witch lady

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quarta-feira, 23 de junho de 2021

AQUI, EU DESOBEDEÇO


 


Aqui é onde eu cresço,

Envelheço,

E descaradamente,

Desobedeço.

Aqui eu (des)arrumo

A minha (des)decoração.

Aqui, eu resolvo as pendengas

Do meu próprio coração.






terça-feira, 15 de junho de 2021

Oh, a fé...



Oh, a fé 

Pequenina,

Essa palavrinha breve e inocente,

Quase piegas, quase luz de vela

A quase se apagar

À menor brisa,

Mas oh, a fé,

Ela resiste, ela se move, 

Ela se estica

Por sobre o medo, ela protege

O que nos resta

De vida.


Oh, a fé,

Essa incerteza

Na qual quase ninguém

Acredita,

Mas ela agita, ela salva,

Ela é o olhar mais uma vez

Antes de ir,

De se fechar,

De desistir...


Oh, a fé,

Esse telhado que nos guarda,

A sementinha

Que Deus plantou

Dentro da gente,

E Ele pediu, 

Encarecidamente

Que a protegêssemos

Da tempestade,

E do sol

Inclemente.


Oh, a fé,

Tudo o que resta

Quando na vida

Nada mais resta,

E a gente empresta 

Um leve sorriso

De teimosia,

Uma elegia à esperança

Que só alcança

Quem tem fé,

Quem confia.






segunda-feira, 14 de junho de 2021

MIRANTE





Ela olha as cores mortas

Nas flores do seu vestido,

Prende os cabelos molhados

Para que seus dois ouvidos

Possam ouvir as palavras

Que um deus cansado tem dito.


Lá fora, um mundo distante

Que há muito ficou para trás.

Sua alma diletante

De tanto viver, não quis mais...

Passou o tempo; o passado

É só um presente embrulhado.


Ela olha, indiferente,

Sem tentar querer saber

Para onde foi tanta gente

Que antes, estava ali...

Um dia, quem sabe ela

Também há de sucumbir.


Seu olhar é tão sereno,

Seu coração só flutua

Em um lago de veneno

Onde ela não se situa.

Batidas atordoadas


Que o silêncio acentua.






terça-feira, 1 de junho de 2021

DRA YAMAGUCHI

 



O que eu assisti hoje na CPI (Circo Patético e Irrelevante) da Covid, me chocou mais do que qualquer coisa que eu já vi nas abordagens agressivas da esquerda. Um senador machista, arrogante, agressivo e lacrador tentando destruir e humilhar uma pessoa com um currículo invejável e mais de quarenta anos de experiência na área médica. Tudo isso através de perguntas irrelevantes que, ele deixou bem claro, pesquisou no Google a fim de atingir seu propósito. Ele próprio sugeriu a ela: "Não sabe a resposta? Pesquise no Google." Porque com certeza, foi exatamente o que ele fez.


Muitas daquelas perguntas não poderiam ter sido respondidas por noventa por cento dos médicos que atuam no país. Não se lembrar de datas e  nomes não quer dizer que você é incompetente, mas que apenas não se lembra de datas e nomes que não tem importância. 


Eu sinceramente espero que ela o processe. 


Nessa CPI indigente, quando os inquiridos não respondem exatamente aquilo que esperavam ouvir deles, são humilhados e ridicularizados, e ninguém mais escuta uma palavra sequer que eles disserem. Fazem perguntas que eles mesmos respondem, repetem incansavelmente perguntas que já foram respondidas várias vezes (não sei se o problema é cognitivo ou se é surdez pura e simples) e zombam das pessoas de forma absurdamente desrespeitosa.


Jamais pensei que fosse viver para ver uma palhaçada dessas acontecendo no meu país. Enquanto isso, ignoram completamente o verdadeiro motivo pelo qual essa CPI deveria ter sido criada: averiguar para onde foram os BILHÕES liberados pelo Governo Federal e entregues a prefeitos e governadores para o combate à COVID. As perguntas relevantes continuam sendo ignoradas: cadê o dinheiro? Cadê os hospitais de campanha? Quem escondeu respiradores enquanto pessoas sufocavam até à morte, e por que?


Acho que não vou mais assistir a essa droga. Tira minha saúde, acaba com meu bom humor, me deixa com raiva. Isso não me faz bem, é podridão demais.

A RUA DESERTA

 







Dos lábios de Deus, partiu um sopro

E as ruas ficaram desertas.

De repente, nada havia 

Que explicasse a dor silenciosa

Que se espalhava pelas ruas

E das casas, que se esvaziavam.

Nas sacadas, as pessoas cantavam.


E após o toque de recolher,

As mãos juntaram-se em preces,

Clamava pela vida

Quem não soubera viver.

Mesmo assim, das sacadas

As luzes dos celulares piscavam.


A rua deserta se estendia

Sobre as dores das almas, que temiam

Porque não sabiam como ascender,

Porque, durante toda a vida,

Só tinham mesmo aprendido

A ter medo de morrer.


E toda fé, que já era pouca,

Passou a ser testada,

E todo o amor, que já era raro,

Tornou-se quase nada,

Pois as pessoas só pensavam

Naquilo em que elas mesmas

Eram afetadas.

E das sacadas, as pessoas oravam.


Clamavam a Deus: “O que será de nossa raça,

Como será o futuro,

Quando tudo isso acabará?”

E Deus, estendendo as mãos,

Lançou um sorriso triste

Perguntando: “Querem mesmo a verdade?

Quem tem coragem?”

E das sacadas, as pessoas se calaram.










terça-feira, 25 de maio de 2021

TÂMARAS

 




 

Sementes espalhadas pelo chão,

Caídas da árvore da vida...

Um apelo de irmão para irmão,

A dor na mão aflita.

Bendita paixão que acolhe,

Enquanto a morte recolhe

Aquilo que se perdeu...

Maldita ferida aberta,

A lágrima caindo certa

Pelo que já não é meu...

 

Quando eu não mais estiver,

Ou quando, por fim, vier

A luz, sem eira nem beira?...

Quem sabe, quando nascerem

Crianças, ou germinarem

Sementes das tamareiras?

 

 




quarta-feira, 12 de maio de 2021

A INCRÍVEL HISTÓRIA DE UM RESTAURANTE QUE NUNCA EXISTIU


Oobah Butler e seu restaurante fake






Neste vídeo, convido você a fazer uma reflexão a respeito da distância entre aquilo que você escuta, lê a respeito ou assiste na TV e a realidade. Uma história real contada por um repórter que escrevia reviews fake sobre restaurantes para que estes o publicassem no TripAdvisor.

As opiniões são manipuladas diariamente, e nem sequer percebemos isso - e ainda achamos que estamos "ligados!"

Eis o link para o vídeo:


https://youtu.be/BOGEbMBBhdw





sexta-feira, 7 de maio de 2021

ENQUANTO ELES

 




Te levo comigo

Enquanto eles te pisarem,

Caluniarem, combaterem, queimarem,

Sujarem, contestarem, 

Esfaquearem, calarem, 

Atando-lhe as mãos 

E pondo nos teus pés, grilhões.


Te levo comigo,

Apesar de toda a tua imperfeição,

Da tua mania estranha de dizer o que pensa

Sem tentar agradar aos falsamente sensíveis,

Aos politicamente corretos,

Aos supostamente suspeitos.


Te levo comigo

Porque eles não te aceitam, 

Se deleitam em cavar a tua tumba,

Cravar facas e mais facas

Diariamente, naquilo que representas.


Porém, 

A partir do infame momento

Em que eles te acolherem, 

Te elogiarem, te apoiarem, te amarem, 

Assinando sob tudo o que disseres, 

Contrariando tudo aquilo que deles eu sei,

Nesse exato momento,

Eu te cuspirei.






sexta-feira, 30 de abril de 2021

O SANTO


Detrás de todo santo

Existe um pau oco

Onde ele esconde seu verdadeiro rosto,

E os seus arrotos. 

As barras de suas saias rotas

Tocam as sandálias gastas

Que cruzaram esgotos

E pisotearam seus próprios sonhos mortos.

O santo do pau oco

Não tem olhos para as nuvens,

Ou para o céu;

Ele vislumbra o inferno, 

E por isso o enxerga aonde quer que vá.

Sua auréola puída

Quase nada sabe daquilo que ele chama vida.

Sedento das orações e adorações que lhe dirigem os desesperados,

Tal santo sobrevive do sangue

Dos corações magoados.






terça-feira, 13 de abril de 2021

PELO SIM, PELO NÃO

 





Eu não sei se eu acredito

Em tudo aquilo que eu ouço,

Em tudo aquilo que é dito.

Caminho nas vias do mundo

Com passos bem cautelosos

E pensamentos caudalosos.


Pelo sim, pelo não

Eu faço o sinal da cruz

E tento focar melhor

Menos nas trevas, mais na luz.


Meu coração, sempre órfão,

Sozinho e desabrigado,

Não reside no futuro

Nem reside no passado.


Pelo sim, pelo não,

Eu sigo com a mesma fé

Que se transformou em grão

De mostarda, no caminho.

Eu ando olhando as estrelas

(Contente de ainda vê-las)

E aguardo, apreensiva

Só pelo sim, pelo não

Aquilo que me contaram:

-Três dias de escuridão.




segunda-feira, 29 de março de 2021

POEMA SEM NOME

 


 



Às vezes,
Eu sinto que o mundo
É grande demais para mim...
Noutras, eu me vejo
Pequena demais para ele.
Mas existem momentos
Que no mundo inteiro
Não há espaço suficiente
Para eu transbordar
O que vai por dentro.
 
Às vezes eu penso
Que meu tempo aqui 
É perda de tempo.
Noutras, eu sinto
Que nem todo tempo do mundo
É suficiente para caber
O que me vai na alma.
 
Todas as certezas são esmagadas
Entre os dedos da vida,
Que espalha as migalhas
No meu rosto perplexo.
Mas logo depois, ela pinta
Outros cenários surreais
Escrevendo por cima: “Decifra-me!”
 
Às vezes eu penso que não vale a pena
Ler tanto, escrever tanto,
Desejar saber tanto
E saber tão pouco.
Às vezes eu sinto, bem dentro de mim,
Alguma coisa que quer brotar,
Mas eu não sei quem plantou a semente
Nem no quê ela há de se transformar.
 
Nessas horas, eu tenho medo 
Da terra, do sol, da água,
Pois não sei o que crescerá
Se eu decidir lança-la
No solo imperfeito da minha vida, 
Então eu me renego, silencio,
Digo a mim mesma que não vale a pena
Rasgar-me assim, diante do mundo,
Nas letras de um poema.





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