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quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Ploct, Ploct, Ploct...







Ploct, Ploct, Ploct...

Era um ruído semelhante a este que uma vez, tarde da noite, eu e meu marido ouvimos enquanto assistíamos TV. Acabáramos de nos mudar para esta casa, e ficamos intrigados. Prestamos atenção e descobrimos que vinha do lado de fora da casa, quando algo caía sobre o telhado da varanda.

Meu marido pegou a lanterna e colocou o foco de luz direcionado para a árvore que fica em frente à janela - um enorme cedro. Logo descobrimos o motivo do barulho: na árvore, um morcego raposa, em sua posição típica de cabeça para baixo, comia ameixas e cuspia os caroços sobre o telhado da varanda. Eles batiam contra as telhas, escorregavam e iam cair debaixo da árvore.

Dias depois, notei pequenos arbustos crescendo em volta da árvore, e ao puxar um deles, deparei com um caroço de ameixa preso à raíz. Notei que havia também muitas outras árvores-bebês: pitangueiras, goiabeiras, laranjeiras. Infelizmente, tive que removêr as mudas, pois não caberiam no meu pequeno jardim. Faço isso até hoje.

Em frente à minha casa existe uma mata. De vez em quando, um de meus vizinhos vai lá e literalmente 'faz a feira' para mim: taiobas, limões galegos, abacates, chuchus, bananas. Ninguém foi ali plantar estas coisas, elas brotam espontaneamente do chão com a ajuda preciosa de pássaros e morcegos.

Quando fui a Belém do Pará, notei que as ruas eram cobertas por mangas que caíam das enormes mangueiras que sombreavam as alamedas, e ninguém as colhiam. Elas ficavam lá, apodrecendo.

Na Bahia, uma água de coco é tão barata, devido à abundância destes frutos, que quando estive lá, tomava umas cinco por dia.

Em um país de solo tão rico, e com tanta variedade de coisas para se plantar e comer, é um absurdo que haja tanta gente passando fome; é lógico que existem muitas coisas erradas, e eu acho que eu sei de onde elas surgem: da preguiça do povo. Preguiça em achar que alguém tem que fazer tudo para elas, e que o Governo vai suprir todas as suas necessidades sem que elas precisem trabalhar muito.

As pessoas têm preguiça até mesmo de levarem suas crianças ao posto de vacinação, e por isso, várias doenças que já tinham sido erradicadas estão voltando.

O resultado, é este que vemos.

Ao plantarmos nossos votos nas urnas pensando apenas em interesses pessoais - votos que já não fazem mais 'ploc, ploc' quando eles caem, mas 'plim!' - continuaremos a encarar, todos os dias, o mesmo cenário no qual estamos vivendo: desemprego, falta de esperança, pobreza, desprezo pela arte e pela cultura, corrupção e ideologias absurdas e que não levam a nada de bom.

Ao invés de plantarmos sementes de goiabeiras, ameixeiras, limoeiros e bananeiras, estaremos semeando corrupção, manipulação e apologia ao crime.

Melhor pensar bem. Porque os morcegos que cospem as sementes por lá não são os mesmos que cospem as sementes por aqui.




6 comentários:

  1. Querida Ana, amei ler aqui, nossa, como é lindo isso, ver as plantas crescendo e colher os frutos!
    Também concordo contigo, escrevi um poema mais ou menos parecido, pois as pessoas não lutam tanto para conseguirem realizar seus sonhos, a vida por si só já é uma dádiva!
    Abraços apertados!

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  2. Uma crônica irretocável, adorei, aliás sempre gosto muito do que você escreve, lamento não ter o tempo que gostaria de ter para poder estar sempre nas casas que tanto amo e valem muito a pena como a sua. Obrigada querida por estes momentos ímpares. bjos

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  3. Numa terra com tanta abundância não há necessidade da fome… O povo tem que ser educado para não ter preguiça de fazer o que é para seu bem. Estou sempre a torcer para que tudo corra melhor no Brasil. Gostei muito da sua crónica.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  4. Ploc, ploc ,ploc Ana precisamos desta lucidez, para fazer o diferente naturalmente. A natureza está aí a nos ensinar. Pois de plim, plim já estamos fartos.
    Abraços amiga.

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