Segura firme
As linhas poucas
Da tua costura,
Pois que elas abrem,
Pois que elas fendem,
Pois que elas mostram
O que te resta
Da tua pouca
Compostura!
Estica a linha,
Passa na agulha,
Costura o rasgo
Dessa lisura,
Que só atesta
O que te resta,
Essa fratura
Na tua testa!
Prende bem forte
Borda por cima
Um sol ardente
Nesse teu medo,
Nesse teu asco
Que nunca mente
Sobre a mentira
Que é tua vida:
Retalho podre
De podre fita!
Ah amei! Adoro poemas assim, que comparam sentimentos/emoções com objetos/ações. Bem legal!
ResponderExcluirAs costuras e emendas vão deixando cicatrizes até que a alma se purifique e, decantada da pobre vida, possa galgar o curso estelar supremo. Meus aplausos, Ana, por mais essa preciosidade poética encantadora.
ResponderExcluirLindo poetar amiga Ana, tens uma boa intimidade com as palavras, bem assim, a vida é de muitos remendos, até que chega um dia em que não há mais como remendar!
ResponderExcluirAh, os versos:"...prende bem forte/borda por cima..."diz muito mais do que tudo!
Abraços bem apertados!
Há quem nenhuma costura remenda Ana.
ResponderExcluirBonito e forte inspirar.
Abraços.
Ana, a beleza de seus versos não pede sequer um alinhavo. E abordam rasgos que nenhum bordado é capaz de disfarçar. Bjs.
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