Madrugada;
Os olhos se abriam de repente
Na casa vazia.
Na cozinha,
Uma xícara de chá de solidão.
Por companhia,
Os ecos das batidas
Soando pela casa:
Um relógio carrilhão.
Uma, duas, três horas de agonia,
Quatro, cinco, seis passos pelo chão
Marcado pelos saltos
Daqueles que se foram.
A prece em desespero
Às pressas recitada,
Palavras gotejadas
Aos pés da madrugada...
A prece, bem aos poucos
Virando imprecação:
"Para onde foi aquele
Que transformou-me a vida
Nessa desilusão?"
De volta à cama, o suor
Após o pesadelo...
-Não há nada que apague,
Ou que traga de volta
Por esses mesmos trilhos
Aquilo que se foi!
Sozinha pela vida,
Tornara-se refém
Daquela prece árida,
Daquelas noites pálidas
De dores sussurradas...
Nada mais lhe restava,
A não ser uma prece
Na qual não acreditava,
E a última palavra
(Que conhecia bem)
Pois era a que selava
A sua solidão:
"Amém."
Boa noite, querida Ana!
ResponderExcluirMuito sofrido e sentido na alma o poema que tem uma mensagem de desafgo e confiança no que virá...
Bjm muito fraterno