Ficou tudo pelo chão,
E é bom que tenha ficado.
Um vento lento a soprar
Desfez as tramas do passado
E levou, consigo, o legado
Para bem longe do mundo.
-Toda a inútil ilusão,
Arrogância, presunção,
Palavras de amor ou de ódio,
Escárnio, riso, e o punho
Que arremeteu os punhais
Cravados no coração.
Ficou sim, tudo no chão,
E a chuva que chegou
Lavou, levou e depois
Veio o sol, e desbotou
Os restos do que ficou.
Descoloriu sentimentos,
Apagou os pensamentos,
Preencheu de vazio os momentos
E nada, nada mais ficou
Além do que ficou no chão,
A fim de ser esquecido,
Daqui levado, varrido,
Como será carregado
Tudo aquilo que ainda está.
E agora, eu me pergunto:
Do que será que valeu
Tanto ódio, tanto pus,
Tanta mentira inventada,
Tantas lâminas cravadas
No caule frágil da flor?...
No fim, só fica o amor,
E mesmo este, algum dia
Segue a mesma estrada fria,
Vai no rastro indefinível
De quem nunca mais voltou.
Ficou no chão o sentido,
Derramado feito água
No meio daquela estrada
Que ninguém mais percorreu...
Ficou toda a injúria vil,
De um coração desabrido
E desta, nem mesmo um til
Poderá ser removido.
Valeu?...
Que linda poesia Aninha!
ResponderExcluirTocou na minha saudade...
Beijo em seu coração
Nicinha
Um beijo, Ana !
ResponderExcluirQue tudo que seja pesado e triste o vento leve para bem longe.
ResponderExcluirSó permaneça o que é verdadeiro.
bjokas =)
Ana Bailune
ResponderExcluirGosto muito de poemas assim que, além de bonitos, têm um ritmo, de certo modo, alucinante. O teu poema, é dos que sempre releio, tentando entrar na sua cadência.
Resultou bem.
Beijos
Até o tapete da sala alçou voo e partiu
ResponderExcluirE nada ficou, apenas este cheiro a embriagar.
Então me diga se valeu, todas as noites perdidas?
Uma maravilha Ana como toda sua arte.
Carinhoso abraço amiga.
Sempre vale! Aprendemos uma nova lição com cada um desses acontecimentos e a Vida se encarrega de levar embora, aquilo que já não necessitamos com tanta urgência. Minha querida Ana, sempre belos versos, boas reflexões aqui em tua páginna. Meu carinho,_______________LL
ResponderExcluirSe ficar o amor, diria que valeu; se nada ficar, nada valerá.
ResponderExcluirApenas passamos. E desapercebidos.
Também gostei da cadência, da construção. É como beber quando se está com sede... Vamos indo, num sôfrego, se pararmos perdemos aquele embalo gostoso. O Daniel Costa falou bem.
Beijo, Ana.
Ana, creio que tudo valeu, independente do desgosto, que também se vai em um momento. Só o amor não pode deixar de existir. Bjs.
ResponderExcluirPrezada Ana Bailune
ResponderExcluirNas vezes que visito seu blog sou agraciado com pétalas de luz, gratidão, compaixão, faces do amor e tantos outros sentimentos nobres e valiosos que desejamos e, nós de bom coração, compartilhamos com aqueles seres humanos que deles carecem. Seu poema expressa profundamente sua sensibilidade e consciência não tão somente com a natureza ambiental, mas particularmente com a essência humana, esse lado tão obscuro de todos nós que desejamos conhecer, para minimizar nossa ansiedade, temores, rancores e inseguranças. É difícil expressar e mensurar a amplitude de tudo o que o poema expressa. Ele é maravilhoso, doce e adorável. Parabéns, com o soar de tambores celestiais e o som visceral da trombeta de um anjo.