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sexta-feira, 31 de março de 2017

"Paz Sem Voz?"







Às vezes na vida não basta que sejamos pacientes e cordatos; é preciso exigir pressa, é preciso cobrar providências. A paciência é uma virtude, mas quando exagerada, camufla a covardia.

Não basta, a fim de mantermos a paz, que finjamos não ouvir as injúrias, as indiretas e as palavras ríspidas a nós dirigidas; é preciso que olhemos nos olhos dos nossos ofensores e deixemos bem claro que não mais toleraremos tal comportamento. 

Manter a paz a qualquer custo pode nos levar a contrair doenças psicossomáticas causadas por emoções reprimidas; além disso, quem sempre finge não se importar ao ser ofendido, torna-se saco de pancadas e é taxado de bobo.
Não é possível dizer sempre “sim” a tudo que nos pedem, especialmente naqueles momentos que reservamos para nosso descanso, meditação ou lazer. 

Quem sempre se desloca para atender pedidos alheios, corre o risco de nunca mais ter paz. E não será valorizado por isso, pois na primeira vez em que realmente não puder atender a um pedido, será chamado de egoísta. Aprender a dizer “não” quando algo não nos é conveniente, não nos diz respeito, ou simplesmente é algo não queremos fazer, é sinal de força, e ajuda a impor limites para que não invadam a nossa tranquilidade e a nossa privacidade. 

Muitos de nós passamos muito tempo apenas tentando defender nossos espaços; mas às vezes, é preciso ser mais convincente, e ao invés de apenas nos defendermos, enquanto o inimigo ganha território, é necessário atacar, fazer o inimigo recuar a fim de que retomemos o espaço que nos pertence. Quem não sabe ser combativo, termina sendo acuado a um canto, obedecendo as determinações que mais convém às necessidades alheias.

Perdoar não quer dizer voltarmos a nos submeter a quem frequentemente abusa de nós e nos magoa; muitas vezes, perdoar e esquecer favorece bem mais a quem perdoa do que a quem é perdoado, pois nos dá paz de espírito e espaço para seguirmos com a vida, sem nos prendermos a ressentimentos e nos contaminarmos com a raiva e com pensamentos vingativos. Porém, é preciso, algumas vezes perdoar e esquecer aqueles que vivem nos fazendo mal.

Ser feliz é melhor que ter razão? Depende; quem poderia dizer-se feliz, quando tem certeza absoluta de alguma coisa, mas concorda em abrir mão de suas ideias apenas para agradar aos outros ou conservar uma falsa paz? Ser feliz também é lutar pelas nossas convicções, especialmente quando temos certeza de que elas são verdadeiras. Quem deixa que suas convicções sejam sempre atropeladas, acaba mudo, relegado ao quartinho dos fundos onde ninguém o respeita. 

Há certas situações na vida que exigem que saibamos nos impor, lutar pelo que acreditamos, dizer não, erguer limites, desfazer amizades abusivas, sair da estrada reta e virar à direita ou à esquerda, em direção a um novo caminho – mesmo que ele seja desconhecido – pois se o caminho que conhecemos tornou-se cansativo, improdutivo e cheio de padrões repetitivos, é melhor correr o risco de mudar a permanecer nele. 





6 comentários:

  1. É importante buscar e promover a paz! Em tudo na vida precisamos de equilíbrio. Falar, expressar e calar têm a sua medida e tempo certos.
    Um texto muito bom, Ana!
    Bom fim de semana... Bjs

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  2. Oi Ana! Tudo beleza?
    Sabe, eu acho que o importante é saber distinguir entre brigas tolas e brigas boas.
    Nas brigas boas, e importantes, a gente tem mesmo que insistir no nosso ponto de vista, mas existem tropeços que aparecem na nossa frente, nos chamando pra brigas tolas, que mesmo ganhando não se ganha nada.
    Belo texto... Em alguns instantes discordei, mas mesmo assim é um belo texto!
    Um abração e um belo final de semana!

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  3. Gostei deste comentário da Anete: "Falar, expressar e calar têm a sua medida e tempo certos."
    No mais não me aflijo muito mais com as pessoas que não valem a pena. Simplesmente ignoro-as.

    Beijão Ana

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  4. Muito bom. Por regra, não me deixo convencer se vejo o absurdo da coisa, e já gastei muita saliva em explicações, algo que não vale a pena se vejo a teimosia, se sua cabeça não se abre um pouco, pelo menos a tentar entender o que quero dizer. Por outro lado, se acho que a pessoa tem razão, se procede, cedo e pronto, dou de barato que ela tem razão. Mas discutir pontos de vista que não mudarão, já me deu muita incomodação, nesse ponto prefiro buscar minha paz. Ir para o embate com pessoas é muito pior do que ouvir marteladas do apartamento de cima num final de semana - que é proibido. Tratar com gente é coisa de enlouquecer.
    bj. Estás de casa nova?? Bonita!

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  5. OI ANA!
    UMA BELA REFLEXÃO, QUEM SABE QUANTAS PESSOAS ESTEJAM PASSANDO, EXATAMENTE NESTE MOMENTO POR ALGO PARECIDO POIS, MUITAS VEZES, TORNAM-SE REFÉNS SEM NEM O PERCEBEREM E UMA VIRADA TORNA-SE NECESSÁRIA E TEU TEXTO PODE SER ESTE VEÍCULO DE MUDANÇA.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  6. Excelente texto, Ana, próprio para refletirmos sobre nossos limites, se necessário, precisamos reagir, para não somatizarmos...
    Abraços carinhosos
    Maria Teresa

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