Às vezes, se fico muito tempo longe, sinto falta do cheiro da minha casa, das cores das paredes, das plantas no jardim. Fico pensando naquele livro que eu estou lendo, e que esqueci de colocar na mala; penso nos meus cães - será que estão sendo bem cuidados? Sentem saudades? - e também fico preocupada se minhas plantinhas estão sendo regadas.
Entre um momento de diversão e outro, entre um descanso e outro, quando eu estou longe de casa eu fecho os olhos e penso nos sons dos meus sinos de vento, e de manhã cedinho, no canto dos passarinhos na árvore que fica à janela do meu quarto. Penso em seus galhos verdinhos quase batendo no vidro, e me pergunto se alguém se lembrou de trocar a comida dos pássaros no comedouro, e a água dos beija-flores.
Bem no meio de um passeio, eu de repente me pego pensando que o lugar mais lindo do mundo fica num quadradinho cercado por um muro de hera, com um gramado cheio de falhas devido às brincadeiras dos cães de correr atrás das bolinhas e sairem derrapando, arrancando tufos de grama. E como eu sinto saudades de mexer em minhas panelas na cozinha, colocar as coisas todas em ordem, varrer as folhas secas do quintal e deitar-me na rede da varanda!
E quando estou de volta, a casa me espera, como uma velha amiga que eu deixei para trás, mas que nunca me esqueceu, e de quem eu nunca me esqueci, e ela me recebe sem julgamentos, sem cobranças - apesar da poeira que descansa pacientemente sobre os móveis e objetos - e de braços bem abertos.
Se eu não voltasse, o que seria dela? Aos poucos, se deterioraria; o jardim transformar-se-ia em um matagal disforme, impenetrável e temível, talvez criadouro de cobras e aranhas; as paredes descascariam as cores, as cobertas e roupas ficariam mofadas, e os passarinhos não mais voltariam, pois não mais teriam para quem cantar. Se eu não voltasse, a casa deixaria de ser um lar. Quem sabe, em anos, alguém poderia abrir suas portas e perguntar a si mesmo; "Quem morou aqui?" E através dos restos mortais do que encontrasse, tentaria reconstruir a história da minha casa, e através dela, a minha história.
Boa tarde, Ana, tão bom quando nos identificamos com nossa casa, é como se nossas energias se confundissem com as dela, tal a simbiose entre nós.
ResponderExcluirNossa casa, nosso eu, nossa vida, harmoniosamente sentidos e entrelaçados.
Muito lindo, feliz semana, abraços carinhosos
Maria Teresa
Boa Noite, querida Ana!
ResponderExcluirUma coisa incrível, após ler seu psot, dei uma paradinha com os blogs e vim arrumar meu quarto... Ficou novinho em folha!
Gosto muito da minha casa também e, mesmo viajando, volto feliz porque sinto que aqui é meu lugar e pra onde for morar um dia, será lá meu lugar...
Agradeço a Deus todos os dias de ter um lar... é uma bênção infinita!
Bjm muito fraterno
Bom dia Ana!
ResponderExcluirEu também sou exatamente assim, quando estou a viajar e que saudades que dá.
Gostei muito de ler você, grande beijo em seu coração e grata por sua visita.
A casa é a continuidade do nosso eu...
ResponderExcluirBeijos...