Dá gosto andar pelos cômodos e pensar: “eu que fiz,” e imaginar desfrutar de tudo com a pessoa amada.
O mundo está num estado caótico. Acho que estamos vivendo momentos de transição. Vemos coisas acontecendo das quais até Deus duvida (e acho que Ele deve estar apavorado com as coisas que andam acontecendo por aqui). E o que torna tudo ainda mais difícil, é a não aceitação de tais transições por pessoas que desejam manter tudo como está, indo contra o bom senso. Ao invés de analisarem tudo sob uma nova ótica, continuam usando a velha (ca)ótica de sempre, indo contra tudo, sendo contra tudo, não importa o quanto as mudanças sejam necessárias – o que prevalece para estas pessoas é o orgulho ferido, a vingança, a incitação ao ódio, a incoerência.
Eu prefiro ver essa bagunça como uma fase necessária, antes que a casa fiquei limpa e arrumada. Gosto de dar uma chance aos acontecimentos antes de ir contra eles. Nem sempre as minhas escolhas e preferências são as escolhas e preferências da maioria, e quando isso acontece, devo respeitar os fatos, sem torcer contra, sem querer que dê tudo errado, sem espalhar pânico, boatos e maledicências. As bestas do Apocalipse estão soltas, e correm pelo mundo, nascendo das linhas de blogs, sites e jornais, no formato de crônicas inflamadas e muitas vezes, mentirosas.
Eu já tenho mais que a metade do meu caminho andado. E quando eu paro para pensar, dou graças a Deus por isso. Tenho pena dos que estão chegando agora, e que serão adultos daqui a alguns anos. Sinto muita pena por essa idiotice que grassa por todo o planeta, pelos jovens que são manipulados como marionetes pelas mãos egoístas de quem só quer ver o circo pegar fogo a fim de defenderem seus interesses pessoais.
Tenho horror ao discurso pronto e repetitivo que sai de suas bocas quando eles cometem o sacrilégio de abri-las e dizerem o que os outros pensaram por eles. Causam-me asco os clichés incansavelmente repetidos, que nem fazem mais sentido, que não se encaixam mais em lugar nenhum.
Espero que eu esteja certa, e que esta bagunça seja apenas uma fase de transição, e que logo as coisas se ajeitem e as pessoas se acalmem. De qualquer forma, não estarei aqui para ver como tudo ficará, e ao olhar em volta, dou graças por isso.
Espero tbm que essa bagunça se ajeite...
ResponderExcluirBeijos...
Bela analogia para esta casa tão desarrumada perdida num canto da estrada. Temo que os faxineiros sejam sujos e que teremos mesmo que arregaçar as mangas e pegar na vassoura numa faxina radical de velhas arrumadeiras interesseiras que nao cortam nem as pontas de seus dedos na faina, mas que acham normal as mãos dilaceradas das serventes.
ResponderExcluirE como voce tenho preocupação com quem vem nesta estrada e não pode repousar nesta casa sem a real faxina.
Abraços nobre cavaleira do Apocalipse.
Bjs.