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quarta-feira, 5 de abril de 2017

Prece






Madrugada; 
Os olhos se abriam de repente
Na casa vazia.
Na cozinha,
Uma xícara de chá de solidão.

Por companhia,
Os ecos das batidas
Soando pela casa:
Um relógio carrilhão.

Uma, duas, três horas de agonia,
Quatro, cinco, seis passos pelo chão
Marcado pelos saltos
Daqueles que se foram.

A prece em desespero
Às pressas recitada,
Palavras gotejadas 
Aos pés da madrugada...

A prece, bem aos poucos
Virando imprecação:
"Para onde foi aquele
Que transformou-me  a vida
Nessa desilusão?"

De volta à cama, o suor
Após o pesadelo...
-Não há nada que apague,
Ou que traga de volta
Por esses mesmos trilhos
Aquilo que se foi!

Sozinha pela vida,
Tornara-se refém
Daquela prece árida,
Daquelas noites pálidas
De dores sussurradas...

Nada mais lhe restava,
A não ser uma prece
Na qual não acreditava,
E a última palavra
(Que conhecia bem)
Pois era a que selava
A sua solidão:

"Amém."





Um comentário:

  1. Boa noite, querida Ana!
    Muito sofrido e sentido na alma o poema que tem uma mensagem de desafgo e confiança no que virá...
    Bjm muito fraterno

    ResponderExcluir

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