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terça-feira, 1 de junho de 2021

A RUA DESERTA

 







Dos lábios de Deus, partiu um sopro

E as ruas ficaram desertas.

De repente, nada havia 

Que explicasse a dor silenciosa

Que se espalhava pelas ruas

E das casas, que se esvaziavam.

Nas sacadas, as pessoas cantavam.


E após o toque de recolher,

As mãos juntaram-se em preces,

Clamava pela vida

Quem não soubera viver.

Mesmo assim, das sacadas

As luzes dos celulares piscavam.


A rua deserta se estendia

Sobre as dores das almas, que temiam

Porque não sabiam como ascender,

Porque, durante toda a vida,

Só tinham mesmo aprendido

A ter medo de morrer.


E toda fé, que já era pouca,

Passou a ser testada,

E todo o amor, que já era raro,

Tornou-se quase nada,

Pois as pessoas só pensavam

Naquilo em que elas mesmas

Eram afetadas.

E das sacadas, as pessoas oravam.


Clamavam a Deus: “O que será de nossa raça,

Como será o futuro,

Quando tudo isso acabará?”

E Deus, estendendo as mãos,

Lançou um sorriso triste

Perguntando: “Querem mesmo a verdade?

Quem tem coragem?”

E das sacadas, as pessoas se calaram.










2 comentários:

  1. Lindo poema para esse triste tempo desse maldito vírus que ceifou vidas, arruinou famílias ...beijos, lindo JUNHO!chica

    ResponderExcluir
  2. Boa noite de serenidade, querida amiga Ana!
    Creio que bem sabemos a resposta... Perguntamos mas não queremos a verdade de Deus.
    Profundo e apocalíptico seu poema.
    Vamos aguardar...
    Tenha um mês de junho abençoado!
    Beijinhos carinhosos e fraternos

    ResponderExcluir

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