Mais versos de Gregório de Matos. Qualquer semelhança com fatos ou pessoas reais que estejam na mídia neste momento terá sido mera coincidência.
Senhor Antão de Sousa de Menezes,
Quem sobe ao alto lugar, que não merece,
Homem sobe, asno vai, burro parece,
Que o subir é desgraça muitas vezes.
A fortunilha, autora de entremezes
Transpõe em burro o herói que indigno cresce:
Desanda a roda, e logo homem parece,
Que é discreta a fortuna em seus reveses.
Homem sei eu que foi vossenhoria,
Quando o pisava da fortuna a roda,
Burro foi ao subir tão alto clima.
Pois, alto! Vá descendo onde jazia,
Verá quanto melhor se lhe acomoda
Ser homem embaixo do que burro em cima.
Subir ao degrau mais alto sem saber lá se manter é como mergulhar num rio sem saber nadar. Pior que um burro.
ResponderExcluirGrande Gregório! Belo soneto!
Abraços,
Furtado