witch lady

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terça-feira, 8 de março de 2022

AH, ESSE CÉU IMENSO...






Final de tarde; as nuvens voltam para casa,

Viajando pelo céu bem devagar,

Vestidas de amarelo, branco, alaranjado,

A noite se fecha em volta delas,

Salpicando de estrelas os espaços nacarados.


E eu, da janela, as olho e penso:

-Ah, esse céu, sempre tão imenso,

Pairando em silêncio por cima de mim,

Pano de fundo do meu pensamento!


Tento descobrir meu próprio caminho

Vivendo a ilusão de que ele é meu,

Olhos perdidos nas nuvens que passam,

Sonhos estendidos por sobre a montanha

Sendo recolhidos nos braços

De Deus.





INTIMISTA



 




Falta-me doçura. Acho que meu açúcar, minha casquinha de cobertura doce, branca e suave, ficou presa em alguma cerca de arame farpado. Sobrou-me essa pele grossa, esse olhar crítico, essa necessidade de dizer o que penso sem muitos filtros e, às vezes, com alguns conflitos. Mas mesmo essa necessidade tem me faltado ultimamente.

Eu sou feliz, aqui no meu cantinho. Vejo poucas pessoas, visito pouco, recebo poucas visitas. Vivo entre as plantas do meu jardim, meu marido, meu trabalho, meus afazeres e cuidados com a casa e meus cães. Não tenho mais grandes sonhos - calma, não sou doce, mas estou bem longe de ser  amarga ou melancólica - porque compreendi que quando a vida sonha para mim, eu tenho muito mais sorte. Gosto de estar sob a minha pele, gosto de mim, da minha companhia, do meu jeito silencioso de ser. Multidões me desagradam e me entediam.

Geralmente, não gosto do que a maioria das pessoas gostam. Não sou nostálgica, não me preocupo com o futuro e nem tenho ansiedades sobre o presente. Meu único medo, que me acompanha desde sempre, é o de um dia passar fome. Creio que não deva existir nada pior do que não ter nada para comer. Algumas pessoas me disseram que isso pode vir de alguma vida passada. Será?

Nos dias de hoje, criei a minha própria moda, meu próprio estilo, uso apenas o que eu gosto. Doo muitas coisas também... vivo esvaziando gavetas, estantes de livros e armários... e depois, encho tudo de novo. Alguém me perguntou: "Por que você não vende?" E eu respondi: "Vender por que?"

Estou ficando velha. Não gosto dos eufemismos que as pessoas usam, "melhor idade, "terceira idade." Gosto de dar às coisas seus verdadeiros nomes. E nesse processo de envelhecer, que eu tanto temi no começo, estou me soltado e deixando de ser tão exigente quanto a mim mesma. Qualquer coisa que me aborreça, aperto o botão de "desligar", a não ser que aquilo que estiver me aborrecendo também me interesse. Afinal, ainda existem coisas lá fora que chamam a minha atenção.

Não fico mais nem cinco minutos lendo um livro ou assistindo a um filme que eu não considere interessante. Antes, eu me forçava a terminar tudo o que começava, mas agora... só se eu estiver me divertindo.

Não faço mais questão de entrar em disputas, de aparecer muito, embora goste das redes sociais, e nem de ser apreciada. Estou me tornando a minha verdadeira imagem. Ando trazendo para fora aquilo que estava socado lá dentro, e jogando fora tudo o que não me representa - e eu mesma me represento.




quarta-feira, 2 de março de 2022

Mentes Rasas ou A Sindrome do Coelhinho Bonzinho

 




Me incomoda a maneira rasa como as pessoas olham para as coisas. O que importa, para eles, não é a quem se mata, mas como. Usar armas de fogo é genocídio, mas impor sanções que poderão levar a morrer de fome todo um povo, é legal. Quando se pensa nas sanções,  enxergam apenas uma pessoa, mas não enxergam que por trás dessa pessoa existe todo um povo que será terrivelmente prejudicado, cuja maioria é  contra essa guerra é cuja etnia está sendo lentamente cancelada por todos os líderes mundiais. Estão tentando varrer da existência todo um povo, virando-lhes as costas, saindo da sala quando eles falam, impondo sanções de fome.

Quando um presidente que não cumpre acordos é manipulado por países "bonzinhos" e levado a uma guerra, todos o defendem, mesmo que o próprio  esteja armando e convocando crianças, mulheres e velhos para lutar em uma guerra perdida, sabendo que a maioria deles vai morrer. "Ah, mas a gente canta "Imagine" na frente da embaixada e resolve tudo.( Canção, aliás,  cujo autor entrava bêbado e drogado em bares e surrava pessoas). E esse mesmo homem pede o apoio de todo o resto do mundo, mesmo sabendo que isso poderia nos levar a todos à destruição total por uma Terceira Guerra nuclear, pois o outro maluco megalomaníaco não hesitaria em apertar o botão. 

Nenhuma guerra é sobre defender liberdades, mas defender egos e interesses econômicos. Se vocês pensam que Putin é o único demônio nesse inferno, precisam tirar os óculos cor de rosa. O Presidente palhaço  não presta. Biden não presta. A União Europeia não presta. Somente teríamos paz se as pessoas, os cidadãos,  enxergassem isso e não mais se deixassem usar como buchas de canhão. 


#guerraestupida

#terceiraguerra

#estupidez

#Ucrânia

#Nowar

#stupidity




terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

QUASE UMA PALAVRA







Desceu transparente nas gotas de chuva.
Seu som, o silêncio.
Um sopro no ar, um beijo de vento.
Algo que nasceu entre os lábios
E na mesma hora, voltou-se para dentro.
Esteve parada entre o lápis e os dedos,
Olhando para a folha, morrendo de medo.
No arco do braço foi redesenhada
Porém, ninguém percebeu seu intento.
Sentada no alpendre, viu o sol se por,
Teve finalmente, um breve vislumbre
Do que poderia ter sido o amor...
Mas dentro do peito, ela adormeceu.
Só pôde ser ouvida por quem a enxergou
Na menina dos olhos, nos riscos da íris
Daquela que se calou.





 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

DOR

 



Dos teus olhos, lágrimas.

Da tua boca, magma.

Algo a se quebrar

No teu diafragma.


Na palavra, lástima

Devagar, se alastra...

Sobre a pele pálida

Tua dor é vasta.


Cálido querer

Aos poucos, se arrasta

Ganha a rua, e quer

Se banhar de sol.


E no arrebol,

Vida a renascer...

Tecitura fina

(Inda transparente)

De uma nova rima.





quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

ALTEREGO

 




A flor também é todo e cada espinho,

O talo longo em direção ao céu,

As folhas verdes e as folhas secas,

O seu perfume de mistério – o véu

Descortinado à beira do caminho.

 

A flor é a praga grudada na planta,

E toda a seiva que a alimenta,

Ela é a raiz que na terra se deita

Lutando contra quem quase a arranca

E não consegue, mas tenta, e tenta.

 

A flor é aquela cuja cor é forte,

Mas poucos notam, à beira da estrada...

Que seca, anônima é pisoteada,

Mas se entrega, sem temor à morte

E à sua sorte, ao ser abandonada.

 

A flor é aquilo que ainda resta,

E ainda pulsa, e ainda sente,

Que parecia ser tão indefesa

Mas que renasce do nada – surpresa!

De uma obscura, ínfima semente.

 

 


 

 

NINGUÉM VIU O TEU SORRISO




 Ninguém viu o teu sorriso

Dentro dos olhos

Quando te olhavam, convencidos

De que o tinham ferido.


Ninguém viu o teu sorriso

Em cada lágrima forjada

Que sobre o teu rosto rolava

Simulando desabrigo.


Ninguém viu o teu sorriso porque

A melhor estratégia

E a melhor vingança,

É ter um sorriso escondido na manga

Para usar na hora certa

Em que se acha vencedor

O teu inimigo.




terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Retribuição

 



A todos os habitantes da Blogesfera,

Venho por meio desta agradecer e retribuir os votos de Feliz Natal e Próspero 2022 a todos que aqui vieram para me desejar o mesmo, e também venho desejar a todos, sem exceção, um 2022 de muita saúde, prosperidade e alegrias.

Aproveito e peço desculpas pela minha não participação nos blogs - os meus e os seus, mas ando em um momento da minha vida no qual tenho estado mais aqui fora, na real, trabalhando muito, mesmo durante as férias, e como vocês podem ver pela foto, envelhecendo... a cada 'selfie', me sinto mais parecida com minha mãe e menos com a Ana Bailune que eu estou acostumada a conhecer.

Como sempre, me pergunto qual é o propósito de tudo, e chego à conclusão de que é bem mais divertido não saber a resposta; assim, há mais espaço para a imaginação.

Abraços a todos!






sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

"TU PODES ADIAR, MAS O TEMPO NÃO." - BENJAMIN FRANKLIN

 


Um dia será tarde demais para subir aquela montanha, cantar no karaoke, seguir aquela trilha mata adentro. Será tarde para reunir alguns amigos e detonar 5 garrafas de vinho, pois vinho não se mistura com remédios.


Um dia, as coisas que a gente vive adiando para "quando fizer sol," "Quando eu puder," ou "um dia desses" serão contas em um pesado colar de arrependimentos que manterá nossos ombros doloridos e nossos pescoços pesados. As promessas que fizemos às outras pessoas jamais serão cumpridas, porque elas não estarão mais aqui, ou não terão mais disposição física ou mental para fazerem.

E a gente faz sempre tudo igual, cumprindo rotina até nas horas de lazer, porque é mais fácil, mais barato ou então porque "sempre" haverá uma nova oportunidade, um outro dia. Achamos que vamos ser jovens para sempre, que tudo será como sempre foi, que as pessoas (e nós) Jamais envelheceremos.

Então morre o primeiro amigo -aquele, que a gente vivia pensando em chamar para nos visitar. Morrem os avós, a mãe, o pai. Nossos ossos envelhecem e nossos músculos atrofiam, e já não tem mais como subir aquela montanha. E passaremos a velhice Contemplando-a da janela ou da cadeira de balanço, com a certeza de que jamais saberemos que paisagem ela nos ofereceria.

E na maioria das vezes, bastaria ter dado um passo, feito um gesto, cumprido uma promessa. A distância entre uma vida boa de se lembrar e uma vida cheia de amarguras e arrependimentos é realmente muita curta, quase nunca tem a ver com tempo ou dinheiro. Tal distância é tão curta quanto a medida da palavra "vontade."




terça-feira, 16 de novembro de 2021

FEMINISMO & LEALDADE

 



E logo de manhã, em um post no Instagram se lia o seguinte: "Não odeie outras mulheres porque seu marido ou namorado não te respeita. Larga esse embuste!" Concordo com a última frase , mas não com a primeira.

Nos comentários, muitas mulheres diziam que, em uma traição, o culpado é sempre e unicamente o homem, e nunca "a outra."  A argumentação é que nenhuma mulher é obrigada a demonstrar empatia por outra que ela nem sequer conhece, e que por isso,  a fidelidade deve vir do homem, não da outra, que não tem culpa de nada. Penso que ambos são culpados, e a lógica é simples: empatia é algo que devemos ter não apenas com as pessoas que conhecemos pessoalmente, mas com todos, independente de ser homem ou mulher, conhecido ou desconhecido.

Então alguém entra na minha casa, rouba minha TV e oferece a você; se você a aceita, mesmo sabendo que é roubada, está sendo cúmplice de um roubo. E se não verificou a procedência antes de comprá-la, também é cúmplice. Mas parece que no mundo de hoje, desde que se consiga aquilo que quer, que se dane o outro, o "perdedor." Ele que tivesse tomado conta. Ele que tivesse verificado se a porta estava bem trancada. A culpa é de quem foi roubado e enganado, não de quem roubou e interceptou.

Na minha opinião, tanto o ladrão/infiel quanto a outra/interceptadora, são culpados. Qualquer um que ajude o outro a mentir e a enganar é culpado. Qualquer um que aceite receber ou comprar alguma coisa que foi roubada de outra pessoa, é um criminoso. E para a outra, deveria ficar pelo menos o pensamento e a lição de que "se ele fez com ela, vai fazer comigo."

Não entendo esse tal feminismo, no qual uma mulher não deve lealdade a outra mulher simplesmente porque não a conhece pessoalmente. Isso é hipocrisia. Então, só porque eu não conheço uma pessoa, não devo respeito a ela? Essa mania de ver o outro como uma fotografia inanimada e sem alma, que não me diz respeito, está levando o mundo ao caos. Fala-se tanto em empatia, e a empatia é distorcida e assassinada diariamente.




 


 

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Com o Tempo



 As pessoas, com o tempo

Viram bonecos de palha

Que o vento espalha,

E os corvos riem.

Com os braços amarrados,

Elas vigiam os prados,

Os pássaros se divertem,

E eles, ficam sozinhos.


As pessoas, com o tempo

Se cansam de perder tempo

E se perdem no caminho.

É um processo curioso,

Ver as palhas desmanchando,

E os velhos espantalhos

Virando ninhos.








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