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sexta-feira, 31 de março de 2017

"Paz Sem Voz?"







Às vezes na vida não basta que sejamos pacientes e cordatos; é preciso exigir pressa, é preciso cobrar providências. A paciência é uma virtude, mas quando exagerada, camufla a covardia.

Não basta, a fim de mantermos a paz, que finjamos não ouvir as injúrias, as indiretas e as palavras ríspidas a nós dirigidas; é preciso que olhemos nos olhos dos nossos ofensores e deixemos bem claro que não mais toleraremos tal comportamento. 

Manter a paz a qualquer custo pode nos levar a contrair doenças psicossomáticas causadas por emoções reprimidas; além disso, quem sempre finge não se importar ao ser ofendido, torna-se saco de pancadas e é taxado de bobo.
Não é possível dizer sempre “sim” a tudo que nos pedem, especialmente naqueles momentos que reservamos para nosso descanso, meditação ou lazer. 

Quem sempre se desloca para atender pedidos alheios, corre o risco de nunca mais ter paz. E não será valorizado por isso, pois na primeira vez em que realmente não puder atender a um pedido, será chamado de egoísta. Aprender a dizer “não” quando algo não nos é conveniente, não nos diz respeito, ou simplesmente é algo não queremos fazer, é sinal de força, e ajuda a impor limites para que não invadam a nossa tranquilidade e a nossa privacidade. 

Muitos de nós passamos muito tempo apenas tentando defender nossos espaços; mas às vezes, é preciso ser mais convincente, e ao invés de apenas nos defendermos, enquanto o inimigo ganha território, é necessário atacar, fazer o inimigo recuar a fim de que retomemos o espaço que nos pertence. Quem não sabe ser combativo, termina sendo acuado a um canto, obedecendo as determinações que mais convém às necessidades alheias.

Perdoar não quer dizer voltarmos a nos submeter a quem frequentemente abusa de nós e nos magoa; muitas vezes, perdoar e esquecer favorece bem mais a quem perdoa do que a quem é perdoado, pois nos dá paz de espírito e espaço para seguirmos com a vida, sem nos prendermos a ressentimentos e nos contaminarmos com a raiva e com pensamentos vingativos. Porém, é preciso, algumas vezes perdoar e esquecer aqueles que vivem nos fazendo mal.

Ser feliz é melhor que ter razão? Depende; quem poderia dizer-se feliz, quando tem certeza absoluta de alguma coisa, mas concorda em abrir mão de suas ideias apenas para agradar aos outros ou conservar uma falsa paz? Ser feliz também é lutar pelas nossas convicções, especialmente quando temos certeza de que elas são verdadeiras. Quem deixa que suas convicções sejam sempre atropeladas, acaba mudo, relegado ao quartinho dos fundos onde ninguém o respeita. 

Há certas situações na vida que exigem que saibamos nos impor, lutar pelo que acreditamos, dizer não, erguer limites, desfazer amizades abusivas, sair da estrada reta e virar à direita ou à esquerda, em direção a um novo caminho – mesmo que ele seja desconhecido – pois se o caminho que conhecemos tornou-se cansativo, improdutivo e cheio de padrões repetitivos, é melhor correr o risco de mudar a permanecer nele. 





quarta-feira, 29 de março de 2017

SOBRE CURIOSOS BEM INTENCIONADOS






Eu estava sentada no sofá daquela casa, sem pensar muito em nada. De repente, a pergunta inesperada – pois sei que a pessoa que a formulou não tem nenhum interesse solidário na minha vida, e nem faz questão absoluta de me ver feliz; no rosto dela, um ar forçado de preocupação: “Está tudo bem com você?”  Eu respondi que sim, e continuei em silêncio. A conversa continuou em seu ritmo anterior, e dali a alguns minutos, ela repetiu a pergunta, obtendo a mesma resposta monossilábica. Ainda o fez mais uma vez, e após obter a mesma resposta, acrescentou: “É que eu estou te achando tristinha hoje... está tudo bem mesmo?” Eu ri, e disse que estava bem e que não estava triste, encerrando o assunto.

Em outra ocasião, quando fazia obras na minha nova casa, um desses “amigos” interessados veio dar uma olhada. Após percorrer o espaço, fazendo alguns elogios pouco convincentes, começou a fazer observações bem intencionadas: “No lugar de vocês, eu colocaria um jardim de inverno ali (já havia um lavabo e as escadarias para o andar superior) e moveria as escadas mais para lá. Também teria feito a cozinha maior e a área de serviço menor, e blá, blá, blá...” Quando ele foi embora, ficamos andando pelo espaço, calados, ainda afetados pelos comentários dele. Suas críticas veladas nos pegaram despreparados, e quase arruinaram nosso dia. 

Eu e meu marido caminhávamos pela Rua 16 de março em uma linda tarde de sábado, quando a moça bonita e simpática nos parou na calçada, e cheia de sorrisos, começou a reclamar de algo que estava no prédio onde meu marido trabalha (ela mora em frente) e que a incomodava. Ora, meu marido apenas trabalha no prédio, não é síndico ou morador, e não cabe a ele resolver qualquer problema referente a ele. Após falar mal de uma ou duas pessoas, ela soltou mais uma ou duas observações ferinas e se foi, perdendo-se entre a multidão que passava naquela calçada, carregando seus sorrisos sinceros e distribuindo-os entre os que encontrava. Ficamos caminhando em silêncio durante algum tempo, após o qual só pude observar: “Que carga pesada tem essa pessoa!”

Existem pessoas assim, infelizmente. Elas deixam no ar uma observação maldosa – mas tão pequena e casual, que na hora “h” nem nos conscientizamos dela – mas que depois ficam martelando nossos pensamentos, e nos vemos aborrecidos sem saber muito bem qual o motivo. Quem nunca se pegou de mau-humor de repente, sem que houvesse uma explicação para tal? Se prestarmos atenção e fizermos uma curta retrospectiva das pessoas com quem estivemos, talvez encontremos o motivo em um desses comentários “bem intencionados.” E na maioria das vezes, quem o fez, o fez de propósito, a fim de minar sua autoconfiança e cavar um buraco na sua autoestima por onde suas setas de veneno poderão entrar mais facilmente.

Meu primeiro emprego, aos 18 anos de idade, foi em uma das lojas de sapatos que pertencia a uma família próspera, distinta e muito tradicional aqui na minha cidade. A proprietária – uma mulher que naquela época tinha a idade que tenho hoje – um dia me disse: “Ana, quando alguém nos pergunta se estamos bem, devemos dizer apenas que estamos mais ou menos, ou que está tudo indo. Nunca entre em detalhes, nunca dê muitas explicações, porque na maioria das vezes, quem faz esse tipo de pergunta está apenas curioso, só quer saber da sua vida particular, e não é bem intencionado. Nunca devemos entrar em detalhes sobre nossa prosperidade para evitar despertar inveja. Também não devemos fazer confissões quando estamos mal, para não despertar fofoca.” Quando ela me disse aquilo, eu tinha apenas 18 anos, e não compreendi; como não compartilhar com as pessoas que gostam da gente os nossos momentos felizes, as nossas conquistas? Anos depois, eu compreendi o que ela estava querendo me dizer. 

Nem sempre, as pessoas que estão em volta da gente realmente nos apreciam. Elas estão apenas curiosas. Ou então, ao perguntarem sobre nossas vidas, só querem nos comparar a elas, para ver se somos tão infelizes quanto, ou para diminuir as nossas conquistas e alegrias através de comentários sutis e totalmente maldosos. 

É importante identificar estas pessoas – elas podem estar entre os amigos, colegas de trabalho e até mesmo membros familiares – e evitar fazer comentários muito otimistas ou pessimistas sobre as nossas vidas. Por trás de uma simples pergunta casual, pode haver uma seta envenenada. Por que nos expormos ao veneno da curiosidade alheia?






terça-feira, 28 de março de 2017

#EuNãoTenhoGatos






Eu ali, concentrada, dando minha aula. De repente, meu aluno indaga: "Ué, Ana... você tem gatos?" Eu olho para ele (eu estava escrevendo no quadro) e respondo, surpresa; afinal, aquela pergunta estava totalmente fora do contexto da aula: "Não! Por que?" Ele aponta para a porta da sala de aula, e diz: "Porque tem um gato bem ali!"


Olho para fora, e vejo essa gatinha passeando pela minha sala de jantar. Logo a reconheci, pois numa noite em que meu marido ainda não estava em casa, ela me deu um baita susto: passei pelo corredor, e dei com aquela sombra sinuosa e silenciosa descendo as escadas. Eu me arrepiei até o último ossinho da coluna, e ela estancou entre um degrau e outro, me olhando, as pupilas dilatadas em estado de alerta. Esclarecida a situação, ainda ficamos ali paradas, nos olhando e testando nossas reações. De repente, eu sorri, e esfreguei os dedos da mão, chamando-a. Ela ergueu a calda, e acabou de descer as escadas, ronronando, e veio para o meu colo.




Desde então, ela vem me fazendo visitas frequentes. Quando havia uma moça aqui me ajudando na limpeza, chego na varanda e a vejo sentada naquela posição de iogue, olhando a moça limpar as vidraças da porta. Explico que ela não é minha, e ela diz: "Pensei que fosse! Está aí há algum tempo, me vigiando..." Quando olhei de novo, ela já tinha ido embora.


É bom tê-la aqui de vez em quando, sabendo que ela logo vai embora. Mas ela nunca tinha se deitado na cama do quarto de hóspedes antes. Pelo menos, não que eu tenha visto. E está chovendo muito lá fora; como eu poderia abrir a janela e mandá-la sair, debaixo desse aguaceiro? Seria cruel. E ela sabe disso. Já percebeu que pode me manipular. 


Como vocês podem ver, ela não tá nem aí pra mim...


Só espero que ela seja castrada - tem dono, pois está muito bonitinha e bem tratada. Se ela não for, tomara que não venha trazer bebês para eu cuidar.


Não quero ter netos.




segunda-feira, 27 de março de 2017

Vazio









Havia uma estrada, e ao final desta, um penhasco
Onde as pessoas perdidas se sentavam
Para olhar o mar.
O marulhar das ondas trazia à praia, lá em baixo,
Cenas que que eles queriam recordar.

Mas elas traziam, e levavam de volta
Para as profundezas, o que estava consumado.
E eles dormentes, no alto do penhasco,
Buscando  ilusões no que fora encerrado.

Enquanto isso, as águias passavam,
E as gaivotas gritavam, lá no alto...
O sol percorria sua viagem diária
De nascer e morrer no mesmo acaso.


















Sabedoria ou Inteligência?







Estou lendo um livro de Eddie Van Feu - uma autora brasileira que encontrei na Amazon. Ela fala muito sobre magia e rituais mágicos. Eu acredito que tais rituais servem para ajudar a concentrar e harmonizar intenção, vontade e ação. Podem ajudar, se alguém precisa deles. Não direi aqui que sou contra, ou que não acredito, justamente porque eu já testei algumas vezes os meus próprios, e deram resultado. Só não devemos usar o pensamento concentrado para fazer mal aos outros, porque realmente pode funcionar, e aquilo que emitimos conscientemente para os outros, sempre volta para nós. Mas aqueles que não acreditam, estão no seu direito - desde que respeitem o direito de quem acredita!

Há alguns dias, eu estava pensando na diferença entre sabedoria e inteligência. Muita gente acha que são a mesma coisa. Embora todas as pessoas e animais possuam inteligência - só que de uma maneira diferente -  nem todo mundo age com sabedoria. Bem, eu acho que ninguém aqui age com sabedoria o tempo todo. Somos humanos, falhamos. Mas é possível tentar agir de maneira sábia a maior parte do tempo. Isto já é, por si, sabedoria. Haverá tropeços e quedas; é natural.  Sempre há aqueles dias em que nos levantamos da cama com o pé esquerdo, e metemos os pés pelas mãos... o importante, é reconhecer o erro, respirar fundo, tentar consertá-lo se possível e seguir em frente.

Mas vamos a um trechinho do livro da autora Eddie Van Feu, que fala de sabedoria e inteligência, e que tem tudo a ver com o que eu penso: 

O LIVRO DE OURO DA PROSPERIDADE E DA SORTE – EDDIE VAN FEU

Um pouco sobre Sabedoria e inteligência...

"(...) Procure manter o coração sempre puro. Isto não quer dizer que você não poderá nunca sentir raiva ou tristeza, decepção ou frustração. A vida é feita dessas coisas também, fazem parte do seu aprendizado. Mas você terá que ter um coração leve, ou seja, um coração livre de sentimentos densos como ódio, ira, rancor, inveja, apego, orgulho e cobiça. Todos esses sentimentos são distorções, excessos, um desequilíbrio facilmente consertável se você estiver disposto a melhorar. 

E o caminho para tudo isso é a sabedoria. É com ela que adquirimos compreensão de tudo o que nos cerca, das coisas que nos acontecem e até como lidar com aquilo que não compreendemos ou nos magoa. Afinal, entender que levou uma facada nas costas não torna menos doloroso o fato em si! Para quem não sabe definir o que é sabedoria, por favor, não confunda com inteligência. E não confunda inteligência com acúmulo de informações. Meu PC é cheio de informações, o que não lhe dá inteligência, e muito menos, sabedoria.

Estamos vivendo num mundo onde temos informação demais e pouco tempo para digeri-la. Muita gente lê livros, vê filmes, assiste a novelas, e não consegue dizer o que gostou ou o que não gostou, e muito menos, porquê. Quando dava aulas para crianças e adolescentes de roteiro e quadrinhos, sempre promovia uma discussão sobre um filme que todos tivessem visto. Salvo uma rara turma que tive, que chamo até hoje de “Turma de Ouro,” as outras turmas (que também amei e que muito me ensinaram) geralmente respondiam com uma opinião direta de ‘amei’, acompanhados de adjetivos como ‘ridículo’, ‘muito bom’, ‘horrível’ e ‘lindo.’ Quando eu me dirigia a um deles e perguntava diretamente: “Por que?”, a turma mergulhava em silêncio. Se eu ouvisse um “Porque sim”, aí todo mundo tomava esporro, porque aluno meu não pode ser irracional.

E foi à base de muito esforço, e de muito esporro, que comecei a ouvir explicações mais coerentes. Tudo o que eu queria é que eles aprendessem a ver além, a ver a mensagem que estava sendo passada para eles em cada novela, filme ou propaganda, para que não se permitissem ser manipulados, uma geração de trouxas. Essa compreensão é sabedoria. Saber dados específicos sobre um fato e repetí-lo com ar superior, não é. Ter uma opinião embasada em argumentos honestos é sabedoria. Tentar impô-la aos outros não é.

Num resumo, inteligência é olhar as nuvens negras no céu e saber que são cúmulos cheios de água que cairá sobre  a terra numa reação natural, talvez provocando raios e trovões ao se tocarem. Sabedoria é pegar o guarda-chuva antes de sair de casa."


O que vocês acham?




SABEDORIA OU INTELIGÊNCIA?







O LIVRO DE OURO DA PROSPERIDADE E DA SORTE – EDDIE VAN FEU

Eddie Von Feu é uma autora que precisa ser lida sem preconceitos ou pensamentos tacanhos. Estou encontrando muitas coisas bem legais em seus livros!


Um trechinho de um dos seus livros:





Um pouco sobre Sabedoria e inteligência...

(...) Procure manter o coração sempre puro. Isto não quer dizer que você não poderá nunca sentir raiva ou tristeza, decepção ou frustração. A vida é feita dessas coisas também, fazem parte do seu aprendizado. Mas você terá que ter um coração leve, ou seja, um coração livre de sentimentos densos como ódio, ira, rancor, inveja, apego, orgulho e cobiça. Todos esses sentimentos são distorções, excessos, um desequilíbrio facilmente consertável se você estiver disposto a melhorar. 

E o caminho para tudo isso é a sabedoria. É com ela que adquirimos compreensão de tudo o que nos cerca, das coisas que nos acontecem e até como lidar com aquilo que não compreendemos ou nos magoa. Afinal, entender que levou uma facada nas costas não torna menos doloroso o fato em si! Para quem não sabe definir o que é sabedoria, por favor, não confunda com inteligência. E não confunda inteligência com acúmulo de informações. Meu PC é cheio de informações, o que não lhe dá inteligência, e muito menos, sabedoria.





Estamos vivendo num mundo onde temos informação demais e pouco tempo para digeri-la. Muita gente lê livros, vê filmes, assiste novelas, e não consegue dizer o que gostou ou o que não gostou, e muito menos, porquê. Quando dava aulas para crianças e adolescentes de roteiro e quadrinhos, sempre promovia uma discussão sobre um filme que todos tivessem visto. Salvo uma rara turma que tive, que chamo até hoje de “Turma de Ouro,” as outras turmas (que também amei e que muito me ensinaram) geralmente respondiam com uma opinião direta de ‘amei’, acompanhados de adjetivos como ‘ridículo’, ‘muito bom’, ‘horrível’ e ‘lindo.’ Quando eu me dirigia a um deles e perguntava diretamente: “Por que?”, a turma mergulhava em silêncio. Se eu ouvisse um “Porque sim”, aí todo mundo tomava esporro, porque aluno meu não pode ser irracional.

E foi à base de muito esforço, e de muito esporro, que comecei a ouvir explicações mais coerentes. Tudo o que eu queria é que eles aprendessem a ver além, a ver a mensagem que estava sendo passada para eles em cada novela, filme ou propaganda, para que não se permitissem ser manipulados, uma geração de trouxas. Essa compreensão é sabedoria. Saber dados específicos sobre um fato e repetí-lo com ar superior, não é. Ter uma opinião embasada em argumentos honestos é sabedoria. Tentar impô-la aos outros não é.

Num resumo, inteligência é olhar as nuvens negras no céu e saber que são cúmulos cheios de água que cairá sobre  a terra numa reação natural, talvez provocando raios e trovões ao se tocarem. Sabedoria é pegar o guarda-chuva antes de sair de casa.









terça-feira, 21 de março de 2017

Um Jardim






Um jardim
Pode tornar-se quase o mundo inteiro.
As flores mudas falam aos olhos,
E os ecos de suas vozes miúdas
Ressoam no silêncio,
Compondo uma nova canção
Que as margaridas e as rosas interpretam.


Talvez alguém passe, e se pergunte:
"O que há do lado de dentro?"
E vá logo embora, se esquecendo,
Absorvido pelas urgências,
Sem saber que lá dentro, alguém está completo,
Sem saber que lá existe um mundo.







Outono






Eu acho que o outono é uma prova de que Deus nos ama.

 Dias mais curtos, noites mais longas, brisa soprando e refrescando, chuva, convite ao recolhimento. Adoro esse céu meio-cinza, o sol que não agride a pele e a paciência, a volta dos passarinhos às árvores do meu jardim, pois não se sentem mais fustigados pelo calor.

As orquídeas e as Impatients também preparam seus botões. Dormimos melhor, mais aconchegados, e acordamos mais bem-dispostos, sabendo que o dia será mais fácil. Comemos melhor - voltam as sopas de legumes, tão saudáveis e saborosas, os chocolates quentes ao final da tarde - e temos os filmes e livros enrolados em mantas macias.

Outono - preparação para o inverno, que é tempo de recolhimento e reflexão. 

O frio nos convida a ficarmos mais próximos, em volta de lareiras, sob cobertores, em rodas de bate-papo regados a vinhos e bebidas quentes. Eu amo. Muito.





Meu Esconderijo



















segunda-feira, 20 de março de 2017

Canção do Cansaço

Canção do Cansaço







Às vezes
Dá vontade de fechar as janelas,
Dizer que não estou,
Trancar as tramelas.

Sobre os ombros,
O cansaço de mil anos
Em que nada fiz,
Em que, por um triz,
Escapei de viver
Nessa turba infeliz.

Olho em volta:
Nas voltas que o mundo dá,
As pessoas envelhecem
E ficam tontas,
Antes do tempo.

Às vezes,
Eu sinto um cansaço
Com gosto de asco;
E então, eu me tranco,
O tronco encolhido,
De olhos fechados.





My Way





It's just not like it is in the song:
The end might be near,
But I know I haven't done it
My way.

I did it as I could,
As it was possible,
Not always as I should
Have done.

Life is not a song,
Life is interaction,
Interchangeable acts
That touches us
And hurts us.

It's my way
And your way,
And their way.

No way.





sábado, 18 de março de 2017

Poema de Lúcia Constantino - A Casa do Sol Poente






Hoje, trago um poema de minha amiga no Recanto das Letras e no Facebook, Lúcia Constantino, que muito me encanta:




A casa do Sol Poente

Tudo dorme na casa vazia.
As cartas nas gavetas,
os livros empoeirados nas estantes.
O passado passeia pela casa,
como eterno visitante.

De repente, saltam dos espelhos delírios e sorrisos.
Os sonhos em trajes de graça.
Tudo que permaneceu vivo
e o que nunca chegou na vida que passa.

Desperta a casa.
Despertam  vozes vivas,
orações,  acalantos, 
as lágrimas de tantos.
Também  estrelas nas vidraças dissolvidas
pelos ventos dos desencantos.

De frente para o sol poente,
fortaleza como uma grande árvore
a casa ousa sua solidão de gente:
- sonha em ser ninho nos fins de tarde.




A CASA DO SOL POENTE





Poema de Lúcia Constantino, gentilmente cedido:





Tudo dorme na casa vazia.
As cartas nas gavetas,
os livros empoeirados nas estantes.
O passado passeia pela casa,
como eterno visitante.

De repente, saltam dos espelhos delírios e sorrisos.
Os sonhos em trajes de graça.
Tudo que permaneceu vivo
e o que nunca chegou na vida que passa.

Desperta a casa.
Despertam  vozes vivas,
orações,  acalantos, 
as lágrimas de tantos.
Também  estrelas nas vidraças dissolvidas
pelos ventos dos desencantos.

De frente para o sol poente,
fortaleza como uma grande árvore
a casa ousa sua solidão de gente:
- sonha em ser ninho nos fins de tarde.






A Carne é Podre


🙈🙉🙊




Diante das investigações da Polícia Federal, brilhantemente denominada " Carne  Fraca", fiquei pensando se é possível que desçamos ainda mais baixo, e a resposta é: sim. Infelizmente.

A carne é fraca, pois a mente é fraca. Os que estão sendo investigados nesta operação (falo dos grandes) levaram suas artimanhas adiante porque a carne de todos é fraca, inclusive a dos menores, que cumprem as ordens sem questionar, desde que recebam seus salários no final do mês.

Ora, se eles - os grandes - não tivessem trabalhadores braçais dispostos a levar adiante estas fraudes, ela não teria acontecido, pois eles mesmos não colocariam as mãos na massa a fim de encharcar os produtos com desinfetantes e outras substâncias cancerígenas e altamente prejudiciais à saúde. Todos aqueles que cumpriram ordens também são culpados, e mais ainda, pois o fizeram sabendo que seus amigos, vizinhos e entes queridos também seriam prejudicados, podendo ter a saúde afetada.

Quando alguém paga um matador para acabar com a vida de outra pessoa, o matador é isento de culpa só porque estava cumprindo ordens? Colocar substâncias cancerígenas nos alimentos que serão servidos à mesa de milhões de pessoas não é, igualmente, cometer assassinatos - só que em massa?
Fico me perguntando quantos de nossos amigos, vizinhos e familiares morreram de câncer ou estão doentes devido a estas substâncias.

A corrupção não vem de cima: vem de baixo. Vem principalmente daqueles que fazem qualquer coisa por dinheiro, que vendem as almas ao demônio para que recebam um salário ao final de cada mês. Se não houvesse quem cumpre tais ordens, elas não poderiam ser postas em prática.




quarta-feira, 15 de março de 2017

CAOS




Se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida, é que tudo passa. Não importa qual a situação que você esteja vivendo hoje, seja ela boa ou ruim, agradável ou desagradável, ela passa. Não significa, necessariamente, que se você é feliz hoje, será infeliz amanhã; mas que haverá percalços, obstáculos a serem superados, e se você souber como lidar com eles, eles não terão o poder de afetar você de maneira permanente; basta vivenciá-los, aprender com eles e esperar que eles passem, focando naquilo que há de positivo e agradável. 

Há algum tempo, entre 2014 e 2015, nós sofríamos com a falta d'água aqui em Petrópolis. Após dois anos praticamente sem chuva, as minas d'água começaram a secar, e tivemos que passar por um longo período de racionamento. Eu estava no quintal em um domingo à tarde, descansando na minha cadeira, tentando aliviar-me do forte calor, quando de repente, a torneirinha do jardim - que é diretamente ligada à caixa d'água, que fica no sótão, e não possui um registro para ligar ou desligar a água caso haja um vazamento- estourou, e a água começou a descer pelo cano com grande pressão. 

Eu entrei em pânico: Com um pedaço de pano, tentava conter a água que espirrava em jorros, esvaziando todo o nosso reservatório, enquanto meu marido, nervoso, pegava a escada para subir ao sótão e tentar desligar a água. Neste trajeto, devido à pressa, ele levou dois tombos e machucou-se bastante. Eu fiquei completamente encharcada, e tão nervosa, que após o problema ter sido controlado com a ajuda de um vizinho, eu comecei a tremer e me sentir muito mal. Tive uma dor de cabeça fortíssima, falta de ar e não conseguia ficar de pé; passei o resto do domingo deitada. Tudo porque eu me deixei envolver emocionalmente com o que estava acontecendo, ao invés de manter a calma e resolver o problema - ou aguardar até que ele fosse resolvido. Não me mantive centrada. Deixei o pessimismo me dominar. 


De qualquer maneira, o problema foi resolvido; se tivéssemos ficado totalmente sem água - o que não foi o caso - haveria uma solução: chamar um carro-pipa. Eu não precisava ter ficado tão nervosa. Meu marido não precisava ter corrido feito um doido e levado dois tombos horrorosos. O pior sempre acontece quando perdemos o controle. Um dia que começou bem, no qual eu me sentia maravilhosa, terminou muito mal devido à nossa falta de controle emocional. 


Passei por isso também quando minha mãe adoeceu; vê-la naquela cama de hospital, cheia de tubos entrando e saindo do seu corpo, me deixava desesperada. Parecia que aquilo nunca ia ter fim. Eu chegava no hospital cansada, desanimada, querendo fugir para longe dali, querendo que tudo aquilo acabasse. Ficava nervosa, mal-humorada, deixando que o medo e a impotência tomassem conta de mim. No fim, aconteceu o que tinha que acontecer. Depois, passou. Eu me recuperei, estou bem de novo, estou aqui. Se tivesse sido capaz de manter a calma, talvez tivesse sido mais fácil.


Hoje, vejo as pessoas que perderam seus empregos no Brasil, sem saber do que viverão, como pagarão suas contas. Elas perdem noites de sono, perdem o apetite, entram em depressão e acabam com sua saúde e vida familiar, porque perdem o controle emocional. Nas piores horas, não compreendem que essa crise não vai durar para sempre, que ela vai passar, as coisas vão voltar a se normalizar e elas conseguirão trabalho de novo. Enquanto isso, com certeza, elas podem contar com a ajuda de alguém, tentar um emprego inferior ao seu grau de formação, temporariamente, ou prestar algum serviço para sobreviver. Quem sabe, descubram um novo talento, e acabem nem querendo mais um emprego regular?  

Há soluções. Mas o nervosismo e o pessimismo não deixa que vejamos com clareza. Acho que em momentos difíceis, devemos respirar fundo, tentar nos acalmar e pensar devagar: o que pode ser feito? Se nada puder ser feito, a não ser esperar, esperemos. Se nos concentrarmos com calma, uma solução - mesmo que temporária - acabará aparecendo. 

Esta crise vai acabar, vai passar. Ninguém vai ficar desempregado para sempre, isso vai ter que passar! Enquanto isso, vamos tentar encarar esta crise como uma fase ruim, que teve começo, tem meio e terá fim. 





terça-feira, 14 de março de 2017

1.641 POSTAGENS, desde 2012




Finalmente terminei de 'etiquetar' minhas postagens neste blog; deu um trabalhão! Afinal, são 1.641 postagens. Separei meus escritos em:

-Contos
-Crônicas
-Interações & Homenagens
-Ironias
-Mensagens
-Poesias
-Reflexões
-Sobre Livros & Filmes.

Há poucos contos, pois logo que comecei a escrever no blogger, abri um blog de contos, o Histórias. Há mais poemas e crônicas. As Ironias são textos sobre o que acho absurdo, engraçado ou irritante. Interações & homenagens contém, é claro, interações com outros escritores e homenagens - feitas ou recebidas. As mensagens são notícias sobre novos blogs e livros, e mensagens de Feliz natal, etc... As Reflexões são meus pensamentos mais íntimos, minhas opiniões e a maneira como enxergo o que me cerca. Sobre Livros & Filmes contém resenhas ou impressões sobre livros que li e filmes que assisti.

Acho que agora vai ficar mais fácil para encontrar seu tipo de leitura preferida.

Aproveito a chance para agradecer pelas mais de 193,300 visitas que recebi apenas neste blog, em quase cinco anos de blogger, e também pelos comentários e os convites. Muito obrigada!




Andamos Sobre as Águas







Andamos sobre as águas,
O sal entre os cabelos,
As ondas sob os pés
Pisando a maresia,
Sentindo as profundezas
Nas solas, entre os dedos,
Os olhos no horizonte,
O pensamento, longe.

Sob os pés, os mistérios,
Segredos abissais,
Que a mente não alcança,
Que a lógica não sente,
E o fio curto e brando
Da vida, entre os dentes,
No meio do sorriso,
No Mar do Eternamente...




segunda-feira, 13 de março de 2017

Um Pequeno Templo


Todas as imagens: Google


Sou do tipo que não se sente bem rezando em locais como igrejas, templos públicos ou centros espíritas; acabo perdendo a concentração. Prefiro fazer as minhas orações sozinha, em algum lugar junto à natureza ou então em um cantinho especialmente preparado para tal atividade em minha própria casa. Respeito quem se sente bem em locais públicos como igrejas e templos, mas eu simplesmente não consigo... acho que a energia nestes locais acaba sendo dispersa, devido ao número de pessoas que os frequentam e que não têm, realmente, o objetivo ao qual eles originalmente se propõe. 


Acho importante exercitar a fé. Algumas pessoas rezam sem precisar desses templos e cantinhos, mas eu às vezes preciso. Coloco neles meus livros favoritos,  que contém pensamentos que me esclareçam e me elevem, imagens que me agradam, uma fonte...


E não precisa ser nada muito grande ou luxuoso! Um cantinho apenas, o topo de uma prateleira, uma mesinha de cabeceira ou um aparador. Se for possível, que tenha um tapete ou almofada confortável onde você possa sentar-se ou deitar-se. 


Coloque ali objetos de fé, da sua fé. Não importa se você acredita em anjos, santos católicos, fadas, duendes, o Buda ou entidades do candomblé; o que importa, é o quanto suas intenções sejam boas e o quanto seus pensamentos sejam limpos. As imagens nem são necessárias, se você não gostar de usá-las. O verdadeiro sentido das imagens, é facilitar a nossa concentração e direcionar a intenção. 




Algumas pessoas gostam de acender velas - sou uma delas, embora não o faça toda vez que rezo. Observar a chama de uma vela me acalma. Importante não se esquecer de apagá-la mais tarde, e tomar muito cuidado com correntes de ar e materiais inflamáveis.





Acho que todo mundo precisa ter fé em alguma coisa! E também penso que não existe fé verdadeira que nunca tenha sido testada e até mesmo, temporariamente perdida. Não sei viver sem questionar o que me cerca; mas aprendi que a fé é o que está além do questionamento, é alguma coisa que nos fortalece, mesmo que não saibamos de onde vem a Ordem que rege o Universo, e como ela funciona. O importante, é saber que existe uma ordem, e que ela funciona. Nem sempre da forma como queremos, entretanto. 










Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...