Primeiro, você só se cala,
Guarda o medo na garganta;
E então você se dobra,
Tentando caber no espaço
Que lhe foi determinado.
Ignora a dor nas costas,
A vontade de correr,
E aquele “não” que te chega,
Você cisma em não dizer
Por medo de não ser aceito,
Por medo de não pertencer!
Depois, você não escuta,
Ou finge não entender
As indiretas agudas
Que te lançam por prazer.
E cala mais fundo a palavra,
Lavra a alma, mas não colhe
O suposto amor plantado,
Pois aquele que semeou
Usou sementes já secas,
Quebrou os dentes do arado.
Então, você já nem chora,
Pois já está acostumado
A comer só as migalhas
Daquilo que for partilhado.
Fecha os olhos e os ouvidos,
Cala a dor e aprende a ser
Dissimulado, fingido,
Acreditando que assim
É fácil sobreviver.
Mas quem sabe, um dia, acorda,
Sacode o pó da mentira,
Se estica, se desentorta,
Suportando a dor nos ossos
Que há muito tempo, são tortos?...
Respira um ar renovado,
Abra os olhos, solta o verbo!
Desfaz os nós do passado
E chega à beira do abismo,
Ensaiando um voo tímido
Sem temer ser machucado,
Pois saiba que a dor da queda
Iminente, é bem menor
Que a de ter “se adaptado!”
Bom dia linda amiga Ana!
ResponderExcluirTexto rico, seus versos tocam fundo, pois é bem assim, acredito que o que cega e emudece é a ignorância e o medo, assim aos poucos as pessoas acham melhor "deixar para lá", se "adaptar", mas a alma grita e um dia chega ao limite, perde-se tudo, mas se liberta, quem sabe em tempo?!
Adorei ler aqui!
Abraços apertados!
Tudo na vida é aprendizado!!
ResponderExcluirbjokas =)
Quantas pessoas se anulam para não desagradar" o outro... Quantos deixam de fazer o que gostam para fazer o que o outro quer..
ResponderExcluirPior é que existem muitas pessoas (na minha opinião fracas de tudo!) que se deixam dominar assim, mas certo é, que sempre chegará o dia em que o "copo" enche e derrama o que tem dentro dele. A duras penas a ficha cai, e a alma sofrida e angustiada "renasce" outra vez.
Adorei ler. Beijos e um feliz natal amiga.
Até mais, Suzana.
Olá Ana
ResponderExcluirO pior é que tem gente que morrer sem nunca ter acordado.
Bjux
Seu poema, Ana, prende pela descrição de uma vida que não compensa ser vivida, daí sua renúncia a ela.
ResponderExcluirGostei muito. Parabéns.
Um abraço.
“Existem momentos na vida da gente, em que as palavras perdem o sentido ou parecem inúteis, e, por mais que a gente pense numa forma de empregá-las elas parecem não servir. Então a gente não diz, apenas sente.” ―Sigmund Freud E quando sentimos passamos a viver.
ResponderExcluirUm feliz natal e um super 2015 com muitas bençãos.
Sempre um trabalho de qualidade.
ResponderExcluirLindas palavras...
ResponderExcluirCaminhando e aprendendo...
Beijos!!!