witch lady

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terça-feira, 5 de junho de 2012

Ela Chegou, e Trouxe uma Menina...





Finalmente, a chuva deu o ar de sua graça. Chegou ainda há pouco, anunciada por um trovão longínquo. Trouxe com ela uma menina que eu conheci há muito tempo, uma adolescente que gostava de ouvir música sentada sobre o parapeito da janela quando chovia. Ela tinha cabelos pretos, lisos e longos, o corpo magro e flexível e o frescor da juventude nos passos.

Ela deixava que seu olhar se perdesse na paisagem à janela, enquanto a música que tocava a conduzia a algum lugar para longe dali. Sonhava, como todas as garotas da sua idade, com algum menino lindo que conhecia, cujo amor platônico jamais chegou a pertencer-lhe.

Às vezes, ela sentia uma vontade enorme de chorar, e então, ia fazer as unhas dos pés. Enquanto o seu olhar embaçado turvava-lhe a visão, tirava imensos bifes de suas cutículas, pintando as unhas de vermelho para disfarçar. Usava, para ir à escola (sempre rebelde quanto ao item 'uniforme') uma calça jeans verde muito desbotada, um par de tênis velhos e uma suéter de lã branca. 

Ela era fã incondicional do Queen e do Supertramp, e adorava cantar. Passava horas e horas ouvindo música, e assim, memorizou quase todas as suas letras preferidas. Mais tarde, as colegas sempre se surpreendiam com a facilidade que ela tinha ao participar de um jogo, que era assim: alguém dizia uma palavra, e outra pessoa tinha que cantar uma música que tivesse aquela palavra na letra. Ela sempre vencia!

Amava assistir filmes de Elvis Presley na Sessão da Tarde.  Também apreciava os filmes dos anos 40, que assistia com a mãe. Quis ser bailarina, mas não aconteceu... treinou para ser baliza da escola, mas no final, deram o cargo a outra menina. Tentou aprender música e violão, mas achou difícil demais. Durante algum tempo, estudou Jazz, mas acabou desistindo, pois a professora foi muito grosseira com ela, um dia. Chegou a participar de corridas rústicas na sua cidade, mas achou cansativo demais. Fez Yoga,  mas achou muito monótono. 

Apesar de ser uma linda menina, achava-se feia, desengonçada  e sem graça. Era tímida, muito tímida! Preferia assistir a participar. Péssima esportista, ela escondia-se atrás das árvores do pátio da escola durante as aulas de Educação Física. Na sexta série, ela gostava de matar aulas e ir para os jardins do Museu Imperial com suas duas melhores amigas. Lá, elas praticavam sua atividade predileta: conversar e fumar, fingindo que eram adultas e intelectualizadas. 

Muitas vezes, ela ia para casa à pé da escola, apenas para passar em frente à casa de uma doceira do bairro que fazia e vendia deliciosos picolés caseiros de abacate, coco, chocolate e manga.

Ela tinha um segredo: gostava de escrever histórias, que ela colocava em cadernos e escondia em seu armário de roupas. Muitas ficaram inacabadas, e outras tantas, foram queimadas ou rasgadas após terminá-las. Apenas gostava de escrever. Também tinha  a mania de fazer diários, mas morrendo de medo que alguém os lesse e descobrisse seus segredos, ela também os destruía a todos. 

Nos finais de semana, ela adorava ir dançar com seus amigos e sua irmã mais velha em um clube famoso da cidade. Durante as férias, as duas passavam o dia todo na piscina do clube, e almoçavam batatas fritas e Coca-Cola. Por isso, ela tinha a pele muito bronzeada. 

Para ir ao clube dançar, ela contornava os olhos com lápis preto, colocava um brilho labial avermelhado, sandálias com meias brilhosas e coloridas e trancinhas finas sobre os cabelos. Adorava dançar! 

Não teve muitos namorados, apenas alguns ficantes e paqueras. Era tímida demais para investir nos meninos que a interessavam. Além disso, não conseguia fazer como as irmãs e algumas amigas, que mentiam aos pais, dizendo que estavam com as amigas enquanto namoravam. Não sabia mentir; nunca aprendeu.

A menina que me visitou hoje, adorava andar na chuva. Pisava dentro das poças d'água, ficava com os cabelos escorrendo de tão molhados. A mãe sempre ralhava com ela, pois tinha problemas crônicos de garganta, que só conseguiu curar após os vinte anos de idade. 

Bem, há muito mais coisas sobre aquela menina, que veio com a chuva para visitar-me. Eu bem que tentei ignorá-la, mas ela insistiu que eu contasse um pouquinho de sua história, pois acha que anda meio-esquecida por mim, ultimamente... prometi a ela que, na próxima chuva, eu estarei lá, dançando, de braços abertos, em sua homenagem.

Relaxando...



Chego em casa do burburinho da rua, ônibus, carros passando, obras, multidões, sirenes, calor, britadeiras... e olha que Petrópolis é considerada uma cidade pequena!

Só de girar a chave no portão, já me sinto melhor. A Latifa me recebe com seu sorriso calmo de boas vindas. Abro a porta da sala, coloco as compras em uma cadeira, escancaro janelas. Acendo um incenso, coloco uma música suave e, jogando uma almofada no tapete, deito-me com os pés apoiados na parede e relaxo... 

Chegar em casa é sempre como chegar a um porto seguro, uma espécie de templo!

Deixo que meus olhos se percam nas árvores lá longe, enquanto a música suave - Emílio Santiago - me relaxa totalmente... deixo-me ficar assim por alguns minutos, e quando já estou pronta, levanto-me, alongando o corpo e estou pronta para retomar minhas atividades.

Todo mundo deveria ter o direito de tirar férias de cinco minutos todos os dias, como naquele antigo comercial de sabonetes!

A Mágoa



A mágoa
É um sentimento que afoga
O magoador  em densas águas
Feitas de ondas bravias...

Não há resgate
A quem cause mágoas...

A mágoa
Pode arranhar um carinho,
Perturbar um silêncio
Provocar maremotos
Em calmas águas...

Que Deus me livre
De causar ou de sentir mágoas...

E se um dia eu for tomada
Pela força destas águas
Magoadas,
Que eu afogue as lembranças,
Que eu acalme essas ondas
Antes do naufrágio
Da minha frágil fragata.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A PASSAGEM DO TEMPO SOBRE AS COISAS




Adoro uma coisa nova. Aquele cheirinho que tem nas roupas novas, que vem daquelas lojas perfumadas com aromatizantes... cheiro de sapato novo de couro, de parede recém-pintada, rosa recém-aberta, madeira nova... adoro o cheiro que vem das caixas dos aparelhos eletrodomésticos novinhos em folha, e cheiro de carro novo.

Mas existe uma magia típica das coisas velhinhas, que já sentem a passagem do tempo... elas tem uma história para contar; testemunharam muitos acontecimentos. Sobreviveram a muitas pessoas que já se foram há tempos.

Aquele reboco que cai da parede envelhecida, um vasinho de planta lascado, a calçada com musgo nos cantinhos, uma joia de família. Não gosto de adquirir objetos usados sem saber a quem eles pertenceram, mas adoro quando alguma coisa de família vai passando de geração em geração; uma peça de mobília, por exemplo, ou aquela colchinha de retalhos que foi da tia-avó de alguém. Um paninho de crochê, uma poltrona velha e um pouco gasta, um quadro, um livro...

As coisas velhas trazem em si a energia das pessoas a quem elas pertenceram, por isso, devemos ser cuidadosos ao adquiri-las. Dizem que ao comprar coisas em antiquários ou sebos ( o que não tenho por hábito), é aconselhável lavá-las com água e sal - se não for possível lavar, pelo menos passar um pano umedecido nesta mistura - e depois, deixá-las ao sol durante algum tempo, a fim de 'desmagnetizá-las.' Por isso, apesar de adorar as coisas velhinhas, prefiro só adquiri-las se conhecer a procedência.

Não sou do tipo de pessoa que tende a acumular objetos; mas existem alguns que gosto de guardar, como por exemplo, meus discos de vinil.

A passagem do tempo sobre as coisas deixa marcas indeléveis. Tenho uma mesa na adega cujos pés tem as marcas dos dentes do Aleph (meu falecido cão) quando ele ainda era um filhote. Algo que ele fez estará sempre ali. Jamais vou me desfazer daquela mesa.

Apesar da era digital, as fotos que revemos ao reunir a família, são as velhas fotografias de papel, algumas ainda em preto-e-branco. 

A MORTE E SEUS CRITÉRIOS





Nos revoltamos contra a morte, pois achamos que ela tem sentimentos, como nós. A morte é apenas uma senhora que cumpre o seu dever... não faz diferença entre ricos, pobres, jovens, velhos, saudáveis ou doentes: leva a quem tem que levar, porque esta é a sua missão. Não a entendemos, pois achamos sempre que ela deve levar os velhos e doentes, e de repente, ela leva os jovens e saudáveis.

Para provar, talvez, que todos aqui temos as mesmas chances e corremos os mesmos perigos, e que ninguém é invulnerável. Você aí, na segurança de sua casa cheia de alarmes, ou talvez você, que se preocupa com o futuro e tem um investimento para a aposentadoria, ou talvez ou outro aí no cantinho, que só sai de casa durante o dia, com medo da violência.  Quem sabe, aqueles que pagam planos de saúde caríssimos, como se isso os tornassem imunes à morte. Mas a Dona Morte está sempre rondando, e nos observa o tempo todo...


Mas ela recebe ordens; não age sozinha. Portanto, é injusto culpá-la por tudo. Todos temos que morrer um dia. Quando? Não nos cabe decidir. Quem vai primeiro? Qual o critério da escolha? Deve haver algum, com certeza... quem sabe, um dia tenhamos esta resposta? Recuso-me a acreditar no acaso.



Assim como existem planos de saúde (que na verdade, são planos de doença) , seminários para ensinar as pessoas a viverem melhor, e seguros de vida, seguros contra incêndios e desabamentos, ou seja, tudo que nos faça viver aqui por mais tempo, acho que deveria haver também, seguros de morte; explico: quem tiver um seguro de morte, terá apoio psicológico e espiritual para morrer, ou aceitar a morte dos entes queridos,quando chegar a hora. Deveria haver cursos que nos preparassem para a morte, assim como nos preparam para a vida. Porque a morte está aí, para todos nós, e ela faz parte da vida, quer queiramos, quer não. Socá-la no fundo do baú não vai fazer com que ela deixe de existir.



Curtir a vida é importante; sermos felizes, fazermos as coisas que gostamos, viajar... tudo isso é ótimo! Mas acho que todos seríamos bem mais felizes se estivéssemos preparados para a morte. Ela deixaria de ser um tabu, e deixaria de nos amedrontar tanto.



A morte tem seus critérios, que não são sempre os mesmos que os nossos, e por isso, não a entendemos. Acho que o erro não está na morte e no morrer, mas no viver negando coisas que fazem parte da vida. Todos nós nos portamos como crianças birrentas diante da morte: não queremos ir, e nem aceitamos que os outros vão. Mas a morte e a vida são duas mães que não admitem pirraças, e fazem aquilo que elas acham melhor para o crescimento e amadurecimento de seus filhos. E ficamos perguntando: "Mas mãe, por que?!" E elas nos olham, com aquele olhar de quem sabe tudo - até mesmo que não temos ainda idade para compreender a resposta, se elas tentassem nos explicar - e então elas suSpiram fundo e dizem: "Ora... porque sim!"


Lágrimas da Montanha







Cai a chuva

Inunda a pedra
Chora
Em
     cas
          ca
             tas
A montanha...

Lágrimas
Frescas
Brancas
Calmas...

Encharcam
A terra,
Lavam,
Limpam,
Fertilizam.

lágrimas

Si 
       nu
  o
        sas..

A Fé Remove Montanhas?







Algumas pessoas acreditam que a fé remove montanhas. Eu tenho certeza que não.

Mas também estou certa de que a fé poderá nos levar a conseguir a quantidade de dinamite que necessitamos para remover a montanha. Montanhas e obstáculos são corpos sólidos, enormes, e não serão removidos, jamais, apenas com fé.

Mas mesmo quando usamos uma enorme quantidade de dinamite, a montanha poderá ser tão grande e tão sólida, que não conseguiremos removê-la, nem com todo o nosso esforço, mesmo que passemos anos tentando.

Neste caso, a fé nos ajudará a achar um caminho para contorná-la. Ou escalá-la.

Ou quem sabe, a serenidade para convivermos com a montanha, incorporando-a à nossa paisagem diária. Poderemos acabar achando-a bonita. Pode ser até que venhamos a descobrir que ela está ali para proteger-nos do vento e das tempestades. Quem sabe?

Muitas vezes a gente se encontra diante do inevitável. Viver é estarmos sujeitos a mudanças bruscas, a qualquer momento. Nem dá tempo de pensarmos muito, ou de aceitarmos estas mudanças, mas com o tempo, vemos que é a única coisa a ser feita. A vida não esperará que estejamos prontos, mas se soubermos ler os sinais ao longo do caminho, se prestarmos atenção, poderemos estar melhor preparados para o Grande Momento Inevitável - que pode ser a perda de um emprego, uma morte, uma doença.

O que há do outro lado da montanha?

Estamos acostumados a nos acostumarmos. Uma cadeirinha, e pronto: logo nos sentamos nela, e para não perdermos o lugar, podemos permanecer sentados durante toda a festa! Com certeza, não perderemos o lugar, mas perderemos... a festa! Eu acho que a montanha que aparece de repente no meio da nossa vida, pode ter esta função: fazer com que nos levantemos. Fazer com que passemos a agir! Fazer com que, finalmente, FAÇAMOS ALGUMA COISA DIFERENTE.

Ah, mas é fácil? Não. Quem disse que é? Mas eu acredito - tenho fé - de que existe um lugar certo para todo mundo nessa vida. E que, quando não estamos satisfeitos, ou quando a montanha surge, podemos tranquilamente, nos levantar e procurar outros lugares.

Muitos dizem não terem fé porque não acreditam em Deus. Mas eu acho que podemos ter fé em várias coisas, não necessariamente em Deus; podemos ter fé na vida, em nós mesmos, na fitinha do Bonfim, na espada de São Jorge (plantinha que muitos acreditam proteger a casa), ou seja lá no que for. Até mesmo no grão de mostarda. Mas acredito que a fé mais importante, é a fé na vida.

Não podemos nos comportar como crianças mimadas. Não podemos esperar que tudo sempre aconteça do jeitinho que queremos, ainda mais agora, nesses tempos de mudanças rápidas. Temos que ter resiliência. Temos de nos adaptar ao recipiente que nos contém. Ou procurar outro recipiente.


A Esperança




A esperança é a mãe de todos os milagres, mas sofre muitos abortos espontâneos.

A Ciganinha





"Vai a sorte, senhora? Tarôt, mão, presente, passado e futuro..."

Este era o seu pregão, a todos  que passavam por ela - uma ciganinha de porte miúdo, já de meia-idade, sentada sozinha num banquinho no calçadão da Praia de Iracema. Tinha os olhos contornados com lápis preto, meio-borrados, e os lábios pintados por um batom vermelho sem-brilho. Cabelos pretos e longos,um tanto ensebados e já ficando grisalhos. As roupas , uma fantasia de cigana, estavam rotas e sujas.

Ela fica ali o tempo todo (passamos por ela duas noites seguidas). Tem o olhar um tanto perdido, e não sei como ela pretende convencer alguém de que é capaz de ler o futuro. Uma pessoa tão sem expectativas... fiquei pensando na possível vida que aquela moça leva: muito pobre, talvez more muito mal ou nem tenha onde morar. Quem sabe, tem filhos pequenos? Ou talvez seja totalmente sozinha.

Pode ser que ela sonhe com uma cigana de verdade, que um dia, há de chegar perto dela, sentando-se ao seu lado, tomando-lhe as mãos e lendo, para ela, um lindo futuro!...

A FELICIDADE É O CAMINHO








Existe uma padaria aqui em Petrópolis, na Rua 13 de maio, que sempre coloca alguma frase de efeito escrita a giz em um quadro, bem à mostra, para ser lida por quem está passando. É impossível não esticar a cabeça para fora da janela do ônibus ou do carro para ler a frase do dia, ou da semana. Às vezes a frase é longa e o ônibus passa rápido demais, então eu leio a segunda parte na volta.


Ontem, a frase lida era a seguinte: "Não existe um caminho para a felicidade: a felicidade é o caminho." Geralmente, eles não mencionam os autores da frase, portanto, mas alguém me disse que foi Gandhi. . 


Achei-a uma frase linda e verdadeira. Sempre temos a impressão de que devemos buscar alcançar coisas materiais ou espirituais a fim de obter a felicidade. Assim, acabamos tornando a felicidade apenas uma angustiante busca, que às vezes se revela infrutífera, já que a maioria das pessoas acha que só pode ser feliz "quando"... 


Acho que a felicidade não pode estar em lugar algum, a não ser dentro de cada um de nós. Através dela, podemos encontrar o restante: as coisas materiais e espirituais, necessárias para completar nossa vivência. Se não carrego comigo a felicidade, serei incapaz de apreciar um belo passeio, uma obra de arte, uma bela música, uma pessoa... quem é infeliz, não vê nenhuma graça na vida. 


Até mesmo para facilitar a cura de uma doença, a gente deve tomar doses diárias de felicidade. O pessimismo- tanto do doente quanto das pessoas que o cercam - só vai servir para agravar ainda mais o problema. Já presenciei muitas vezes, pessoas que se aproximam da cama de um doente com lágrimas nos olhos, mostrando piedade ou consternação, e quando elas se vão, o doente parece ainda mais doente. Outras, chegam contando as boas novidades, insulam otimismo, fazem sorrir. Quando se afastam, o doente sente-se melhor e dorme um sono tranquilo. 


Acho que sentimentos tem o poder de contagiar. Tanto para o bem quanto para o mal. Quem nunca sentiu dor-de-cabeça perto de alguém potencialmente infeliz ou negativo? Quem nunca sofreu o efeito de um "espalha-montinho", ou seja, aquela pessoa que chega em um grupo de outras pessoas que conversam animadamente e, em cinco minutos, todos parecem desanimados e se afastam, um a um? E quem não conhece alguém cuja presença é sempre requisitada, pois tem a capacidade de transmitir a paz a todo mundo? 


Vou repetir esta frase agora, ao final do texto, para que ela tenha realmente um efeito duradouro sobre você, que a lê: 


"NÃO EXISTE UM CAMINHO PARA A FELICIDADE: A FELICIDADE É O CAMINHO!"






PUBLICADO ORIGINALMENTE NO RECANTO DAS LETRAS

A Tristeza e o Dia de Sol



Luz e sombra,
Um pássaro voa,
Outro, se espanta
E foge.

O sol encima,
Lança luz
Sobre a cisma
Derrete a dor

Que profusa,
Escorre em lavas
Adentra a Terra.

Uma nuvem passa,
Sombra ligeira
Que é dissipada.

Prevalece
O azul.


Eu Sonhei que Você Dançava







Eu Sonhei que Você Dançava



Nenhuma música tocava,
Mesmo assim, você dançava
Nos ladrilhos da cozinha...


Passos firmes e seguros,
Braços soltos desenhando
Aquilo que eu estava sonhando...



Sonhei que você dançava,
E bem leve, assim sorria,
Sem pesos, dores ou medos...



O futuro se abria
Te abraçava e recebia
Os teus sonhos, com carinho...



Sonhar era só rotina,
O presente era tranquilo
E o passado, não existia!



O teu rosto estava calmo,
Um sorriso desenhado
Naturalmente, se abria!



Sonhei que você dançava,
E a você eu me juntei
Saboreando a alegria!



Pois sonhei que você dançava,
Sonhei que você sorria,
Sonhei que você sonhava!




domingo, 3 de junho de 2012

A Magia de Escrever








Acho que tenho passado tempo demais escrevendo... mas é uma das coisas que eu mais adoro fazer. 


As palavras e idéias vão surgindo e se entrelaçando... as frases se formam. Adiciono alguma imagem, que eu mesma fotografo e edito, e pronto: nasce mais uma crônica, poema, pensamento ou conto. E quando termino, fico como uma mãe coruja, contemplando meu bebê recém-nascido, mas isso não dura muito, pois logo vem a vontade de escrever mais um. 

Acho que se eu colocasse todos os meus textos em páginas, daria para dar a volta ao mundo algumas vezes com as folhas.

É um vício: até quando eu ando pela rua, tudo me faz ter mais uma ideia para uma crônica, poema, pensamento... acho que ando obcecada. 

Sem contar com os benefícios psicológicos que o ato de escrever traz a todos nós. A gente fica se autoconhecendo (isso, quando não tentamos mascarar sentimentos e mentir para nós mesmos), e até a vida muda. Os relacionamentos, as interações. escrever, para mim, é vital. Gostaria muito de viver disso, nunca mais precisando fazer outra coisa para ganhar a vida. 

Acho que viver é uma experiência riquíssima, e não consigo achar tédio na vida. Mesmo nas situações tristes, a gente encontra alguma coisa útil, um aprendizado, uma nova visão. Acordar todos os dias, olhar em volta com os olhos da alma, ao invés de bufar e dizer: "mais uma segunda-feira!", faz parte da magia de viver. 

É claro, às vezes a coisa desanda, eu perco o prumo. Mas o importante, é retornar ao ponto de equilíbrio, e tenho conseguido fazer isso. Pois escrever me auxilia no caminho de volta. Como eu escrevi em um poema há muitos anos, "Perdida de Mim", aqui publicado: 

"Perdida de mim eu andei tanto tempo/que já nem me lembro por onde que andei/Mas sei que voltei mais dona de mim/ Eu não me sabia, mas hoje, eu me sei.../ ...E caso algum dia eu me perca outra vez/ Talvez seja fácil me reencontrar/ Tracei meu caminho, uma trilha se fez/Hoje posso ir, pois sei como voltar." 

Escrever deu-me esta certeza. Agradeço todos os dias porque eu posso escrever. Agradeço também a todos que tem a paciência de ler meus escritos, do fundo do meu coração. Fico sempre feliz quando fico sabendo que alguém aproveitou alguma coisa deles, sempre!




EXTIRPAR



'Extirpar' é um verbo forte!
Se eu precisar usá-lo,
Que eu extirpe o preconceito,
Mas jamais o meu direito
De lembrar do que foi belo!

As lembranças são relíquias
Da beleza que vivemos,
Das pessoas que se foram
Mas deixaram suas marcas...

As lembranças, fragmentos
De lindos dias de sol,
Da suavidade da chuva,
De um riso qu'inda ecoa...

Se for preciso 'extirpar,'
Que eu extirpe a arrogância
De achar-me sempre certa,
De querer ter dominância!

Que eu extirpe a tal vontade
De estar sempre em evidência,
Perpetrando minha inveja
Aos limites da decência!

Que eu extirpe a ilusão
De estar entre os eleitos,
Que eu extirpe a perfeição,
Essa dama vagabunda,
Que só traz comparação
Da inveja, oriunda!

Quero manter as lembranças
Do que foi bom e bonito,
Que eleva e que me enleva
Às alturas do espírito,

Só quero ter o direito
De errar e corrigir
Os meus erros, sem o dedo
Dos que acham-se perfeitos!




Pequenas Lições




Como seres humanos 'pensantes,' nos achamos superiores às outras criaturas. Julgamo-nos os mais fortes, os que tem mais direitos, os mais inteligentes, os que podem fazer e desfazer, achar e 'desachar.' Se alguém ou algo nos incomoda, achamos lícito matar, afastar, atacar.

Gosto muito de observar a natureza, e dela tiro muitas coisas úteis que trago para minha vida. Outro dia, capinando algumas ervas daninhas, deparei com este grupinho de insetos escondidos sob a folhagem, iluminados apenas por um raiozinho de sol que passava entre as folhas, vivendo as suas vidinhas.

Ocupavam o espaço que lhes era necessário. Permaneciam unidos, sem rivalizar uns aos outros. Não discutiam quem era o mais importante, ou qual crença religiosa era a mais certa, ou delimitavam espaços em volta deles: apenas viviam, e unidos, desfrutavam da vida e do raiozinho de sol que lhes cabia.

Eram tão pequenos, que um olhar menos atento não os teria sequer enxergado. Mas eles não são bonitos?

Capinei o mato em volta deles, e deixei-os ali, onde estavam...

É Batata!!!



Postei a foto da minha Latifa. Achei que ficaria desinteressante postar a de uma batata!


É batata!!!

Este é um texto sobre batatas. Isso mesmo! Ao pé da letra.
Porque hoje eu estava cozinhando o almoço, quando pensei: por que não preparar um purê de batatas? 

Minha história com as batatas é antiga. Sou uma ativa defensora e admiradora delas, desde pequenininha, quando minha mãe dava-me comida na boca: caldinho de feijão, arroz e purê de batatas, que era o único legume que eu aceitava. Só quando já estava adulta aprendi a apreciar os demais legumes.

Voltando ao purê: esqueça a forma tradicional de preparar o purê, com leite e manteiga. Fica bom, mas ele acaba azedando, e não fica com o mesmo sabor, se sobrar do almoço para o jantar. Ao invés disso, amasse as batatas e ponha creme de leite puro. Ele fica delicioso e consistente, exatamente como aquele purê de batatas do filme Contatos Imediatos do Terceiro Grau. E tende a resistir até o jantar!

Mas, caso sobre algum e você não deseje repetir a dose, jogue um ou dois ovos inteiros no que sobrou, acrescente mais tempero, algumas colheres de trigo, queijo ralado e bastante salsa e cebolinha picadas; mexa muito bem, e frite às colheradas. É uma delícia!

Quem resiste a uma maionese de batatas em dias de calor? Com maçã picadinha é dez... batatas ficam maravilhosas de qualquer maneira. Fritas, então, nem se fala! E danem-se as calorias! Eu costumo fervê-las e depois prepará-las ao forno, gratinadas com bastante queijo. Fica chique! Também fica muito bom preparar uma sopa de batatas, deixando-as cozinhar até desmanchar, e depois colocar couve picada bem fininha. 

Existem mil e uma maneiras de preparar batatas. Mesmo quando estou de dieta, jamais deixo de comê-las. Basta não comer arroz, macarrão ou feijão junto com elas, e não vamos engordar.

Jamais conheci alguém que não gostasse de batatas. Ou melhor, apenas uma pessoa: um amigo que morou algum tempo na Inglaterra. Ele disse que serviam batatas religiosamente todos os dias, e ele já não aguentava mais. Por fim, na hora das refeições ele saía de fininho e ia comer biscoitos em seu quarto. Eu acho que eu ia adorar morar na Inglaterra, não só pelo clima, mas pelas batatas também.

Quando eu era bem pequena, espetava uns palitos de fósforos nas batatas cruas, e fazia porquinhos. Pena que minha mãe acabasse sempre servindo os meus porquinhos no almoço. Foi uma época um tanto traumática, ver meus amigos boiando na água fervente...

Batatas são batata, quando se quer preparar uma refeição às pressas, pois elas são muito versáteis. Por exemplo, quando chega alguém de surprêsa para o almoço, é só fazer um nhoque de batatas e jogar um molho de carne-moída por cima. 

Em tempo: quando vier a Petrópolis, não deixe de comer as batatas infladas do Majórica; são batatas fritas que ficam com uma bolha de ar bem no meio. Já tentei fazer em casa, mas não consegui.

Dica


Como deixar de receber emails indesejados?

Você clica em 'responder.'

Aparecerá, no topo do email, do lado esquerdo, o seguinte: "You are subscribed to email updates from ______________ (nome da pessoa);

Em baixo: "To stop receiving these emails, you may unsubscribe now." Você clica ali, e uma janela se abre, perguntando se você tem certeza que quer executar a ação. Você clica em 'Yes' e pronto: você não mais receberá os emails!

Acabo de fazê-lo, e dá certinho!


Boa sorte!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Domingo na Praça

Praça da Liberdade, ou Praça Rui Barbosa, Petrópolis

Esta praça é o nosso 'Central Park...' É ali que as pessoas se reúnem  com suas crianças nos finais de semana, para tomar sol sentados nos banquinhos de pedra, enquanto os pequenos se divertem nos balanços e gangorras, ou andam de bicicleta. Tem também os tradicionais passeios de bodinhos (ai, que dó deles...). Mas apesar de hoje eu sentir muita pena ao vê-los puxando as carroças, às vezes, com três crianças, quando eu era pequena também adorava passear de bodinho!

A gente passa, e logo sente o cheirinho de pipoca e algodão doce... também é ali que os casais de namorados costuma marcar encontros.


Um lugar delicioso, onde gosto de apenas sentar-me e observar o movimento... depois, um passeio à pé pelas redondezas, e ali pertinho podemos visitar a Casa de Santos Dumont, A Encantada. Ou quem sabe, ir ver as figuras do Museu de Cera. Mas se a fome 'pintar,' você pode almoçar no Liberty Garden, ou fazer um lanche na Confeitaria Katz, tudo ali pertinho. Se prefere massas, atravesse a rua e vá ao Luiggi.

Para fazer a digestão, uma boa pedida é passear a pé pela Av. Koeller e ir visitar a Catedral São Pedro de Alcântara; disposto a andar mais um pouco? Cruze a 13 de Maio e visite o Palácio de Cristal!

Esse Curinga está simplesmente perfeito!

Palácio de Cristal

NATUREZA



Não, não vou falar da beleza
Da natureza; fugirei a tal cliché.

Mas as gotas nessa folha,
Gotejaram ao contrário,
Para dentro dos meus olhos...

Mas eu disse, eu não queria
Falar sobre a natureza...

Tentarei sempre evitar 
Rimas pobres que me ocorrem;
Mas... como falar de beleza?

A natureza é um sentido,
Que se sente sem dizer...

Não, não vou falar da beleza
Da natureza; fugirei a tal cliché?...
É preciso sutileza...

LIXO no LIXO! - Faxinando o blog



Joguei o lixo no lixo,
Como deveria fazer,
Eu quero um espaço limpo,
E uma vassoura resolve
Quando o lixo ganha espaço
Querendo se intrometer.

Não venha me doutrinar,
Pois não tens conhecimento
Para tentar me mudar;
Eu sou aquela que sou,
Tua terapia é inútil,
É livre o meu pensamento.

E se te desagrado tanto,
Sinto muito, nem pensei
Que a minha simples presença
Neste blog tão pequeno
Despertasse mal-querença
Em quem nem imaginei...

Siga em paz o teu caminho,
E eu, seguirei o meu.
Não preciso ir onde estás, 
Nem você, vir onde estou,
Sinto muito se tu achas
Que o meu brilho a empanou.

O meu nome em tua boca
Nos emails que mandou
Para todas as pessoas
Dizendo ser eu a louca,
Tentando me denegrir
A ti mesma denunciou!

Ninguém jamais recebeu
Qualquer mensagem de mim
Falando de tua pessoa,
Pois eu não perco meu tempo
Fofocando qual comadre
Sobre gente que destoa
Do que eu chamo 'gente boa!'

Espero que os teus anjinhos
Possam limpar tua alma
Da tua tola pretensão
Que corre solta em tua língua
Ao achares que és tão nobre,
De energia imaculada
Enquanto me arrastas no chão!

Reze muito, pois precisas,
Tua energia anda má...
Senti-a nas letras vermelhas
Garrafais, que tu usastes
Para jogar-me palavras
Como pedras sobre telhas!

Minha porta está fechada
A tua má influência,
Pois eu não sou quem tu  pensas,
Não sou fraca nem covarde,
Não uso de meias palavras
Para provocar alarde!

 Não camuflo quem eu sou,
Eu não finjo gentileza...
Não sorrio pela frente
E por trás, rangendo os dentes,
Solto impropérios sujos
Sobre as vidas de outras gentes!




Parceiros

CINCO QUILOS

        No seu conceber, Cinco quilos me separam da esbelteza. Cinco passos, até que eu seja O 'eu' Que você deseja.   Cinco meses, ...