witch lady

Free background from VintageMadeForYou

segunda-feira, 23 de abril de 2012

SÃO JORGE






QUEM SÃO OS SANTOS A QUEM OS BRASILEIROS DEDICAM SUA FÉ? HOJE, DIA DE SÃO JORGE, DECIDI PESQUISAR MAIS UM POUCO. ATÉ AGORA, A ÚNICA COISA QUE EU SABIA SOBRE SÃO JORGE, ALÉM DA AJUDA QUE RECEBI DE SUA ALMA FORTE TANTAS VEZES QUANTAS PRECISEI, É QUE ELE FOI UM SOLDADO ROMANO.


MAS... O QUE É UM SANTO? UMA IMAGEM DE PERFEIÇÃO? CREIO QUE NÃO... A IGREJA CATÓLICA, COMO A MAIORIA DAS RELIGIÕES, TENTAM IMPOR AOS SEUS FIÉIS UMA IMAGEM INALCANÇÁVEL DE PERFEIÇÃO, QUE APENAS FRUSTRA E DISTANCIA DE DEUS. 



PARA MIM, O QUE A IGREJA CATÓLICA CHAMA DE 'SANTOS,' NADA MAIS ERAM (AINDA BEM!) QUE SERES HUMANOS ESPECIAIS... SERES QUE TORNARAM-SE IMPORTANTES NA CULTURA POPULAR, DEVIDO À SUA CORAGEM E OBSTINAÇÃO EM LUTAR PARA DEFENDER AS COISAS NAS QUAIS ACREDITAVAM. DEVIDO ÀS NOSSAS CRENÇAS E ÀS EXPECTATIVAS QUE DEPOSITAMOS NELES, TORNARAM-SE ÍCONES DE FÉ E FONTES ONDE BUSCAMOS FORÇAS EM NOSSOS PIORES MOMENTOS.


MAS AS ORAÇÕES SÃO OUVIDAS... MUITOS PEDIDOS SÃO REALIZADOS...MAS COMO ELES SE REALIZAM? DISSO, NÃO TENHO A MENOR IDÉIA! TALVEZ TUDO ESTEJA CONECTADO COM O NOSSO MERECIMENTO, E TAMBÉM, COM O QUANTO NOS EMPENHAMOS PARA LUTAR PELAS COISAS QUE DESEJAMOS.



MAS UMA IMAGEM FORTE, DE ALGUÉM, CUJA EXISTÊNCIA NOS INSPIRE, PODE REALMENTE AJUDAR. A ISSO, EU CHAMO DE FÉ.



De acordo com a lenda, Jorge teria nascido na antiga Capadócia, região do centro da Anatólia que, atualmente, faz parte da República da Turquia. Ainda criança, mudou-se para a Palestina com sua mãe após seu pai morrer em batalha. Sua mãe, ela própria originária da Palestina, Lida, possuía muitos bens e o educou com esmero. Ao atingir a adolescência, Jorge entrou para a carreira das armas, por ser a que mais satisfazia à sua natural índole combativa. Logo foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade — qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde da Capadócia. Aos 23 anos passou a residir na corte imperial em Nicomédia, exercendo a função de Tribuno Militar.


Nesse tempo sua mãe faleceu e ele, tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do Imperador. Jorge, ao ver que urdia tanta crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo conveniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com diligência toda a riqueza que tinha aos pobres.


O imperador Diocleciano tinha planos de matar todos os cristãos e no dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os romanos deviam se converter ao cristianismo.





Ícone de São Jorge, Museu Cristão-Bizantino, Atenas



Brasão de Armas de Moscou, cidade que tem São Jorge como Padroeiro.


Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo. Indagado por um cônsul sobre a origem dessa ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da Verdade. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O que é a Verdade?". Jorge respondeu-lhe: "A Verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e Nele confiando me pus no meio de vós para dar testemunho da Verdade."


Como Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo, o imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Todavia, Jorge reafirmava sua fé, tendo seu martírio aos poucos ganhado notoriedade e muitos romanos tomado as dores daquele jovem soldado, inclusive a mulher do imperador, que se converteu ao cristianismo. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito, mandou degolá-lo no dia 23 de abril de 303, em Nicomédia (Ásia Menor).


Os restos mortais de São Jorge foram transportados para Lida (Antiga Dióspolis), cidade em que crescera com sua mãe. Lá ele foi sepultado, e mais tarde o imperador cristão Constantino mandou erguer suntuoso oratório aberto aos fiéis, para que a devoção ao santo fosse espalhada por todo o Oriente.


Pelo século V, já havia cinco igrejas em Constantinopla dedicadas a São Jorge. Só no Egito, nos primeiros séculos após sua morte, construíram-se quatro igrejas e quarenta conventos dedicados ao mártir. Na Armênia, em Bizâncio, no Estreito de Bósforo na Grécia, São Jorge era inscrito entre os maiores santos da Igreja Católica.
[editar] Disseminação da devoção a São Jorge






Na Itália, era padroeiro da cidade de Gênova. Frederico III da Alemanha dedicou a ele uma Ordem Militar. Desde Dom Nuno Álvares Pereira, o santo é reconhecido como padroeiro de Portugal e do Exército. Na França, Gregório de Tours era conhecido por sua devoção ao santo cavaleiro; o Rei Clóvis dedicou-lhe um mosteiro, e sua esposa, Santa Clotilde, mandou erguer várias igrejas e conventos em sua honra. A Inglaterra foi o país ocidental onde a devoção ao santo teve papel mais relevante.


O monarca Eduardo III colocou sob a proteção de São Jorge a Ordem da Jarreteira, fundada por ele em 1330. Por considerá-lo o protótipo dos cavaleiros medievais, o rei inglês Ricardo I, comandante de uma das primeiras Cruzadas, constituiu São Jorge padroeiro daquelas expedições que tentavam reconquistar a Terra Santa dos muçulmanos. No século XIII, a Inglaterra já celebrava o dia dedicado ao santo e, em 1348, criou a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge. Os ingleses acabaram por adotar São Jorge como padroeiro do país, imitando os gregos, que também trazem a cruz de São Jorge na sua bandeira.


Ainda durante a Grande Guerra, muitas medalhas de São Jorge foram cunhadas e oferecidas aos enfermeiros militares e às irmãs de caridade que se sacrificaram ao tomar conta dos feridos de guerra.


As artes, também, divulgaram amplamente a imagem do santo. Em Paris, no Museu do Louvre, há um quadro famoso de Rafael, intitulado São Jorge vencedor do Dragão. Na Itália, existem diversos quadros célebres, como um de autoria de Donatello.


A imagem brasileira de São Jorge seria, possivelmente, de autoria de Martinelli.[1]







FONTE: WIKIPEDIA

sexta-feira, 20 de abril de 2012

DESILUSÃO

















Originalmente publicado no Recanto das Letras, em 2010

Olguinha, você gostou tanto deste texto, que eu o dou de presente a você!
Ah, como é boa uma desilusão...

Não, eu não pirei de vez. A desilusão é o contrário da ilusão. Quando nos desiludimos, deixamos de acreditar e de esperar em alguma coisa que só existe em nossa imaginação, que não é real, e cujo prazo de validade será muito curto, de qualquer maneira. 

A desilusão abre caminho para o que é verdadeiro. Ela nos traz autoconhecimento, sabedoria, humildade. Ela retira a máscara daquilo (e daqueles) cuja presença em nossa vida não tem o real sentido que julgamos ter. Desiludir-se é como recriar-se.

Então por que choramos? Talvez por hábito. Cultivamos aquela desilusão, trabalhamos nela emocionalmente para que ela se parecesse com algo real. Investimos tempo, esperanças, paciência, amor, muitas vezes até dinheiro, e agora, precisamos acreditar que é tudo de verdade. É mais fácil do que admitir que erramos. A princípo, dói menos, mas a longo prazo, cultivar ilusões tem sempre a possibilidade de provocar auto-destruição de proporções devastadoras. Porque uma mentira não dura para sempre, por mais que a calcemos com nossa covardia.

No fundo, bem no fundo, todos sabemos quando existe alguma coisa errada. A gente sente aquele friozinho na espinha, e até uma palavrinha qualquer faz soar um sininho dentro da gente, cujo tilintar tentamos encobrir com o nosso medo. Sabemos quando alguém não está sendo sincero, mas a nossa necessidade em acreditar no que está sendo dito, e o nosso medo de mudar, faz com que ignoremos os sinais. Sabemos quando aquela atitude grosseira de um namorado revela o caráter de um homem violento, mas mesmo assim, nos casamos com ele. Sabemos quando começamos a não sentir mais satisfação em um emprego, em um relacionamento, mas dizemos a nós mesmos: "É apenas uma crise passageira." Crise esta que pode arrastar-se por anos a fio, nos destruindo aos poucos e acabando com nossa saúde física e espiritual.

Sabemos quando aquele 'pequeno favorzinho' que alguém nos pediu não passa de abuso, mas mesmo assim, nós o fazemos, mesmo nos sacrificando, a fim de agradar aquela pessoa que consideramos essencial em nossa vida, apenas porque nos negamos a perceber que podemos muito bem viver sem ela. Negamos o fato de que não existe reciprocidade na relação, que tornou-se um eterno "Eu-peço-você-faz", sem retribuição. E isso se dá não apenas em relacionamentos românticos, mas sobretudo em relacionamentos de amizade.

Negamos, até o extremo do possível, que estamos nos iludindo. Sim, nós iludindo a nós mesmos, pois ninguém consegue nos iludir sem a nossa permissão. Mas aí de repente a cortina cai, e é impossível negar a verdade. Este deveria ser um momento de júbilo na vida de alguém, mas nosso medo é tão maior que a nossa autoestima, que acabamos encarando tudo com muita dor.

Eu mesma já me iludi e caí em desilusão várias vezes. Já sofri, já tive medo, já neguei. Hoje, tornei-me mais seletiva quanto aquilo em que acredito. Percebo sinais. Ouço minha intuição. Respeito meus limites e sei estabelecer limites. Mas quem me ensinou foi a desilusão. Conviver com essa boa amiga, que sempre nos diz sempre a verdade a respeito do que somos e de quem nos cerca, pode ser uma aventura e tanto, mas é bem melhor do que andar pelos caminhos floridos da mentira. Pois as flores são todas de plástico.

SERENIDADE






Fiquemos aqui, sentados e silentes...
Lá na curva, de repente, o que virá?...
Mais um dia nasce, outra esperança,
Ou será apenas uma iminente espera?

Sente-se aqui comigo, dê-me sua mão,
Quem sabe, o por do sol seja mais belo?
Logo virá, com suas cores fortes
Tintas entre o vermelho e o amarelo...

Esqueça um pouco a curva do caminho,
O que tiver que vir, virá;
Somos duas almas impotentes e cansadas,
Mas... 
Quem foi que disse que já não nos resta mais nada?

Fiquemos aqui, sentados, em silêncio,
Saibamos decifrar a voz dos ventos!
Deixemos que o tempo nos responda,
Pois nós ainda temos o tempo, o tempo...

REFÚGIO







Quero estar junto ao mar
Quando a Terra dormir,
Quando a luz apagar,
Quando não mais houver
Nem sequer, esse mar...

Com cobertas de ondas,
Com cabelos de algas,
Com anéis de corais
E colares de conchas,
Quero estar junto ao mar
Quando o mundo acabar.

Vou dormir na areia
E olhar as estrelas
Uma a uma, apagando,
O luar, se fechando,
Todo o céu desabando
Em poeira de luz!

Quero estar junto ao mar,
Ao meu lado, Jesus,
A guiar-me no escuro
E levar-me consigo
Mas não sei se consigo,
Mas não sei se consigo...

Quietude





As aves já foram dormir;
Sobre o telhado,
O céu.

Apenas silêncio e quietude.

A natureza recolhe
As cores do dia
Nas asas das nuvens.

Laranja e amerelo,
Vermelho e rosado,
Azul e branco,
Acinzentado.

Uma vontade de sonhar
Acordado
Sob um céu assim,
Nacarado. 









quinta-feira, 19 de abril de 2012

A GOTA D'ÁGUA





Pensamos
Que o mundo dura
Por cima de nossas durezas,
E que ele permanece
Através de nossas
Impermanências.

Achamos
Que o futuro
Não depende nada
Daquilo
Que fazemos no presente.

Pois somos tolos,
Egoístas, orgulhosos,
Preguiçosos,
E proclama-mo-nos eternos
Enquanto perpretamos o dolo!

Danem-se os rios,
Danem-se os índios,
Danem-se as árvores,
Dane-se o povo!

Até quando?...





FANTASMAS





As palavras que calei gritam à noite
Quando vejo apenas minha escuridão
E mergulho no vermelho de meu sangue
Me afogando em minha própria solidão.

-Anjo, anjo meu, perdoa-me!
Se eu falasse, nem sequer me ouvirias,
Se me ouvisses, sei que não me entenderias.

Os olhares que neguei cegam-me à noite,
Quando tento não te ver, e tu me assombras.
Entre brumas, me estendes tuas mãos,
Mas se tento alcançá-las, te alongas.

_Anjo, anjo meu, perdoa-me!
Os olhares que ousei lançar às trevas
Me corroem, como as ondas sobre as pedras...

As risadas que não dei choram à noite,
E no acre da saliva que degusto
Elas morrem, e seus ecos repercutem
Nas paredes glaciais do quarto fusco.

Anjo, anjo meu, perdoa-me!
Os afagos que esmaguei entre meus dedos,
E os sorrisos, e os olhares, e as palavras,
Sepultei-os, sob a laje de meus medos!

PEDAÇOS DE NÓS



Pedaços de dentro,
Pedaços de fora
Pedaços que ficam
E que vão embora
Na cauda do vento,
Na água da chuva,
São partes de hoje,
São cantos de outrora.

Pedaços maiores,
E outros pequenos,
Pedaços estranhos
Que não conhecemos
Mas nós pertencemos
A cada pedaço,
A cada estancar
E a cada passo.

Pedaços inteiros,
Outros, aos pedaços...
Pedaços que morrem
Dentro de um abraço...
Alguns que se soltam
Se perdem no mundo,
Jamais retornando,
E não deixam traços...

Pedaços daqui,
Pedaços de lá,
Palavras que calam,
Silêncios que falam...
Peito que se expande
E explode em pedaços
E em gotas de sangue,
Libação dos paços...

O CIRCO





Respeitável público,
Venham todos assistir
A mais este espetáculo!

Por trás do aplauso, a dor
E a exploração covarde
De animais mal-tratados!

Temos o elefante que dança,
O leão acorrentado,
Macaquinhos enjaulados,
Cavalinhos espancados!

Tragam as suas crianças
A este mundo encantado!

Batam palmas, minha gente,
Para a pantera sem dentes!
Há periquitos que dançam
Por terem seus pés queimados,
Vejam como dominamos
A sórdida e lucrativa arte
De explorar, à última gota
A vida dos outros seres,
E depois, abandonados,
Morrem de fome, enjaulados!

Façam fila, meus amigos!
Será um lindo espetáculo,
De felinos sem as unhas,
E cachorrinhos treinados
Tão exaustivamente,
Que se tornam obcecados
Repetindo movimentos
Para não serem espancados!

E depois do espetáculo,
Retornem às suas casas,
Recomendem aos seus amigos.

(Se quiserem, na entrada
Nós vendemos maritacas,
Periquitos e araras,
Todos de asas cortadas
Para sua diversão...
Eles jamais fugirão!)


************************************************

NÃO LEVEM AS CRIANÇAS A CIRCOS QUE EXPLOREM ANIMAIS!

NÃO INCENTIVEM A EXPLORAÇÃO E OS MAUS TRATOS A ANIMAIS DOMÉSTICOS E SELVAGENS!

NÃO COMPREM ANIMAIS SILVESTRES!

DENUNCIEM MAUS TRATOS AOS ANIMAIS!



********************************


Bicho foi feito para ser livre.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

SE NÃO HÁ NADA...








Diga, o que significa


Esse por de sol, essa estrada,


O destino seguido, o aprendido,


Se não há nada?






Pra onde vão essas nuvens


Navegantes de um céu infinito,


Vapores rarefeitos, que caem em gotas


Sobre o chão fendido,


Tantas vezes transformadas?






Qual o valor de uma palavra,


Que roupa veste


Nosso sentimento,


Se no fim, tudo é nada,


Sob uma lage de cimento?






Pra onde as memórias, os sonhos,


O som da risada, a voz,


Aquele olhar risonho, tristonho


Que antes estava em nós?


De onde vem a profundidade


De uma saudade?






O que significa o viver,


E o estar, o que é ser


Um ser vivo, aonde dança


Em volta de uma fogueira


A morte, em um ritual?


Qual o porquê do bem e do mal?






O que significa, esse céu


E essas luzes salpicadas,


Quem poderá definir


O que é eterno, o que é finito?






De onde vem a vontade,


A paixão, que nos incita


Pelas coisas que fazemos


E o desejo de crescer,


E esperar pelo momento


Em que a tempestade passe,


Continuar, se no final,


Nada há, que nos abrace?






Se nada há, me responda


O porquê de tanta dor,


Ou o motivo de um sorriso,


Por que desabrocha a flor?


Porque corre para o mar


Incessantemente, o rio,


Qual o sentido de sentir,


Para onde vai o amor?






Se não há nada,


Se não há vida,


Se não há chegada


Depois da partida,


Qual o sentido


De tudo isto,


Se não houver um destino


Para cada jornada?






Não existe o nada...







ENTENDER?...











Às vezes,


De nada adianta tentar entender


O porquê de um mal-querer.


Pode ser que a resposta


Simplesmente, não exista,


Quem sabe, incomode


O teu coração de artista?






Às vezes,


Não importa quantas vezes


Você tentou,


Compreendeu,


Perdoou...


Tua presença


Não é bem quista!






Às vezes,


O não gostar de alguém, se estende


Para além do pessoal,


E quer contaminar


Outras relações,


Quer servir de aval


Para novas rejeições.






A mim, não importa


Se tu me gostas ou não,


E quem quer que acredite


Em tuas palavras tortas,


Para mim, é gente morta.

O JARDINEIRO SONHADOR








PUBLICADO ORINALMENTE EM 2010 NO RECANTO DAS LETRAS


Foi há muito tempo, quando compramos nossa primeira casa. Ela tinha um quadradinho que chamávamos de jardim, e alguns canteiros. Portanto, contratamos um jardineiro. Nós o descobrimos numa daquelas lojinhas à beira da BR 040, em Itaipava. Seu nome era Marcelo.

Marcelo era um bom jardineiro, e tinha jeito com as plantas. Tinha o tal 'dedo verde', pois todas as plantas que ele cuidava, cresciam e ficavam viçosas. Jovem, usava uns óculos estilo Lennon que lhe emprestavam um ar intelectual.

Mas ele tinha um pequeno problema: era muito sonhador. Embora eu não tenha certeza se isso é bom ou ruim.

Tinha mania de me chamar o tempo todo: "Dona Ana! Vê se a altura da roseira está boa!" Eram tantas vezes, que eu às vezes fingia não ouvir. Mas era em vão, pois ele jamais desistia. Berrava: "Dona Aaaaannnnaaaaa!"

Gostava de dar-me plantas de presente, mesmo que às vezes levasse algumas de meu jardim, talvez para presentear outras pessoas. Uma vez, apareceu-me com um vaso grande, onde estava plantado um cactus. Todo sorridente, entregou-me seu presente, dizendo: "Se plantar no chão, ele cresce uns... cinquenta metros!" Respondi: "!!!!" Ele coçou a cabeça, e dando o braço a torcer: "Tá bom, cresce uns... três metros e meio." Este cacto está hoje plantado na frente do meu terreno, em minha nova casa, e realmente, está com uns quatro metros de altura... tá bom, três!

Um dia, ele estava terminando seu serviço quando veio com três gatinhos recém-nascidos, os olhos ainda fechados. "Dona Aaaaannnnaaaaa!" olha o que eu achei no seu jardim, no meio das plantas!" Eu logo percebi que ele mesmo tinha colocado os gatinhos lá, talvez os tivesse encontrado na rua. O muro da casa era muito alto para que alguém os tivesse posto lá, e duvido que alguma gata descuidada iria ter seus filhotes em um jardim vigiado por um Rottweiler! Foi um custo conseguir alguém que ficasse com os gatinhos, e eu, com viagem marcada para a manhã seguinte, tentando ligar para as associações de animais, com um conta-gotas cheio de leite e três gatinhos berrando de fome. Mas Marcelo jurou de pés juntos que não tinha sido ele a abandonar os gatinhos em meu jardim...

Um dia, ele não apareceu para trabalhar. Ligamos para ele, e ele contou-nos a novidade: "Eu agora trabalho com cobras. Capturo cobras e vendo para o Butantã!" Repliquei, admirada: "Mas como você manda as cobras para lá?!" E ele: "Ué! Por Sedex!"

Mas acho que o negócio das cobras não deu muito certo, pois ele logo voltou a ser nosso jardineiro. Ou melhor, paisagista.

"Dona Ana! Fiz um curso de paisagismo por correspondência. Se a senhora quiser, eu faço um projetinho para o seu jardim, tudo por computador!" "Ah, que bom! E quanto custa?" "Quinhentos reais!" "!!!!!" "Mas para a senhora, eu faço por... cinquenta!" Educadamente, recusei a proposta e desejei-lhe boa sorte em seu novo empreendimento.

Começou a faltar novamente, alguns meses depois. Ligamos para ele. Ele tinha uma nova profissão: "Eu não faço mais jardim, Dona Ana! Agora eu crio vídeo games e vendo pela internet! Se a senhora quiser, eu vendo baratinho..." Mas não, obrigada, eu não quis...

Infelizmente, acho que não vendeu muitos vídeo games, e voltou a ser jardineiro. Certa tarde, ele estava trabalhando no jardim, quando deu o seu grito de guerra: "Dona Aaaannaaaa!" Fui correndo atender ao seu desespero, e ele falou: "Vou sair mais cedo hoje. Fui picado por uma aranha caranguejeira imensa... estou meio tonto..." "Nossa, então espere, que eu vou ligar para o meu marido, e a gente te leva para o hospital. Onde foi que ela picou?" "Aqui..." Olhei, e não vi nada. Ele continuou: "Não precisa me levar para o hospital não, que eu tenho soro em casa, na geladeira!"

Mesmo assim, nós gostávamos dele. Ele ia e vinha, marcava e não aparecia, mas ele tinha alguma coisa de agradável que nos fazia sempre chamá-lo de novo. Acho que era a sua alma de sonhador, que emprestava viço a todas as plantas.

Ainda chegou a fazer o jardim da nossa nova casa. veio apenas umas três ou quatro vezes, e depois, sumiu de novo. Desistimos dele, mas espero que ele não tenha desistido de seus sonhos.

Enquanto escrevia esta crônica, meu novo jardineiro, o Sandro, me chamou umas três vezes: "Dona Aaaannaaaaa!"

JUSTIFICATIVAS








"Fiz porque..."


Ora, não é necessário sempre darmos uma explicação do porquê de fazermos certas coisas. Mas mesmo assim, vivemos inventando novas justificativas para nos livrarmos da culpa de termos feito algo, cujo único motivo, foi nosso próprio desejo!


Acredito que não é necessário que demos explicações para tudo o que fizermos, desde o momento em que não estamos prejudicando ninguém; fazemos porque assim o desejamos, e pronto! Fazemos porque o pensamento é livre, e a cabeça, um poço sem fundo de criatividade. Fazemos porque o coração tem desejos que o próprio coração desconhece, assim como a razão...

E por que sentir culpa, se fazemos apenas aquilo que nos deixa verdadeiramente felizes? Sonhar é permitido, e quem vive tentando bloquear os sonhos alheios, teme seus próprios sonhos. É certo que precisamos viver em um mundo real, mas quem disse que dentro dessa realidade não pode haver fantasia? Quem determinou que é proibido ser feliz? Hello!

Assim, da próxima vez que me perguntarem: "Por que?" Responderei, sem delongas: "Porque eu quis!"

A MORTE DE UM POEMA







Às vezes, um poema
Morre antes de nascer
Entalado na garganta,
Sufocado em um abraço,
Preso a um coração,
Enlaçado a um sentido...

Quando morre um poema
Assim, antes de nascer,
Sua vaga alma
Vaga,
Pelas noites sem estrelas
Pelos becos sem saídas
De uma mente vagabunda...

Às vezes, um poema
Nos assombra sem piedade,
Até parece saudade,
Mas como sentir saudades
De algo que nunca foi,
Que jamais chegou a ser?

E nos pomos a tentar
Provocar-lhe um renascer,
E o poema, outra vez,
Morre no ventre do autor
Num aborto de palavras
Em grande espasmo de dor. 






terça-feira, 17 de abril de 2012

NEGRO









Derramava o negro sobre as páginas


Para não matar,


Para não morrer!




Externava o luto


De saber o quão absurdo


Pode ser o viver...




Abria os olhos para si,


Fechava os olhos para o mundo,


Tentando não se perder




Daquilo que mais desejou


Cujas portas se fechavam


Para que ela não alcançasse!




Derramava negro sobre as páginas


Como nanquim, que escorre e borra


As cores que estão pintadas...




E as flores , em volta, murchavam,


Dando suas vidas pela dela,


Pétalas murchas coladas na tela...



]

DEIXA-ME!








Por hoje, só tenho dor.
Leva daqui teu azul
Pois meu negro contagia.

Não me imponhas alegria,
Não me fales de amor.
Leva daqui teu fulgor!

Quero estar só, não insistas,
Desvia de mim esse olhar
De pena, pois não me convences!

Teu sorriso me incomoda,
Teu toque me pode queimar,
Não me interessa o que sentes!

E, ao sair, feche a porta,
Leva daqui tua luz,
Respeita minha embriaguez!

Minha insônia contagia,
Leva daqui tua paz,
Volta, quem sabe, outro dia! 







DECEPÇÃO







Não brinques,
Não fales,
Não discordes,
Toque sempre o mesmo velho acorde,
Ou serás expulso da orquestra.

As pessoas naquela festa
Gostam de ouvir para sempre
A mesma música tocada,
Milhões de vezes ensaiada,
Não querem saber de mais nada!

Esconda teu riso,
Tenha siso!

Porque tu não sabes,
Mas estás à beira de um abismo,
E, ansiosas almas aguardam
A tua queda final

Para que possam, sempre, dizer
O quanto sabiam,
O quanto previam,
O quanto avisaram
A todos, dessa tua mania
De ser diferente!

Nem tentes...
Seja sempre o sinônimo da mesmice,
Aquilo que esperam de ti,
Elogie, sorria, e nem te atrevas
A mostrar essa tua alegria
Desnecessária!

Pois que nem sequer desconfias
Das almas mais que vazias
Que te cercam, ansiando
Pela tua desgraça e queda,
Para que possam sussurrar
Nos ouvidos umas das outras
Entre as frestas das cercas,
Sobre o quanto tu não prestas...

Este é o mundo,
Seja bem-vindo!



DE REPENTE...






De repente, ela tinha o mundo,
Que se ajoelhava, de graça,
E com toda a graça do mundo
Aos seus dançarinos pés...

De repente, a vida sorria,
Vinha a noite, abraçava o dia,
Que jamais escurecia,
Prateado pela lua!

De repente, ela tinha as praças,
Os prédios, as lojas, as ruas,
E as formas da natureza,
Sorriam-lhe pelo espelho!

De repente, ela ria à toa,
Sentia a vida nos artelhos...
Ah, a vida era tão linda,
Tão fácil a vida, tão boa!

De repente, uma nuvem veio,
Tão pequena e cinzentinha,
Que ela nem sequer temeu,
Nem pensava em ser sozinha!...

De repente, o nada absoluto,
Ao redor, um caos absurdo,
Pois levaram-lhe seu mundo,
Ah, desespero profundo!...

E a nuvem, então, cresceu,
Estendeu-se sobre ela
E fez sombra sobre tudo,
E o seu dia escureceu...

E a lua ficou fosca,
Tão rachada e ressequida
A lua, de morte, ferida,
Sangrou sobre os sonhos seus...

De repente, ela era nada,
Pois que nada lhe restara,
A não ser, muitas lembranças
E uma esperança rara... 








ACEITAÇÃO







Eu sou a flor amarela


Entre todas as vermelhas


Plantada por algum jardineiro


Distraído.






Quem sabe, talvez por isso


Eu seja sempre arrancada


Ao menor desabrochar?


-Desisto!







A MORALIDADE






Moral, segundo o meu dicionário, é parte da filosofia que trata dos costumes e dos deveres do homem para com seus semelhantes e para consigo. Conjunto de nossas faculdades morais. Tudo o que diz respeito à inteligência ou ao espírito, por oposição ao que é material.
Moralidade é diferente de moralismo (essa palavra adquiriu um significado um tanto pejorativo hoje em dia...). Somos moralistas quando achamos que as outras pessoas devem comportar-se segundo normas e padrões preconceituosos regidos por uma minoria. O moralista geralmente condena as diferenças.

Moralidade é o mesmo que reflexão sobre aquilo que fazemos. É estabelecermos nossos padrões e crenças baseados no que é certo, evitando causar danos e sofrimentos aos demais. Existem inúmeros moralistas por aí que não tem a menor moralidade. Acham que os conceitos de moralidade aplicam-se apenas quanto ao comportamento alheio em relação a eles, mas enquanto isso, agem de forma imoral a fim de atingir aos outros negativamente.

Para mim, o melhor conceito de moral que existe, é justamente: "Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a você."

O amoral age por impulso. Mas às vezes, ele pode passar muito tempo maquinando planos para chegar aonde quer. Não pesa as consequências de seus atos, e se necessário, passa por cima dos outros para conseguir o que deseja. Quando a infelicidade e o mal, consequente de seus próprios atos, lhe advém, diz-se vítima inocente dos que tem moralidade. Acha-se no direito de julgar, mas não de ser julgado pelos demais.

Acho que ninguém pode ser feliz se não cultivar o mínimo de ética moral. Os anti-moralilidade que me perdoem... 

Mas para mim, a moral não é bancar o certinho; não é usar um maiô de gola rolê quando vai à praia. Muito menos, ir à igreja todos os domingos e comer a hóstia. Ter moral não tem nada a ver com evitar de tomar uma taça de vinho ou uma cervejinha no final de semana. Muito menos, com abster-se de ter prazer sexual (pelo amor de Deus). 

Ter moral não significa ser santinho. Também não é jamais dizer palavrões ou jamais ficar zangado. 

Ter moral é não prejudicar ninguém. Para mim, é só isso. É viver e deixar viver, e não ser traiçoeiro.

Parceiros

ESFORÇO

 A vida demanda esforços. Nem tudo vem fácil, mas tudo vai fácil. Começar nem sempre significa ter tudo prontinho, preparado, com todas as c...