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segunda-feira, 29 de abril de 2019

Um Jardim Tem Seu Preço



Imagens: coisas que estão / já estiveram em meu jardim



Ando tentando melhorar a aparência do meu jardinzinho. Gostaria de colocar algumas estatuetas e uma fonte; ele precisa de mais flores e plantas, e o gramado precisa ser adubado. Tudo isso custa dinheiro, que tenho economizado a fim de atingir o meu objetivo.






Um jardim é importante, assim como uma casa - um refúgio -  em meio a tantas coisas ruins e negativas que estão no mundo. Ficar alguns minutos durante o dia em um lugar calmo, em silêncio, observando a natureza, é como uma cura para a alma, pois alivia o estresse e traz perspectivas mais positivas. Mas até mesmo o cultivo da paz de espírito pode dar trabalho!





Quando nos mudamos para cá, ganhamos de presente um ipê roxo. Ele tinha menos de trinta centímetros de comprimento, e nós o plantamos em um canto do jardim. Hoje ele está mais alto do que a casa, que tem dois andares. Durante alguns meses do ano - entre março e junho - as folhas começam a cair, e o gramado precisa ser varrido todos os dias, se eu quiser mantê-lo limpo e com boa aparência. para alguns, isso pode ser bem cansativo, mas quando pego no ancinho, aproveito para tirar alguns momentos para meditar e me exercitar fisicamente, pois dá trabalho recolher tantas folhas secas todos os dias. 


Leona




Meu ipê, que tem nove anos de idade, dá pouquíssimas flores, mas aguardo pacientemente para que ele esteja pronto para cobrir-se de flores roxas que o vento vai espalhar pela casa. Vai ser lindo! 





Quando o vento sopra e as folhas vão se soltando e se espalhando pelo gramado, eu penso na vida. Pode parecer um cliché, mas se a gente observar a natureza, verá que ela nos revela muitas coisas as quais chamamos mistérios. As folhas secas caem, são varridas, depois vêm as flores, e novas folhas nascem. Na mesma árvore. Porque a árvore fica. 


Muitas saudades do nosso Aleph, que se foi em 2012


Tenho também um ipê amarelo, desses de jardim, não muito grandes. Ele é antigo, e andou meio-adoecido; achei que ia morrer. Próximo a ele, eu tinha um vaso de plantas. Um dia, vi que alguma coisa estava crescendo no vaso: um novo ipê, com certeza plantado ali por uma semente do ipê antigo que caiu! Parece que ele quer deixar um sucessor. Plantei-o nos fundos da casa, junto à cerca do canil, e lá está ele. Eu o vejo todos os dias pela janela da minha sala de aula, junto ao muro de hera, enquanto estou trabalhando. Cresceu, e já está bem alto. Reparei que há várias bolinhas peludas nas pontas, que são botões, e que ele vai florir em setembro, como seu 'pai.' 


Mootley



Eu olho para as árvores e 'sinto' se elas são meninos ou meninas... tento adivinhar. O ipê amarelo, com certeza, é menino: descolado, vive o momento sem criar muito caso. O ipê roxo é menina, pois é melindroso e gosta de fazer suspense. O meu cedro é menino: um senhor antigo, nodoso, forte. Mas a cerejeira é menina, sem sombra de dúvida. Uma mocinha.




Eu ando entre essas árvores todos os dias. Olho como vão indo as minhas plantinhas novas. Elas iam mal, porque formigas as estavam devorando. Tentei de tudo o que vi em sites e blogs para livrar-me das formigas de forma democrática: joguei água com sabão, canela em pó, cravinhos da índia. Até conversei com elas e pedi para irem embora, como sugeriu um site esotérico. Mas elas não iam embora, e só se multiplicavam e comiam as minhas plantas. Fingi que era uma poda natural, até que elas começaram a fazer buracos nas pilastras de madeira da garagem, a invadirem o canil e morderem os cachorros e a entrarem dentro de casa em fileiras. Não teve jeito: tive que usar veneno.





Matei centenas de formigas. Lamentei, mas não teve jeito: quando a praga é muito grande, a gente precisa lutar pelo nosso direito de ter uma casa, um jardim. Precisamos combater os invasores. Na vida também é assim: se a gente não toma cuidado, invadem as nossas vidas e tomam os nossos espaços, relegando-nos a qualquer cantinho obscuro. 





Ontem assisti ao filme Olhos Grandes, sobre uma artista plástica dos anos sessenta que deixou que o marido assumisse a autoria de suas obras porque ele tinha mais tino para os negócios, e mulheres artistas não eram respeitadas na época. Eles ficaram ricos. Ela passava horas trabalhando em um quartinho nos fundos da casa. Não podia receber amigos, pois eles poderiam descobrir que era ela que pintava os quadros. Não tinha vida social e mentia até para a própria filha. Enquanto ela trabalhava anonimamente,  ele vendia os quadros, ficava famoso, fazia amigos e admiradores, saía com outras mulheres. Eu me lembrei das formigas no meu jardim, e achei que fiz bem em acabar com elas. 




Todo jardim tem seu preço. Ele demanda trabalho, dedicação e investimento. Você vai passar muito tempo se livrando de pragas, replantando mudas, adubando, reconstruindo canteiros que a chuva estragou, arrancando ervas daninhas e fazendo a rega. Mas vale a pena, porque é o seu jardim.

É a sua vida.





4 comentários:

  1. Boa tarde de paz, querida amiga Ana!
    Gosto tanto de jardinagem que quase fiz um curso na FATEC, ha uns poucos anos no RJ.
    Gostei do paralelo que fez do jardim, ervas daninhas, formigas... A vida tem de tudo e o mal ha que ser extirpado pela raiz.
    Gostei muito da mensagem aqui deixada.
    Tenha dias serenos!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

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  2. Bela explanação e lindas fotos. Viver sempre junto a natureza é maravilhoso.
    Um abraço.
    Élys.

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